Severo Sarduy – Poesia – /03/24
Boa noite Poema Severo Sarduy Uma lâmpada Um copo. Uma garrafa. Sem outra utilidade ou pertinência que estar ali, que dar à consciência um casual pretexto, mas não grafa o traço humano que ora inflama, abafa a luz ou que ali beba. Em tudo a ausência: paredes que, caiadas, dão ciência que ali ninguém repousa ou se estafa. Somente é familiar a luz acesa que põe sobre a toalhaposta à mesa a sombra que se alarga: o dia que do tempo o passo segue em sua vaga irrealidade. A tarde já se apaga. Abraçam-se os objetos: sentem medo.