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Polícia Pentecostalibãn

  Inacreditável! O policial militar Marco Aurélio foi vítima de procedimento administrativo porque não compareceu numa preleção a PMs feita pela Igreja Universal. Isso é um atropelo na laicidade do Estado.   O PM entrou na Justiça. Católico, disse que não poderia ser penalizado por não ir num ato religioso. E disseram que não era um ato religioso, e sim uma instrução de assuntos militares.   Então, com tantas pessoas formadas na Academia da Polícia Militar, na Academia da Polícia Civil, agora quem fala para formar os PMs de São Paulo é a Universal? Isso é um escarne total e absoluto! Parabenizo a coragem do PM Marco Aurélio Belório, e chamo o Supremo Tribunal Federal a se manifestar claramente sobre o caráter laico do Estado. Então, agora a formação militar de PMs é organizada por pastores da Igreja Universal? Isso é o caminho da teocracia. O próximo passo é criar o talibã pentecostal.

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As bizarras ações da Polícia de São Paulo

Após anos tirando selfies em atos que pediam golpe, a polícia de São Paulo deteve 13 pessoas durante protesto contra o aumento na passagem citando, entre as acusações, a tentativa de “abolição violenta do Estado democrático de direito”. Isso seria só bizarro, se não fosse perigoso.

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Slavic, o hacker mais procurado (e protegido) do mundo

Vinculado aos mais graves ciberataques contra os EUA, ele vive supostamente amparado por Moscou O hacker russo Evgeniy M. Bogachev, em imagem do FBI publicada pelo ‘The New York Times’. Cabelo raspado, olheiras profundas e o sorriso de quem não posa muito convencido para a foto. Evgeniy Mikhailovich Bogachev já saqueou dezenas de bancos, roubou milhares de contas correntes e lançou assaltos em escala planetária. O FBI oferece uma recompensa de três milhões de dólares (9,3 milhões de reais) por sua captura, e dois tribunais dos Estados Unidos o processam por fraude, lavagem de dinheiro, pirataria informática e conspiração. Mais conhecido como Slavic ou lucky12345, é o hacker mais procurado do mundo. Mas ninguém o detém. De nada adiantam as diversas fotos suas conhecidas. Nem saber onde mora e o que faz no tempo livre. Aos 33 anos, Bogachev e seu meio sorriso podem mais que a estrutura judicial e policial da nação mais poderosa do mundo. Slavic se esconde na Rússia, e em dezembro passado foi incluído no grupo sancionado pelo então presidente Barack Obama em conexão com o ciberataque orquestrado pelo Kremlin para prejudicar a campanha eleitoral de Hillary Clinton. Embora a Casa Branca só se referisse a ele como um bandido comum, a ordem, que também afetou quatro altos funcionários do serviço secreto russo, proibiu-o de viajar aos EUA e congelou todas as suas contas. Duas medidas sem efeito para quem fez história fora da lei. Os relatórios do FBI e autos judiciais aos quais o EL PAÍS teve acesso revelam Slavic como um dos hackers mais incisivos de todos os tempos. Ele criou o Cryptolocker, um vírus que bloqueia os computadores e obriga o pagamento de um resgate para a sua liberação. No final de 2013, mais de 234.000 computadores haviam sido infectados. Um golpe com o qual Bogachev arrecadou 27 milhões de dólares (83,7 milhões de reais) em apenas dois meses. Criador do Zeus Mas a sua criatura mais conhecida e reverenciada é o Zeus. Extremamente sofisticado, esse código malicioso nasceu em 2006, quando Bogachev tinha apenas 22 anos. Desde então, com enorme perícia, ele o modificou e melhorou até chegar à versão Gameover. Considerado um dos mais perigosos do planeta, o programa age em duas frentes. Por um lado, rouba