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Haiti e ONGs

A ajuda que não ajuda Três anos depois do terremoto que destruiu o Haiti, o mundo descobriu que os bilhões arrecadados pela indústria das ONGs fazem mais bem a elas mesmas do que aos pobres Fabiane Stefano, de  Ajuda humanitária chega ao Haiti: ainda hoje 360.000 vivem em tendas no país Win McNamee/Getty Images São Paulo – Nos últimos 40 anos, os países ricos direcionaram nada menos que 5 trilhões de dólares em ajuda humanitária no mundo. Num primeiro momento, a caravana do bem foi festejada como a solução para a pobreza e os flagelos na África, na Ásia e na América Latina. O tempo passou e as promessas de um mundo livre de miseráveis não se concretizaram — ainda hoje 1,3 bilhão de pessoas vivem com menos de 1,25 dólar por dia. E a ajuda humanitária internacional, que movimentou cerca de 136 bilhões de dólares em 2011, passou a ser vista cada vez com mais descrédito.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O exemplo mais recente de que boas intenções e muito dinheiro não são suficientes vem do Haiti. Três anos depois do terremoto que destruiu o país e com 9 bilhões de dólares gastos em ajuda humanitária, o Haiti continua a viver sob o caos. Ainda hoje, 360.000 pessoas vivem em tendas em campos de desabrigados na capital, Porto Príncipe. Mais de 80% da população não tem acesso a água potável. Um livro publicado em janeiro, The Big Truck That Went By: How the World Came to Save Haiti and Left a Disaster Behind (“O caminhão que passou: como o mundo veio salvar o Haiti e deixou para trás um desastre”, numa tradução livre), do jornalista americano Jonathan Katz, ilustra bem a triste realidade do país. Katz foi correspondente da agência de notícias Associated Press durante quatro anos no Haiti e acompanhou os reforços de reconstrução. Seu relato é desalentador. Katz descreve a rotina burocratizada do trabalho humanitário, a falta de coordenação nas operações e o desperdício de dinheiro. O jornalista cita o exemplo do americano Mike Godfrey, experiente funcionário da USAid, a agência americana para o desenvolvimento internacional. Nas semanas seguintes ao terremoto, Godfrey participou de longuíssimas reuniões para apresentar procedimentos burocráticos a voluntários que ficariam apenas algumas semanas no país. Maior desastre natural enfrentado pela Organização das Nações Unidas, o terremoto no Haiti também é o evento que mais arrecadou ajuda humanitária no mundo. Já foram angariados 13 bilhões de dólares, sendo que 9 bilhões foram desembolsados — os 4 bilhões restantes serão aplicados até 2020. O dinheiro arrecadado é quase o dobro do custo estimado da tragédia, de 7,8 bilhões de dólares. “O grande problema do Haiti é que o país virou uma república de organizações não governamentais”, diz a pesquisadora Vijaya Ramachandran, do Centro para o Desenvolvimento Global, de Washington. “As ONGs captam o dinheiro, mas não têm capacidade de coordenar a construção de rodovias ou de infraestrutura de energia.” Estima-se que mais de 1.000 ONGs operem no país hoje, com enorme sobreposição de atividades entre elas. Outro problema recorrente envolvendo as ONGs é a falta de transparência na aplicação dos recursos. De cada 100 dólares que elas gerem no país, apenas 2 dólares (sim, 2 dólares) são rastreados e sua aplicação é conhecida. Um convite ao desperdício e ao desvio de verbas. O mundo das ONGs é extremamente heterogêneo. Há organizações sérias que sabem o que estão fazendo. Também há gente bem-intencionada que faz tudo errado. E há ainda a turma que se aproveita do drama alheio para faturar. No Haiti, o rapper celebridade Wyclef Jean, nascido no país e criado nos Estados Unidos, foi um dos que acabaram no terceiro grupo. Sua fundação, a Yele Haiti, foi acusada de alocar no país apenas um terço dos fundos arrecadados. O cantor é uma figura tão popular no país que até foi cogitado que ele poderia concorrer à Presidência (a candidatura não foi para a frente porque Jean não era residente no Haiti). No fim do ano passado, a Inglaterra e a Irlanda suspenderam a ajuda humanitária a Uganda porque 15 milhões de dólares que deveriam patrocinar programas de desenvolvimento acabaram na conta-corrente do primeiro-ministro do país. Indústria da filantropia A ajuda humanitária não é uma invenção do século 20 (a caridade religiosa nasceu praticamente junto com o cristianismo). A diferença é que nas últimas décadas ela se transformou num setor da economia global. Estima-se que existam 70.000 ONGs com atuação internacional. O atual modelo de ajuda humanitária se popularizou no final dos anos 60 com a guerra civil de repressão a Biafra, Estado com pretensões separatistas ao sul da Nigéria. Biafra foi o primeiro conflito na África a ser televisionado. Os milhões de crianças espremidas entre a guerra e a fome comoveram o mundo e mobilizaram voluntários ao redor do planeta. Aí, o dinheiro começou a fluir. Até hoje, a África é o principal destino dos recursos da ajuda humanitária. Em 2011, as doações ao continente somaram 49 bilhões — 37% do total angariado.  Na Índia, onde a indústria da filantropia também prospera, há 3,3 milhões de entidades não governamentais nacionais — uma para cada 400 habitantes. Esses dados têm levado a um número crescente de céticos quanto à eficiência da aplicação dos recursos. “A ajuda humanitária  não vai tirar nenhum país da pobreza”, diz o ativista de direitos humanos David Rieff, que escreveu em 2002 o livro A Bed for the Night: Humanitarianism in Crisis (“Cama por uma noite: o humanitarismo em crise”, numa tradução livre). “Apenas um governo estruturado com uma economia funcionando desenvolve um país.” Sem isso, não há bilhões que resolvam as agruras dos países pobres. Fabiane Stefano, de  

