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Hackers: descoberto o maior ataque já feito

Empresa afirma ter descoberto a maior série de ataques hackers Criminosos teriam invadido redes de 72 organizações. Empresa de segurança McAfee descobriu as invasões. Invasões a redes de 72 organizações ocorreram durante 5 anos, afirma McAfee. Especialistas em segurança descobriram uma série de ataques hackers em redes de 72 organizações. Durante cinco anos, os criminosos invadiram sistemas da ONU, governos e empresas ao redor do mundo. Segundo a empresa de segurança McAfee, que descobriu as invasões, esta teria sido a maior série de ataques já registrada. A companhia acredita que exista um “protagonista estatal” por trás dos ataques, mas não identificou o país, ainda que um especialista em segurança tenha afirmado que os indícios apontam para a China. A lista de vítimas inclui os governos dos Estados Unidos, Taiwan, Índia, Coreia do Sul, Vietnã e Canadá, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e uma série de empresas. No caso da ONU, os hackers invadiram o sistema de computação de seu secretariado em Genebra, em 2008, e operaram em silêncio na rede durante dois anos, obtendo discretamente grande volume de dados sigilosos, de acordo com a McAfee.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] “Ficamos surpresos com a enorme diversidade das organizações vítimas e com a audácia dos criminosos”, afirmou o vice-presidente da McAfee Dmitri Alperovitch. A pesquisa de 14 páginas sobre os ataques foi divulgada nesta quarta-feira (3). Origem A McAfee descobriu a gravidade das invasões em março de 2011. A empresa afirma que as primeiras violações ocorreram em meados de 2006. Alguns dos ataques duraram apenas um mês, mas o mais o longo – contra o comitê olímpico de um país asiático não identificado – se estendeu intermitentemente por 28 meses, de acordo com a McAfee. “Empresas e agências de governos estão sendo hackeadas e saqueadas todos os dias. Eles estão perdendo vantagens econômicas e segredos nacionais para competidores sem escrúpulos”, afirmou Alperovitch. “Trata-se da maior transferência de riqueza de todos os tempos, em termos de propriedade intelectual”, disse. “A escala com que isso está acontecendo é muito assustador”. Jim Lewis, especialista do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, afirmou ser muito provável que a China esteja por trás das invasões já que alguns alvos têm informações que são interessantes para o país. Sistemas de vários Comitês Olímpicos Nacionais foram violados na preparação para os Jogos de Pequim em 2008, por exemplo. A McAfee não quis comentar sobre a possibilidade de a China ser a responsável pelos ataques. Reuters

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Acesso a Internet é direito de todos

ONU afirma que acesso à internet é um direito humano. Relatório pede que países não bloqueiem o acesso à rede. ‘Acesso deve ser mantido mesmo em manifestações’, diz comunicado. A Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta sexta-feira (3) que o acesso à internet é um direito humano e que desconectar a população da web viola esta política. O relatório criticou França e Reino Unido, que aprovaram leis para bloquear o acesso de pessoas que não cumprem acordos de direitos autorais na web, e também países que impedem o acesso às redes sociais para reduzir protestos da população contra governos. “Enquanto bloquear ou filtrar o acesso de usuários à conteúdos específicos da web, alguns países tomam medidas para cortar o acesso por completo da rede”, diz o comunicado. A ONU considera o corte ao acesso à internet, independentemente da justificativa e incluindo violação de direitos de propriedade intelectuais como motivo, “uma violação artigo 19, parágrafo 3 º, do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos“. A ONU pede para todos os países que mantenham o acesso à web em todos os momentos, inclusive durante períodos de instabilidade política, pedindo que os países revejam suas leis de direitos de propriedade intelectual para que não bloqueiem o acesso de usuários. O comunicado da ONU foi publicado no mesmo dia em que uma empresa de vigilância da internet relatou que dois terços do acesso à internet da Síria se apagaram, o que seria uma resposta do governo do país para as manifestações da população. G1 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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A maconha e a inusitada comemoração dos 80 anos de FHC