os dados bancários e as senhas da máquina que infecta; por outro, sem que o dono saiba, coloca o aparelho a serviço de uma rede oculta (botnet). Produz, assim, um universo de escravos silenciosos que os piratas utilizam livremente para todo tipo de propósitos. “É a rede de programas maliciosos mais avançada que já enfrentamos”, declarou o agente especial encarregado da investigação. Sob o mando de Slavic, essa estrutura chegou a submeter um milhão de computadores (25% deles nos EUA) e se transformou no pior pesadelo já vivido pelo FBI. O troféu superou os 100 milhões de dólares (310 milhões de reais). “Todos os computadores que infectava faziam parte de uma botnet, na qual não apenas roubavam os dados que os usuários introduziam ou tinham gravados, como também usavam a potência desses milhares – ou até mesmo milhões – de computadores infectados e controlados para cometer outros crimes, como ataques de negação de serviço (DDoS) destinados a extorquir as empresas”, diz o especialista David Barroso, fundador da Countercraft. O Kremlin, que embora negue, há anos emprega ciberpiratas para seus fins geopolíticos Após um esforço conjunto internacional, a rede foi desmantelada em 2014. Mas seu criador, sobre o qual pesa a maior recompensa já oferecida a um cibercriminoso, não foi preso. Assim como muitos hackers russos, sua tranquilidade estava garantida longe de Washington. Um relatório de segurança ucraniano indica que Slavic age sob a supervisão de uma unidade especial da espionagem russa. Não é nada extraordinário. O Kremlin, que nunca aceitou tais acusações, há anos emprega ciberpiratas para seus fins geopolíticos. Também fez isso, sempre segundo os informes de inteligência norte-americanos, com o Wikileaks. No ataque cibernético que orquestrou contra Clinton na campanha eleitoral, usou a organização de Julian Assange para difundir material roubado. No caso de Slavic, a própria trajetória e evolução do vírus Zeus o vincula a essas práticas. No apogeu de sua atividade, Bogachev analisava a imensa rede de computadores cativos à sua disposição em busca de informações confidenciais: e-mails de altos funcionários da polícia turca, dados de inteligência da Geórgia, documentos classificados da Ucrânia. “Há tempo, considera-se que Bogachev tenha algum tipo de relação com pessoas próximas dos serviços de inteligência. Inclusive quando a Rússia invadiu a Crimeia, parte dabotnet foi utilizada para buscar informações de vítimas da Ucrânia”, explica Jaime Blasco, especialista em segurança cibernética e chefe científico da Alien Vault. Slavic era e é um pirata, mas não age apenas como tal. Seu objetivo vai além: um território pantanoso do qual pouco se conhece. O Kremlin mantém silêncio, e as autoridades dos EUA evitam dar detalhes sobre os ciberataques a Clinton. Como sempre, a escuridão ampara. Slavic pode continuar sorrindo. UMA VIDA DE LUXO NA COSTA Casado e com uma filha, Evgeniy Mikhailovich Bogachev, codinome Slavic curte a vida como um rei na pequena e portuária cidade de Anapa, no Cáucaso Ocidental. Ali, segundo relatórios policiais, ele coleciona carros de luxo, navega pelo Mar Negro e, quando pode, visita a Crimeia. Slavic tem adoração pelos felinos. Tanto que seu animal de estimação é um gato-de-bengala (fruto do cruzamento entre o gato doméstico e o gato-leopardo) e sua roupa preferida é um pijama com estampa de leopardo. Segundo a inteligência ucraniana, Slavic tem uma frota de automóveis espalhada por toda a Europa só para não ter de alugar nenhum veículo quando está de férias. O hacker costumava passar alguns dias num dos chalés que possuía na França e viajava com um dos três passaportes russos de que dispunha para transitar com liberdade. ElPaís

