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A guerra pelo poder na Rocinha

Traficante, ‘primeira-dama’ e ex-guarda-costas em guerra por poder na Rocinha: a visão de biógrafo de Nem Danúbia é mulher e ‘herdeira’ de Nem | Foto: Reprodução/ Facebook De um lado, o antigo guarda-costas e atual desafeto, que assumiu o poder do morro depois da prisão do mentor. De outro, a mulher do ex-chefe, condenada por tráfico, foragida, mas que, nas redes sociais, ostenta os cabelos pintados bem louros, o corpo bronzeado com biquínis e decotes, óculos escuros de grife e colares de ouro com pingente de coroa.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Ainda é cedo para concluir que a disputa de poder na Rocinha, zona sul do Rio, e a violência detonada na área, que culminou em novo tiroteio na manhã desta sexta-feira e com a decisão de intervenção do Exército, tenham sido ordenadas pelo traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, vulgo Nem, de dentro de uma prisão de segurança máxima, considera o jornalista britânico especializado em crime organizado Misha Glenny. Mas o racha interno e a crescente tensão entre a mulher e “herdeira” de Nem, Danúbia Rangel, e seu ex-aliado e sucessor, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, precedem o conflito, em uma disputa de protagonismo que pode ajudar a explicar o embate – que gerou fortes tiroteios e imagens de guerra de domingo para cá na maior favela do Rio. Glenny conta a história de Nem no livro O Dono do Morro: um homem e a batalha pelo Rio (Companhia das Letras), lançado no ano passado. Em entrevista à BBC Brasil, ele considera que ainda há lacunas a se preencher sobre o papel que o ex-chefe do morro, preso em 2011 e atualmente em um presídio de segurança máxima em Porto Velho, Rondônia, teve no episódio. Mas diz que Nem continua sendo “extremamente influente” na Rocinha e que Danúbia vinha buscando maior protagonismo na comunidade, com uma divisão de forças entre ela e Rogério 157. “Claramente havia muita tensão entre o Rogério e a Danúbia. A única coisa que eu ainda não entendi é se a Danúbia estava agindo motivada por sua própria ambição, ou se estava representando, de fato, o Nem”, considera Glenny. “Eu suspeito que se trate mais da primeira opção, mas essa é só uma interpretação minha.” Glenny aponta para tensão entre Danúbia e Rogério 157, ex-aliado de Nem | Foto: Divulgação/ Ivan Gouveia Danúbia teria sido expulsa da Rocinha a mando de Rogério, e ambos estão foragidos. Ela, porém, parece se manter ativa nas redes sociais, onde, na segunda-feira, em uma conta que acredita-se ser dela, gabou-se de um perfil publicado no jornal O Globo. Postou o link da matéria destacando um trecho que a compara com a Bibi Perigosa vivida por Juliana Paes na novela A Força do Querer. “Viu só como estou poderzão ainda?”, escreveu com um emoji de sorriso escancarado. Na semana anterior, essa conta postou um panfleto do disque-denúncia com sua foto e de outras mulheres procuradas pela polícia, fazendo troça: “Eu e minha coleguinhas bombando por aí”, diz, ao lado de carinhas chorando de tanto rir. Glenny diz que Danúbia não é muito popular na Rocinha, sendo uma “forasteira” que veio da Maré, complexo de favelas na zona norte do Rio. Teria autoridade na favela não por sua personalidade, mas por ser mulher de Nem, tornando-se uma rara liderança feminina no mundo do tráfico – que lhe rendeu a alcunha de “Xerife da Rocinha”. Ela é a quarta esposa de Nem – que, segundo Glenny, sempre se mostrou “muito apaixonado” por ela. Antes, foi mulher de dois traficantes na Maré, ambos mortos pela polícia. Daí também o apelido de “viúva negra”. No domingo, a Rocinha foi invadida por dezenas de traficantes de morros como o São Carlos e o Vila Vintém, favelas controladas, assim como a Rocinha, pela facção criminosa conhecida como Amigos dos Amigos (ADA). O bando estaria, a pedido de Nem – segundo os jornais -, tentando tomar o controle das mãos de Rogério 157, em uma disputa interna da favela por integrantes da mesma organização. Glenny, que se encontra em Londres, diz que segue acompanhando de perto a escalada de violência no Rio e considera que os governos estadual e federal tem sido “incapazes” de lidar com a guerra de facções no Rio, que as Unidades de Polícia Pacificadora só continuam existindo “no papel” e que o envio do Exército para o Rio “não teve qualquer impacto na redução da criminalidade”. Leia abaixo os principais trechos da entrevista. BBC Brasil – O seu livro narra desde a ascensão de Nem a “dono do morro” à sua prisão em 2011. Ele agora está em um presídio de segurança máxima em Rondônia – que papel você acha que ele desempenhou nessa disputa? Misha Glenny – Citando fontes da polícia e do sistema prisional, os jornais dos últimos dias têm dado como certo que Nem comandou a invasão da Rocinha através da Danúbia (Rangel, sua mulher). Para mim, isso ainda é uma questão em aberto. Não digo que não aconteceu, mas não está comprovado. O Nem continua sendo uma figura incrivelmente influente e popular na Rocinha, e as pessoas o ouvem muito, mas não sabemos ainda até que ponto ele está envolvido. Se a ordem partiu dele, para quem teria dado a mensagem? Desde o início do mês ele não teve visitas da família, e só na terça desta semana foi visitado por seu advogado. Danúbia, que aparece em conta no Facebook que seria sua, é a quarta esposa de Nem | Foto: Reprodução/Facebook BBC Brasil – Sempre vemos disputas entre facções rivais no Rio, mas o que parece notável neste caso é que a disputa é entre integrantes da mesma facção (a ADA). O que precipitou esse conflito interno? Glenny – Na última vez que estive no Rio, em dezembro, já tinha havido um racha entre a Danúbia e o Rogério (Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, sucessor de Nem no comando do tráfico da Rocinha). A Danúbia havia criado seu próprio bonde e tinha seus próprios seguranças. E havia um terceiro

