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Energias solar e eólica ganham competitividade

Em âmbito global, custos de painéis e turbinas caíram acentuadamente nos últimos anos. Segundo agência internacional, preços devem diminuir ainda mais devido ao progresso tecnológico e à evolução do mercado. Ao longo dos últimos sete anos, os preços dos painéis solares fotovoltaicos baixaram cerca de 80%, e os das turbinas eólicas, entre 30% e 40%. E os valores deverão cair ainda mais em todo o mundo, aponta o relatório The Power to Change, divulgado pela Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena, na sigla em inglês) nesta quarta-feira (15/06) em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos. O custo médio da eletricidade gerada por usinas eólicas localizadas em terra (onshore) poderá se reduzir em 26%, até 2025, e a de painéis solares, em 59%. Isso significa que o preço da eletricidade cairá para 0,04 a 0,05 euro por quilowatt-hora (kWh), na média mundial. Desse modo, as fontes renováveis estarão muito mais em conta do que energia gerada a partir de reatores nucleares e de usinas termelétricas. “Já tivemos uma redução de custos drástica nos últimos anos, e este relatório mostra que os preços deverão cair ainda mais, graças ao progresso tecnológico e à evolução do mercado”, analisa Adnan Z. Amin, diretor geral da agência. “A luz solar e o vento já são as fontes mais baratas em muitos mercados ao redor do mundo. Por razões econômicas, a nova redução de custos reforçará a tendência da passagem da energia gerada por combustíveis fósseis à das fontes renováveis.” Energia eólica tem custos mais competitivos A energia gerada por turbinas eólicas onshore já é muito barata. Segundo o relatório, na média global, a geração de eletricidade a partir de aerogeradores em terra mais modernos custa 0,07 dólar (0,057 euro) por kWh. Os responsáveis pelo estudo calculam que esses custos poderão cair 26% até 2025, devido ao barateamento adicional da produção, construção e manutenção; ao contínuo desenvolvimento do know-how local; e às instalações mais eficientes, com maiores turbinas, torres e rotores. Na média global, um quilowatt-hora de fonte eólica ficaria em apenas cerca 0,04 euro – enquanto a eletricidade gerada pelas novas usinas termelétricas a carvão atualmente custa mais do que o dobro na Europa. Segundo estimativa dos autores, haverá também uma grande redução de custos da energia gerada em parques eólicos localizados no mar (offshore). Os primeiros parques eólicos offshore estão em funcionamento sobretudo na Europa, mas a tecnologia ainda é relativamente recente, e sua participação na capacidade eólica global é de apenas 3%. Em comparação, a produção no mar é ainda relativamente cara, custando mais do que o dobro da geração de energia eólica onshore. Contudo, também aqui, os custos deverão cair de forma substancial, devido ao tamanho maior das usinas e ao aperfeiçoamento contínuo da complexa tecnologia necessária à instalação e manutenção. Com isso, a eletricidade proveniente