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Prisão domiciliar, comum na Lava Jato e raridade para mães presas

Enquanto as mulheres com filhos pequenos lutam para obter a prisão domiciliar, direito previsto por lei, presos da Lava Jato gozam desse benefício sem amparo da legislação penal A venezuelana Vitória deixou o presídio quando o filho, a quem deu à luz no cárcere, tinha seis mesesANDREA DIP AGÊNCIA PÚBLICA A pequena casa de dois cômodos onde moram Vitória*, seu bebê e sua mãe, Laura, no Jardim Guarani, na periferia da zona norte de São Paulo, em nada se parece com as mansões luxuosas onde vivem em prisão domiciliar alguns réus delatores da operação Lava Jato – uma até com vista para o mar. Em contraste com as áreas verdes, piscinas e academias, como mostrou em abril deste ano uma reportagem do Fantástico sobre os presos domiciliares da Lava Jato, Vitória nos recebe para um café em uma pequena cozinha que também faz as vezes de sala. Ao fundo, o quarto com um beliche onde os três dormem e guardam seus pertences frequentemente é inundado pela água que transborda do banheiro, conta Vitória enquanto amamenta o filho. É algo a mais para resolver na lista da família, que tenta sem sucesso uma vaga para Lucas na creche do bairro e tem como renda apenas o dinheiro que dona Laura ganha trabalhando com limpeza em três empregos diferentes. Na Venezuela, a mãe de Vitória era professora primária, mas sem fluência no português tudo aqui é mais difícil. Quando soube da prisão da filha grávida, dona Laura deixou a família e veio correndo ao auxílio dos dois. ão descansou até conseguir alugar essa casa e por a documentação da filha em ordem para, junto ao Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC), que trabalha com mulheres estrangeiras presas, tentar o habeas corpus para a prisão domiciliar. Vitória foi presa com cocaína no aeroporto de Guarulhos e levada para a Penitenciária Feminina da Capital (PFC), onde descobriu a gravidez e permaneceu por pouco mais de um ano, até que seu filho completasse 6 meses. Apesar da vida difícil, ela se sente aliviada por ter deixado o presídio e se sente “privilegiada” entre as tantas mães que conheceu no cárcere que continuam sem previsão de mudança de rumo. “Quando saí, deixei tudo que tinha para as mães com os bebês de lá. Porque é muito difícil, tem gente que não tem família, não tem nada. Eu mesma lavava roupa para outras mulheres para conseguir maços de cigarro que trocava por sabonete e fraldas para o Lucas até minha mãe chegar”, lembra. Na verdade, Vitória poderia ter saído mais cedo e evitado as três quedas que teve, já em trabalho de parto, no banheiro da penitenciária, ou o tempo que o filho passou na incubadora por causa de sofrimento fetal decorrente da demora para ser levada ao hospital. O artigo 318 do Código de Processo Penal determina que o juiz pode substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando, entre outras razões, o agente for “gestante”, “imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência” e, a partir de 2016, com o Marco Legal da Primeira Infância, a Lei 13.257, “mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos”. O Brasil é signatário da Convenção de Bangcoc que determina, entre outras condições para a mulher mãe encarcerada, que ela possa responder ao processo em liberdade. Mas essa não é nem de longe a regra, como aponta a pesquisa “Quando a casa é a prisão: uma análise de decisões de prisão domiciliar de grávidas e mães após a Lei 12.403/2011”, de Ana Gabriela Braga e Naila Ingrid Chaves Franklin. Elas analisaram sentenças em casos de pedidos de prisão domiciliar de 2011 a 2013, enfocando mulheres pobres, negras e jovens, com base nos dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). A conclusão do trabalho é que as prisões domiciliares são concedidas às mães por múltiplos fatores, mas que “a discriminação negativa incide sobre o gênero feminino, fazendo com que as figuras de ‘mãe’ e ‘criminosa’ sejam socialmente irreconciliáveis”. “A prisão domiciliar é um gênero que comporta duas espécies. Uma está prevista no Código de Processo Penal como medida cautelar, quando a pessoa ainda não foi julgada. De outro lado, você tem a prisão domiciliar no âmbito da Lei de Execução Penal, prisão pena. Uma serve para garantir o regular curso do processo, a ordem pública e aquelas condições para a prisão preventiva. E a prisão domiciliar no âmbito da execução penal, quando a pessoa já foi condenada, é um modo de cumprimento da pena”, explica o advogado criminalista Lucas Sada. “Os requisitos são mais ou menos parecidos nos dois casos: para pessoas maiores de 80 anos, pessoas muito debilitadas por doença grave, pessoas imprescindíveis ao cuidado de menores de 6 anos ou com deficiência e gestantes, e uma regra nova que é para mulher com filhos com até 12 anos e para o homem caso seja o único responsável pelo cuidado desse filho. O que está na LEP [Lei de Execuções Penais] fala em condenados maiores de 70 anos com doença grave, com filho menor ou deficiente físico, mental ou gestantes”, acrescenta. Ainda assim a prisão domiciliar, que tem sido aplicada frequentemente aos delatores da Lava Jato, encontra forte resistência do Judiciário quando os réus são “pessoas comuns”. Segundo Patrick Cacicedo, defensor público do Núcleo Especializado de Situação Carcerária, de 70% a 80% das mulheres em prisão preventiva hoje em São Paulo deveriam estar em casa: “É muito difícil conseguir. Os juízes arrumam subterfúgios interpretativos para manter a prisão, e a grande maioria das mulheres está presa por tráfico de drogas, um tráfico muito pequeno, sem violência e sem armas. Nos casos de cumprimento de pena, então, como os aplicados na Lava Jato, eu pessoalmente não me lembro de ver um caso em São Paulo”. A Agência Pública entrou em contato com o Ministério da Justiça, com o Depen, com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e com cada estado do país para obter – inclusive mediante a Lei de Acesso à Informação – o número atualizado de pessoas em prisão domiciliar como medida cautelar e como pena, mas novamente deparou com a falta de dados sobre

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Crianças, tráfico de drogas e pena de morte

