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Joseph Stiglitz: Zona Euro demonstra fracasso do neoliberalismo

Nobel da Economia diz que há países que têm mais argumentos para sair da Zona Euro do que o Reino Unido para abandonar a União Europeia.  Joseph Stiglitz, professor da Universidade de Columbia, diz em entrevista à Bloomberg que a Zona Euro tem sido um “fracasso”. “Prometeram duas coisas: prosperidade econômica e coesão política. Falharam ambas”, argumentou o economista laureado com um Nobel em 2001.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Para o economista, este “falhanço” da Zona Euro deveria ser suficiente para que vários dos países mais penalizados com as políticas que têm sido implementadas equacionem deixar o euro. “Há países com argumentos muito mais fortes para sair do euro do que o Reino Unido sair da UE”, disse Stiglitz, acrescentando que as políticas econômicas seguidas na Zona Euro estão a dar força aos partidos extremistas. “Políticas económicas erradas podem ser muito perigosas”, alertou o economista, que ainda assim acredita que a Zona Euro tem solução, mas não sob a actual liderança da Alemanha. Via Jornal de Negócios

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“As farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis”

“As farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis” Richard J. Roberts: “É habitual que as farmacêuticas estejam interessadas em investigação não para curar, mas sim para tornar crónicas as doenças com medicamentos cronificadores”. Foto de Wally Hartshorn O Prêmio Nobel da Medicina Richard J. Roberts denuncia a forma como funcionam as grandes farmacêuticas dentro do sistema capitalista, preferindo os benefícios econômicos à saúde, e detendo o progresso científico na cura de doenças, porque a cura não é tão rentável quanto a cronicidade. Há poucos dias, foi revelado que as grandes empresas farmacêuticas dos EUA gastam centenas de milhões de dólares por ano em pagamentos a médicos que promovam os seus medicamentos. Para complementar, reproduzimos esta entrevista com o Prêmio Nobel Richard J. Roberts, que diz que os medicamentos que curam não são rentáveis e, portanto, não são desenvolvidos por empresas farmacêuticas que, em troca, desenvolvem medicamentos cronificadores que sejam consumidos de forma serializada.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Isto, diz Roberts, faz também com que alguns medicamentos que poderiam curar uma doença não sejam investigados. E pergunta-se até que ponto é válido e ético que a indústria da saúde se reja pelos mesmos valores e princípios que o mercado capitalista, que chega a assemelhar-se ao da máfia. A investigação pode ser planeada? Se eu fosse Ministro da Saúde ou o responsável pelas Ciência e Tecnologia, iria procurar pessoas entusiastas com projetos interessantes; dar-lhes-ia dinheiro para que não tivessem de fazer outra coisa que não fosse investigar e deixá-los-ia trabalhar dez anos para que nos pudessem surpreender. Parece uma boa política. Acredita-se que, para ir muito longe, temos de apoiar a pesquisa básica, mas se quisermos resultados mais imediatos e lucrativos, devemos apostar na aplicada … E não é assim? Muitas vezes as descobertas mais rentáveis foram feitas a partir de perguntas muito básicas. Assim nasceu a gigantesca e bilionária indústria de biotecnologia dos EUA, para a qual eu trabalho. Como nasceu? A biotecnologia surgiu quando pessoas apaixonadas começaram a perguntar-se se poderiam clonar genes e começaram a estudá-los e a tentar purificá-los. Uma aventura. Sim, mas ninguém esperava ficar rico com essas questões. Foi difícil conseguir financiamento para investigar as respostas, até que Nixon lançou a guerra contra o cancro em 1971. Foi cientificamente produtivo? Permitiu, com uma enorme quantidade de fundos públicos, muita investigação, como a minha, que não trabalha directamente contra o cancro, mas que foi útil para compreender os mecanismos que permitem a vida. O que descobriu? Eu e o Phillip Allen Sharp fomos recompensados pela descoberta de introns no DNA eucariótico e o mecanismo degen splicing (manipulação genética). Para que serviu? Essa descoberta ajudou a entender como funciona o DNA e, no entanto, tem apenas uma relação indirecta com o cancro. Que modelo de investigação lhe parece mais eficaz, o norte-americano ou o europeu? É óbvio que o dos EUA, em que o capital privado é ativo, é muito mais eficiente. Tomemos por exemplo o progresso espetacular da indústria informática, em que o dinheiro privado financia a investigação básica e aplicada. Mas quanto à indústria de saúde… Eu tenho as minhas reservas. Entendo. A investigação sobre a saúde humana não pode depender apenas da sua rentabilidade. O que é bom para os dividendos das empresas nem sempre é bom para as pessoas. Explique. A indústria farmacêutica quer servir os mercados de capitais … Como qualquer outra indústria. É que não é qualquer outra indústria: nós estamos a falar sobre a nossa saúde e as nossas vidas e as dos nossos filhos e as de milhões de seres humanos. Mas se eles são rentáveis investigarão melhor. Se só pensar em lucros, deixa de se preocupar com servir os seres humanos. Por exemplo… Eu verifiquei a forma como, em alguns casos, os investigadores dependentes de fundos privados descobriram medicamentos muito eficazes que teriam acabado completamente com uma doença … E por que pararam de investigar? Porque as empresas farmacêuticas muitas vezes não estão tão interessadas em curar as pessoas como em sacar-lhes dinheiro e, por isso, a investigação, de repente, é desviada para a descoberta de medicamentos que não curam totalmente, mas que tornam crônica a doença e fazem sentir uma melhoria que desaparece quando se deixa de tomar a medicação. É uma acusação grave. Mas é habitual que as farmacêuticas estejam interessadas em linhas de investigação não para curar, mas sim para tornar crônicas as doenças com medicamentos cronificadores muito mais rentáveis que os que curam de uma vez por todas. E não tem de fazer mais que seguir a análise financeira da indústria farmacêutica para comprovar o que eu digo. Há dividendos que matam. É por isso que lhe dizia que a saúde não pode ser um mercado nem pode ser vista apenas como um meio para ganhar dinheiro. E, por isso, acho que o modelo europeu misto de capitais públicos e privados dificulta esse tipo de abusos. Um exemplo de tais abusos? Deixou de se investigar antibióticos por serem demasiado eficazes e curarem completamente. Como não se têm desenvolvido novos antibióticos, os micro organismos infecciosos tornaram-se resistentes e hoje a tuberculose, que foi derrotada na minha infância, está a surgir novamente e, no ano passado, matou um milhão de pessoas. Não fala sobre o Terceiro Mundo? Esse é outro capítulo triste: quase não se investigam as doenças do Terceiro Mundo, porque os medicamentos que as combateriam não seriam rentáveis. Mas eu estou a falar sobre o nosso Primeiro Mundo: o medicamento que cura tudo não é rentável e, portanto, não é investigado. Os políticos não intervêm? Não tenho ilusões: no nosso sistema, os políticos são meros funcionários dos grandes capitais, que investem o que for preciso para que os seus boys sejam eleitos e, se não forem, compram os eleitos. Há de tudo. Ao capital só interessa multiplicar-se. Quase todos os políticos, e eu sei do que falo, dependem descaradamente dessas multinacionais farmacêuticas que financiam as campanhas deles. O resto são palavras… Publicado originalmente no La Vanguardia. Tradução de Ana Bárbara Pedrosa