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‘Tanque de guerra pessoal’, o novo objeto do desejo dos super-ricos?

 Você teria um tanque de guerra na garagem de casa?  O novo mimo está sendo vendido por uma empresa dos Estados Unidos a multimilionários. Ele se chama EV2, um blindado de alta velocidade que custa centenas de milhares de dólares. “Você aperta um botão e as portas se abrem como um Lamborghini. Os bancos são revestidos de couro e acomodam até oito pessoas. Ele também possui câmera de ré e suspensão de última tecnologia”, diz Mike Howe, um dos donos da empresa que fabrica o veículo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A ideia de criar um “tanque de luxo” partiu dele e de seu irmão gêmeo, Geoff. Eles argumentam que, graças às esteiras que protegem as rodas, o veículo pode se movimentar em alta velocidade sobre qualquer tipo de terreno, assim como o original militar. Mas, diferentemente dos tanques de guerra comuns, o blindado de luxo não tem armamentos. Mike e Geoff afirmam que há demanda pelo produto. No entanto, essa é a primeira incursão deles no mercado de luxo. Segundo os irmãos, a origem da empresa, sediada no Estado americano do Maine, remete à infância deles. “Nós sempre estávamos pensando além”, lembra Geoff. “Construímos nossa própria cabana de madeira porque outras crianças na rua tinham uma casa na árvore que o pai delas ajudou a construir. Eu e Mike não tínhamos uma figura paterna. Então, tivemos de construi-la por conta própria. Queríamos fazê-la maior e melhor”, acrescenta. Com o passar do tempo, as cabanas de madeira evoluíram para veículos atípicos. Quando estavam na universidade, os irmãos Howe transformaram um ônibus em um palco móvel para a sua própria banda de rock. Em seguida, ficaram obcecados com a ideia de criar um veículo com rastreio de alta velocidade. Depois de anos de trabalho, eles terminaram construindo um pequeno tanque, que batizaram de Ripsaw. O veículo chamou atenção das Forças Armadas dos EUA, que acabaram encomendando versões tripuladas e não tripuladas para pesquisa e desenvolvimento. Como resultado do interesse dos militares americanos, os irmãos conseguiram transformar o que era um hobby em um negócio, mas enfrentaram desafios técnicos. Por exemplo, o fato de que quanto mais rápido um veículo de rastreio se movimenta, maior é a chance dele perder estabilidade. “É como se fosse um pneu saindo de um carro”, explica Mike. Problemas de engenharia como esses se provaram difíceis de serem solucionados. Os irmãos foram, então, buscar respostas para além do mundo automobilístico, e aprenderam lições de outros campos, como a tecnologia empregada em motosserras. Hollywood Na medida em que ganharam experiência, eles expandiram sua gama de produtos, incluindo sistemas robóticos capazes de desarmar bombas, e a Ripchair, uma cadeira de rodas ‘off-road’ com esteiras. Hollywood também começou a mostrar interesse pelos irmãos e os veículos começaram a aparecer em grandes produções, como os filmes GI Joe 2 e Mad Max: Estrada da Fúria. Foi a colaboração com a indústria cinematográfica que levou o negócio a uma nova direção. Um dia, os irmãos receberam um telefonema de alguém que dizia trabalhar para um multimilionário que havia visto um dos veículos deles no cinema. Ele queria uma versão sob medida do Ripsaw para uso recreativo. Inicialmente, os irmãos disseram ter ficado surpreendidos com o pedido, mas decidiram materializar a ideia. O resultado foi o EV2. Mike e Geoff afirmam que lidar com o mercado de luxo representa um novo desafio para eles. “Há uma curva de aprendizado”, explica Geoff. Uma das maiores dificuldades, segundo eles, é estabelecer linhas de comunicação “claras”. Geoff diz que raramente fala de forma direta com os compradores finais – por isso, é vital garantir que os desejos deles sejam atendidos, e não dos intermediários. O alto custo do EV2 representa outro obstáculo. Por causa da grande quantidade de dinheiro em jogo, os irmãos precisam verificar se os clientes potenciais podem bancar os custos do veículo.

