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União Européia: ‘Italexit’, o novo desafio europeu

Às vésperas do aniversário do tratado europeu, cresce o discurso eurocético na Itália, pelas mãos do Movimento 5 Estrelas e da Liga Norte O comediante Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas, na terça-feira. ANGELO CARCONI AP Roma celebra neste sábado o aniversário dos tratados que deram origem à União Europeia, 60 anos atrás.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Porém, a sensação que domina a cidade que os viu nascer é que a Itáliapode ser o próximo laboratório antieuropeista. A falta de respostas à imigração maciça, o crescimento do populismo, o empobrecimento da classe média e a saudade daquele instrumento mágico que permitia desvalorizar a lira e potencializar as exportações dos produtos made in Italy despertaram certa nostalgia. Isso, somado a declarações como a do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, sobre os países do sul e o suposto esbanjamento de ajudas públicas, fizeram os adeptos da causa aumentarem. Falar do Italexit ainda é exagerado, e a grande indústria italiana leva as mãos na cabeça ao ouvir sobre isso. Mas há um dado irrefutável: o Movimento 5 Estrelas (M5S), que promete convocar um referendo para decidir a continuidade da Itália na moeda única caso esse partido ganhe as eleições, e a Liga Norte de Matteo Salvini, abertamente contrária a continuar no clube dos 28 países da UE, somam ao redor de 45% de votos, segundo todas as pesquisas. A formação de Beppe Grillo, que já abre sete pontos de vantagem sobre o Partido Democrático, de Matteo Renzi, não quer nem ouvir falar de alianças pós-eleitorais nesse sentido, mas, se ganhar a eleição – algo que neste momento ninguém descarta –, precisará do apoio de uma bancada parlamentar forte para convocar um referendo e reformar a lei que impede a Itália de modificar tratados internacionais. E, de um lado e de outro, só encontrará Salvini. O partido de Grillo, líder nas pesquisas, convocará um referendo sobre a saída do euro se vier a governar Por enquanto, às vésperas da celebração deste sábado, o M5S mobilizou seu ideário europeu. Luigi di Maio, 30 anos, candidato mais bem situado para disputar o cargo de primeiro-ministro nas próximas eleições, apresentou nesta quinta um dossiê de oito páginas sobre a reforma da UE, chamado Nossa Europa, e insistiu em sua vontade de que “os cidadãos decidam em referendo se querem que a Itália continue no euro”. As pesquisas, como noticiou a Reuters nesta quinta-feira, falam de um aumento do sentimento antieuropeu na Itália, mas não o suficiente para pensar numa hipotética vitória do não. “O euro não é democrático, porque não se pode sair dele. Queremos que haja normas que permitam aos países saírem democraticamente. E que não haja cláusulas que obriguem os países a entrarem na união monetária só por entrarem na união política”, argumentou Di Maio, cuja agremiação integra em Bruxelas o mesmo grupo dos eurocéticos britânicos do partido Ukip. O banco de investimentos Mediobanca minimiza o assunto, mas adverte que a janela de oportunidade para o ‘Italexit’ já passou Motivos? A austera política fiscal imposta pela UE. Também a perda de competitividade das pequenas e médias empresas – no final de 2016, fechavam 400 por dia –, e assuntos mais insólitos, como as sanções à Rússia, que o M5S e a Liga Norte consideram um tiro no pé da economia italiana. As objeções à UE se estendem à política migratória – “a Itália e outros países de primeiro ingresso não podem ser o campo de refugiados da Europa”, diz o dossiê do M5S – e à falta de solidariedade em questões sociais. Embora a saída da moeda única e a economia vintage sugerida permitam recuperar uma política fiscal própria, seria complicado encontrar, fora do regaço europeu, financiamento para a dívida pública, hoje em 120% do PIB. “As taxas de juros que pagaríamos para nos financiar numa divisa menos forte seriam muito mais elevadas e forçariam a política fiscal”, observa Giorgio di Giorgio, professor de Política Monetária na universidade LUISS. A saída do euro aumentaria a inflação e provocaria uma forte perda de poder aquisitivo, mais evidente em produtos importados ou em viagens, “isso que os italianos tanto gostam”, recorda o economista. Vozes como a do banco de investimentos Mediobanca, que em janeiro lançou uma análise sobre os custos da saída, reduzem o dramatismo dessa medida, mas apontam que a janela de oportunidade já passou, por causa da instável estrutura da dívida italiana. Todos os partidos concordam que só haverá eleições na Itália em 2018. Um período em que a França e a Alemanha ditarão uma tendência que determinará se realmente o Italexit pode ser a nova palavra da moda. BLINDADA, ROMA CELEBRA O ANIVERSÁRIO EUROPEU Os atentados de Londres e a convocação de grandes manifestações contra as políticas da União Europeia despertaram todos os temores em Roma. Tanto nesta sexta-feira como no sábado, dia da comemoração do 60º aniversário dos Tratados de Roma, o centro da capital italiana estará completamente blindado por mais de 5.000 agentes. A polícia está especialmente atenta ao protesto do Eurostop, para o qual virão 50 ônibus com manifestantes de toda a Itália. O papa Francisco receberá na tarde desta sexta os líderes dos países membros da UE e os máximos representantes das instituições europeias. Conforme já ocorreu em outras vezes, espera-se que o Pontífice faça algum comentário sobre a falta de uma política comum em assuntos graves como a crise humanitária dos refugiados. ElPais

