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Shakespeare – Versos na tarde – 26/10/2014

Poema Shakespeare¹ Ah, se as propriedades, títulos e cargos Não fossem frutos da corrupção! E se as altas honrarias se adquirissem só pelo mérito de quem as detém! Quantos, então, não estariam hoje melhor dos que estão? Quantos, que comandam, não estariam entre os comandados? William Shakespeare * Stratford-Avon, Inglaterra – 23 Abril 1564 d.C + Londres, Inglaterra – 23 Abril 1616 d.C [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Sobre livros e leituras

Infelizmente, não sabemos se Shakespeare foi um homem que viajou muito. Mas a Itália, com certeza, é um país que ele deve ter conhecido, tantas são as peças cujas narrativas ocorrem lá. Essa paixão se deve ao esplendor artístico das cidades italianas durante o período do Renascimento. Em verdade, a Itália sempre fascinou escritores e músicos, os artistas em geral, de Goethe a Freud (o escritor), de Mozart a Beethoven. Shakespeare viveu o fim do Renascimento, movimento que durou em torno de três séculos. O mundo dos humanistas, homens de vastíssima cultura. O Renascimento europeu inicia-se no fim do século XIII e vai até as portas do século XVII. A Itália foi o berço e o principal recanto de prosperidade desse ressurgir cultural que mudou a história do ocidente e do mundo inteiro. Lembro o Renascimento – o retorno ao ideal greco-romano – para tocar num assunto que muito me incomoda. É de o quanto a especialização está matando o humanismo que o Renascimento nos legou. Falar de humanismo é até mesmo um exagero, digamos que um pouco de informação sobre o passado e sobre o mundo que nos cerca. Ler um bom livro, hoje, é uma tarefa hercúlea para médicos, advogados, engenheiros, professores, juízes etc. Todo pequeno ou grande profissional só conhece a matéria em que trabalha. Mesmo aqueles que pertencem à área de ciências humanas – Direito, Sociologia, História, Comunicação, Economia, que precisam escrever todos os dias – não conseguem opinar sobre nada que não pertença ao seu universo de estudo. Encontrar alguém com uma cultura diversificada é como encontrar um diamante na calçada! Os livros mais lidos são pouco mais que caça-níqueis, não passam de temas repetidos à exaustão. Mesmo assim, são apresentados como grandes novidades. As editoras precisam faturar, lucrar. Daí “empurram” livros que dão calafrios no leitor mais exigente. Esses livros ou ‘mercadorias’ não ajudam ninguém a pensar.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Algumas vezes fico calado em rodas de conversa – algo torturante para mim, pois adoro conversar – tal é a quantidade de bobagens ditas por pessoas de formação educacional muito pra lá de “nível superior” em suas opiniões sobre questões mais sábias. A conversa chega, às vezes, a ser tão despropositada que você passa por idiota, pelo simples fato de o mundo dessas pessoas girar em torno de suas profissões, do que veem na Internet, ou do que dizem os jornais do dia. Suas opiniões são centradas em um único conteúdo. Não há uma visão do todo. Sei que estou sendo muito duro. Mas, não estou pedindo a ninguém para citar clássicos em mesa de bar. O que nos estarrece é ver bobagens esotéricas, auto-ajuda e pequenos dramas de natureza pessoal tratados como Literatura. Como é que pessoas pós-graduadas em universidades leem essas coisas? Mário Vargas Llosa, numa recente entrevista no Brasil, chamou essas pessoas muito “educadas”, bem empregadas e alheias ao mundo – que só conhecem o seu métier – de: “analfabetos funcionais”. Gostaria de dizer que essa declaração é um exagero, mas, infelizmente, não é. Como também não precisamos ser tão duros quanto a Goethe, que disse: “Quem de cinco séculos não é capaz de dar conta, não merece estar por aqui”. Leiam os Clássicos! ¹ Theófilo Silva é Presidente da Sociedade Shakespeare de Brasília e Colaborador do blog do Moreno [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Theófilo Silva – Reflexões na tarde – 18/01/2014

Os Passionais Theófilo Silva¹ “Paixão… Tornas possíveis as coisas que não são consideradas possíveis. Tu te comunicas com os sonhos… Ages de acordo com o irreal e fazes do nada teu associado”. Na peça Conto de Inverno, Leontes, rei da Sicília, o mesmo que pronuncia as palavras acima, está muito feliz porque seu amigo de infância Políxenes, rei da Boêmia, veio visitá-lo. Quem está feliz também é Hermione, esposa de Leontes, que através de Políxenes saberá como era seu marido na juventude. No entanto, repentinamente tudo muda. Na curta permanência de Políxenes, Leontes passa a violentos ataques de ciúmes, que vão crescendo até se tornarem exteriores. Leontes tem certeza que Hermione está traindo-o com Políxenes. Seu ciúme chega ao auge, quando pede a um funcionário sábio e leal, que envenene Políxenes, que acaba de voltar para a Sicília. Camilo descumpre a ordem e foge. Tudo piora, quando Hermione aparece grávida. Leontes não tem mais dúvidas, Hermione é uma adúltera, manda prendê-la e submetê-la a julgamento. Mesmo sendo aconselhado por seus assessores para agir com prudência, Leontes com sua passividade excessiva sai contaminando tudo ao seu redor. Passado o tempo, eis que nasce uma linda garota, que tem os olhos, a boca, o nariz e o sorriso de Leontes. Não há dúvida, a menina é mesmo filha de Leontes. Mas Leontes não acredita. Cego à verdade, amaldiçoa a garota, dando ordens para levarem-na para o mais distante possível dele. O caso toma proporções tão desmedidas, que foi necessário o envio de emissários para consultar o oráculo de Apolo, a única instância capaz de convencer o rei ensandecido. Durante o julgamento de Hermione, chega à resposta do oráculo, que declara Hermione inocente e Políxenes um tirano. Mas o estrago já estava feito. O passionalismo de Leontes o cegara completamente. Seu julgamento do caráter da esposa, e mais ainda, de duvidar da honra do rei de um país amigo, o levaram a um estado de confusão e desespero. Sem contar os prejuízos das relações da Boêmia com a Sicília. O Dr. Johnson diz em Rasselas, “toda a força da imaginação sobre a razão é um grau de insanidade”. Quando Shakespeare afirma que, “a paixão age de acordo com o irreal e se associa ao nada”, ele nos avisa dos perigos a que estamos expostos quando julgamos preconceituosamente situações desconhecidas. Quando exercemos um papel de liderança, qualquer que seja ele, político, de opinião, ou outros, não podemos agir precipitadamente, pois caímos no ridículo ou mesmo na tragédia. Se “a paixão se comunica com os sonhos”, queremos transformá-los em realidade. E quase sempre, isso não é possível. Mais ainda, às vezes as pessoas estão submetidas a ambientes e situações estranhas, sendo possível à perda de contato com a realidade, ainda que temporário. Assim como Leontes. E quando sonhadores julgam sonhadores, ainda que a distância, o perigo é ainda maior. E nós, para Shakespeare “somos feitos da mesma matéria de que são feitos os sonhos”. Devemos ser cuidadosos. ¹Theófilo Silva é presidente da Sociedade Shakespeare de Brasília [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Shakespeare – Frase do dia – 03/07/2013

“Contemplo o mundo há quatro vezes sete anos, e desde que me tornei capaz de distinguir uma injúria de um benefício, nunca encontrei um homem que soubesse como amar a si mesmo.” Shakespeare in Otelo – Ato I – Cena III: Iago [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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