Construtora responsável por viaduto que desabou, matando dois, já fez doações para vários partidos
A construtora Cowan S.A., responsável pela obra do viaduto em Belo Horizonte que desabou na quinta-feira (3) matando duas pessoas, é alvo de muitas polêmicas e denúncias. A primeira veio à tona em 2012, dando conta de que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) assinou o contrato para a obra antes mesmo que o Consórcio Integração, que na época era formado pelas empresas Delta e Cowan, existisse de fato. Na ocasião, as construtoras não se pronunciaram. Em abril 2012, o Ministério Público (MP) de Minas Gerais instaurou inquérito para investigar o contrato. Em fevereiro de 2012, dois dias após a Polícia Federal prender o bicheiro Carlinhos Cachoeira na operação Monte Carlo, a prefeitura de Belo Horizonte emitiu nota de empenho para pagar a Delta separadamente de sua parceira nas obras do BRT/Move na avenida Pedro I. A manobra foi realizada para evitar que um eventual bloqueio das contas da Delta prejudicasse a Cowan. Em julho de 2012, a Delta, que era investigada pela CPI do Cachoeira por ter supostamente recebido recursos públicos intermediados pelo contraventor, deixou oficialmente o consórcio, que passou a ser comandado apenas pela Cowan. Na época foi descoberto, por meio de um relatório elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado, que havia sobrepreço de até 350% em alguns produtos ligados à obra.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Desabamento deixou duas pessoas mortas A Cowan divulgou nota oficial em que lamenta “profundamente o ocorrido com o viaduto sobre a Avenida Pedro I”. “Neste momento, a prioridade é o apoio às vitimas e aos familiares. A empresa informa que já enviou ao local a equipe técnica para iniciar as investigações”, diz a nota. A tragédia não isenta de responsabilidade a construtora Cowan, que também financia campanhas políticas. Em 2012, a empresa desembolsou R$ 2.826.264,29 para os partidos. No dia 28 de setembro de 2012, segundo o TSE, a Cowan fez uma doação de R$ 500 mil ao PCdoB; no dia 20 de setembro, R$ 1 milhão para o PMDB; no dia 4 de outubro, R$ 500 mil para o PMDB; no dia 25 de outubro, R$ 326.264 para o PMDB; e no dia 28 de setembro, R$ 500 mil para o PSDB. O contrato assinado originalmente tem o valor de R$ 170, 999 milhões. A Cowan, fundada em 1958 em Montes Claros (MG), é conhecida por ter mais de 80% de seus negócios fechados com o Governo, mantendo ainda obras em rodovias, barragens, usinas hidrelétricas, aeroportos, saneamento, transporte urbano, mineração, além de exploração e produção de petróleo e gás. Em Belo Horizonte a Cowan executa obras na Linha Verde (liga o centro de BH até o Aeroporto de Confins), duplicações da BR-040 (feitas pelo DNIT antes do leilão), e Gasoduto do Vale do Aço, ampliação do Aeroporto de Confins (pistas de pouso e decolagem) e do metrô do Rio de Janeiro. Homens do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais resgataram na madrugada desta sexta-feira (4) o corpo de um rapaz de 25 anos, vítima do desabamento de um viaduto em Belo Horizonte. Charlys Frederico Moreira do Nascimento dirigia um Fiat Uno de cor cinza e foi encontrado dentro do veículo. A corporação confirmou também a morte de Hanna Cristina Santos, de 24 anos, que dirigia um micro-ônibus no momento do acidente. Segundo os bombeiros, o número de pessoas feridas no desabamento do viaduto permanece em 22, sendo três operários. Três vítimas já foram liberadas e as demais continuam hospitalizadas. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as equipes permanecem no local do acidente, na Avenida Pedro I, na altura do bairro São João Batista, região de Venda Nova, para fazer ações preventivas e de isolamento. Não há previsão de encerramento dos trabalhos. O empreendimento total incluía ainda a instalação de um sistema expresso de ônibus (BRT), instalação de passarelas e alargamento de rodovia. Com esse acidente, os supersticiosos já temem a semifinal da Copa na capital mineira. O complexo tinha início previsto para setembro de 2011 e conclusão prevista para janeiro do ano passado. O empreendimento faz parte da matriz de responsabilidade da Copa, que definiu o complexo viário como obra da prefeitura de Belo Horizonte. Jornal do Brasil