dos parques eólicos offshore deverá ficar 35% mais barata na média global, estimam os especialistas. Parque fotovoltaico em Templin, na Alemanha Energia fotovoltaica ainda mais em conta A produção de eletricidade por meio da energia solar fotovoltaica vive uma dinâmica quase inacreditável. Em 2010, custava ainda entre 0,25 e 0,35 euro/kWh, porém cinco anos mais tarde já era dois terços mais barata: 0,107 euro por kWh, na média global. Graças a uma produção e a módulos fotovoltaicos mais eficientes, a redução de custos continua em ritmo acelerado: segundo dados da Irena, os custos da energia solar poderão diminuir 59% na média global até 2025, chegando a menos que 0,05 euro/kWh. Para demonstrar quão barata pode ser a eletricidade proveniente da luz solar, os autores mencionam um grande parque solar a ser construído nos Emirados Árabes Unidos. No segundo trimestre de 2016, a operadora de energia de Dubai recebeu uma oferta para produzir lá energia solar por 0,025 euro/kWh, um preço considerado recorde, em nível mundial. As usinas termossolares, por sua vez, ainda não conseguiram acompanhar o boom da energia fotovoltaica. Em vez de converter a luz solar diretamente em eletricidade, elas aquecem água por meio de espelhos, e o vapor resultante aciona um gerador de eletricidade, como numa usina convencional. As usinas termossolares se localizam principalmente em regiões desérticas. A grande vantagem é que também armazenam energia e podem produzir eletricidade durante a noite. Segundo o relatório da agência Irena, aqui os custos podem cair cerca de um terço. Clima precisa da política Analistas da Bloomberg New Energy Finance também apostam numa queda significativa nos preços da energia eólica e solar. Em seu estudo New Energy Outlook 2016, publicado dois dias antes do relatório da agência internacional, eles preveem uma redução de 41% dos custos de produção de energia eólica onshore, até 2040,e de cerca de 60% para a fotovoltaica. Os especialistas acreditam que, até essa data, serão investidos nessas tecnologias renováveis 6,4 trilhões de euros, contra apenas 1,7 trilhão de euros na produção de energia em usinas de carvão e gás. Ao mesmo tempo os especialistas enfatizam que esses números não são suficientes para atingir os objetivos climáticos: para limitar o aquecimento global em 2ºC, os investimentos em energias renováveis deveriam ter um volume aproximadamente 70% maior. Comparada às previsões da Bloomberg, na avaliação da Irena a redução de custos de produção da energia eólica e solar fotovoltaica poderia ser mais rápida. No entanto os especialistas da agência internacional enfatizam repetidamente em seu relatório o termo “poderá”, e a importância da política. “Para continuar com a transição energética, devemos agora colocar o foco político em reduções de custos ainda maiores e, assim, aproveitar as enormes oportunidades econômicas”, aponta Amin, mostrando-se convencido de que a meta é viável. “Os vencedores desta transformação são os consumidores, o ambiente e as gerações futuras.” DW