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ONU e o controle da Internet

A ONU praticamente enterrou a proposta do Brasil de levar o controle da internet para uma entidade internacional e tirar das mãos da Icann, empresa com sede na Califórnia. O novo secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Hamadoun Touré, anunciou que sua agência – ligada à ONU – não tem qualquer intenção de passar a administrar a rede e acredita que a criação de um novo fórum geraria controvérsias. Brasil, Índia, China e outros países emergentes vêm pedindo desde 2003 que a forma de governar a internet seja democratizada e que não fique apenas nas mãos da Icann, empresa que ainda conta com um acordo com o governo americano. Uma das propostas era de que um fórum internacional fosse estabelecido com a participação de vários países, preferencialmente ligado à UIT. O tema foi alvo de um debate na Cúpula Mundial da Sociedade da Informação em 2005. Mas, diante da oposição dos Estados Unidos, a ONU optou por criar um grupo de trabalho para estudar o caso. Na primeira reunião desse grupo, em novembro, o tema da democratização sequer entrou na agenda. O próximo encontro ocorre neste ano no Brasil e o governo tentará recolocar o tema na agenda.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] “Não é minha intenção tomar conta da internet”, afirmou Touré. “As questões levantadas pelo Brasil precisam ser analisadas, talvez por um acordo internacional. Mas não acredito que a UIT seria o local para isso ser tratado”, disse o secretário-geral, que nesta semana começou seu mandato depois de derrotar o candidato brasileiro, Roberto Blois, nas eleições para liderar a organização. Para Touré, do Mali, sua organização nem mesmo teria os recursos necessários para ser o local de governança da internet. “Não vamos ser voluntários para esse trabalho”, disse. Questionado então onde o tema da democratização da internet poderia ser levado, confessou que não tinha uma resposta. Para o novo chefe da agência da ONU, criar um novo fórum envolvendo as várias entidades que já lidam com o assunto seria “muito controvertido”. “Não há nem mesmo um acordo sobre o que quer dizer governança na internet”, alertou. Para ele, cada entidade tem seu papel nos avanços da rede mundial de computadores. “A UIT quer participar do desenvolvimento da internet, mas no debate sobre infra-estrutura e acesso à tecnologia.” O foco da gestão de Touré, porém, será a segurança da rede, um tema também defendido pelo governo dos Estados Unidos diante do temor do uso da internet por grupos terroristas. Ciberguerra Touré defende que os países fechem um acordo internacional, envolvendo ainda as empresas, para garantir a “paz no ciberespaço”. “Não há desenvolvimento sem segurança e nem segurança sem desenvolvimento. Temos que evitar uma ciberguerra entre os governos”, disse. “Ninguém seria vencedor, pois todos dependem da rede hoje. Por isso, a internet deve ser um local seguro para todos.” Em 2003, quando foi iniciada a atual guerra no Iraque, os sites iraquianos, todos obrigatoriamente registrados na Icann, nos Estados Unidos, saíram do ar misteriosamente. Até hoje, a empresa, responsável pelo registro de sites no mundo todo, não deu uma explicação sobre o ocorrido. Jamil Chade – Genebra/Agência Estado