As crianças e os adolescentes jurados de morte pela polícia e pelo tráfico de drogas Ilustração de Julio Falas Em São Paulo, burocracia e atrasos em repasses de verbas de programa especial deixam sem proteção jovens ameaçados de morte. Em 2017, 48% das ameaças vieram de policiais. Diante dos Defensores Públicos da Vara da Infância e Juventude de São Paulo, Gorete afirma se sentir mal com a possibilidade de “perder” o filho, ameaçado por policiais militares em fevereiro. Ela pede que D., que deixou a Fundação Casa recentemente, seja atendido pelo Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM), instituído em 2007 pelo governo federal. “Eles entraram na minha casa com o intuito de matar o meu filho. Não tinham nem a identificação na farda”, conta emocionada, ao relembrar o episódio. Apesar de a Defensoria avaliar como concreto o risco de o adolescente morrer, mãe e filho saíram da conversa sem a garantia de ingresso no PPCAAM. O problema, explicou depois a defensora Claudia Abramo, é que o programa paulista não tem aceitado novos casos desde janeiro. “A gente manda para inclusão e recebe de volta”. “O que a gente faz é conversar com o adolescente e família para entender a extensão desta ameaça. Isso é frágil, mas é o que a gente tem hoje”, reclama. Gorete relatou que a ameaça ocorreu por volta da meia-noite, quando quatro policiais teriam revirado sua casa em busca de um revólver. “Disseram que meu filho foi denunciado. Como não acharam nada, colocaram uma arma na cabeça da minha filha de 12 anos. ‘Onde o seu irmão guarda uma [arma] dessa aqui, ó?’” Em seguida, disseram que dariam “um descanso” no adolescente. “Perguntei ‘que tipo de descanso?’. Um olhou para a cara do outro: ‘Vamos fazer assim: quando seu filho chegar, você liga pra gente’. Eu comecei a chorar e falei: ‘Não, eu não vou ligar. Não vou dar meu filho de bandeja pra vocês’. ‘A senhora é mãe, né? Mas a gente vai voltar e, quando a gente voltar, a gente dá cabo do seu filho aqui’.” Após o episódio, o menino não dormiu mais em casa. Na mesma noite, a mãe saiu à sua procura pelas ruas do bairro e o encontrou antes dos policiais. Para protegê-lo, contou com a “rede de proteção” dos amigos e abrigou-o na casa de um conhecido. “Eu sinto medo. Quando vejo uma viatura, fico olhando para ver se são eles. Fico na casa dos meus amigos, jogando videogame, durmo lá. Só vou pra casa às vezes para falar com a minha mãe e a avó, para dizer que estou bem”, disse D. aos defensores. Além da Defensoria Pública, Ministério Público, Tribunal de Justiça e Conselho Tutelar são as outras portas de entrada para o PPCAAM, que é realizado por meio de dois convênios: um da União com os estados e outro de cada estado com as ONGs executoras. Na ausência do programa, é implementado um Núcleo Técnico Federal ligado diretamente à coordenação nacional do PPCAAM. Atualmente, além de São Paulo, o programa abrange 13 estados. Em São Paulo, o Conselho Tutelar é a principal porta de entrada. Em 2015, por exemplo, representou 45% das demandas, segundo a ONG que o executa, a Samaritano Francisco de Assis. Fernando Prata, conselheiro tutelar na zona sul da cidade, afirma que o programa está desarticulado. “Ele não está funcionando, está suspenso por falta de verba. Nós estamos sem esse serviço.” “Eles enquadram, rasgam o RG…”  Além do caso de D., outros relatos dramáticos constam de um documento interno da Defensoria. “A gente tem recebido casos de ameaça de morte quase todos os dias”, afirma a defensora Claudia. “Há casos urgentes, e o PPCAAM é o nosso único meio efetivo de lidar com essas ameaças.” É caso do pai de R., adolescente ameaçado por policiais. “Eu não quero, Deus o livre, enterrar o meu filho; quero que meu filho me enterre.” Segundo o documento, R. já foi “enquadrado” e espancado duas vezes. Dorme e acorda com medo. Passou dias fora de casa para fugir da situação. Só retornou para a região onde foi ameaçado para o enterro do amigo de infância, um ano mais novo, morto pela polícia. Quando questionado sobre as ameaças sofridas, o jovem de 16 anos responde: “É uma tortura”. Uma técnica do serviço de medida socioeducativa desabafou para a Defensoria: “A coisa tá feia por lá; tá difícil até para os meninos cumprirem as medidas, porque são abordados no caminho; eles [a polícia] enquadram, rasgam o RG…”. Em outro caso, L., com poucos dias de liberdade da Fundação Casa, está ameaçado de morte por traficantes da região onde mora. Sua mãe não sabe o que fazer, e o adolescente, segundo a defensoria, “clama que alguém o ajude a sair dali”. O documento conclui que “a proteção, que deveria estar garantida, também está sob ameaça. São vidas duas vezes desprotegidas, negligenciadas e silenciadas”. A reportagem da Pública apurou a situação dos repasses para todos os estados onde o programa está ativo: São Paulo é o único onde não estão ocorrendo novas inclusões. Documento obtido pela Pública, assinado pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania (SJDC), que coordena o programa no estado, confirma a situação e aponta como causa para o freio às novas adesões a insuficiência de recursos e a redução de equipe técnica. “Parte do problema é a falta de previsão, por parte do Governo Federal, do valor a ser encaminhado ao programa”, o que teria gerado uma “insegurança na equipe atual ante as novas demandas”, diz o texto. Em resposta à reportagem, a Secretaria de Justiça esclarece que desde janeiro 34 novos casos não puderam ser atendidos. No entanto, a SJDC garantiu “a continuidade do programa sem o comprometimento” dos atuais 80 casos em vigência. Em resposta, o governo federal confirma os “atrasos em alguns repasses”, mas afirma que “não constam” mais “restos a pagar” em nenhum convênio, o que inclui “São Paulo e os demais Estados que executam o programa”. Ressalta ainda

