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Dilma Rousseff e a limpeza nos ministérios

Conduta uniforme Ideal mesmo seria que a presidente Dilma Rousseff aproveitasse o ensejo de mais um escândalo para dar um jeito no festival de condutas desviantes que assola a Esplanada dos Ministérios. Ao todo, até agora, aos dez meses incompletos de governo, foram seis: Antonio Palocci e o espetáculo do crescimento patrimonial; Alfredo Nascimento e as obras superfaturadas nos Transportes; Wagner Rossi e o direcionamento de licitações na Agricultura; Pedro Novais e o uso particular de dinheiro público; o Ministério do Turismo e a prisão de 35 servidores acusados de corrupção; Orlando Silva e os convênios fraudulentos no Esporte. Se somados à lista os episódios temporariamente arquivados de favorecimento partidário na distribuição de verbas públicas no Ministério do Trabalho e da denúncia contra o ministro das Cidades de pagamento de mesada a deputados em troca de apoio, a conclusão é a de que os partidos que compõem a coalizão do governo se equivalem no quesito produção de escândalos. São dois do PMDB, um do PC do B, um do PR, um do PP, um do PDT e um do PT. Como se vê, há uniformidade de conduta no primeiro escalão. Por enquanto, só ficou de fora o PSB, que ocupa a pasta da Integração Nacional. E que não se diga que o “dedo podre” pertence ao ex-presidente Lula porque, não obstante a coincidência de os atingidos terem sido todos, direta ou indiretamente, apadrinhados por ele, nesse caso não há hipótese de se transferir responsabilidade: além de ter aceitado nomear cada um deles, Dilma Rousseff era, no dizer do próprio Lula, a “alma” da gestão anterior que, no dizer da propaganda eleitoral, seguiria em ritmo de continuidade. O problema é a regra que precisa vir de cima. A presidente não impôs uma nova norma pela qual toda transgressão seria castigada. Tanto é que a “base” entrou em estado de prontidão ameaçando revolta quando houve o ensaio de “faxina” e de imediato se avisou aos navegantes que as trocas de ministros ficavam automaticamente adiadas para a reforma de janeiro. A rigor, as demissões não podem ser consideradas uma punição em regra. Rendem a perda do emprego aos alvos principais, mas a engrenagem continua funcionando como antes de os fatos consumados terem sido postos à porta do gabinete presidencial pela imprensa.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Falou-se ontem o dia inteiro que Orlando Silva estava fora do ministério. Teria uma conversa com a presidente assim que ela chegasse do exterior e tudo se resolveria ali. A questão é: tudo o quê, a demissão do ministro? Francamente, chega a ser irrelevante. Soa, antes, como o cumprimento de um ritual conhecido, cujo objetivo principal é tirar o foco da denúncia da vez. Demitido o ministro, o assunto perde o interesse, protestos o sentido, todo mundo se dá mais ou menos por satisfeito e mais cedo ou mais tarde começa tudo outra vez. A imprensa denuncia, o governo alega presunção de inocência, o acusado se defende, o acusador é desqualificado, os fatos atropelam o palácio, que, por sua vez, os coloca no escaninho do esquecimento com mais uma demissão que renderá à presidente Dilma dividendos públicos pela intransigência em relação a “malfeitorias”. E assim a enganação vira regra geral: o governo finge que toma providências, o País finge que acredita e a farra continua. Notáveis. A presidente não comenta nem com os próximos os nomes que teria em mente para compor a Comissão da Verdade, cujo relatório de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Pelo projeto, que o governo gostaria de ver votado até dezembro, não podem participar dirigentes partidários. Excetuados, no entanto, os ocupantes de cargos honoríficos. De onde um ministro aventa a possibilidade de Dilma vir a convidar o ex-presidente Fernando Henrique para integrar o grupo que durante dois anos trabalhará na recuperação da história das agressões aos direitos humanos durante o regime militar de 1964. A ideia da presidente é escalar um elenco suprapartidário. Dora Kramer/O Estado de S.Paulo

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Os ladrões com ideologia são ainda piores do que os outros