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Olimpíadas: Brasil dorme de olhos abertos ante ameaça de ataques de “lobos solitários”

Serviços de inteligência não temem possibilidade de grande atentado durante os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Exercício anti-terrorista das Forças Especiais brasileiras. Foto:GILBERTO ALVES/MINISTERIO DA DEFESA Na lista de preocupações que ameaçam o sucesso dos Jogos Olímpicos do Rio há uma que vem escalando degraus nos últimos meses: os chamados “lobos solitários”. Um homem armado, invisível para os serviços de inteligência, mas influenciado pela ideologia radical de grupos terroristas, é hoje uma ameaça muito maior que a de um ataque orquestrado pelo Estado Islâmico (Isis, nas suas siglas em inglês).[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] MAIS INFORMAÇÕES Secretário de Segurança: “O Rio me deu condições de executar meu trabalho, mas agora está me tirando isso” É possível ocorrer um ataque terrorista nas Olimpíadas do Rio? Sob pressão internacional, Câmara aprova lei que tipifica o terrorismo França oferece apoio ao Brasil contra ataques terroristas nos Jogos do Rio Segundo um relatório dos serviços de inteligência, publicado pela revista Veja, atentados de grande sofisticação e complexidade logística não são mais uma ameaça para o Brasil, mas sim o incentivo de grupos extremistas religiosos para que seus simpatizantes atuem por conta própria. “Uma das maiores preocupações governamentais está no acompanhamento da radicalização de indivíduos alinhados ideologicamente ao Estado Islâmico”, diz o texto. Nesta sexta-feira, a pedido das autoridades brasileiras, a companhia Avianca lançou um comunicado interno advertindo da possível entrada no Brasil de um ex-detento de Guantánamo, que foi acolhido no Uruguai há dois anos. Jihad Ahmad Diyab, que cumpriu pena na controversa prisão norte-americana por seus supostos vínculos com a Al Qaeda, era livre de deixar o território uruguaio, mas as autoridades migratórias brasileiras já haviam barrado sua entrada com base na lei antiterrorista. Tecnicamente ele não é um fugitivo, porque nunca foi processado nem acusado, mas a um mês da Olimpíada, qualquer rastro suspeito é motivo de alerta. Há outros vários indícios que levaram a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a falar publicamente sobre a ameaça específica dos lobos solitários, baseada no florescimento de um radicalismo autóctone. O último foi o descobrimento de um canal de comunicação em português para a troca de informações sobre o grupo terrorista no aplicativo de mensagens Telegram. O achado foi interpretado como um esforço do Estado Islâmico para ampliar sua influência no Brasil, um apelo a potenciais novos soldados. “Entendemos que a criação de uma conta pode ser a abertura de uma porta para que brasileiros sejam radicalizados”, disse uma fonte próxima ao assunto à agência de notícias Reuters. A divulgação por parte de Abin de investigações antiterroristas teve seus críticos, entre eles José Mariano Beltrame, o secretario de Segurança Pública do Rio, que receberá 85.000 agentes para garantir a ordem nos Jogos. “Quando temos investigações de coisas importantes para fazer, a gente não fala. A gente apresenta resultado. Na minha visão, não deveria nem ter confirmado ou desconfirmado”, criticou Beltrame. Não foi a primeira vez que a Abin divulgou informações que, tradicionalmente, são sigilosas. Em abril, os serviços de inteligência reconheceram a veracidade de um tweet que apontava o Brasil entre os objetivos do Estado Islâmico. A mensagem, que dizia em francês “Brasil, vocês serão nosso próximo objetivo”, foi publicada na rede social Twitter em novembro, quatro dias após os atentados do grupo terrorista que deixaram 129 mortos em Paris. A conta, hoje inativa, foi atribuída pela inteligência brasileira a Maxime Hauchard, um francês de 22 anos que aparece nos vídeos do Isis decapitando reféns. Para a elaboração desta reportagem, a Abin recusou responder perguntas enviadas por este jornal e tampouco confirmou a veracidade do relatório. Com o aumento dos protocolos de segurança em países da comunidade europeia e a constante vigilância e intercâmbio de informações de órgãos de inteligência, o Estado Islâmico pode ver no Brasil “uma alternativa inexplorada”, avalia o analista de assuntos estratégicos e consultor de agências internacionais André Luís Woloszyn. Nesse sentido, o informe da Abin, aponta a Olimpíada como um “fator de elevada atratividade para a atuação de grupos terroristas no Brasil”. Esse mesmo relatório reconhece que a “disseminação do ideário radical salafista entre brasileiros” e “a dificuldade de neutralizar atos preparatórios de terrorismo” apontam um aumento, sem precedentes, “da probabilidade de ocorrência de atentado durante 2016, especialmente por ocasião dos Jogos”. A inteligência brasileira já constatou, segundo Woloszyn, a existência de uma rede de tráfico de pessoas, algumas envolvidas em atos terroristas no Oriente Médio, utilizando o Brasil como passagem. Também tem no radar, diz o especialista, brasileiros classificados como “altamente radicalizados”. “Muitos destes, inclusive, prestaram juramento ao califado e, consequentemente, estariam em condições de atuar em ações terroristas em nome do Estado Islâmico”, afirma. Um deles seria um jovem de Santa Catarina, no sul do país, que passou a ser monitorado 24 horas com tornezeleira eletrônica. O universitário, segundo a revista Veja, teria ficado três meses numa cidade síria dominada pelo EI, e já no Brasil passava as madrugadas em treinos de tiro ao alvo. “Tais circunstâncias derrubam a tese defendida por muitos de que o Brasil está longe do terrorismo extremista, baseados em falsas premissas de que o país não está envolvido em operações bélicas no Oriente Médio, Norte da África e em países asiáticos e que somos pacíficos”, defende Woloszyn. “O cenário atual no Brasil é de pró-terrorismo cujas medidas profiláticas não dependem somente dos órgãos estatais mas, fundamentalmente, do envolvimento da sociedade em geral em um trabalho conjunto para coleta de informações.” Esse trabalho conjunto já vem sendo feito há meses em parceria com órgãos de inteligência estrangeira, sobre tudo com os norte-americanos, franceses, ingleses e israelense. Eles ofereceram treinamento aos agentes brasileiros e o compartilhamento de informações. A população também foi treinada. O Ministério da Defesa, a Abin, a Polícia Federal e a Secretaria Extraordinária para a Segurança de Grandes Eventos promovem, desde fevereiro, cursos para que voluntários, taxistas, recepcionistas de hotel ou funcionários do transporte público aprendam a identificar possíveis ameaças e como lidar com elas. ElPais/Maria Martin