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Tópicos do dia – 31/10/2011

10:18:33 Da série: “Ilações de um abestado”. Ou como diz o Millor “livre pensar é só pensar”. Como será que a ONU define precisamente a que hora e local nasceu o habitante heptabilionésimo da humanidade? Eles têm certeza que não nasceu um tapuia, nesse mesmo momento em Xorroxó do Norte? Ou em Krtazschekinskoroviski no Longiquisdistão? Quem está fiscalizando todas as parideiras, em todo o mundo, ao mesmo tempo? 12:54:22 Brasil: da série “só doi quando eu rio”. Ouço blá-blá-blá de neo-ministro sobre a importância do militância partidária no cenário político brasileiro. Conversa pra boi dormir. A esquerda “de araque”, a direita “fazemos qualquer negócio” e muito menos nenhum partido político, possuem qualquer projeto que coloque o país como objetivo. Toda essa corja conspira, em maior ou menor grau, para usufruir ao máximo os recursos do Estado Brasileiro em proveito próprio. Contam com o funesto e irresponsável alienamento do eleitor, esse patriota de copa do mundo! 13:28:33 Impostos. Veja, abaixo, quanto você paga de imposto em alguns produtos e serviços. Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário Home Almoço restaurante – 33,51% Aparelho de Som / TV – 38,00% Batedeira / Liquidificador – 43,64% Bolsa de couro – 42,72% CD – 47,25% Copos – 45,60% DVD – 51,59% Ferro de passar – 44,35% Flores – 18,91% Fogão 4 bocas – 39,50% Geladeira – 47,06% Livro – 13,18% Louça – 45,72% Microcomputador – 25,50% Microondas – 56,99% Moto 125 CC – 49,15% Panelas – 44,47% Quadro de parede – 37,17% Roupas – 37,84% Sapatos – 37,37% Torradeira elétrica – 45,89% Veículo 1.0 – 38,75% 15:32:43 Censura e violência Nada, absolutamente nada, justifica agressão contra a repórter da Globo. Não gosta? Não assista! Contra a censura. Sempre! [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Bin Laden, Kadafi e a civilização cristã ocidental