A maconha e a inusitada comemoração dos 80 anos de FHC ¹ É inusitado um senhor comemorar seus oitenta anos defendendo a regularização da maconha. Quase impensável, dada a correlação entre quanto mais idoso mais conservador. Inusitado Fernando Henrique. Como se não bastasse o lançamento do filme Quebrando Tabu em São Paulo, ontem, lança de novo, segunda no Rio. No meio da semana vai a Nova York. Entregará ao Secretário Geral das Nações Unidas relatório com esta exata sugestão: é preciso que cada país deixe de ter medo e enfrente e regularize o plantio, o uso, a cura e o controle da maconha. E de outras drogas. Este inusitado aniversário pode ser explicado. O aniversariante é político profissional. Como candidato a cargos políticos majoritários dificilmente poderia tocar no tema da maconha. Tema polêmico. Divide o eleitorado. Candidatos em geral fogem de temas que dividem. Preferem temas que agreguem. Somem votos. Temas como aborto, direitos homossexuais, maconha são temas fantasmas. Assustam eleitores. Famílias têm medo. Qualquer pesquisa de opinião hoje no Brasil mostra que a maioria do eleitor é contra a legalização do aborto, o reconhecimento dos direitos homossexuais, ou a regularização da maconha. Não é por menos que a Presidente Dilma já se declarou de antemão conservadora nestes temas. Ser conservador culturalmente é ainda politicamente cauteloso.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Mas há vida política além do voto. A vocação de participar dos destinos da polis, seu país, seu mundo, em geral toma conta do corpo e alma do político. Não o deixa nem aos oitenta anos. Sem precisar agradar o eleitor no curto prazo, o político pode arriscar outro caminho: o de estar certo antes do tempo. Estar certo antes do tempo é a única saída possível. É não se abdicar. A comemoração inusitada também se explica porque antes do político, veio o sociólogo. Especialista não em dizer como a sociedade deveria ser. Mas como a sociedade de fato é. Nem se assusta nem pode ter medo dos fatos. A atual política de combate ao tráfico de drogas não diminuiu o consumo, não impede a destruição dos jovens, nem a vertiginosa ascensão política e financeira dos traficantes nas cidades. É retumbante fracasso. Não se obtêm resultados diferentes, insistindo nas mesmas políticas. Mudar é preciso. A inusitada comemoração se explica. Baseia-se em três constatações: a continuação da vocação política sem depender do eleitor, a evidência de que a atual política é fracasso retumbante, e a necessidade da sociedade não se paralisar. E mudar. ¹ Joaquim Falcão/blog do Noblat

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Onde foi parar a tal da mudança climática?

Para quem acompanha o assunto, 2011 vem sendo incomum, pouco se falou em mudanças climáticas. E isso, no rasto do encontro de Cancún – considerado um sucesso relativo, após o fracasso de Copenhague, mesmo tendo deixado em aberto questões essenciais. E até agora, não faltaram enchentes e eventos meteorológicos extremos ao redor do mundo que diferentemente dos anos anteriores, não levaram a discussão de volta às manchetes. Tudo bem, no Brasil, o assunto do ano no meio ambiente – de mérito inquestionável – tem sido a reforma do Código Florestal. Mas onde estão os discursos de líderes mundiais prometendo mudanças para proteger o planeta das mudanças climáticas? Alguns até disseram que iriam investir pesado em energias renováveis, entre eles a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. O motivo? Bem, o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, assustou países que dependem em grande parte da energia nuclear. Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu uma longa entrevista à BBC. Quase meia hora sobre quase todos os assuntos. Quase, porque não disse sequer uma vez as palavras: “mudança climática” ou mesmo “aquecimento global”. Enquanto isso, os chamados “céticos” continuam a expressar as suas opiniões – raramente baseadas em ciência robusta, mas ocupando o espaço que a imprensa lhes dá. Apesar do barulho que fazem, pouca coisa mudou no consenso da comunidade científica em torno do assunto, como mostrou um estudo australiano nesta semana (uma das poucas vezes em que mudança climática foi manchete neste ano). Por onde anda a opinião pública? Essa é a pergunta que me faço. Considerando que pesos-pesados da política, que costumam pagar pequenas fortunas para saber o que os seus eleitores pensam, não têm tocado no assunto – Obama falou no máximo em política energética -, seria errado supor que o assunto ficou impopular? Na semana que vem, representantes dos países que participam da convenção da ONU sobre mudança climática (UNFCCC) voltam a se reunir em Bonn para diminuir as distâncias entre as posições dos 192 países. Afinal, em dezembro, um novo encontro sobre o clima, dessa vez na África do Sul, deveria alinhavar um acordo global. Alguém ainda se importa? Eric Camara/BBC