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Olimpíadas: Austrália exige reforço de segurança para Rio 2016

Após atleta australiana ser assaltada na cidade, país envia carta com exigências ao prefeito Eduardo Paes e diz que estuda levar segurança privada para os Jogos e impôr toque de recolher a seus esportistas. Kitty Chiller anuncia envio de carta a Paes e comitê organizador pedindo mais segurança Após uma atleta paralímpica da Austrália ter sido assaltada no Rio de Janeiro, o Comitê Olímpico Australiano exigiu nesta terça-feira (21/06) que a cidade reforce imediatamente a segurança antes que algo mais grave aconteça. “Exigimos que o número das forças de segurança seja revisto e que elas sejam destacadas antecipadamente, especialmente perto das instalações de treinos e competições”, disse a chefe de missão da equipe olímpica australiana, Kitty Chiller. Os pedidos foram enviados em uma carta para o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e para o comitê organizador da Rio 2016.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A velejadora paralímpica australiana Liesl Tesch e a fisioterapeuta Sarah Ross foram assaltadas no domingo no Aterro do Flamengo, uma zona turística do Rio e local de treinamento de vários atletas. As duas foram abordadas por dois homens armados, que levaram suas bicicletas. Em entrevista a uma emissora de televisão australiana, Tesch disse que o assaltante apontou a arma em sua direção e a empurrou. A atleta chegou a cair no chão. “Foi absolutamente horrível. Nós estamos abaladas, mas fisicamente bem”, relatou. “Não foi um incidente isolado. Chegou o momento de tomar medidas para garantir a segurança a todos os membros de nossas equipes que forem ao Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos”, ressaltou Chiller. Além de Tesch, o velejador espanhol Fernando Echavarri foi assaltado na cidade por homens armados no mês passado e, no início de junho, a atleta de tiro brasileira Anna Paula Desborusses foi baleada na cabeça ao tentar fugir de um assalto. Medidas extras Após o incidente, o Comitê Olímpico Australiano decidiu ainda contratar empresas de segurança privadas e está cogitando ampliar a proibição imposta a atletas de visitar favelas para outras áreas da cidade e impor um toque de recolher. Chiller disse que os atletas foram orientados sobre como agir em casos de assalto. Entre as recomendações, está entregar os pertences e não reagir. “Se estamos levando 750 pessoas no nosso time, queremos que as 750 pessoas voltem a salvo e em segurança”, reforçou Chiller. Os organizadores dos Jogos Olímpico no Rio de Janeiro planejaram 85 mil policiais para patrulhar a cidade, o dobro do número usado em Londres no evento de 2012.