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Mitsubishi admite ter fraudado dados de consumo em mais de 600.000 veículos

 A Mitsubishi Motors, sexta maior empresa automobilística do Japão, admitiu, na manhã desta quarta-feira, ter manipulado os dados de testes de emissões de gases de até 625.000 veículos com o objetivo de apresentar taxas de consumo de combustível melhores do que as obtidas na realidade. O presidente da Mitsubishi Motors, Tetsuro Aikawa.  Tratou-se, segundo o presidente da companhia, Tetsuro Aikawa, de uma ação “premeditada”. Não só se falsificaram os resultados dos testes, como também nem sequer seguiram os protocolos definidos pela legislação japonesa. O escândalo afeta quatro modelos de carros pequenos. Dois deles são da própria Mitsubishi, o eK Wagon e o eK Space, e os outros dois (DayZ e DayZ Roox) foram produzidos para a Nissan. A fraude foi descoberta por esta última empresa, também japonesa, que percebeu que os seus dados sobre emissão de gases não batiam com os da Mitsubishi. Os números da Nissan mostravam que a eficiência energética se situava em torno de 7% abaixo do informado pela Mitsubishi. Depois de realizar uma investigação interna, o fabricante concluiu que os dados haviam sido manipulados. MAIS INFORMAÇÕES Montadoras serão a bola da vez? Futuro sem motorista Volkswagen perde 7,2 bilhões de reais pelo caso das emissões “Pedimos as nossas mais sinceras desculpas a todos os clientes afetados”, disse Aikawa, em entrevista coletiva dada ao lado do ministro dos Transportes do país asiático. “Um dos nossos clientes, a Nissan, descobriu as diferenças entre os dados divulgados e os reais e nos pediu para corrigirmos os nossos números”, acrescentou. “Continuaremos a investigar para saber o que aconteceu e quem são os responsáveis”. Akinawa destacou também que “considerando a gravidade do caso”, a empresa irá rever todos os dados sobre consumo de energia de outros veículos exportados para outros países, cujos procedimentos para testes variam conforme a legislação local. A Mitsubishi afirmou em nota que o problema foi detectado nos veículos produzidos desde meados de 2013 e que está avaliando se os veículos vendidos fora do Japão também foram afetados. Trata-se de modelos pequenos, com motores à gasolina de até 660 centímetros cúbicos, que obtiveram grande sucesso no mercado japonês, mas cuja receptividade foi fraca em outros países. Aikawa pediu desculpas aos consumidores e aos acionistas, prometeu pagar indenizações e anunciou a suspensão da produção e da venda desses modelos. A fraude nos testes se deu por meio de uma alteração da pressão do ar utilizada nos pneus, o que repercutiu nos dados sobre consumo de combustível divulgados pela empresa para as autoridades japonesas, informa Kyodo. A empresa não precisou quantos funcionários poderiam estar envolvidos no escândalo, mas prometeu criar uma comissão independente para investigar o caso. Aikawa afirmou que não tinha conhecimento dessas práticas, mas assumiu a responsabilidade pelos números finais desses testes. Questionado sobre a possibilidade de se demitir de seu cargo, o executivo afirmou que se concentrará primeiramente em “saber o que aconteceu”. As ações da empresa japonesa caíram mais de 15% no fechamento da Bolsa de valores de Tóquio, o equivalente a cerca de 1 bilhão de euros (cerca de quatro bilhões de reais), antes mesmo de que a companhia anunciasse as dimensões de um escândalo que tem grandes semelhanças com o que atingiu a alemã Volkswagen no ano passado. Foi a maior queda de suas ações na Bolsa desde 2004, quando a empresa se encontrava à beira da falência. No ano passado, a Mitsubishi vendeu pouco mais de um milhão de veículos. As ações da empresa japonesa caíram mais de 15% no fechamento da Bolsa de valores de Tóquio No último mês de outubro, depois de realizar um levantamento entre as empresas do setor, o Governo do Japão afirmou que nenhum dos principais fabricantes de veículos do país havia fraudado o software de controle de emissões de gases tóxicos de seus veículos. Em 2014, os fabricantes sul-coreanos Hyundai e Kia já haviam concordado com o pagamento de uma multa de 100 milhões de dólares (cerca de 360 milhões de reais) para que se pusesse fim a uma investigação nos EUA relativa à adulteração –para baixo—dos dados de consumo dos carros vendidos em 2013 e 2014, mas o anúncio da Mitsubishi se dá em um momento bastante complicado para a indústria automobilística, submetida a controles mais rígidos desde a explosão do caso Volkswagen, em setembro do ano passado. Os números disponíveis até agora indicam que a dimensão deste segundo escândalo é significativamente menor: 625.000 veículos atingidos, ante 11 milhões no caso da montadora alemã. No ano passado, a Mitsubishi vendeu um milhão de veículos, além dos componentes que fornece para outras empresas automobilísticas. O grupo japonês apresentará seu balanço na semana que vem. ElPais

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Dá para saber se haverá mais peixes ou plástico nos oceanos em 2050?