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Brasil, direitos humanos e os Aiatolás

A presidente Dilma, como se diz na linguagem popular, parece estar iniciando um “revertério, na política externa brasileira. Apesar da ainda inexplicável presença de Marco Aurélio “Top-Top” Garcia na assessoria de D. Dilma, a ‘real politik’ prevalece sobre os desvairos ideológicos. Mesmo antes de assumir, recentemente eleita, a presidente Dilma marcou posição sobre o controverso tema: “Não concordo com as práticas medievais características que são aplicadas quando se trata de mulheres. Não há nuances e eu não farei nenhuma concessão em relação a isso”. “Não concordo com o modo como o Brasil votou. Não é a minha posição”. Ave! O Editor Brasil muda de rumo, vota contra Irã na ONU e irrita regime dos aiatolás [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Após dez anos de atuação diplomática que poupou Teerã de censura em fóruns internacionais sobre direitos humanos, País dá sinal de que o Itamaraty agirá com menos condescendência em relação a Estados que promovam violações de garantias individuais Marcando uma mudança importante na atuação da diplomacia brasileira, a representação do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU votou ontem em favor de uma proposta, patrocinada por EUA e Europa, que determina o envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã. O regime iraniano reagiu irritado. A diplomacia iraniana acusou o País de “dobrar-se” à pressão dos EUA e insinuou uma traição. Argélia, Paquistão e outros países islâmicos também atacaram a posição brasileira. A nova posição do Brasil – antecipada na véspera pelo Estado – , que nos últimos dez anos havia poupado o regime iraniano de censura em fóruns internacionais, foi comemorada por ONGs e países ocidentais. A proposta foi aprovada com 22 votos a favor e 7 contra, com 14 abstenções. Entre os aliados do Irã estavam Cuba, China e Paquistão. A esperança de Teerã era de que o governo brasileiro se abstivesse, repetindo o padrão de votação durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva – que havia buscado intensificar a aproximação com o Irã para se apresentar até mesmo como mediador na questão nuclear entre Teerã e Washington. Ontem, o mal-estar na relação com o Irã ficou explícito. “É mesmo lamentável ver o Brasil adotar essa posição”, afirmou o embaixador do Irã na ONU, Sayad Sajjadi. “Não esperávamos isso do Brasil”, disse. Na segunda-feira, um dia depois da saída de Barack Obama do Brasil, o iraniano pediu uma reunião com a missão brasileira em Genebra, justamente para pressionar por uma mudança de posição. Seu recado foi de que Brasília não poderia fazer parte da campanha americana. Mas não foi ouvido. Em seu discurso ontem à ONU, Sajjadi acusou a resolução de fazer parte de uma “campanha política organizada pelos EUA”. “Mais uma vez, o tema de direitos humanos tem sido manipulado para defender os interesses de alguns”, alertou. Segundo ele, são os EUA os maiores responsáveis por violações no mundo, citando o apoio a Israel, guerras no Iraque e Afeganistão e prisões secretas pelo mundo. “Queremos manter o diálogo e esperávamos que a ONU fosse o lugar para isso. No Irã, estamos trabalhando pelos direitos da população e isso tem florescido”, alegou, contradizendo o relatório do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon que aponta que a repressão tem sofrido uma alta preocupante no Irã. Questionado se a relação comercial com o Brasil e a eventual participação na negociação nuclear seria afetada, o embaixador não foi otimista. “Isso é o que teremos de ver agora”, alertou. A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, minimizava o voto e se esforçava para convencer de que o voto não era contra o Irã nem uma admissão dos erros do governo Lula. “É um voto a favor do sistema, não é um voto que é contra o Irã”, disse. Segundo ela, o voto é ainda “coerente” com as posições que o país tem defendido na ONU. “Estamos dizendo a todos os países da ONU que a abertura para o sistema, receber visitas e dialogar é importante”, apontou. Para ela, o governo Dilma insistirá que todos os países terão de ter um mesmo tratamento. Mahmoud Ahmadinejad mantinha a relação com o Brasil como prova de que nem todo o mundo ocidental e democrático era contra o Irã. Mas nos primeiros dias do governo de Dilma – que em declarações públicas e entrevistas posicionou-se de forma contrária à sentença de apedrejamento da prisioneira iraniana Sakineh Ashtiani e deixou claro que não transigiria em temas de direitos humanos -, os iranianos já haviam se mostrado irritados com a presidente. Há um mês, em entrevista ao Estado, o chanceler iraniano confirmou atritos na relação bilateral. Ontem, Mohammad Reza Ghaebi, negociador iraniano para temas de direitos humanos, foi ainda mais duro: “Neste momento que o Brasil deveria mostrar que é um país independente, e não um país pequeno que se curva aos interesses dos EUA”, acusou. “É lamentável. Era uma questão de princípios”, afirmou. Orientado pessoalmente pela presidente, a ordem do Itamaraty era a de mostrar que o Brasil terá uma nova posição sobre direitos humanos. Outra constatação do País foi de que as oportunidades já foram dadas ao Irã por anos e Teerã não as aproveitou. Do lado iraniano, porém, o sentimento de traição não vem por acaso. Na última década, o governo brasileiro se absteve ou votou contra todas as resoluções que condenavam o Irã. No ano passado, o Brasil foi um dos dois únicos países a não apoiar sanções contra Teerã por seguir com seu programa nuclear. No final de 2010, o Brasil absteve-se numa resolução que condenava o apedrejamento no Irã. Na ocasião, o ex-chanceler Celso Amorim alegou que “não votaria para agradar à imprensa”. Ontem, apenas ditaduras votaram em favor do Irã. Países islâmicos, que durante o governo Lula foram poupados de críticas por parte do Itamaraty, também não economizaram críticas ao Brasil. “O novo governo brasileiro está votando para agradar à opinião pública interna e ao Ocidente, não para mudar a vida dos iranianos”, afirmou o embaixador da Argélia na ONU, Idriss Jazairy.