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O crime sempre compensa para alguém

A “economia” da insegurança Pública.  Enquanto a indústria brasileira segue em retração com a diminuição na produção e no número de encomendas, há um setor que movimenta a economia e que desconhece a crise. Trata-se do crime. Não costumamos pensar na criminalidade como um fator que contribui para o emprego e a renda de muitas famílias, contudo este é o caso em uma nação com o terceiro maior índice de homicídio intencional do continente. Nesse ranking indesejado, o Brasil receberia uma medalha de bronze (que teria de ser mantida com muito zelo para que não fosse surrupiada). À nossa frente estão apenas a Venezuela e a Colômbia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Quando não é fatal, dificilmente um crime se encerra nele mesmo. Além dos evidentes, por vezes permanentes, danos psicológicos e físicos, o prejuízo ultrapassa aquilo que um simples inventário pode apontar. Levando-se em consideração uma situação menos traumática, a vítima de documentos furtados ou roubados há de perceber o quanto foi duplamente lesada. Sem uma identificação exigida pelo Estado, sem a qual algumas obrigações e tarefas burocráticas não podem ser realizadas, o vitimado, ao procurar uma unidade para expedição de uma segunda via do documento, terá a infeliz constatação de que o roubo, o furto ou o assalto ainda não acabou. Não bastasse o surrupio do que lhe pertencia, o prejuízo aumenta com as taxas cobradas pelos órgãos vinculados ao Estado, o mesmo que deveria proteger o cidadão para que ele não passasse por tal violência. Desse modo, um Estado incapaz de garantir a segurança de seus cidadãos ainda lucra com os efeitos da insegurança que não consegue coibir. Um pensamento crítico constatará que o crime compensou para o Estado que aumentará a sua arrecadação, mantendo a máquina pública ocupada em refazer um trabalho em razão da ação de criminosos. A criminalidade se alimenta da própria criminalidade Da mesma forma, muitos são os profissionais honestos que devem ao crime um acréscimo na sua produtividade. Os chaveiros, por exemplo, são muito beneficiados quando os seus serviços são requisitados após um arrombamento que inutiliza as fechaduras de um imóvel ou de um veículo. Quem também lucra com a ação criminosa são os vidraceiros, sempre chamados quando se faz necessária a troca de uma janela ou de uma vitrine arrebentada em uma invasão pouco discreta. Ainda se pode pensar nos eletricistas empregados para restabelecer a energia em uma residência cujos bandidos destruíram a fiação para apressar o roubo e a fuga. Essa lista de profissionais beneficiados pelo crime ainda pode ser aumentada indefinidamente conforme o olhar aguçado e crítico de quem se dispuser a pensar a respeito. Como uma praga, a criminalidade se alimenta da própria criminalidade. Há empresários e comerciantes, que o são de fachada, sem deixarem de ser bandidos, que enriquecem com a venda de itens roubados, gerando um sistema de vício, como um círculo a rodar em uma estrada em declive, arrastando o que há em seu caminho, e a desafiar qualquer barreira que seja posta para barrá-lo. Em metrópoles, cidades médias e pequenas, cada vez mais necessária também se faz a contratação de uma empresa privada de segurança para prevenir ou afastar a ação de criminosos cada vez mais ousados e criativos. Mais uma vez, sem que nos apercebamos da enorme influência que o crime tem para a economia, um grande número de famílias brasileiras se beneficia dos atos ilegais de pessoas que resolvem invadir e roubar uma residência, um estabelecimento comercial ou industrial. Sem o crime não haveria a necessidade de seguranças contratados, nem de câmeras de vigilância, nem de sensores de presença, nem de armas de ataque e de defesa, nem de qualquer aparato que afaste a ação daqueles que tomam sem pedir, que obtêm pela imposição como se fossem alheios às normas que estruturam a sociedade. Assim, quando utilizado um olhar mais abrangente, percebe-se que o crime compensa para todos aqueles que empregam e são empregados no combate direto à ação delituosa. Mesmo sem saber, o filho de um instalador de cerca elétrica pode dever as suas aulas de inglês ou de violão à necessidade de proteção dos moradores de uma rua violenta que contrata e paga pelo serviço de seu pai. Em tempos de crimes virtuais, famílias são mantidas e sustentadas pelos vencimentos de programadores que travam batalhas contra crackers que tentam, noite e dia, invadir o banco de dados de instituições financeiras e de outros estabelecimentos comerciais para se apropriarem de dinheiro e de mercadorias. Semelhante situação se dá para os familiares de corretores de imóveis que se beneficiam com a alta comissão obtida com a venda de residências luxuosas compradas com o dinheiro oriundo da corrupção, que desvia a verba pública que deveria ser empregada no bem comum para o usufruto egoísta de um particular. Mesmo no extremo do crime violento, quando a vida é cessada bruscamente, para alguém há de compensar. A funerária não julga os mortos que lhe chegam. Sejam vítimas ou praticantes do crime, se os familiares e amigos tiverem condições de pagar pelo serviço, os profissionais prepararão o corpo para as despedidas daqueles que lhes tinham afeto. Porém, mesmo quem se beneficia indiretamente da ilicitude, frequentemente é vítima dele também, pois esta é uma indústria voraz que jamais deixa de produzir em suas mais variadas atividades. Portanto, a criminalidade persiste porque o ser humano apresenta uma predisposição para o ilícito. Sigmund Freud, inspirado por Platão, afirmava que os homens maus fazem o que os homens bons apenas sonham em fazer. Não é sem propósito que a tradição das religiões monoteístas condena a prática do roubo, expressando essa determinação como um mandamento. Antes de ser uma obrigação com o sagrado, tal evitação é um compromisso com a ordem social. Não haveria necessidade de tal proibição se o ser humano não se sentisse impelido a tomar do outro o que não lhe pertence. Nota-se que há uma legislação contra o crime desde os primórdios da civilização (alguém há de se lembrar da Lei de Talião). Então, em nosso