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A lista Fachin: por que não descobriram antes?

Os nomes vazados do processo de Fachin Os nomes divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo não podem ser verdade. Se for verdade, não deveria ter sido dito. Em sendo verdade e já tendo sido dito, os que disseram podem proclamar uma convulsão social. E se tudo o que está sendo dito for verdade, por que demorou tanto tempo para ser dito? [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Como pode um país com quase 30 milhões de desempregados ter esperado tanto para ver que uma das razões fundamentais de sua miséria e desemprego com certeza foram por causa desses homens que detêm o poder público e os corruptores da iniciativa privada que roubaram tanto. Se for verdade, tudo o que está sendo dito pode conflagrar um povo com fome, sem saúde pública para assisti-los, sem escolas para seus filhos estudarem, sem segurança pública para garantir o ir e vir. Sendo verdade, os que disseram parecem não querer a paz. Então o que querem esses homens? Por que vazar as informações dos corruptos e não prendê-los, sequestrando seus bens, os colocando em disponibilidade até termos certeza de que são eles mesmos os ladrões, para que posteriormente possamos levá-los às mesmas condições que vivem os desempregados e à margem da sobrevivência? Os miseráveis da Revolução Francesa eram um povo em número infinitamente menor do que os 200 milhões de brasileiros, e se o Brasil tem por volta de 30 milhões de desempregados, e esses desempregados tem pelo menos dois ou três dependentes, são por volta de 120 milhões na miséria ou que vivem quase no limite da sobrevivência. Os franceses tinham seus miseráveis que fizeram a revolução. Mas sendo a França o berço de cultura, até os miseráveis tinham cultura. Aqui, temos um país com apenas 500 anos, pobre, sem cultura, onde este povo marginalizado não tem conhecimento do certo e do errado. É um povo sem instrução e pouca cultura para fazer a definição social da forma violenta necessária para reagir contra esses que são os responsáveis pelas condições de vida do atual momento do Brasil. Que definição ou que expectativa podem dar os sociólogos sobre tal fenômeno? Não se fala mais do anormal ex-governador do Rio de Janeiro. Não pode haver qualquer dúvida de que é um doente que conviveu produzindo outros doentes da corrupção. Há uma definição de que o louco pode fazer outros loucos. Com certeza esse é o caso. O louco, que não conhecia os limites da dignidade, não merece esse povo que não participou das bandalheiras, que não tem o direito de sofrer sem ter o mínimo de reação. Os que estão reagindo pelo povo, com o maior respeito às leis, parecem estar reagindo com um pouco de hipocrisia. A reação a essa gente não pode ser simplesmente a tornozeleira eletrônica. O nível de assalto ao poder público requer uma bola de ferro presa aos pés dos assaltantes do Estado. A reação a essa gente não pode ser o presídio, mas os campos de concentração, vivendo à sorte, com sol e chuva e com todo tipo de intempéries. Se alimentando do que eles mesmos produzem nos campos de concentração. É o mínimo que o povo sofrido pode aguentar sem reagir. > > ‘The New York Times’: Políticos mais poderosos do Brasil na mira da justiça > > ‘El País’: Justiça do Brasil ordena investigação a oito ministros de Temer > > ‘Financial Times’: No Brasil, Justiça ordena investigação a políticos mais poderosos

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No Rio, a violência se retroalimenta