Continuo comungando com a opinião daqueles que não admitem o funcionamento dos Estados Nacionais fora do Estado de Direito. É inacreditável que as ditas nações ocidentais civilizadas se regojizem com a barbárie. Sem dúvida alguma regredimos. Os judeus tinham, e ainda têm , trilhões de motivos para fazer com os nazistas essa chacina e esse linchamento que se fez contra Kadafi e seu filho. No entanto, capturaram todos os que puderam capturar, vivos, e os levaram a julgamento vivos e preservados. O mundo todo pôde ver os julgamentos que serviram de lição para a humanidade. Embora tudo tenha sido muito terrível o que os nazistas fizeram, a reação dos judeus foi civilizada, pedagógica e didática. O que aprendemos com os linchamentos na Líbia?  O Editor Sem essa de misturar as coisas! O assassinato de Bin Laden nada tem a ver com a execução extrajudicial de Kadafi e seu filho, sob o patrocínio da ONU. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Já escrevi aqui algumas vezes que defendo a eliminação de comprovados líderes terroristas, como Osama Bin Laden e outros de sua laia. É triste? É, sim! Mas não há alternativa. Essas pessoas se organizam para, de modo deliberado, tirar a vida de inocentes. Não declaram uma guerra ao establishment, à ordem ou sei lá a quê. Buscam fragilidades no sistema de segurança para fazer o maior número possível de vítimas. Não há como combatê-los por métodos convencionais. Alguns leitores tentaram ver contradição entre essa opinião e tudo o que tenho escrito sobre a morte de Muamar Kadafi e Mutassin, um de seus filhos. Presos com vida, foram executados pelos ditos rebeldes sem julgamento. Kadafi pai foi humilhado em vida e teve o corpo vilipendiado depois. Num dos vídeos que estão no Youtube, não vou publicá-lo aqui porque há limites para expor mesmo a abjeção alheia, uma daquelas flores da “Primavera Líbia” que enchem de alegria a vida de Arnaldo Abaixo-Bush Jabor, aparece introduzindo um instrumento qualquer no traseiro do ex-ditador, provavelmente uma arma. Vocês sabem como são os “oprimidos” quando se libertam, não é mesmo? E a democracia sodomizando a ditadura… Tenham paciência! Qual a diferença? O comboio em que viajavam Kadafi e seu filho foi alvejado por forças da Otan — no caso, soldados franceses. Eles estão lá com um mandado e um mandato da ONU e deveriam obedecer ao texto da Resolução 1973 do Conselho de Segurança, que já é ambíguo o bastante para permitir abusos. Mas algumas coisas são claras: não podiam atacar a não ser para defender civis — descumpriram esse requisito desde o primeiro dia — e não tinham autorização para matar Kadafi. A ação final da organização cumpriu o rito das outras: seus aviões fizeram o estrago inicial para que os rebeldes avançassem. Um correspondente da Globo nos EUA chamou isso de “não-guerra”… Ora, na prática, quem executou extrajudicialmente Muamar e Mutassin Kadafi foi a Otan — e, dada a cadeia de responsabilidades, foi, pois, a ONU. Os terroristas eliminados costumam ser colhidos de surpresa, e o objetivo é evitar que reajam. O ex-ditador e seu filho já tinham sido feito prisioneiros, estavam desarmados, não tinham como reagir. Qual é? Não havia mais informação a colher da dupla, estavam derrotados, acabados, vencidos. Que sentido faz a tortura e o contínuo vilipêndio do cadáver? O mundo faz seus votos em favor da democracia líbia, e os dois cadáveres continuam expostos na câmara fria de um açougue, tornados atração turística. A Otan, reitero, ainda está lá. E isso significa que a Líbia continua sob os auspícios da Resolução 1973 da ONU, que segue, então, patrocinando aquele espetáculo tétrico. Não há paralelo possível com o assassinato de Bin Laden ou de líderes de outros grupos terroristas. EUA, França, Reino Unido e ONU escolheram um dos lados de uma guerra civil. Tornam-se, assim, responsáveis por seus métodos. Dona Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, já havia sido inconveniente o bastante ao ter feito votos, dois dias antes, pela morte de Kadafi, o que não estava na resolução. A eliminação de terroristas ajuda a pôr ordem no mundo; o que se fez na Líbia concorre para a desordem. Doravante, nas intervenções autorizadas pela ONU, já se sabe que o limite é não haver limites. Digam-me cá: o que se praticou com os Kadafis é diferente dos horrores da prisão de Abu Ghraib, que, com razão, chocaram o mundo? Os responsáveis por aquela cenas bárbaras forma punidos. Mundo afora, o que vi, li e ouvi, depois que já estava claro que pai e filho haviam sido executados, foram palavras de regozijo, de felicidade, de louvor. Barack Obama até chegou a advertir os demais ditadores do mundo que aquele pode ser o seu destino. Não, eu não estou entre aqueles que têm grandes esperanças na dita “Primavera Árabe”. Acho que se trata de um sonho que se sonha nas democracias ocidentais. Mas essa minha descrença não interfere no meu juízo objetivo: três das potências ocidentais, usando a ONU como escudo e a Otan como braço armado, patrocinaram a selvageria. Isso não melhora em nada a biografia de Kadafi: era um facínora, um asqueroso, um homicida compulsivo, um ladrão. Mas eu não tenho, por enquanto, um só motivo para apostar que seus algozes sejam melhores do que ele. Eu não reconheço o estatuto do algoz do bem. Uma das coisas que me afastaram da esquerda ainda na primeira juventude (estou na segunda, hehe…) foi o relativismo moral. Todos nós sabemos o que as tropas morais do politicamente correto estariam dizendo se tal espetáculo tivesse se dado sob os auspícios de George W. Bush. Como o arquiteto da ação foi Barack Obama, então se trata, naturalmente, de algo benigno. Não! Obama levou o baguncismo para ONU. “Ah, o Chávez e o PCdoB também criticaram a ação”. E daí? Eles não são meus interlocutores. Se eu me obrigasse a criticar tudo o que eles elogiam, e também o contrário, seria refém deles. Mas não sou refém de ninguém. O Beiçola de Caracas e os

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A ilusão de uma economia verde