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A marcha da insensatez – Desmatamento na Amazônia

Amazônia perdeu o equivalente a 94% do território da Venezuela em cinco anos, diz ONU RIO – O Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) informa que, entre 2000 e 2005, foram queimados ou destruídos 857 mil km² de árvores – o equivalente a 94% do território da Venezuela. Segundo a ONU, 17% da Floresta Amazônica foram destruídos em toda a História do Brasil, e não em um período de cinco anos, conforme noticiou o jornal francês “Le Monde” na quinta-feira. O relatório, chamado de GEO Amazônia, foi elaborado durante dois anos com técnicos de oito países e será divulgado na reunião mundial do Pnuma em Nairobi (Quênia) no dia 16 de fevereiro. O texto chama a atenção para a necessidade de um modelo de desenvolvimento sustentável, devido ao avanço populacional e uso dos recursos naturais da região. A publicação cita o exemplo do crescimento da rede viária brasileira, que se multiplicou por dez em trinta anos (1975-2005). Imazon: dado do Pnuma sobre Amazônia deve ser ‘equívoco’ O dado divulgado pelo Pnuma, de 857 mil quilômetros quadrados devastados em cinco anos, deve ser um “erro”, segundo o pesquisador Paulo Barreto do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia). Isto porque a estimativa do desmatamento histórico na Amazônia Legal brasileira é de cerca de 700 mil quilômetros. – Deve ter algum equívoco. Esse dado de 857 mil quilômetros só faz sentido no contexto do acumulado histórico, não somente esse período – disse Barreto. Estimativas do Inpe para as últimas duas décadas (1988-2008) somam um total de área desmatada de cerca de 369 mil quilômetros quadrados. Em junho do ano passado, o IBGE estimou em 15% o total de desmatamento acumulado na floresta amazônica. O Ministério do Meio Ambiente não comentou os dados divulgados sobre o relatório do Pnuma, chamado “GEO Amazonia”, que será lançado na reunião mundial do organismo em Nairobi (Quênia) no dia 16 de fevereiro. Outras organizações ambientalistas não comentaram o estudo porque ainda não foi publicado oficialmente. do O Globo

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Economia: Brasil supera o México na captação de recursos