Policiais são caçados da mesma forma que caçam criminosos em operações nas favelas, num ciclo vicioso de violência. Situação da segurança pública na cidade olímpica é de falência, e quem paga o preço é a sociedade. ONG faz protesto em memória de policiais mortos em ação no Rio: somente neste ano, 62 foram assassinados. A praticamente duas semanas do início dos Jogos Olímpicos, a situação da segurança pública no Rio de Janeiro é de total falência, segundo ONGs, especialistas e os próprios policiais, com uma verdadeira guerra instaurada entre PMs e traficantes.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A violência, na verdade, se retroalimenta: somente neste ano, 62 policiais foram assassinados e 260 foram feridos por armas de fogo – pelo menos um por dia – de acordo com números do deputado estadual Paulo Ramos (PSOL), que preside a CPI da Morte de Policiais na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). Policiais passaram a ser caçados da mesma forma que caçam criminosos em operações nas favelas. E ambos os lados atiram para matar. No início do mês, um relatório sobre violência policial publicado pela ONG Human Rights Watch mostrou que, no ano passado, pelo menos 645 pessoas foram mortas pela polícia em situações questionáveis. “A política de segurança pública se baseia na eliminação do inimigo, sempre foi assim”, resume Paulo Ramos. “Agora, os policiais, especialmente os militares, estão pagando um preço muito alto por essa política porque, neste momento, a política é de extermínio de ambos os lados, e eles estão sendo caçados. É uma falência total da segurança pública que precisa ser assumida pelo estado.” Protesto de policiais e bombeiros no aeroporto internacional do Rio: situação da segurança pública na cidade é de falência O historiador Marcos Bretas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em história da polícia, concorda com o deputado. “Na relação da polícia com a criminalidade, um lado faz a violência do outro escalar. Se enfrento um inimigo terrível, tenho que ser terrível também, essa é a lógica. O lado perverso é que, a partir dos anos 80, os criminosos passaram a ter acesso a armas que não são de crime urbano, a armamento de combate, fuzil, granada”, afirma Bretas. “E quando tem que enfrentar um criminoso assim, a polícia também quer armas iguais – que obviamente não são armas de controle urbano. Se você entra numa favela com um fuzil, o tiro vai atravessar a parede, vai ter bala perdida. Isso não aumenta a eficácia da polícia, mas sim o seu poder destrutivo.” “É um trunfo matar policial” De acordo com a Human Rights Watch, muitas das mortes atribuídas a policiais em confronto são, na verdade, assassinatos extrajudiciais. “A polícia atira em pessoas desarmadas, atira pelas costas em fugitivos e executa indivíduos que já estão imobilizados com tiros na cabeça”, indica o relatório. Ainda de acordo com o documento, a polícia paga um preço alto por essas execuções. Os assassinatos alimentam um ciclo de violência que coloca em risco a vida dos policiais que trabalham em áreas com altos índices de violência, compromete sua capacidade de trabalho, pondo em risco a sociedade como um todo. Se o suspeito sabe que a forma de atuação da polícia é matar, ele nunca vai se render, sua primeira reação será atirar. As maiores vítimas são os policiais que não estão em serviço, que são mais vulneráveis. Um em cada seis mortos no crime de latrocínio (roubo seguido de morte) é policial. Num universo de 48 mil PMs, 9 mil policiais civis e 16 milhões de habitantes no estado, dá para afirmar sem medo de errar que eles são alvos. “Hoje, os bandidos caçam policiais, é um trunfo matar um policial; é uma sentença de morte para um policial se a sua identidade for revelada”, afirma o presidente da Coligação da Polícia Civil, Fábio Neira. “Há 30 anos, quando entrei na polícia, era muito diferente: eles poupavam a vida do policial”. Neira não concorda, no entanto, que a violência seja uma resposta às ações violentas da própria polícia. Para ele, o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), ao ser bem sucedido num primeiro momento, fez com que muitos criminosos deixassem de traficar drogas e fossem cometer outros crimes longe das favelas, onde acabaram tendo que enfrentar policiais. Para especialistas, armas utilizadas pela polícia são erradas: não aumentam a eficácia, mas sim o seu poder destrutivo Fracasso das UPPs O fracasso das UPPs, por sua vez, acabou conflagrando a situação nas comunidades e expondo ainda mais os policiais. Na análise do policial, as UPPs não atingiram sua meta original, em primeiro lugar, porque não deram segmento ao projeto, com a ocupação social das comunidades. Por outro lado, diz, o efetivo de policiais civis foi muito reduzido e decidiu-se pelo investimento prioritário no policiamento ostensivo, em vez de na investigação. “De acordo com uma lei de reestruturação dos quadros da polícia civil em vigor desde 2001, era para termos hoje 22 mil homens”, diz. “Não temos nem dez mil. E são quase 50 mil PMs. É desproporcional isso. É muita ocupação, prevenção e nada de investigação. E não é só o efetivo, estamos sucateados. Não temos verba para combustível, papel higiênico, para nada”, acrescenta o policial. Os especialistas concordam que as áreas mais centrais dos Jogos Olímpicos estarão seguras por conta do policiamento extra de militares e da segurança nacional. Mas eles temem pelo que pode acontecer em outras regiões. “Hoje, na situação em que nos encontramos, não conseguimos atender às demandas da sociedade. Como vamos dar conta de qualquer demanda extraordinária?” DW

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Violência no Rio – Beltrame: ‘Como vou exigir que o policial arrisque a vida se o Estado não paga?