Um preocupante relatório, calculando que em 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos, foi divulgado recentemente pela Fundação Ellen MacArthur e o Fórum Econômico Mundial. Chamado The New Plastics Economy (“A Nova Economia do Plástico”, em tradução livre), o relatório estimou que, no ritmo atual, os mares terão, em termos de peso, mais plástico do que peixes na metade deste século. O relatório ganhou as manchetes de vários jornais, mas acabou sendo questionado e levantando a questão: como medir a quantidade de plástico e como contar os peixes? O problema é que o próprio relatório reconhece que é difícil fazer uma medição precisa nos dois casos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] No caso dos plásticos, o estudo faz referência a um levantamento publicado em 2015 por Jenna Jambeck, professora da Universidade da Georgia, nos Estados Unidos. Ela tentou fazer um censo global da poluição por plásticos e estimar o quanto disso vai parar nos oceanos. O estudo de Jambeck analisa estimativas do total de lixo em todos os países que não são totalmente cercados por terra e, a partir disso, estima o quanto deste lixo pode ser plástico, o quanto é reciclado e assim por diante. Mas para estimar o quanto deste plástico vai parar no mar, o estudo levou em conta apenas uma área – a Baía de San Francisco (EUA). “Isso não representa o resto do planeta, então você pode ver o potencial para grandes divergências neste cálculo”, criticou o professor Callum Roberts, da Universidade de York, na Grã-Bretanha. O que a Fundação Ellen MacArthur fez foi pegar a pesquisa de Jambeck, que faz previsões apenas até 2025, e projetar essas estimativas até 2050. Implícito Sendo assim, quanto plástico teremos nos oceanos em 2050? Surpreendentemente, isso não é especificado no relatório, mas este deixa implícito que haveria um total de 750 milhões de toneladas de plástico nos oceanos na metade do século. Quanto à estimativa dos peixes, o relatório não estima um número de toneladas esperadas de peixes nos mares em 2050 e não cita pesquisas sobre essas populações. No entanto, um diagrama no relatório prevê uma proporção plástico/peixes de “maior do que 1:1” em peso em 2050. Questionada pela BBC a respeito de seus números, a Fundação Ellen MacArthur enviou um documento chamado Background To Key Statistics e também uma nova versão do relatório publicada em 29 de janeiro deste ano. Os dois documentos trazem novos dados (nenhum dos autores estava disponível para entrevistas). A Fundação atualizou o número de peixes no mar em 2050 para cerca de 899 milhões de toneladas. Mas também aumentou a estimativa para a quantidade de plástico no oceano em 2050 para entre 850 milhões e 950 milhões de toneladas, ou cerca de 25% a mais do que originalmente previsto. Então, apesar de haver uma quantidade um pouco maior de plástico no mar em 2050, segundo estes números, a proporção continua sendo de um para um. No entanto, eis o problema real: contar peixes é algo complicado. Os novos cálculos da fundação são baseados em um estudo de 2008 liderado por Simon Jennings, do Centro para Meio Ambiente, Pesca e Ciência da Aquacultura do Reino Unido. A equipe dele usou imagens de satélite para medir a extensão de plantas microscópicas conhecidas como fitoplâncton em todos os oceanos do mundo. Imagem de satélite mostrando quatro tipos diferentes de fitoplâncton Pelo fato de os fitoplânctons serem tão abundantes, eles alteram a cor da superfície do oceano em grandes áreas, e essas mudanças podem ser vistas do espaço. E como quase toda a cadeia alimentar marinha é dependente do fitoplâncton, este dado por ser usado para estimar o total de toneladas de peixes vivendo nos mares. É desse trabalho que vem o número da Fundação Ellen MacArthur, de 899 milhões de toneladas de peixes. Revisão No entanto, em 2015, Simon Jennings reviu seu próprio estudo e chegou a uma conclusão muito diferente. Ele disse à BBC que agora ele acredita que o fitoplâncton pode, potencialmente, sustentar quantidades muito maiores de vida marinha do que ele pensava anteriormente. O novo estudo não diferencia entre peixes e outros predadores marinhos, mas conclui que pode haver entre 2 bilhões de toneladas e 10,4 bilhões de toneladas de criaturas marinhas nos oceanos. Lixo plástico recuperado do mar em um local de reciclagem em Valência, na Espanha “No momento não temos confiança absoluta em nossos métodos para determinar qual a proporção (desse volume) é formada de peixes. É um número muito incerto para prever”, afirmou o pesquisador. A previsão da Fundação Ellen MacArthur das previsões para plásticos também merece atenção. Jenna Jambeck, que liderou o estudo sobre poluição por plásticos citado pela fundação, disse à BBC que não estava estava confiante com o método da fundação, de projetar os números de seu trabalho de 2025 para 2050. Então: quanto de plástico há nos oceanos e quanto vai haver em 2050? Não se sabe, mas provavelmente é muito. Quanto de peixe? Também não sabemos, mas com certeza é muito. E quando um vai superar o outro? Definitivamente não se sabe. Mas todas estas questões trazem à tona um problema muito real: sabemos que o plástico, quando vai para os oceanos, pode levar séculos para se decompor, e seu volume está em constante crescimento. Leo Hornak/BBC

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Má qualidade do meio ambiente causa 12,6 milhões de mortes por ano