Enquanto a crise aperta, por um desses insondáveis mistérios da economia, o Brasil, zil, zil, vai caminhando contra o vento. Apesar ou por causa do apeduta? O Brasil bateu o recorde de captação anual de investimentos estrangeiros diretos (IED) em 2008. O fluxo foi de US$ 41,7 bilhões, a maior cifra já registrada. A alta foi de 20,6% em comparação aos US$ 34,6 bilhões do ano precedente, de acordo com a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). O resultado do Brasil vai em direção contrária à tendência mundial, cujo fluxo caiu 21%. Segundo a agência da ONU, parte foi resultado de fusões e aquisições, que cresceram 13,6% no país, totalizando US$ 9,7 bilhões em 2008 contra US$ 8,6 bilhões no ano precedente. O fluxo de IED para o Brasil deve cair este ano, sem surpresa. O Banco Central trabalha com estimativa de US$ 30 bilhões. Em 2008, o fluxo de investimento estrangeiro ficou em torno dos US$ 37 bilhões – marca recorde. A Unctad vê boas oportunidades nos mercados emergentes para atrair investidores mesmo em meio da crise. Mas alerta que as políticas de investimentos adotadas pelos governos tem um papel central para isso. Assis Moreira, de Genebra – VALOR Online Investimento global cai 21% em 2008

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Guerras, governantes e órgãos de inteligência

Fica patente que, apesar da história ser escrita pelos vencedores, o avanço da tecnologia na divulgação mais ampla e imparcial dos fatos, vai proporcionado à humanidade a possibilidade de, mais acuradamente, formar opinião mais isenta sobre a história contemporânea. A internet proporciona o acesso a informação não necessariamente escrita nos gabinetes da ditas agências de “inteligência”. Diabólicos Nesses tempos de crise e de guerras, sugiro uma parada estratégica para ler “Curveball” (Editora Novo Conceito, 270 páginas), do jornalista norte-americano Bob Drogin, já traduzido para o português. Você vai encontrar ali, detalhe por detalhe, a novela completa e chocante de como os órgãos de inteligência dos Estados Unidos conduziram George W. Bush e Colin Powell ao desastre da guerra do Iraque. Porque queriam ser conduzidos… Com Israel jogando bombas sobre escolas da ONU e sobre cabeças de mulheres e crianças, ameaçando transformar a faixa de Gaza no “maior cemitério do mundo”, como se tem dito, um foco do livro se torna cruelmente atual: os órgãos de inteligência – ou melhor, de espionagem – dos EUA, da Alemanha, da Inglaterra e de Israel trocam informações o tempo inteiro. Trabalham unidos. E erram unidos . Azar dos adversários comuns. No caso norte-americano, é assustador, petrificante, saber como eles produziram uma teia imensa de órgãos de espionagem que, em vez de se completarem, disputam entre si e fazem ouvidos moucos a tudo o que contraria o que eles próprios querem ver, ler, ouvir. Há a Cia, civil, a Dia, militar, o serviço Humint (que cuida de agentes desertores) da Dia, a NSA (Agência de Segurança Nacional). Sem contar que a própria ONU é infestada de agentes. Cada um desses órgãos corre para um lado, como linhas