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Juiz de Nova York dá razão à Apple em caso de desbloqueio de iPhones

Não é o caso de San Bernardino, mas um precedente que chega no momento mais oportuno. Um juiz de Nova York decidiu que a Apple não deve desbloquear um iPhone em um caso de narcotráfico. O processo aberto em um tribunal do Brooklyn em outubro cria um importante precedente para a Apple no caso do celular do tiroteio de San Bernardino. O juiz James Orenstein sustenta que os motivos da procuradoria não são suficientes para forçar a Apple a quebrar a chave de segurança do celular. “Depois de receber os fatos e os argumentos das partes, concluo que nenhum desses fatores justifica impor à Apple a obrigação de dar assistência à investigação do Governo contra sua vontade. Por isso, nego a moção”, declara em um documento de mais de 50 páginas. MAIS INFORMAÇÕES Apple nega ao FBI acesso ao Iphone do atirador de San Bernardino Apple apoia que comissão de especialistas estude limites para criptografia Bill Gates incentiva Apple a colaborar com o FBI em casos de terrorismo Jung Feng, o réu e dono do iPhone, é acusado, junto a outras quatro pessoas, de traficar anfetaminas. Desta vez não se trata de um iPhone 5C, mas de um 5S. Como no caso de San Bernardino, as autoridades foram incapazes de extrair informação do terminal. Os agentes da Agência Americana Antidrogas (DEA) pediram a colaboração do juiz para que a Apple ajudasse no trabalho. Orenstein acredita que a ordem “não se ajusta aos usos e princípios da lei”.[ad name=”Retangulos – Direita”] Em sua opinião, a Apple não é responsável por seus aparelhos serem usados para vender drogas. O veredito se baseia na Lei de Mandatos Judiciais, que remonta a 1789. O juiz aponta que a Apple já colaborou em 70 casos com as autoridades federais, mas que é competência do juiz autorizar sua colaboração. A Apple, por meio de teleconferência com um executivo da empresa, reconheceu que o precedente beneficia a empresa. Juiz opina que Apple não é responsável por seus aparelhos serem usados para vender drogas O Departamento de Justiça se pronunciou a respeito em um comunicado: “Estamos muito decepcionados com a decisão do magistrado, pretendemos falar com ele nos próximos dias. Queremos deixar claro que a Apple consentiu em colaborar para fornecer os dados do celular, como aconteceu tantas outras vezes nas mesmas circunstâncias. Esse telefone (de San Bernardino) pode ter provas que nos ajudarão na investigação do crime. Vamos continuar com o processo para tentar consegui-las”. Nesta terça-feira, o advogado da Apple fará sua primeira vista ao Senado. Bruce Sewell, vice-presidente encarregado dos assuntos jurídicos da empresa, planeja apoiar-se na defesa dos direitos individuais. O diretor compartilhou com a imprensa o rascunho de seu pronunciamento inicial. Além de expressar solidariedade com as famílias das vítimas do tiroteio, declaram que não têm simpatia alguma pelos terroristas. “Temos o maior respeito pela defesa da lei, compartilhamos seu objetivo por um mundo mais seguro. Temos uma equipe inteiramente dedicada a isso que colaborou com o FBI assim que nos chamaram. Demos toda a informação. Inclusive fomos mais adiante colocando à disposição vários engenheiros para aconselhar com diferentes opções”, revela. Ao mesmo tempo, mantém a posição de não criar um sistema operacional modificado: “Criar esse software não só afetaria o iPhone, diminuindo a segurança de todos eles”. Continua nessa mesma linha: “Os hackers e criminosos poderiam usar o código para violar nossa privacidade e segurança pessoal. Abriria um precedente perigoso de violação da privacidade e da segurança dos cidadãos”. El País

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Redes Sociais: Twitter faz parceria para coibir ataques online

Qual seria o parâmetro para definir o que é “censura” em uma plataforma como o Twitter? Revistas e jornais têm editores. Blogs possuem moderadores. Mas no caso de redes sociais, há milhões de usuários e conteúdo altamente diversificado. Como controlar um ambiente assim? Em outubro, a revista Wired publicou uma reportagem sobre um obscuro grupo de trabalhadores: um exército de censores que tenta apagar mensagens e vídeos considerados inapropriados antes que estes possam aparecer nas timelines dos usuários. Um especialista estimou que havia mais de cem mil moderadores de conteúdo em todo o mundo, trabalhando para empresas como Facebook e YouTube. Cada empresa tenta manter uma política de uso. O Facebook, por exemplo, pede aos usuários que utilizem seus nomes verdadeiros; o Tumblr não permite “promoção ou exaltação da automutilação”; já o Instagram proíbe alguns tipos de nudez. Combate ao assédio Dentre todas as redes sociais, o Twitter é a que parece oferecer menos regulamentações, mas isto parece prestes a mudar. A empresa confirmou que está trabalhando em conjunto com o WAM – Women, Action, and the Media (Mulheres, Ação e Mídia), um grupo de defesa que promove a “justiça de gênero”. O WAM desenvolveu uma ferramenta online para ajudar os usuários do Twitter a denunciarem assédio, em especial o assédio ao gênero, mas também ataques racistas e a transexuais.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A reação do Twitter parece ser uma resposta à crescente conscientização sobre o assédio online, principalmente o assédio tenaz que muitas mulheres enfrentam, como o caso da filha do ator Robin Williams, que anunciou que se afastaria das redes sociais depois de receber mensagens perturbadoras sobre o suicídio do pai. Ou o de uma escritora feminista, que recebeu ameaças de estupro e violência que acabaram levando à prisão de dois usuários do Twitter. No entanto, a parceria pode ser menos promissora do que parece. O WAM não pode fazer mais do que encaminhar as reclamações ao Twitter – o microblog declara, por sua vez, que o WAM “é apenas uma dentre muitas organizações com as quais trabalhamos”. Público, mas direto Amanda Marcotte, do blog XX Fator, expressou sua esperança de que esta colaboração pudesse melhorar o sistema de denúncia de assédio no Twitter, muito embora tenha admitido que “praticamente qualquer coisa é melhor do que o sistema atual”. Já o blogueiro independente Andrew Sullivan afirmou que o Twitter poderia não estar fazendo nada além de conferir poderes de censura a feministas de esquerda (e exemplificou com casos de denúncias de falso assédio, nos quais homens tiveram suas contas suspensas devido a alegações exageradas). O grande problema do Twitter, em relação a outras redes sociais, é que sua arquitetura transforma postagens públicas em mensagens pessoais. Você não apenas tuíta sobrealguém, na maior parte do tempo; você tuíta para alguém, mesmo que pareça estar falando apenas aos seus seguidores. E em uma tela de celular, um tuíte pode parecer tão íntimo ou inquietante quanto uma mensagem de texto particular. Mais do que controlar conteúdo, o Twitter ainda precisa aprender a lidar com os limites da tolerância humana, onde a palavra “assédio” pode ter significados bem extensos. Leia também Assédio e ameaças contra mulheres são negligenciados em redes sociais Tradução: Fernanda Lizardo, edição de Leticia Nunes. Com informações de Kelefa Sanneh [“Censoring Twitter”, The New Yorker

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