A OMS calcula que 23% das mortes por ano se devem a ambientes pouco saudáveis. Em Pequim, moradores aderem ao uso de máscaras. Kevin Frayer (Getty Images) As más condições ambientais são responsáveis por 12,6 milhões de mortes por ano no planeta, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentado nesta terça-feira. Isso significa que cerca de 23% das mortes no mundo ocorrem por se “viver ou trabalhar em ambientes poucos saudáveis”. Os fatores de risco ambientais —como a poluição do ar, da água, do solo, a exposição a produtos químicos, a mudança climática e a radiação ultravioleta— “contribuem para mais de 100 doenças ou traumatismos”, afirma esta organização internacional em seu estudo A prevenção de doenças por meio de ambientes saudáveis.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] MAIS INFORMAÇÕES A América Latina sonha com uma vida sem carro Poluição na China matará 923.000 pessoas até 2030, segundo estudo OMS ataca o cigarro em Hollywood Madri proibirá totalmente circulação de carros quando a poluição disparar Trata-se da segunda edição deste relatório, que parte de dados de 2012. O estudo anterior foi realizado há quase uma década. Maria Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública, Meio Ambiente e Determinantes Sociais da OMS, ressalta que nestes dez anos essa porcentagem de 23% de mortes por causas ambientais não variou. Mas mudaram os tipos de doenças. “Atualmente, dois terços das mortes são por doenças crônicas, como as cardiovasculares, enfartes, câncer ou doenças respiratórias crônicas”, afirma. De concreto, segundo aponta o estudo, as mortes por doenças não transmissíveis que podem ser atribuídas à contaminação do ar (incluída a exposição à fumaça do tabaco alheio) aumentaram até a cifra de 8,2 milhões”. Nesta última década, paralelamente, a OMS ressalta que “reduziram-se as mortes devido a doenças infecciosas como diarreia e malária”, que estavam vinculadas à má qualidade da água, do saneamento e da gestão do lixo. Supõe-se que por trás dessa redução está “a melhoria do acesso à água potável e ao saneamento, assim como a imunização, a focos de mosquito tratados com inseticidas e a medicamentos essenciais”, afirma a organização internacional. A mudança no padrão das mortes causadas por problemas ambientais propõe desafios. “As doenças crônicas são mais custosas para um país”, ressalta Neira ao compará-las com as infecciosas. “Têm um custo altíssimo para a sociedade”, acrescenta. Epidemia A responsável da OMS recorda que as doenças crônicas —como as cardiovasculares ou o câncer— se associam a “causas pessoais”, como o sedentarismo ou o fumo. Mas o relatório também destaca que há componentes ambientais, como a má qualidade do ar, a exposição a produtos químicos e a queima de combustíveis fósseis nas casas. “É preciso controlar esses fatores de risco”, recomenda Neira. Os mais afetados pela má qualidade do ambiente são as crianças e as pessoas mais velhas Em sua opinião, a maioria das medidas têm de ser aplicadas nas cidades. “É preciso melhorar e planejar as cidades”, onde se concentram muitos dos fatores de risco ambientais. Além disso, a especialista recorda que, em 10 anos, calcula-se que “70% da população viverá em cidades”. “É preciso melhorar o transporte e os combustíveis para ter uma economia com menos dióxido de carbono.” Crianças e idosos Os mais afetados pela má qualidade do ambiente são as crianças e as pessoas mais velhas. A OMS sustenta que por ano poderiam ser evitadas 1,7 milhão de mortes de menores de cinco anos e 4,9 milhões de adultos entre 50 e 75 anos se a gestão do meio ambiente for melhorada. “As infecções das vias respiratórias inferiores e as doenças diarreicas afetam sobretudo os menores de cinco anos, enquanto que as pessoas mais velhas são as mais afetadas pelas doenças não transmissíveis”, afirma a organização. Por áreas geográficas, a que mais sofre com a má qualidade ambiental é o Sudeste Asiático, com 3,8 milhões de mortes anuais. Atrás dela está o Pacífico Ocidental (3,5 milhões) e a África (2,2 milhões). Nos últimos lugares estão o Mediterrâneo oriental (854.000) e os Estados Unidos (847.000). Na Europa, segundo a OMS, as más condições ambientais causam 1,4 milhão de mortes por ano. Doenças O estudo identifica uma centena de doenças ou traumatismos vinculados às condições ambientais negativas. À frente em relação à mortalidade relacionada ao meio ambiente, estão, segundo a OMS, os “acidentes vasculares cerebrais”, que representam 2,5 milhões de mortes por ano. Atrás deles estão as cardiopatias isquêmicas, com 2,3 milhões. Em terceiro lugar estão os chamados “traumatismos involuntários”, por exemplo, “mortes por acidente de trânsito”, que respondem por 1,7 milhão de mortes anuais, número semelhante ao de vários tipos de câncer. El País/Manuel Planbelles