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Como a polícia de Los Angeles superou má fama e virou modelo para país

Poucas horas depois da absolvição dos quatro policiais que haviam sido filmados espancando um homem negro em Los Angeles, o centro da segunda maior cidade dos Estados Unidos seria tomado por uma multidão que saqueava lojas, incendiava prédios e assaltava motoristas. Reforma incluiu a criação de cotas para negros, mulheres e latino-americanos na força policial O ano era 1992, e a revolta com a decisão judicial desencadearia o maior levante da história recente dos Estados Unidos, encerrado seis dias depois com um saldo de 63 mortos, mais de 11 mil detidos e um prejuízo de cerca de US$ 1 bilhão. De lá para cá, a polícia de Los Angeles foi submetida a uma refoma considerada por especialistas um exemplo de sucesso. As mudanças foram impostas pelo Departamento de Justiça do governo americano – que se valeu de uma lei que lhe permite intervir em forças estaduais ou municipais que cometam abusos sistemáticos – após o espancamento do operário Rodney King, que havia se recusado a encostar o carro numa abordagem policial.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] King sobreviveu aos golpes dos agentes, mas a insurreição forçaria a polícia de Los Angeles a rever uma série de práticas que haviam lhe rendido a fama de ser uma das mais racistas e violentas forças de segurança dos Estados Unidos. A experiência é lembrada num momento em que pipocam pelo país protestos contra a violência policial e o modo como as corporações tratam negros e latinos. As manifestações foram impulsionadas pela absolvição dos policiais que em 2014 mataram o jovem Michael Brown em Ferguson, Missouri, e o vendedor ambulante Eric Garner em Staten Island, Nova York. Como Rodney King, os dois estavam desarmados e eram negros. Força de ocupação A intervenção na polícia de Los Angeles, que durou de 2000 a 2013, teve como objetivo reduzir o uso da força, criar mecanismos para punir abusos e melhorar sua relação com os moradores. Leia mais: Relatório de ONG critica mortes pela polícia e prisões ‘medievais’ no Brasil Políca de Los Angeles em 1904: em 2005, após a intervenção, número de latinos superou o de brancos Contrariando previsões de que as ações poderiam favorecer os criminosos, os índices de violência na cidade despencaram durante a reforma. A taxa de homicídios, que na década de 1980 chegou a 34,2 por 100 mil habitantes ao ano, baixou em 2013 para 6,3 (no Brasil, o índice em 2013 foi de 25,2). A queda foi acompanhada pela melhora na opinião dos moradores sobre a corporação. Segundo um estudo da Escola John F. Kennedy da Universidade Harvard, em 2005 menos da metade dos habitantes considerava a atuação da polícia boa ou excelente. Já em 2009 as avaliações positivas eram compartilhadas por 83% da população. “Antes da reforma, a polícia operava como uma força de ocupação num território estrangeiro, reprimindo as pessoas nos bairros pobres”, disse à BBC Brasil Joe Domanick, diretor do Centro de Mídia, Crime e Justiça na Faculdade John Jay, em Nova York, e autor do livro “Azul: a ruína e a redenção da Polícia de Los Angeles”. Leia mais: Retórica inflamada e brutalidade marcam debate sobre ‘policiais soldados’ nos EUA Leia mais: Tensão racial nos EUA revela ‘militarização’ da polícia americana Após a intervenção, Domanick diz que a corporação passou a enfocar um modelo de policiamento comunitário, cultivando laços com líderes locais e ativistas. A mudança de postura, segundo ele, é evidente em conjuntos habitacionais onde policiais foram alocados permanentemente. “Esses policiais não estão lá para prender as pessoas, para dar voz de prisão a alguém que esteja fumando um baseado. É claro que agirão se presenciarem algo grave, mas eles estão lá para se aproximar da comunidade e manter os jovens longe das grades.” Com a nova estratégia, diz Domanick, moradores passaram a cooperar mais com as investigações e ajudar a polícia a combater ameaças maiores, como a ação de gangues na vizinhança. Combate a abusos A reforma também fortaleceu os três órgãos encarregados de investigar abusos na corporação. A ação gerou temores de que policiais pudessem deixar de executar suas funções para evitar punições, mas o estudo da Escola John F. Kennedy mostra o contrário. Aprovação de moradores aumentou, mas ainda há críticas sobre excesso de violência e racismo Segundo a pesquisa, a partir de 2002, a polícia ampliou tanto o número de abordagens quanto o de prisões. Houve ainda um crescimento na proporção de detidos que acabaram denunciados pela Promotoria, o que indica que a polícia passou não só a deter mais, mas também melhor. Leia mais: Programa da polícia identifica alunos com potencial para violência nos EUA “A reforma da polícia de Los Angeles deu certo porque houve uma combinação entre supervisão externa e liderança”, diz à BBC Brasil Christine M. Cole, vice-presidente e diretora executiva do Instituto de Crime e Justiça de Harvard e uma das autoras do estudo. O principal líder do processo foi William Bratton, que comandou a corporação entre 2002 e 2009. Em 2014, Bratton assumiu pela segunda vez a chefia da polícia de Nova York, onde ordenou uma redução drástica na aplicação do “stop-and-frisk”. Esse método de abordagem e revista de pessoas tidas como suspeitas era alvo de críticas na cidade por ser aplicado desproporcionalmente em negros e latinos. Já a supervisão da reforma coube a quatro atores: um juiz federal, um representante do governo federal, uma comissão formada por civis e um inspetor independente. Leia mais: Quando é legítimo para um policial atirar para matar? Cotas para mulheres e minorias Com a reforma, a polícia também alterou seu processo de contratação. Para acabar com o predomínio de homens brancos em seus quadros – o que, acreditava-se, alimentava a desconfiança em relação às minorias e perpetuava comportamentos racistas –, foram definidas cotas para mulheres, negros e latinos. Desde 2005, há mais latinos do que brancos na corporação, assim como no resto de Los Angeles. O número de policiais negros tem se mantido estável (7,2%) em patamar próximo ao percentual do grupo na cidade. Já a proporção de