paralelas. O BND, da Alemanha, “descobriu” um desertor iraquiano (apelidaram-no de “Curveball”) que era engenheiro e se dizia importantíssimo, um peixe n’água nos escalões que projetavam e executavam umas tais “fábricas móveis” de produção de diabólicos agentes biológicos para disseminar antraz, toxina botulínica, cólera e sabe-se mais o que contra exércitos e populações inimigas. Desde o início havia indícios mais do que suficientes de que o tal cara era um amalucado, mentiroso contumaz, que adaptava suas histórias mirabolantes ao gosto do freguês, ou seja, dos agentes alemães. Ele era viciado em internet, colhia dados sobre agentes biológicos em documentos da própria ONU e falava o que eles, na verdade, queriam ouvir. Construía uma versão. Eles compraram alegremente. Os depoimentos eram em árabes e traduzidos para o alemão, o que já é uma ginástica. Depois, eram traduzidos novamente, desta vez para o inglês. No fim, viravam resumos aproveitando só o “sumo” do que ele dissera. Sem, portanto, todas as ressalvas, as dúvidas, as incongruências. E eram assim que desembarcavam nos altos escalões políticos de Washington. Os alemães nunca abriram o verdadeiro nome da “fonte” para os americanos nem permitiram que eles os entrevistassem diretamente antes da guerra. Pasme! Colin Powell foi ao Conselho de Segurança da ONU com um discurso que varou o mundo e entupiu as telas de TV justificando a invasão do Iraque com base numa única fonte, ao qual os EUA nunca tiveram acesso e da qual nem sequer sabiam o nome. É possível? Foi. O governo Bush invadiu o país alheio, gastou bilhões de dólares, matou milhares de iraquianos e de americanos com base no disse-que-disse. Depois, se viu que o Iraque, coitado, não tinha armas atômicas, nem armas químicas, muito menos armas biológicas. Era tudo pura estória da carochinha. Crianças acreditam em Papai Noel. O governo Bush quis acreditar em “Curveball” (bola com efeito), o iraquiano biruta e oportunista que estava louco para ganhar uma Mercedes dos alemães. O único (e grande) pecado iraquiano era Saddam Hussein, o ditador sanguinário que acabou humilhado e enforcado. Mas este não era um problema da Casa Branca. Muito menos lhe dava o direito de invadir a casa alheia. Bem, mas leia o livro. É imperdível, principalmente agora que as grandes potências assistem de braços cruzados Israel reagir “desproporcionalmente”, como todos admitem, aos “terroristas” do Hamas e a seus foguetes de fabricação praticamente caseira. A guerra do Oriente Médio é daquelas em que os dois lados têm razão, e nenhum dos dois lados tem razão nenhuma. Falta dialogar. Mas quem está por trás deles é infinitamente culpado. Força é poder. E força inebria, embriaga e pode gerar tragédias que marcam a história de pessoas, de famílias, de países e do próprio mundo para sempre. O pior disso é que a força, nesses nossos tempos, vem de informações de órgãos e pessoas completamente irresponsáveis e fora de si. A guerra do Iraque é um escândalo. Mas será que alguém aprendeu alguma coisa com ela? por Eliane Catanhede – Folha Online