Tudo o que fizermos para proteger o planeta vivo que é a Terra contra fatores que a tiraram de seu equilíbrio e provocaram, em conseqüência, o aquecimento global é válido e deve ser apoiado. Na verdade, a expressão “aquecimento global” esconde fenômenos como: secas prolongadas que dizimam safras de grãos, grandes inundações e vendavais, falta de água, erosão dos solos, fome, degradação daqueles 15 entre os 24 serviços, elencados pela Avaliação Ecossistêmica da Terra (ONU), responsáveis pela sustentabilidade do planeta(água, energia, solos, sementes, fibras etc). A questão central nem é salvar a Terra. Ela se salva a si mesma e, se for preciso, nos expulsando de seu seio. Mas como nos salvarmos a nós mesmos e à nossa civilização? Esta é real questão que a maioria dá de ombros. A produção de baixo de carbono, os produtos orgânicos, energia solar e eólica, a diminuição, o mais possível, de intervenção nos ritmos da natureza, a busca da reposição dos bens utilizados, a reciclagem, tudo que vem sob o nome de economia verde são os processos mais buscados e difundidos. E é recomendável que esse modo de produzir se imponha. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Mesmo assim não devemos nos iludir e perder o sentido crítico. Fala-se de economia verde para evitar a questão da sustentabilidade que se encontra em oposição ao atual modo de produção e consumo. Mas no fundo, trata-se de medidas dentro do mesmo paradigma de dominação da natureza. Não existe o verde e o não verde. Todos os produtos contem nas várias fases de sua produção, elementos tóxicos, danosos à saúde da Terra e da sociedade. Hoje pelo método da Análise do Ciclo de Vida podemos exibir e monitorar as complexas inter-relações entre as várias etapas, da extração, do transporte, da produção, do uso e do descarte de cada produto e seus impactos ambientais. Aí fica claro que o pretendido verde não é tão verde assim. O verde representa apenas uma etapa de todo um processo. A produção nunca é de todo ecoamigável. Tomemos como exemplo o etanol, dado como energia limpa e alternativa à energia fóssil e suja do petróleo. Ele é limpo somente na boca da bomba de abastecimento. Todo o processo de sua produção é altamente poluidor: os agrotóxicos aplicados ao solo, as queimadas, o transporte com grandes caminhões que emitem gases, as emissões das fábricas, os efluentes líquidos e o bagaço. Os pesticidas eliminam bactérias e expulsam as minhocas que são fundamentais para a regeneração os solos; elas só voltam depois de cinco anos. Para garantirmos uma produção necessária à vida, e que não estresse e degrade a natureza, precisamos mais do que a busca do verde. A crise é conceptual e não econômica. A relação para com a Terra tem que mudar. Somos parte de Gaia e por nossa atuação cuidadosa a tornamos mais consciente e com mais chance de assegurar sua vitalidade. Para nos salvar não vejo outro caminho senão aquele apontado pela Carta da Terra: ”o destino comum nos conclama a buscar um novo começo; isto requer uma mudança na mente e no coração; demanda um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal” (final). Mudança de mente significa um novo conceito de Terra como Gaia. Ela não nos pertence, mas ao conjunto dos ecossistemas que servem à totalidade da vida, regulando sua base biofísica e os climas. Ela criou toda a comunidade de vida e não apenas nós. Nós somos sua porção consciente e responsável. O trabalho mais pesado é feito pelos nossos parceiros invisíveis, verdadeiro proletariado natural, os microorganismos, as bactérias e fungos que são bilhões em cada colherada de chão. São eles que sustentam efetivamente a vida já há 3,8 bilhões de anos. Nossa relação para com a Terra deve ser como aquela com nossas mães: de respeito e gratidão. Devemos devolver, agradecidos, o que ela nos dá e manter sua capacidade vital. Mudança de coração significa que além da razão instrumental com a qual organizamos a produção, precisamos da razão cordial e sensível que se expressa pelo amor à Terra e pelo respeito a cada ser da criação porque é nosso companheiro na comunidade de vida e pelo sentimento de reciprocidade, de interdependência e de cuidado, pois essa é nossa missão. Sem essa conversão não sairemos da miopia de uma economia verde. Só novas mentes e novos corações gestarão outro futuro. Leonardo Boff é teólogo e filósofo/blog do Noblat

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Brasil: lixo eletrônico irá para o lixo