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Ecologia – Tenho sede

Sem água não se vive. Verdade tão simples, mas tão ignorada. São Paulo passou 2014 às voltas com o fantasma da seca. Poucas chuvas. Esvaziamento rápido das represas. Sinal escrito à mão na cerca de exploração agrícola durante seca no Texas. Fonte: http://keepcaliforniafarming.org/ Mas a situação não era circunscrita ao nosso Estado. Todo o sudeste enfrentou crise idêntica. Fui de carro até Santa Catarina, para um encontro do Poder Judiciário e vi um Paraná saariano. O problema é mundial e também universal, a falta de consciência. O lago Urmia, no Irã, que já foi um dos maiores lagos salgados do mundo, hoje é um campo abandonado. Há uma década, apenas, navios de cruzeiro cheios de turistas singravam suas águas e eram surpreendidos por bandos migratórios de flamingos. Agora não há sequer 5% da água original.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Mudanças climáticas, práticas perdulárias de irrigação, esgotamento de lençóis freáticos, tudo junto causa a escassez hídrica. E o lago Urmia não é o único a secar no Irã. Os principais rios próximos a Isfahan, no centro do País, e Ahvaz, perto do golfo Pérsico, já secaram. Assim como já ocorreu com o lago Hamoun, na região da fronteira com o Afeganistão. Além da falta d‘água, a poeira dos leitos secos aumenta os níveis de poluição atmosférica no Irã. Aqui estão quatro das dez cidades mais poluídas do mundo, segundo a ONU. Não é diferente nos Estados Unidos. A Califórnia enfrentou em 2014 uma de suas maiores secas. O Projeto Hídrico Estadual, principal sistema municipal de distribuição, afirmou não ter água suficiente para complementar as reservas em declínio dos órgãos locais que fornecem água para 25 milhões de pessoas. A última grande seca na Califórnia foi em 1976-1977 e a deste ano é ainda pior. A seca deixou os campos inóspitos, gado em condições de penúria e bolsões de poluição. Para B.Lynn Ingram, professor de ciências da terra e planetárias da Universidade da Califórnia, em Berkeley, é “a pior seca em 500 anos”. Agricultores desistem de plantar, pecuaristas venderam o gado, pesca e acampamentos foram proibidos, os incêndios se multiplicam. Aqui não se nota maior preocupação com a restauração das matas ciliares. Continuam as aulas a ensinar crianças a decorar coletivos e o nome dos afluentes de rios que desaparecerão, em lugar de fazer as crianças plantarem mudas à margem dos leitos poluídos dos cursos d‘água que matamos de forma inclemente. O que nos espera amanhã? por Renato Nalini

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Baia de Guanabara e Olimpíadas

Da série:”Brasil além do fundo do poço” Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, exibindo uma amostra da Baia de Guanabara do amanhã. PS. A cada dia mais me encanto com os otimistas. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Usina de Belo Monte, e como não produzir energia no século XXI

