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O crime sempre compensa para alguém

A “economia” da insegurança Pública.  Enquanto a indústria brasileira segue em retração com a diminuição na produção e no número de encomendas, há um setor que movimenta a economia e que desconhece a crise. Trata-se do crime. Não costumamos pensar na criminalidade como um fator que contribui para o emprego e a renda de muitas famílias, contudo este é o caso em uma nação com o terceiro maior índice de homicídio intencional do continente. Nesse ranking indesejado, o Brasil receberia uma medalha de bronze (que teria de ser mantida com muito zelo para que não fosse surrupiada). À nossa frente estão apenas a Venezuela e a Colômbia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Quando não é fatal, dificilmente um crime se encerra nele mesmo. Além dos evidentes, por vezes permanentes, danos psicológicos e físicos, o prejuízo ultrapassa aquilo que um simples inventário pode apontar. Levando-se em consideração uma situação menos traumática, a vítima de documentos furtados ou roubados há de perceber o quanto foi duplamente lesada. Sem uma identificação exigida pelo Estado, sem a qual algumas obrigações e tarefas burocráticas não podem ser realizadas, o vitimado, ao procurar uma unidade para expedição de uma segunda via do documento, terá a infeliz constatação de que o roubo, o furto ou o assalto ainda não acabou. Não bastasse o surrupio do que lhe pertencia, o prejuízo aumenta com as taxas cobradas pelos órgãos vinculados ao Estado, o mesmo que deveria proteger o cidadão para que ele não passasse por tal violência. Desse modo, um Estado incapaz de garantir a segurança de seus cidadãos ainda lucra com os efeitos da insegurança que não consegue coibir. Um pensamento crítico constatará que o crime compensou para o Estado que aumentará a sua arrecadação, mantendo a máquina pública ocupada em refazer um trabalho em razão da ação de criminosos. A criminalidade se alimenta da própria criminalidade Da mesma forma, muitos são os profissionais honestos que devem ao crime um acréscimo na sua produtividade. Os chaveiros, por exemplo, são muito beneficiados quando os seus serviços são requisitados após um arrombamento que inutiliza as fechaduras de um imóvel ou de um veículo. Quem também lucra com a ação criminosa são os vidraceiros, sempre chamados quando se faz necessária a troca de uma janela ou de uma vitrine arrebentada em uma invasão pouco discreta. Ainda se pode pensar nos eletricistas empregados para restabelecer a energia em uma residência cujos bandidos destruíram a fiação para apressar o roubo e a fuga. Essa lista de profissionais beneficiados pelo crime ainda pode ser aumentada indefinidamente conforme o olhar aguçado e crítico de quem se dispuser a pensar a respeito. Como uma praga, a criminalidade se alimenta da própria criminalidade. Há empresários e comerciantes, que o são de fachada, sem deixarem de ser bandidos, que enriquecem com a venda de itens roubados, gerando um sistema de vício, como um círculo a rodar em uma estrada em declive, arrastando o que há em seu caminho, e a desafiar qualquer barreira que seja posta para barrá-lo. Em metrópoles, cidades médias e pequenas, cada vez mais necessária também se faz a contratação de uma empresa privada de segurança para prevenir ou afastar a ação de criminosos cada vez mais ousados e criativos. Mais uma vez, sem que nos apercebamos da enorme influência que o crime tem para a economia, um grande número de famílias brasileiras se beneficia dos atos ilegais de pessoas que resolvem invadir e roubar uma residência, um estabelecimento comercial ou industrial. Sem o crime não haveria a necessidade de seguranças contratados, nem de câmeras de vigilância, nem de sensores de presença, nem de armas de ataque e de defesa, nem de qualquer aparato que afaste a ação daqueles que tomam sem pedir, que obtêm pela imposição como se fossem alheios às normas que estruturam a sociedade. Assim, quando utilizado um olhar mais abrangente, percebe-se que o crime compensa para todos aqueles que empregam e são empregados no combate direto à ação delituosa. Mesmo sem saber, o filho de um instalador de cerca elétrica pode dever as suas aulas de inglês ou de violão à necessidade de proteção dos moradores de uma rua violenta que contrata e paga pelo serviço de seu pai. Em tempos de crimes virtuais, famílias são mantidas e sustentadas pelos vencimentos de programadores que travam batalhas contra crackers que tentam, noite e dia, invadir o banco de dados de instituições financeiras e de outros estabelecimentos comerciais para se apropriarem de dinheiro e de mercadorias. Semelhante situação se dá para os familiares de corretores de imóveis que se beneficiam com a alta comissão obtida com a venda de residências luxuosas compradas com o dinheiro oriundo da corrupção, que desvia a verba pública que deveria ser empregada no bem comum para o usufruto egoísta de um particular. Mesmo no extremo do crime violento, quando a vida é cessada bruscamente, para alguém há de compensar. A funerária não julga os mortos que lhe chegam. Sejam vítimas ou praticantes do crime, se os familiares e amigos tiverem condições de pagar pelo serviço, os profissionais prepararão o corpo para as despedidas daqueles que lhes tinham afeto. Porém, mesmo quem se beneficia indiretamente da ilicitude, frequentemente é vítima dele também, pois esta é uma indústria voraz que jamais deixa de produzir em suas mais variadas atividades. Portanto, a criminalidade persiste porque o ser humano apresenta uma predisposição para o ilícito. Sigmund Freud, inspirado por Platão, afirmava que os homens maus fazem o que os homens bons apenas sonham em fazer. Não é sem propósito que a tradição das religiões monoteístas condena a prática do roubo, expressando essa determinação como um mandamento. Antes de ser uma obrigação com o sagrado, tal evitação é um compromisso com a ordem social. Não haveria necessidade de tal proibição se o ser humano não se sentisse impelido a tomar do outro o que não lhe pertence. Nota-se que há uma legislação contra o crime desde os primórdios da civilização (alguém há de se lembrar da Lei de Talião). Então, em nosso