Apesar de ainda engatinhar no que se refere ao consumo de equipamentos eletrônicos, a Taba dos Tupiniquins gera 380 mil toneladas/ano de lixo eletrônico. Calcula-se que sejam 3,5 kg por pessoa. É um material altamente poluente e difícil de ser reciclado. A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo desenvolve um importante projeto que beneficia, além do ambiente, mais diretamente os catadores de materiais recicláveis da cidade de São Paulo e de alguns municípios da região metropolitana, que poderão ter a renda aumentada em até 100 vezes mais na coleta e venda de produtos eletrônicos descartados. Trata-se do Projeto Eco-Eletro – Reciclagem de Eletrônicos. O principal foco do projeto é promover a capacitação desses trabalhadores informais, proporcionando-lhes além de um aumento de renda, evitar que o material de informática seja descartado em locais inadequados, causando problemas ambientais. O Editor Nos próximos 15 dias, o Ministério do Meio Ambiente espera recolher 50 toneladas de “lixo eletrônico” em quatro capitais: Brasília, São Paulo, Rio e Belo Horizonte. A coleta será feita em postos instalados em estações de metrô. Começa nesta quarta (12) e vai durar 15 dias, até 26 de outubro. O objetivo é tirar de circulação parte da quinquilharia eletrônica que os brasileiros guardam em casa –de celulares e computadores a videocassetes e torradeiras. São equipamentos que carregam matérias primas que, mal descartadas, resultam em contaminação do ar, da água e do solo –mercúrio, chumbo e fósforo, por exemplo. Fechado em julho de 2009 e divulgado no início de 2010, relatório do Pnuma (Programa da ONU para o Meio Ambiente) acomodou o Brasil em posição desconfortável. De acordo com o documento, o mercado brasileiro é o que mais produz lixo eletrônico entre os emergentes, à frente da China e da Índia. Atribui-se o fenômeno a um efeito colateral do crescimento do país e do consequente aumento do poder aquisitivo da classe média. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Entre os emergentes, o Brasil tornou-se líder no descarte de geladeiras. Disputa também o título de campeão no rejeito de celulares, impressoras e televisores. Na estimative da ONU, só o abandono de computadores pessoais produz no Brasil 96,8 mil toneladas de lixo por ano. A China, mais populosa, produz um monturo maior: 300 mil toneladas. Porém… …Porém, considerando-se o consumo individual, o brasileiro produz mais lixo do que o chinês –meio quilo por ano, contra 0,23 quilo. Pelas contas do Ministério do Meio Ambiente, consome-se anualmente no Brasil algo como 120 milhões de equipamentos eletrônicos. Estima-se que 500 milhões de produtos obsolotetos encontram-se guardados nas casas dos brasileiros. É parte desse “lixo” que o ministério deseja eliminar. Para estruturar o plano de coleta, o ministério firmou parcerias com as companhias que gerem os metrôs e um grupo de empresas privadas. Os equipamentos coletados serão descartados ou destinados à reciclagem, conforme o caso. Deseja-se estimular na alma do brasileiro um valor novo, o “consumo consciente”. “Nós, consumidores, somos parte da cadeia produtiva. Não tem como se eximir da responsabilidade ambiental”, diz a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente). “A Constituição diz que cuidar do meio ambiente é dever de todos. É o nosso futuro que está em jogo”, ela acrescenta. O governo acorda tarde. O relatório da ONU realça que, diferentemente do que se passa nos países ricos, os emergentes não se estruturaram para tratar adequadamente o seu lixo. Nste sábado (15), celebra-se o ‘Dia do Consumidor Consciente’. O governo aproveitou-se da data para converter outubro em ‘Mês do Consumo Sustentável’. Para marcar a iniciativa, auxiliares da ministra Izabella farão no sábado, nas estações de metrô, o lançamento oficial da campanha de coleta deflagrada nesta quarta. Se você mora numa das quatro capitais selecionadas e tem “lixo eletrônico” a descartar, eis os pontos de coleta: São Paulo: Estação do Tucuruvi, Linha 1-Azul; Rio de Janeiro: Estação da Carioca, centro; Belo Horizonte: Estação Eldorado; e Brasília: Estação Galeria. Serviço: Aqui, a íntegra do relatório vem do Programa da ONU para o Meio Ambiente. Infelizmente, em língua inglesa. blog Josias de Souza

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Chávez incomodado com críticas do Brasil na ONU