Não há nenhuma reação consistente, pra valer, de nenhum segmento dos poderes da república.  A Toga se “encolhe” já que não se interessa pelo assunto visto que paira um silêncio generoso sobre a acusação dos “bandidos da Toga”, abrindo caminho, se é que é possível, a se desmoralizou mais ainda. O Legislativo, ah, o legislativo! Ceivado de Sarney, Calheiros, e Romeros, é subliminar parceira da falácia tão bem aplicada por uma oposição que se mostra um tanto quanto, nos subterrâneos dos interesses, uma espécie de “companheira dos “cumpaêiros” que mais e mais se mostra submissa às indecentes verbas parlamentares, que a todos interessa. O Editor O PMDB deveria reclamar de preconceito! As evidências de malandragem no Ministério do Esporte são maiores e bem mais graves do que aqueles que determinaram a queda do Ministro do Turismo, Pedro Novais, e do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. E, no entanto, nota-se um cuidado muito maior do próprio governo ao tratar do caso. Por quê? Se formos levar em conta o volume de recursos, então, o esquema que havia no Turismo vira brincadeira de criança. Desde 2003, o programa Segundo Tempo liberou quase… R$ 800 milhões!!! O PCdoB pode não ter obtido sucesso em fazer a revolução socialista. Mas é inegável que o partido conseguiu um jeito de distribuir a renda ao menos entre os seus. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Insisto: por que Dilma foi quase fulminante nos outros casos e enrola tanto com o Ministério do Esporte? Como prova um dos posts abaixo, VEJA evidenciou o esquemão já em 2008. No fim de 2010, ainda no governo do Apedeuta, as coisas se agravaram. Mesmo assim, a então presidente eleita manteve Orlando Silva na pasta. Agora, como se nota, o próprio ministro é engolfado pelos fatos. No fim das contas, há aquela má consciência de sempre: a corrupção promovida por um partido de esquerda, ainda que apenas nominalmente de esquerda, seria diferente da de um outro, que não carrega esse pedigree. Eis aí uma das evidências, que se dá no terreno moral, a explicar por que todos os regimes socialistas, sem exceção, se tornaram ditaduras violentas e corruptas. Os esquerdistas se dão, mesmo!, todos os direitos e transformam suas vilanias e malandragens em atos de resistência política. Afinal de contas, eles têm um nobre propósito, não é?, que a direita não teria: a igualdade entre os homens. Em nome desse valor abstrato, eles podem praticar todas as safadezas concretas. E ai daquele que denunciar! Se o fizer, só pode estar interessado em prejudicar a nobre luta dos valentes em defesa do bem, do belo e da justiça social. Como se consideram monopolistas da virtude e da caridade, suas teses dispensam demonstração. Eles estão sempre certos porque são naturalmente bons, e seus adversários estão sempre errados porque naturalmente maus, de sorte que o mal praticado por um esquerdista é bem, e o bem exercido por um opositor seu, um mal. Isso demonstra quão genial foi George Orwell — que era simpático, na origem, às teses socialistas — no livro 1984, publicado em 1949. Ali aparecem (na versão para o português) a “novilíngua” (as palavras querem dizer o contrário do seu sentido de dicionário) e o “duplipensar”: por esse método, alguém pode pensar uma coisa e, ao mesmo tempo, o seu contrário. É a essência moral das esquerdas. Trotstky, o mais inteligente da geração de revolucionários russos de 1917, escreveu em 1936 o livro “Moral e Revolução”, em que fala de duas morais, a que serve e a que não serve aos bolcheviques: “A Nossa Moral e a Deles”. Trata-se de um dos textos mais indecentes jamais escritos. Falo com mais cuidado sobre esse monumento ao amoralismo num longo post, abaixo deste. É evidente que nem o PT nem essa turma do PCdoB que está agarrada às tetas do Ministério do Esporte querem revolução social, socialismo ou algo parecido. Isso hoje daria uma trabalheira danada, ainda que fosse viável, e haveria o risco de eles perderem seus privilégios. Não há o menor risco de o “comunismo”, na versão conhecida, voltar a ser influente no mundo. O mesmo, no entanto, não se diga sobre ditaduras. Isso é outra coisa. Evento recente em São Paulo (o do promotor que denunciou como “nazistas” moradores que se opõem à mudança de endereço de um albergue) demonstra que a idéia de um estado dominado por esses “monopolistas do bem”, que submeta o conjunto da sociedade às suas vontades (ainda que num regime de economia de mercado) é, sim, possível. Pior: dá para criar a mímica da democracia numa ditadura. Fui um pouquinho longe para falar sobre a moral particular dos esquerdistas? Fui, sim! O que estou evidenciando é que aquela canalha que fica na rede defendendo larápios se acha superior aos defensores de larápios de outras legendas. Afinal, eles seriam herdeiros da velha moral revolucionária, compreendem? No fundo, como lembrou Padre Vieira no “Sermão do Bom Ladrão”, citando São Basílio Magno, esses ladrões são piores do que os outros. Aqueles, ao menos, roubam correndo algum risco; estes roubam sem temor nem perigo. blog Reinaldo Azevedo

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Um ministro medíocre e a era Sarney