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Bernini – Arte – Escultura

Gian Lorenzo Bernini – David, Detalhe – Mármore,1623-1624 Galleria Borghese,Roma Clique sobre a imagem para ampliá-la. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Arte – Fotografia

Exposição de Bustos da Família do Imperador Romano Augusto – German Galleria Berlim Clique na imagem para ampliar Foto: Clemens Bilan AFP/Getty Images

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Terremoto na Itália mata mais de 150, resgate continua em busca de sobreviventes

Equipes de resgate buscam sobreviventes na cidade italiana de Áquila, que foi atingida por um terremoto de 6,3 graus na Escala Richter na madrugada desta segunda-feira. Segundo a imprensa italiana, pelo menos 150 pessoas morreram e mais de 1,5 mil ficaram feridas no abalo, que também causou destruição em cidades vizinhas e foi sentido até na capital, Roma, a 95 quilômetros de distância. Cerca de 5 mil pessoas estão trabalhando no resgate das vítimas. Bombeiros ajudados por cães farejadores tentam retirar pessoas presas sob os escombros. Alguns moradores e equipes de resgate tentam remover os escombros com as próprias mãos. “Não estamos usando máquinas porque a experiência mostra que é importante cavar com as mãos (para evitar maiores danos)”, disse o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, ao chegar a Áquila. Berlusconi declarou estado de emergência na região atingida e prometeu “um número recorde” de esquipes de resgate. “Eu garanto que não há um prédio sequer atingido em que não haja uma equipe de resgate procurando por sobreviventes”, disse Berlusconi. O primeiro-ministro italiano também disse que um hospital de campanha estava sendo montado para ajudar no tratamento dos feridos. As autoridades estão providenciando barracas em campos de futebol e quadras de tênis para abrigar as cerca de 40 mil pessoas que perderam suas casas. Destruição O terremoto ocorreu por volta das 3h30 no horário local (22h30 de domingo pelo horário de Brasília), teve duração de cerca de 30 segundos e atingiu pelo menos 26 cidades e vilarejos, segundo autoridades locais. Muitos vilarejos foram completamente destruídos pelo terremoto, que teve seu epicentro em Áquila, uma cidade medieval localizada em uma região montanhosa a nordeste de Roma. Somente em Áquila, calcula-se que entre 3 mil e 10 mil prédios foram destruídos ou danificados. Segundo o correspondente da BBC na Itália David Willey, o estrago em Áquila foi tão grande que ela deverá ficar inabitável por algum tempo. Muitos prédios renascentistas e barrocos foram destruídos, inclusive o domo de uma das igrejas de Áquila. Pedras caíram das montanhas e bloquearam estradas, e muitas casas foram reduzidas a pilhas de escombros. Linhas telefônicas e de energia foram cortadas. Algumas estradas e pontes foram bloqueadas como precaução contra possíveis novos abalos. Choque Em entrevista à BBC, um morador da cidade, Antonio di Marco, descreveu o cenário de destruição. “Nós corremos para a rua como loucos, sem entender o que estava acontecendo. O prédio inteiro estava se movendo sob nossos pés. É algo impossível de descrever”, disse Di Marco. O correspondente da BBC Duncan Kennedy, que está em Áquila, disse que é possível ver vários moradores vagando pelas ruas com ar confuso, enrolados em cobertores e levando seus pertences em malas. Segundo o médico Agostino Miozzo, da Agência de Proteção Civil, muitos sobreviventes terão uma noite difícil. “Hoje à noite, muitas pessoas terão de dormir em seus carros, terão de ir para casas de parentes em cidades próximas que estão em melhores condições”, afirmou Miozzo. “Todos estão muito chocados, principalmente as pessoas mais velhas e, obviamente, as crianças”, disse. Líderes mundiais enviaram mensagens de condolências à Itália. O papa Bento 16 rezou pelas vítimas, “especialmente as crianças”. União Europeia, Áustria, França, Alemanha, Grécia, Israel e Rússia já ofereceram ajuda ao governo italiano. A Itália já foi atingida por vários terremotos ao longo de sua história, especialmente no sul do país. da BBCBrasil

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