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Judeus e Palestinos. Correspondências

Para ajudar a entender um pouco mais sobre as divergências, milenares, que confrontam judeus e palestinos, transcrevo abaixo correspondência trocada entre simpatizantes das duas causas no Brasil. As cartas trocadas entre o presidente da Conib – uma das organizações existentes no Brasil e que se manifesta em nome da comunidade judaica –  e o presidente da ONG ABC Sem Racismo. Prezado Senhor Cláudio Lottenberg, Presidente da CONIB Não sou um ativista anti-judeu. Ao contrário: sou um admirador da luta do povo judeu e de sua milenar história. Mais do que isso: me considero um parceiro do povo judeu na luta contra o racismo e qualquer espécie de discrimnação. Mas, por favor, me responda: como é possível que um povo que há menos de cem anos foi vítima de crimes contra a humanidade como o holocausto praticados pelo nazismo, possa estar, precisamente hoje, repetindo os mesmos crimes, com a mesma crueldade, contra um povo inteiro – o palestino? As imagens falam mais forte do que mil palavras e de nada adianta a propaganda do seu Exército mostrar ao mundo que se trata apenas de uma guerra contra o Hamas, a quem o seu Governo e Bush acusam de terrorista. Os mortos, às centenas, senhor Lottenberg, são na sua maioria civis – homens, mulheres e crianças desarmadas. Como explicar esse crime às gerações futuras, senhor Lottenberg? Como poderá o povo judeu continuar falando de holocausto, quando transformou a Palestina, há décadas, em verdadeiro campo de concentração, com todos os requintes a que a crueldade humana pode chegar? Porque o seu Exército e os seus Governos sistematicamente, sob proteção americana, descumprem Resoluções da ONU que asseguram o direito inalienável do povo palestino ao seu Estado, onde possa viver em paz e em segurança? Por que o seu Governo recusa-se ao cessar fogo proposto pela União Européia? É apenas para ganhar tempo para perpretar o massacre contra civis indefesos? Estamos todos cansados, senhor Lottenberg, da sua propaganda. Quando jovem eu e muitos da minha geração ficamos alarmados com as imagens de Sabra e Chatila, o senhor se lembra? Também lá, homens, mulheres e crianças palestinas foram vítimas de um verdadeiro massacre, praticados sob o comando do seu Exército. Na época, senhor Lottenberg, o Hamas sequer existia. Assim como não há propaganda capaz de apagar as imagens da resistência judaica no gueto de Varsóvia; assim como não há palavras para descrever os sofrimentos do seu povo, Senhor Lotenberg, nos campos de concentração sob o nazismo; tampouco há propaganda e ou palavras que possam apagar os crimes contra a humanidade que hoje são praticados à luz do dia e sob as câmeras de TV pelo seu Exército. Protegido, apoiado e amparado pelas vítimas de ontem! Chega! Basta de mentira e de hipocrisia! Cordialmente, Dojival Vieira Jornalista Responsável pela Afropress – www.afropress.com Presidente da ONG ABC SEM RACISMO Fones: 9647-7322 Resposta do presidente da CONIB Prezado Senhor Dojival: Agradeço que me escreva e fico feliz que o senhor seja um admirador, como assim se manifesta, do povo judeu e de sua historia milenar, colocando-se como um verdadeiro parceiro na luta contra o racismo. Ao tomar a liberdade de me escrever também tomo à liberdade de lhe contestar a luz da sugestão de que o senhor aprofunde o seu conhecimento no sentido de admirar de forma consistente, baseado em fatos concretos, e não alimentado por informações isoladas e não verdadeiras como o senhor aqui coloca. A historia relativa ao Estado de Israel tem dados sobre os quais eventualmente o senhor desconheça. Em 1948 este Estado foi criado com a participação decisiva do brasileiro Osvaldo Aranha e, desde então uma longa historia vem acontecendo. Acordos são realizados e desrespeitados, diálogos são interrompidos e acredite que nos desaponta muito que o caminho da paz ainda não tenha sido atingido. Comparar a situação da Faixa de Gaza com o Holocausto reflete um desconhecimento absoluto acerca dos dois episódios. O Holocausto foi fruto de uma indiferença de uma sociedade que condenou um povo à morte, liderado por um grupo minoritário. Este povo não caminhava com morteiros, não lançava foguetes e não matou civis, como é o caso daquilo que ocorreu na faixa de Gaza. Estes civis que morreram no Holocausto não morreram por serem terroristas ou por quererem a exterminação de um povo. Morreram por serem judeus. Em 2005, Israel se retirou da Faixa de Gaza e entregou conforme acordado a região a Autoridade Palestina. Esta foi aos poucos lateralizada pelo braço terrorista Hamas, que é assim denominado pela União Européia e pelos EUA que progressivamente iniciou estimulado pelo Iran, um processo de agressões sistemáticas aos israelenses, moradores da região vizinha a Faixa de Gaza. Foguetes e morteiros eram lançados diariamente, civis assassinados e Israel inutilmente avisava que tomaria medidas caso isto não fosse interrompido. O Hamas, braço terrorista, coloca claramente que com Israel não há dialogo e que Israel deve ser destruído, e que, portanto mesmo os acordos previamente realizados não têm valor. Optou, portanto, em manter os ataques aos civis e aí, efetivamente, não haveria alternativa que não aquela tomada legitimamente de defesa. Cabe a toda estrutura de Estado garantir a segurança de seus cidadãos e exigir que seus vizinhos tenham um comportamento adequado. Portanto deixo claro ao senhor que a comparação com o Holocausto é no mínimo um reflexo de falta de sensibilidade, de desrespeito e que suas informações sobre a Faixa de Gaza são incompletas e fruto de manchetes de jornal isoladas de um contexto maior. Quero lhe dizer mais uma coisa. Sou brasileiro e, portanto peço ao senhor respeito, pois meu julgamento é acerca de um comportamento de uma situação internacional, mas o meu governo é o governo brasileiro assim como o seu. Portanto, faça suas observações, mas não me cobre como o senhor assim o faz, pois a minha contribuição junto a este país tem sido enorme bastando que o senhor levante parte das atividades que desenvolvi. Acho que este cuidado que o senhor não teve, reflete o perfil de uma pessoa que por sua

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Dershowitz: Ação militar israelense é legítima