Em 12 de dezembro de 2015, a represa de Belo Monte, no Brasil, começou a ser enchida.*O projeto mais importante do programa energético da presidenta Dilma Rousseff também é um monumento a como não se deve produzir energia no século XXI. Além de seu alto custo, a represa está associada a casos de corrupção e a grandes impactos socioambientais. Belo Monte seria a terceira maior represa do mundo. Foi construída no norte do Brasil, no rio Xingu, um afluente importante do Amazonas. Produziria, em média, apenas um terço da sua capacidade máxima. Vai inundar 516 km2 (o tamanho da cidade de Chicago) de floresta amazônica, áreas cultiváveis e zonas urbanas de Altamira, Pará.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “…o governo e a sociedade brasileiros não toleram e não vão tolerar a corrupção. A democracia brasileira se fortalece quando a autoridade assume o limite da lei como seu próprio limite. Muitos de nós lutamos para isso justamente quando as leis e os direitos foram atacados durante a ditadura…”, disse Rousseff na Assembleia Geral da ONU em setembro passado. Ela falou de incluir os “problemas das comunidades indígenas” nos compromissos climáticos do país. Também em setembro, a casa da Dona Antônia Melo, em Altamira, foi demolida pela Norte Energia, consórcio construtor de Belo Monte. Antônia lidera o Movimento Xingu Vivo para Sempre que defende os direitos dos moradores da bacia do Xingu. A de Antônia é uma das cerca de 3.000 famílias deslocadas por uma represa que afetará 40.000 pessoas no total, muitas delas indígenas. No dia 24 de novembro de 2015, a autoridade ambiental autorizou a operação de Belo Monte, apesar do descumprimento de condições socioambientais essenciais e ignorando pareceres técnicos ambientais e da autoridade de proteção dos indígenas. Desde 2011, quando começou a construção, várias comunidades indígenas sofreram graves danos à saúde, integridade, território e cultura. Isso piorou com a proximidade da operação da represa. Os serviços públicos, incluindo centros de saúde e cuidados infantis – já em si precários –, entraram em colapso. A violência cresceu exponencialmente: os assassinatos dobraram, acidentes de trânsito aumentaram 144% e a violência sexual e a prostituição explodiram, afetando crianças e adolescentes, sem que as denúncias sejam atendidas. Embora tenham sido entregues mais de 2.600 casas para as famílias deslocadas, elas denunciam defeitos estruturais, falta de transporte público e serviços essenciais. As casas não têm esgoto, uma das condições da licença. O discurso de Rousseff é um paradoxo com a realidade. Ela foi vítima da ditadura, mas agora usa recursos desse regime para implementar Belo Monte. O Ministério Público Federal entrou com mais de 20 ações judiciais contra o projeto e juízes ordenaram a suspensão de suas obras em pelo menos seis ocasiões. Essas decisões foram anuladas a pedido do governo de Rousseff, aplicando a suspensão de segurança, instrumento legal ironicamente criado pela ditadura. A última vez foi em janeiro, quando a Justiça Federal suspendeu o enchimento da represa por descumprimento de obrigações relativas à proteção das comunidades indígenas. A decisão foi anulada dias depois. A corrupção também atingiu o projeto. Segundo confessaram executivos das empresas Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, milionários subornos foram pagos para a sua implementação. A questão é parte da Lava Jato, a maior investigação contra a corrupção da história do Brasil. Os impactos de Belo Monte foram denunciados à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e às Nações Unidas. As respostas foram lentas ou inexistentes. Em abril de 2011, a CIDH pediu que o Brasil suspendesse as obras por falta de consulta livre, prévia e informada com as comunidades indígenas. A reação brasileira foi contundente: retirou seu candidato para a CIDH, seu embaixador junto à OEA, parou de enviar suas contribuições anuais a esse organismo e começou um processo de “fortalecimento” do Sistema Interamericano que terminou reformando o regulamento da Comissão. A CIDH deixou de pedir a suspensão das obras, mas apenas ações urgentes para proteger as comunidades indígenas afetadas. Em 2011, estas comunidades processaram o Brasil e quatro anos depois, em dezembro de 2015, a Comissão começou a avaliar o caso. Este organismo poderia priorizar o caso, tomar uma decisão logo e evitar mais danos. Como diz dona Antônia, a luta continua. Rousseff ainda pode demonstrar que seu governo não vai tolerar a corrupção e que, ao contrário da ditadura, não despreza as normas. A CIDH e outras autoridades têm a oportunidade histórica de exigir o respeito pelos direitos humanos e ajudar que os países consigam um desenvolvimento que não sacrifique pessoas. Devem fazer isso logo, porque Belo Monte já está enchendo. * Astrid Puentes Riaño é codiretora da AIDA, Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente. @AIDAespanol, @astridpuentes.

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