Nenhum cacique comanda a taba por mais de cem anos. Eis a esperança dos Tupiniquins. Por outro lado tempo as presas carrapateiras do literário Timbira estão fincadas em todos os setores da máquina governamental, garantindo a seus herdeiros loga vida nas tetas públicas. O Editor  Um deputado medíocre, de 82 anos, comandando um ministério, só poderia dar nisso. O único benefício é que a derrocada de Pedro Novais marca o fim da Era Sarney. A política brasileira vive uma fase surrealista, nem é preciso entrar em detalhes. Mas certas coisas eram bem previsíveis, já que a presidente Dilma Rousseff, atendendo às pressões de seu mentor Lula e da apodrecida base aliada, através de Michel Temer, conseguiu montar um dos piores ministérios já formados. Aliás, jamais na História do Brasil se viu nada igual. A nomeação do deputado Pedro Novais, por exemplo, foi uma excrescência, única e exclusivamente para agradar o senador José Sarney, que nem está mais com esse poder todo que lhe atribuem. O cacique maranhense (ou amapaense?) já completou 82 anos, está magro, trêmulo, hesitante, sente como poucos o peso da idade. Seu amigo Novais é da mesma idade, também devia descansar, deitado numa rede em São Luís, observando aquela extraordinária subida das marés e comendo uma casquinha de caranguejo.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Ao invés de se recolher à insignificância que tanto merece, o deputado Pedro Novais fez essa besteira de aceitar ser ministro do Turismo, vejam só a que ponto chegamos. Agora, assiste à derrocada de sua longa carreira política com um final patético, pois nomeou uma verdadeira quadrilha para fazer o trabalho que lhe caberia, se tivesse forças e qualidades, é claro. A chamada Operação Voucher, da Polícia Federal, não indica apenas o fim de linha para Pedro Novais, mas também representa o início do desmoronamento do império político de José Sarney, que chegou à Presidência da República por acaso e está destinado a ser um nome sempre lembrado de forma negativa pelos historiadores. Novais só não foi preso por uma questão de piedade. Os policiais federais tiveram pena, esta é a realidade, já que ele não tem mesmo condições de ser chefe de uma quadrilha tão numerosa, quanto mais de ser ministro, guindado ao cargo apenas por ser compadre de Sarney. A Polícia Federal preferiu prender apenas 33 dos quadrilheiros. Daqui a mais um pouco, logo se chegará aos 40 ladrões do Ali Babá. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]O diretor-executivo da Polícia Federal, Paulo de Tarso Teixeira, disse que o atual secretário-executivo do Turismo, Frederico Costa, seu antecessor Mário Moysés, e o secretário nacional de Programas e Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins da Silva Filho, foram presos preventivamente, ou seja, para evitar a eliminação de provas e com prazo maior de detenção. “Para que a Justiça decrete a prisão preventiva, as provas têm que ser mais robustas do que as prisões temporárias”, explicou o delegado. Por determinação da Justiça Federal, todos que foram presos preventivamente estão sendo encaminhados a Macapá, onde a investigação está centralizada. A investigação da PF começou em abril deste ano, mas a corrupção desenfreada vem de longe, e um dos presos será secretário-executivo do Ministério na gestão de Lula. No total, a Justiça expediu 38 mandados de prisão -19 temporárias e 19 preventivas-, mas até agora só 33 foram detidos, outros sete estão sendo procurados. Em Brasília, dez membros da gang foram presos preventivamente, enquanto sete estão detidos temporariamente e deverão ser soltos após prestarem depoimentos. De acordo com a investigação, a ser finalizada entre duas semanas e um mês, um dos convênios fraudados surripiou R$ 4,45 milhões do ministério e foi celebrado com o Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável), no Amapá, qué a filial do império decadente de Sarney. “O dinheiro era repassado pelo ministério ao Ibrasi, que usava empresas do grupo ou fictícias. A partir desse repasses, os treinamentos não eram executados”, disse o delegado. Na casa do diretor do Ibrasi, em São Paulo, foram apreendidos R$ 610 mil, e um dos objetivos da operação era justamente buscar dinheiro vivo. A PF, contudo, disse que não informará nomes dos envolvidos nem especificará a conduta de cada um. Se esses tipos de convênios forem investigados em outros ministérios, será uma festa. Os ministros Carlos Lupi (PDT), do Trabalho, e Orlando Silva (PCdoB), do Esporte, estão com as orelhas em pé. Podem ser os próximos da lista, pois já não faltam provas contra os dois, denunciadas fartamente pela imprensa e aqui no blog da Tribuna. O mais interessante é que, acertadamente, a Polícia Federal está agindo com total independência em relação ao governo. Questionado se a presidência da República sabia com antecedência da investigação, o diretor-executivo da PF afirmou que as informações só foram repassadas após a deflagração da operação. De acordo com o delegado Paulo de Tarso, a PF é “apartidária” e tem autonomia para investigar. Esse delegado merece ser aplaudido de pé. Bravo!!!, Bravíssimo!!! Carlos Newton/Tribuna da Imprensa

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