Por ser plural, e democrático, o blog abre espaço para todas as opiniões e, assim, não faz juízo de valor a respeito das manifestações dos contrários. A mídia,  – não vejo nenhum problema em que um órgão tome partido, desde que assim se declare – geralmente só divulga um lado da questão. Cabe aos blogs, por independentes, levar aos leitores informações isentas, oriundas das partes envolvidas no conflito. Jurista diz que invasão da Faixa de Gaza é necessária e que Israel defende seu direitos Alan M. Dershowitz*, no Estadão A ação militar israelense em Gaza é totalmente justificada de acordo com o direito internacional, e Israel deveria ser elogiado por seus atos de defesa contra o terrorismo internacional. O Artigo 51 da Carta da ONU reserva às nações o direito de agir em defesa própria contra ataques armados. A única limitação é a obediência ao princípio de proporcionalidade. As ações de Israel certamente atendem a esse princípio. Quando Barack Obama visitou a cidade de Sderot no ano passado viu as mesmas coisas que eu vi em minha visita de março. Nos últimos quatro anos, terroristas palestinos dispararam mais de 2 mil foguetes contra essa área civil, na qual moram, na maior parte, pessoas pobres e trabalhadores. Os foguetes destinam-se a fazer o máximo de vítimas civis. Alguns por pouco não acertaram pátios de escolas, creches e hospitais, mas outros atingiram seus alvos, matando mais de uma dúzia de civis desde 2001. Esses foguetes lançados contra alvos civis também feriram e traumatizaram inúmeras crianças. Os habitantes de Sderot têm 15 segundos, desde o lançamento de um foguete, para correrem até um abrigo. A regra é que todo mundo esteja sempre a 15 segundos de um abrigo. Os abrigos estão em toda parte, mas idosos e pessoas com deficiências muitas vezes têm dificuldade para se proteger. Além disso, o sistema de alarme nem sempre funciona. Disparar foguetes contra áreas densamente povoadas é a tática mais recente na guerra entre os terroristas que gostam da morte e as democracias que amam a vida. Os terroristas aprenderam a explorar a moralidade das democracias contra os que não querem matar civis, até mesmo civis inimigos. Em um incidente recente, a inteligência israelense soube que uma casa particular estava sendo usada para a produção de foguetes. Tratava-se evidentemente de alvo militar. Mas na casa morava também uma família. Os militares israelenses telefonaram, então, para o proprietário da casa para informá-lo de que ela constituía um alvo militar e deram-lhe 30 minutos para que a família saísse. O proprietário chamou o Hamas, que imediatamente mandou dezenas de mães com crianças no colo ocupar o telhado da casa. Nos últimos meses, vigorou um frágil cessar-fogo mediado pelo Egito. O Hamas concordou em parar com os foguetes e Israel aceitou suspender as ações militares contra os terroristas. Era um cessar-fogo dúbio e legalmente assimétrico. Na realidade, era como se Israel dissesse ao Hamas: se vocês pararem com seus crimes de guerra matando civis inocentes, nós suspenderemos todas as ações militares legítimas e deixaremos de matar seus terroristas. Durante o cessar-fogo, Israel reservou-se o direito de empreender ações de autodefesa, como atacar terroristas que disparassem foguetes. Pouco antes do início das hostilidades, Israel apresentou ao Hamas um incentivo e uma punição. Israel reabriu os postos de controle que haviam sido fechados depois que Gaza começou a lançar os foguetes, para permitir a entrada da ajuda humanitária. Mas o primeiro-ministro de Israel também fez uma última e dura advertência ao Hamas: se não parasse com os foguetes, haveria uma resposta militar em escala total. Os foguetes do Hamas não pararam, e Israel manteve sua palavra, deflagrando um ataque aéreo cuidadosamente preparado contra alvos do Hamas. Houve duas reações internacionais diferentes e equivocadas à ação militar israelense. Como era previsível, Irã, Hamas e outros que costumam atacar Israel argumentaram que os ataques do Hamas contra civis israelenses são totalmente legítimos e os contra-ataques israelenses são crimes de guerra. Igualmente prevista foi a resposta da ONU, da União Europeia, da Rússia e de outros países que, quando se trata de Israel, veem uma equivalência moral e legítima entre os terroristas que atingem civis e uma democracia que responde alvejando terroristas. A mais perigosa dessas duas respostas não é o absurdo alegado por Irã e Hamas, em grande parte ignorado pelas pessoas racionais, e sim a resposta da ONU e da União Europeia, que coloca em pé de igualdade o assassinato premeditado de civis e a legítima defesa. Essa falsa equivalência moral só encoraja os terroristas a persistir em suas ações ilegítimas contra a população civil. *Alan Morton Dershowitz é advogado, jurista e professor da Universidade Harvard PROPORCIONALIDADE

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