Crítica brasileira na ONU incomoda Venezuela Após ressalvas à política de direitos humanos e à separação de poderes, Caracas estima que relação com Dilma será diferente da que havia com Lula As críticas feitas pelo governo de Dilma Rousseff à situação dos direitos humanos na Venezuela causaram irritação em Caracas, mas foram recebidas com alívio por ativistas de direitos humanos. Na sexta-feira, a Venezuela passou por um exame completo de sua política de direitos humanos na ONU. Na sessão, o Brasil abandonou a posição de aliado incondicional e criticou a situação de jornalistas e a falta de independência do Poder Judiciário, alertando que essas questões são fundamentais para a garantia dos direitos dos cidadãos. Fontes do gabinete do presidente Hugo Chávez disseram ao Estado que a crítica do Brasil, apesar de discreta, foi “muito mal recebida” na capital venezuelana. Ontem, depois de revisar dezenas de recomendações feitas por diversos governos na ONU, Caracas deu uma resposta sobre as propostas que aceitará pôr em prática. A Venezuela, porém, se recusou a assumir compromissos com a liberdade de imprensa e a independência do Judiciário, por terem partido de governos que não são considerados como “amigos”. Caracas também não incluiu duas das quatro propostas feitas pelo Brasil, indicando apenas que “estudaria” as sugestões. Uma das propostas que até agora não foram aceitas é a de criação de um Plano Nacional de Direitos Humanos, como recomendou o Brasil.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Outra proposta feita pelo Itamaraty que não teve apoio por enquanto foi a de abrir a Venezuela para que seja investigada por relatores da ONU. Altos funcionários do governo de Caracas revelaram ao Estado que a decisão do Brasil de questionar na ONU a situação dos direitos humanos na Venezuela foi recebida pelo governo Chávez como um alerta de que a relação que mantinha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se repetirá com Dilma. É mesmo um novo governo. Não será a mesma relação que tínhamos com Lula”, comentou o alto representante, sob a condição de anonimato. Oficialmente, o vice-chanceler venezuelano, Temir Porras, evitou entrar em polêmica. “Vamos estudar as propostas”, disse ao Estado. Quem comemorou a posição do governo brasileiro foram os ativistas de direitos humanos. “A grande surpresa foi a posição adotada pelo Brasil, que ousou romper a aliança que existe no continente para deixar claro que a Venezuela enfrenta problemas de direitos humanos”, afirmou. Ramón Muñoz, diretor da Rede Internacional de ONGs de Direitos Humanos. “Uma posição mais forte do Brasil será fundamental para o trabalho das ONGs da Venezuela”, disse Muñoz. “Um alerta de Brasília pode ter uma repercussão real na política venezuelana.” Durante sua resposta às propostas, Caracas indicou que não aceitará ingerência de nenhum país. No total, as 13 propostas para fortalecer a proteção à liberdade de expressão foram rejeitadas. Países como Canadá, Alemanha, Indonésia, Eslovênia e outros pediram que Chávez “tome medidas para proteger a liberdade de expressão e opinião”. Jamil Chade/O Estado de S.Paulo

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Água potável; a próxima guerra. Brasil é o alvo!

Não se faz necessário consultar oráculos, jogar búzios nem tentar interpretar as centúrias de Nostradamus. Após a crise financeira, o que se anuncia no horizonte é uma crise mundial no acesso à água potável. Informe da ONU demonstra que uma em cada seis pessoas não tem acesso a água potável para consumo. O mesmo informe mostra a terrível estatística segundo a qual a cada vinte segundos uma criança morre com uma doença relacionada com a ausência de água e de saneamento básico. O consumo de água no planeta é encabeçado pelo setor agrícola, que sozinho “bebe” 60% de todo o consumo global. A indústria responde com 20%, enquanto o consumo doméstico fica na casa dos 10%, e pasmem, 4% dessa água evapora-se nos reservatórios. Analistas chegam a identificar a água como uma das principais causas de conflito como, por exemplo, no Darfur e no Médio Oriente. Não é por acaso que a maior usina de dessalinização se situe nos Emirados Árabes Unidos. É previsível, portanto, que o crescimento exponencial das taxas de natalidade nos países pobres promete aumentar as disparidades no acesso à água potável.  O Editor Brasil precisa se preocupar com um de seus bens mais estratégicos – a água potável. Para não dizerem que sou monotemático, hoje não abordarei assuntos relativos ao nióbio, embora a questão do nióbio seja minha paixão como brasileiro. Tratarei de um bem que pode ser enquadrado como commodity, como alimento ou como insumo básico e fundamental para a vida humana na terra: a água! O Brasil, além de ser um vasto celeiro de commodities minerais (dentre os quais o petróleo, o ferro e o nióbio), também ostenta a condição de detentor das maiores reservas de água potável do planeta. Papers reservados do Pentágono, do Ministério do Interior (ou outro nome equivalente) da China, do governo indiano, do governo israelense e, seguramente, da União Européia, dão conta de que nada menos de que 14% das reservas de água potável do planeta estão no Brasil. Os amigos desta Tribuna conseguem avaliar o impacto dessas previsões no tabuleiro geoestratégico mundial, a médio e longo prazos? Comecemos pela China: com uma população beirando os 1,4 bilhões de habitantes, a China desde o século passado sofre com um déficit hídrico substancial. Informações oficiosas dão conta que a China investe pesadamente, há tempos, em tecnologias que consigam dessalinizar a água do mar, a um custo razoável. Israel, outro país com déficit hídrico, também faz pesquisas semelhantes há bastante tempo (é impressionante o que os israelenses conseguem fazer no deserto de Neguev, com pouquíssima água). União Européia e Estados Unidos, aparentemente, não possuem grandes preocupações, posto que possuem um conforto hídrico relativo. Os EUA, em posição confortável graças ao complexo hidrográfico do Mississipi/Missouri, também, em tese, não teriam com que se preocupar. Mas os EUA, desde a Teoria do Destino Manifesto, de John O’Sullivan, mandam a lógica às favas. Agem como Império que são! Alberto Bilac, em seu blog (terragoyazes.zip.net), nos diz: “Num cenário adverso de escassez de água, temos configurado o jogo bruto do mercado: os países grandes produtores se tornarão exportadores de um bem limitado e caro.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Quem tiver o controle dos grandes reservatórios de água dominará as relações mercantis; ou seja, os países grandes produtores de água, reunidos talvez numa OPEA ( Organização dos Países Exportadores de Água), ditarão o preço e a quantidade da água que venderão. É a lógica do velho, puro e bruto capitalismo!” E como o Brasil se coloca nesse cenário? Primeiramente, mapeemos o quadro hidrográfico brasileiro. detentor das maiores bacias hidrográficas do mundo(a bacia Amazônica é maior do planeta), o Brasil é também possuidor dos maiores aquíferos do planeta, dentre os quais: Aquífero Guarani: Volume total: aproximadamente 55 mil km³; volume total em área brasileira: 45 km³; extensão: 1.200.00 km²; profundidade máxima: 1.800 metros; capacidade de recarregamento anual: aproximadamente 166 km³; capacidade total aproximada: pode fornecer água potável ao mundo por 200 anos. Está distribuído sob a área dos seguintes estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Aquífero Alter do Chão: volume total: 85 mil km³; extensão: 437.500 km² Capacidade de recarregamento anual: aproximadamente 290 km³ Capacidade total aproximada: Pode fornecer água potável ao mundo 380 anos. Está distribuído sob a área dos seguintes estados: Pará, Amazonas e Amapá. Outros aquíferos menores: Urucuia-Areado, Cabeças, Furnas, Itapecuru, Bauru-Caiuá e Serra Grande. Os amigos desta Tribuna conseguem aquilatar a real extensão geoestratégica desses dados? Sim, conseguem, posto que aqui comentam colegam de elevado poder de síntese e de análise. Uma questão que naturalmente se coloca, derivada dessa questão hídrica, é a seguinte: que Força dissuasória o Brasil possui, para repelir eventuais ataques a nossos depósitos de água? No cenário atual, nós todos sabemos. Roberto Ilia Fernandes/Tribuna da Imprensa