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Pablo Neruda – Versos na tarde – Neruda

Poema Neruda ¹ Alta y metálica es tu línea em las orillas del oceano y del ayre como um alambre de tempestades y tension. Pero, América, tambien eres nocturna, azul e pantanosa: cienega y cielo, uma agonia de corazones aplastados como negras naranjas rotas em tu silêncio de bodega. ¹ Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 12 de Julho de 1904 d.C + Santiago, Chile – 23 de Setembro de 1973 d.C Prêmio Nobel de Literatura em 1971 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Octavio Paz – Versos na tarde

Escrito com tinta verde Octavio Paz ¹ A tinta verde cria jardins, selvas, prados, folhagens onde gorjeiam letras, palavras que são árvores, frases de verdes constelações. Deixa que minhas palavras, ó branca, desçam e te cubram como uma chuva de folhas a um campo de neve, como a hera à estátua, como a tinta a esta página. Braços, cintura, colo, seios, fronte pura como o mar, nuca de bosque no outono, dentes que mordem um talo de grama. Teu corpo se constela de signos verdes, renovos num corpo de árvore. Não te importe tanta miúda cicatriz luminosa: olha o céu e sua verde tatuagem de estrelas. (Trad. Haroldo de Campos) ¹ Octavio Paz * Cidade do México, México – 31 de Março de 1914 d.C + Cidade do México, México – 20 de Abril de 1998 d.C Prêmio Nobel de Literatura de 1990 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Pablo Neruda – Versos na tarde

Nada mais Pablo Neruda ¹ Na verdade fui solidário: Ao instaurar a luz na terra. Quis ser como o pão: A luta não me encontrou ausente. Porém, aqui estou com o que amo, Com a solidão que perdi: Junto a esta pedra não repouso. Trabalha o mar no meu silêncio. ¹ Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 12 de Julho de 1904 d.C + Santiago, Chile – 23 de Setembro de 1973 d.C Prêmio Nobel de Literatura em 1971 ->> mais Neruda no blog [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Saramago – Versos na tarde

Poema José Saramago ¹ Os deuses, noutros tempos, eram nossos Porque entre nós amavam. Afrodite Ao pastor se entregava sob os ramos Que os ciúmes de Hefesto iludiam. Da plumagem do cisne as mãos de Leda, O seu peito imortal, o seu regaço, A semente de Zeus, dóceis, colhiam. Entre o céu e a terra, presidindo Aos amores de humanos e divinos, O sorriso de Apolo refulgia. Quando castos os deuses se tornaram, O grande Pã morreu, e órfão dele, Os homens não souberam e pecaram. ¹ José de Sousa Saramago * Azinhaga, Portugal – 16 de Novembro de 1822 d.C * Ilhas Canárias, Espanha – 19 de junho de 2010 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Pablo Neruda – Versos na tarde

Posso escrever os versos mais tristes esta noite Pablo Neruda ¹ Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros lá ao longe”. O vento da noite gira no céu e canta. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu amei-a e por vezes ela também me amou. Em noites como esta tive-a em meus braços. Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito. Ela amou-me, por vezes eu também a amava. Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi. Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela. E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la. A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo. A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços, a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa, e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo. ¹ Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 12 de Julho de 1904 d.C + Santiago, Chile – 23 de Setembro de 1973 d.C Prêmio Nobel de Literatura em 1971 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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