“É muito difícil. A gente está preparado para situações bem complicadas. Temos procurado estudar maneiras de manter aquilo que se conquistou, mas avançar é muito difícil”. Forças de segurança patrulham o Complexo da Maré, que ainda não conta com UPPs e é um dos locais mais perigosos do Rio – Image copyrightAP A avaliação é de José Mariano Beltrame, secretário de segurança do Estado do Rio de Janeiro há quase dez anos, sobre o futuro da segurança no Rio depois da Olimpíada, quando os reforços militares e policiais deixarem a cidade.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Para ele, a crise econômica vivida pelo RJ acrescentou ainda mais dificuldades a uma área já complexa. “Como é que você vai fazer as coisas com os policiais sem salário? Com os batalhões às vezes sem alimentação? Imagina eu chegar pra você e dizer que você vai receber só meio salário. Como é que eu vou exigir que o policial saia para a rua, arrisque a vida e se comprometa com uma sociedade e com um Estado, se esse Estado não paga?”, questiona. Desde o final do ano passado, os servidores públicos do Estado, entre eles policiais civis e militares, têm enfrentado atrasos e suspensões de pagamentos de seus salários. Só recentemente, graças à ajuda de R$ 2,9 bilhões recebida do governo federal, foi possível programar o pagamento de salários atrasados dos agentes de segurança. Em entrevista à BBC Brasil e à BBC News no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), de onde será gerenciado todo o esquema de segurança da Olimpíada, Beltrame comentou a onda de violência que atinge o Rio nos últimos meses e que se intensificou nas últimas semanas, com mais mortes por balas perdidas, arrastões em bairros da Zona Sul e da Zona Norte, e o maior número de assaltos em 26 anos, registrado no mês de maio, com quase 10 mil roubos, praticamente um a cada quatro horas. Embora não negue que o Rio esteja “em um de seus momentos mais difíceis”, o secretário rejeita que a situação esteja “fora de controle”. “Os indicadores tiveram um aumento nos últimos quatro ou cinco meses mas nós temos uma história de nove anos e estamos, mesmo na crise, buscando já recuperar a diminuição desses índices, principalmente dos crimes contra a vida”, diz. À frente da segurança pública do RJ há quase dez anos, Beltrame diz que Estado vive um de seus ‘momentos mais difíceis’ – Image copyright JEFFERSON PUFF – BBC Beltrame diz não ter dúvidas de que haverá segurança no Rio durante os Jogos. “Eu posso dizer que as Olimpíadas vão ser tranquilas, que as pessoas podem vir ao Rio de Janeiro. O Rio está pronto para isso”. Para ele, o motivo de preocupação é o que vem depois. “Tenho policiais para serem chamados para trabalhar, mas não sei se vão conseguir nomeá-los. Tenho solicitação de concursos públicos para fazer, mas não posso porque não tenho dinheiro. Nós vamos ter que diminuir as incidências criminais dentro de uma realidade econômica sem perspectiva de melhora. É uma tarefa difícil”, avalia. Rumo aos 60 anos, o gaúcho de Santa Maria já se disse cansado do cargo diversas vezes, mas sempre aceitou continuar à frente da segurança pública do Rio. Ele diz que ainda tem “umas coisinhas para fazer”, e que vai tentar fazê-las, mesmo sem dinheiro. “Quando eu fizer, eu vou dar a minha missão, o meu período por cumprido.” Veja os principais trechos da entrevista: BBC Brasil – Nas últimas semanas o Rio de Janeiro tem vivido assaltos, arrastões, mortes por balas perdidas, casos de muita repercussão e cenas que remetem a uma época que o carioca já considerava parcialmente superada. Há uma crise de segurança no Rio? A situação está fora de controle? José Mariano Beltrame – Não, absolutamente não. Ainda ontem nós fechamos os números de junho e nós estamos no terceiro mês consecutivo de queda de homicídios. Nós temos sim um impacto na segurança pública que é oriundo de uma crise econômica que o Estado vem enfrentando, e isso foi se refletindo na segurança a partir de março em função de alguns programas que nós tínhamos e cujas verbas foram cortadas. Houve um impacto, mas não se trata de nada que possa ser classificado como fora de controle, ou a situação que nós tínhamos antes de 2007. Basta olhar os números. Os indicadores tiveram um aumento nos últimos quatro ou cinco meses mas nós temos uma história de nove anos e estamos, mesmo na crise, buscando já recuperar a diminuição desses índices, principalmente dos crimes contra a vida. Estamos conseguindo com muito sacrifício. Temos problemas de gerenciamento em função da economia do Estado e do país, mas longe de se ter algo fora de controle. BBC Brasil – À frente da segurança do Estado do RJ há quase dez anos, o senhor viu muitas transformações e diferentes situações. Em que momento o Rio está agora em termos de segurança pública? Beltrame – Nós estamos em um momento difícil. Como é que você vai fazer as coisas com os policiais sem salário? Com os batalhões às vezes sem alimentação? Isso tudo foi sanado agora semana passada, com dinheiro federal, mas não há como dizer que não temos problemas. É claro que temos. Imagina eu chegar pra você e dizer que você vai receber só meio salário. E a segunda parte? Não sei quando eu vou te pagar. Como é que eu vou exigir que o policial saia para a rua, arrisque a vida e que se comprometa com uma sociedade e com um Estado, se esse Estado não paga? Nós estamos vivendo um dos momentos mais difíceis da segurança pública no Rio. BBC Brasil – Estamos a três semanas da Olimpíada. O que pode ser feito antes dos Jogos para segurar a atual onda de violência? Beltrame – Eu posso dizer que a Olimpíada vai ser tranquila, que as pessoas podem vir ao Rio de Janeiro. O Rio está pronto para isso. Por quê? Porque nós vamos ter aqui em