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Segurança Pública: Fortaleza sitiada

Estamos abandonados. E sozinhos. E desamparados. Ou nos unimos para açularmos as “autoridades responsáveis (sic)” ou o caos transformar-se-á numa hecatombe à cidadania. Da Presidente da República ao mais obscuro vereador da mais obscura localidade situada além dos confins do Brasil, nenhuma porcaria de político, de quaisquer partidos – não falo de esquerda nem de direita, pois isso não existe aqui. A politicalha Tupiniquim é somente uma confraria reunida para extorquir os brasileiros – não tem nenhum outro objetivo senão agir em defesa de seus próprios interesses. Tenho dois filhos, e neta, vivendo no exterior, e diante desse Afeganistão em que Fortaleza está transformada, enviei-lhes a seguinte recomendação:[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Fiquem aí e não venham para cá. Prefiro a dor da saudade de vocês ausentes, a angustia que por aqui todos sentimos, quando alguém da família vai ali à esquina e não sabemos se esse ente querido irá voltar. Que país! Que “res-publica”!

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Segurança pública: o caos irreversível da criminalidade

Tudo previsto, cantado e decantado desde há muito. Os que chamamos atenção que isso iria ocorrer, fomos tachados de comunistas e outros adjetivos nada publicáveis. Tem postagem minha nesse blog de 13 anos atrás já chamando atenção que se não houvesse segurança na mais irrelevante favela, não há haveria pra ninguém. O que seria mais importante: uma creche na favela ou uma pracinha com o nome de alguma autoridade? Eis o resultado da opção pela pracinha e outras obras de maquiagem. Agora entendo que está fora de controle. Por melhor que se estruture o sistema, esse sempre estará aquém das necessidades. É como o cachorro correndo atrás do rabo. Não alcança nunca. A segurança pública é um sumidouro de dinheiro. O aparato repressivo sempre estará atrasado em relação à velocidade do surgimento dos problemas. É caos. E irreversível. Ou alguém ainda acha que há solução? Não há, nem nunca houve vontade política. Essa só há se a elite pressionar. Enquanto puderem blindar os carros e pagar segurança privada encastelados em fortalezas de altos muros eletrificados, tal não acontecerá. Nem há mais condições físicas e financeiras. Tomemos o Bom Jardim, bairro em Fortaleza com índices de homicídio próximos à barbárie, como exemplo: 130 mil habitantes. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Imagine-se que um governante resolva investir todo o tempo e dinheiro para implantar saneamento no bairro. O trabalho é tão grande, que quando conseguir-se que seja concluído, já terão surgido mais 2 ou 3 novos Bons Jardins à frente. Sempre haverá déficit por que o básico não foi feito quando havia compatibilidade possível entre o número de problemas e a capacidade em resolvê-los. Essa é a cruel eqüação. Quem quiser se iludir que possa ser invertida essa perversão, boa sorte. O crime organizado está infiltrado em todos os escalões do Estado Brasileiro. Desde o patrocínio às incensadas e admiradas escolas de samba até aos parlamentos. E essa infiltração nunca foi combatida, ou sequer  considerada. Consumo de drogas, tráfico internacional, favelas incrustadas em meio à riqueza e políticos orgulhosos e  indiferentes em suas disputas paroquiais. A hipocrisia, quando há manifestações pós-crime, quando milhares de pessoas fazem aquela passeata da paz, todos de branco segurando rosas. Geralmente são da classe média…geralmente milhares de pessoas ali têm ou conhecem algum parente que é usuário ou traficante. Sim, o debate para apontar os culpados não é tão aberto em nenhum lugar do planeta… Por quê? Quem financia o tráfico que financia a violência é o consumo. As drogas são um dos maiores males da vida (o maior é a ignorância do povo e a sua insistência em permanecer nela).