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Lucian Freud: morre um dos mais importantes pintores contemporâneos

Lucian Michael Freud * Berlim, Alemanha – 8 de dezembro de 1922 d.C + Londres, Inglaterra – 20 de julho de 2011 d.C Nascido na Alemanha e naturalizado britânico em 1939. Para Lucian Freud, “toda pintura é um retrato” clique na imagem para ampliar clique na imagem para ampliar Filho de pais judeus, Ernst Ludwig Freud, arquiteto, e de Lucie Brasch, era neto de Sigmund Freud e irmão do escritor e político Clement Raphael Freud e de Stephan Gabriel Freud. Freud e sua família se mudaram para o Reino Unido no ano de 1933 para escapar do regime nazista, e ganhou a cidadania britânica no ano de 1939. Durante esse período estudou na escola Dartington Hall, em Totnes, Devon, e posteriormente na Bryanston School. Início da carreira Freud estudou brevemente na Central School of Art em Londres, depois, com grande sucesso, na Cedric Morri’s East Anglian School of Painting and Drawing em Dedham, e também na Universidade londrina de Goldsmiths de 1942 a 1943. Desde então, ele serviu como marinheiro mercante no comboio atlântico em 1941 antes de ser invalidado do serviço em 1942. Sua primeira exibição solo, na Lefevre Gallery em 1944, apresentou o agora celebrado The Painter’s Room. No verão de 1946, ele viajou até Paris antes de ir para Itália e lá ficar por vários meses. Desde então morou e trabalhou em Londres. As primeiras pinturas de Freud são frequentemente associadas com o surrealismo e por apresentar pessoas e plantas em justaposições incomuns. Esses trabalhos são normalmente pintados com pintura bastante magra, mas a partir da década de 1950 ele começou a pintar retratos, geralmente nus, para a quase completa exclusão de tudo o mais, e começou a usar um impasto mais espesso.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Com o uso dessa técnica, ele limpava seu pincel a cada pincelada. As cores nessas pinturas são tipicamente emudecidas. Os retratos de Freud geralmente apenas representavam os modelos, as vezes nus no chão ou na cama, mas as vezes o modelo é justaposto com algo mais, como em Menina com um cão branco e Homem nu com chapéu. Os temas de Freud são geralmente de pessoas nas suas vidas; amigos, família, amores, crianças. Nas palavras do artista “o assunto do tema é autobiográfico, tudo sempre tem a ver com esperança e memória e sensualidade e envolvimento, mesmo.” “Eu pinto pessoa – diz Freud – não precisamente pelo que elas parecem, não exatamente pelo que elas são, mas como eles deveriam ser.” Freud pintou um bom número de amigos artistas, incluindo Frank Auerbach, e também Henrietta Moraes, uma musa para muitos artistas do bairro londrino de Soho. Anos recentes Freud era um dos mais conhecidos artistas britânicos que trabalhava com um estilo tradicional representativo, e recebeu o Prêmio Turner no ano de 1989. De acordo com o jornal Sunday Telegraph de 1 de setembro de 2002, Freud teria cerca de 40 filhos, reconhecendo todos quando se tornam adultos. Depois de seu romance com Lorna Garman, ele se casou com sua sobrinha Kitty (filha do escultor Jacob Epstein e da socialite Kathleen Garman) em 1948, mas seu casamento acabou depois de quatro anos quando ele iniciou um romance com Lady Caroline Blackwood, escritora. Eles se casaram em 1957. Sua pintura After Cezanne, que é notável pelas suas formas incomuns, foi comprada pela Galeria Nacional da Austrália por 7,4 milhões de dólares. A sua parte superior esquerda desta pintura foi ‘grafitada’. Lucian Freud foi professor visitante na Slade School of Fine Art de 1949 a 1954, na Universidade de Londres. Apesar de internacionalmente conhecido como um dos mais importantes artistas do século XX, há poucas oportunidades de ver as pinturas e gravuras de Lucian Freud na Grã-Bretanha. Em 1996, houve uma grande exibição de 27 obras e 13 gravuras na Abbot Hall Art Gallery em Kendal, cobrindo todo os períodos da obra de Freud. Isso foi notavelmente seguido por um grande retrospectivo na Tate Britain em 2002. Durante o período de maio de 2000 a dezembro de 2001, Freud pintou a Rainha Elizabeth II do Reino Unido.

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