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Como roubo de US$ 110 milhões foi descoberto graças a erro de ortografia

Foi um dos maiores roubos a banco da história – e realizado sem uso de qualquer arma ou violência. Dinheiro foi roubado por meio do Banco da Reserva Federal de Nova YorkImage copyright Getty Hackers extraíram, em fevereiro, US$ 110 milhões (R$ 412,5 milhões) das reservas de divisas internacionais do Banco Central de Bangladesh, na Ásia, que estavam depositadas na unidade de Nova York do Banco do Federal Reserve, o Banco Central americano. Entre os dias 4 e 5 do mês passado, criminosos conseguiram entrar no sistema do Banco Central de Bangladesh e transferir o dinheiro da sua conta nos Estados Unidos para entidades nas Filipinas e no Sri Lanka, também na Ásia.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O roubo não veio à público por um mês, porque o diretor do banco de Bangladesh, Atiur Rahman, não o informou ao governo do país. Ele pediu demissão após ser chamado de incompetente pelo ministro da Economia. “Foi quase como um ataque de extremistas, como um terremoto. Não sei como aconteceu, onde se originou nem quem o realizou”, disse Rahman. “Quando fui informado, fiquei perplexo.” Credenciais roubadas Diretor do Banco Central de Bangladesh se demitiu após o caso. Image copyright Getty Segundo notícias publicadas na imprensa que citam autoridades bancárias, os hackers usaram credenciais roubadas para que os pedidos de transferência do dinheiro parecessem legítimos. Foram feitas ao menos 35 solicitações de transferência, de um total de US$ 951 milhões, a partir desta conta, que era usada para fazer pagamentos internacionais. Um erro de ortografia no nome de uma suposta ONG que deveria receber uma das transferências levantou suspeitas no banco alemão Deutsche Bank, intermediário das transações, que pediu esclarecimentos ao Banco Central de Bangladesh – que interrompeu as transferências. A esta altura, o Banco Central americano em Nova York também alertou o Banco Central de Bangladesh sobre uma série de pedidos considerados suspeitos, por serem muitos e destinados a contas privadas e não às de outros bancos. Operações suspeitas Parte do dinheiro roubado foi recuperado no Sri Lanka – Image copyright Getty Os ladrões já haviam conseguido transferir US$ 110 milhões para contas no Sri Lanka e nas Filipinas quando as autoridades de Bangladesh foram alertadas. Cerca de US$ 20 milhões foram recuperados no Sri Lanka. O governo de Bangladesh responsabilizou publicamente a unidade de Nova York do Banco Central americano por não ter descoberto antes as operações. Um porta-voz do banco americano, entretanto, negou que seus sistemas tivessem sido invadidos e disse que as transferências foram feitas usando protocolos existentes. “Não há evidência de nenhuma tentativa de hackear nossos sistemas que tenha relação com estes pagamentos nem de que nossos sistemas tenham sido comprometidos.” Com dados da BBC

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