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Roubo a caixa eletrônico: um preocupante desafio à inteligência policial

Na madrugada do primeiro dia de 2012, sob o barulho causado pela queima de fogos da virada de ano, criminosos tentaram arrombar um caixa eletrônico do Bradesco, no estacionamento do Supermercado Lopes, na região do guia Capão Redondo, na zona sul de São Paulo. Um dos moradores testemunhou a ação. A polícia, ao chegar ao local, encontrou a porta de vidro do quiosque do caixa destruída, alguns fogos de artifício próximo à máquina e um suposto explosivo fixado no caixa. Há suspeita que tenham levado duas caixas com dinheiro. Uma equipe do Grupo de Ações Táticas Especiais foi acionada e detonou o material explosivo encontrado. Chegou a quase 150 o número de casos de ataques a caixas eletrônicos ocorridos no horário noturno, na Região Metropolitana de São Paulo em 2011. Foram 62 ações na capital paulista e outras 83 nas demais cidades da Grande São Paulo. Em 102 dos 145 casos, os bandidos utilizaram explosivos. O saldo foi de 45 pessoas presas, várias delas policiais militares, e 14 mortas em confronto com a polícia. O mês de maio foi o que mais registrou esse tipo de crime: foram 31. Também na madrugada do primeiro deste 2012, dez assaltantes explodiram dois caixas eletrônicos, em Denise, a 208 quilômetros de Cuiabá. Pelo menos 25 pessoas, que estavam em uma lanchonete próxima ao banco, foram feitas reféns. Segundo a polícia, as vítimas foram posicionadas em frente ao banco para que a ação não chamasse atenção. O bando usou dinamite para o arrombamento, mas só havia cheques nos caixas.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Em todo o Brasil foram centenas de casos em 2011. Tal fato pressupõe que a orientação da Febraban para que sejam usados, numa estratégia dissuasória de tal prática criminosa, dispositivos que tornam as notas manchadas ou se incendeiem, após a explosão dos caixas eletrônicos, tem sido inócua ou certamente nem sempre funcione. Tais fatos coincidem com o roubo de explosivos no Brasil que cresceu 170% entre os anos de 2009 e 2010 no país, diz o Exército. Em 2010, mais de uma tonelada foi levada por criminosos. A carga é usada principalmente para ataques a caixas eletrônicos, segundo a polícia. Conforme o relatório do Exército, no total, 1,06 tonelada de emulsão de nitrato de amônia e de dinamite foi roubada ou furtada de pedreiras e obras em sete estados brasileiros no ano de 2010. São estes explosivos, segundo autoridades policiais, que estão sendo usado para explodir caixas eletrônicos em todo o país. O perigo, a meu ver, é que não está descartado o emprego de tais artefatos em ataques do narcoterrorismo no país para outros alvos e objetivos definidos. É preciso estar alerta para tal possibilidade. A quantidade de emulsão e dinamite levada pelos criminosos em 2010 foi 170% maior do que a de 2009, quando foram furtados ou roubados 392quilos, segundo o Exército. Os dados, segundo o Centro de Comunicação Social da instituição, são da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados, órgão subordinado ao Comando de Logística do Exército Brasileiro. O delegado Antônio Barros, gestor do Departamento de Repressão a Crimes Patrimoniais de Pernambuco, e que investiga a série de ataques a caixas eletrônicos no estado, qualifica o uso de explosivos para arrombar caixas eletrônicos como “uma nova modalidade criminosa que vem se instalando pelo país, principalmente no Nordeste”. “Estes explosivos são roubados normalmente de pedreiras ou obras em estradas. Alguns criminosos usam os explosivos sem terem conhecimento e acabam destruindo as agências. Outros pesquisam na internet e vão testando a quantidade até acertar. É um crime que está estourando em todo o Brasil” afirma o delegado. Em recente depoimento, ao computar os resultados da ação conjunta, entre junho e dezembro de 2011, nas fronteiras brasileiras, entre integrantes das Forças Armadas e das Polícia Federal e policiais estaduais, o Ministro da Defesa, Celso Amorim, declarou que durante a ação repressiva e de fiscalização, foram aprendidos 8 mil quilos de explosivos e agrotóxicos, não tendo sido divulgado especificamente o montante de explosivos apreendidos. Há, portanto, por quase todo o país quadrilhas especializadas em explodir e roubar caixas eletrônicos onde quer que se encontrem. Ou seja, há em mãos de perigosos delinquentes quantidade considerável de artefato de guerra de alto poder de destruição. A questão deve preocupar cada vez mais as autoridades policias e dirigentes de bancos que precisam, com dados da inteligência policial, desenvolver mecanismos de defesa mais eficazes para frear o perigo iminente. Milton Corrêa da Costa/Tribuna da Imprensa

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