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Dilma é capa da revista ‘Newsweek’

Publicação retrata em reportagem atual momento do Brasil. Nos EUA, Dilma faz discurso de abertura de assembleia da ONU. Com Dilma na capa, revista dá destaque para reportagens sobre a situação da mulher no mundo A presidente Dilma Rousseff é retratada na capa da revista “Newsweek” que chega às bancas nesta semana. A reportagem, disponível na versão online, aborda a forma como a presidente conduz o governo, fala da repressão à corrupção federal e também retrata um pouco de sua vida pessoal, lembrando que ela divorciou-se duas vezes e, aos 63 anos, é avó. Dilma participa nesta semana de compromissos nos Estados Unidos. Ela participará de diversas reuniões bilaterais com outros chefes de Estado e na quarta-feira (21) fará o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. A reportagem de capa da publicação americana tem com título “Don’t Mess With Dilma” (em tradução literal, “Não mexa com Dilma”). O artigo sobre Dilma é parte de uma série de textos sobre o protoganismo feminino destacado na edição da revista. Na capa, que tem uma foto de Dilma desfilando em carro aberto no dia de sua posse, a manchete aponta: “Where women are winning” (em tradução literal, “Onde as mulheres estão vencendo”.) saiba mais Revista ‘Time’ escolhe Lula como um dos líderes mais influentes do mundo Lula é uma das 50 pessoas que moldaram a década, diz ‘Financial Times’ Em artigo no ‘El País’, Zapatero diz que Lula ‘surpreende’ o mundo Em entrevista à “Newsweek”, Dilma lembrou seu legado político junto ao ex-presidente Lula e recontou uma história em que uma criança lhe interpelou durante a campanha em um aeroporto perguntando se uma mulher poderia ser presidente.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] “Ela pode”, lembra Dilma de ter respondido à garota. A “Newsweek” reconta parte da história política e econômica brasileira, afirmando que a popularidade de Dilma continua alta mesmo com os seguidos escândalos de corrupção que agitam a imprensa. Segundo o repórter da publicação, a presidente não aparenta sinais da quimioterapia que enfrentou para combater o câncer durante a campanha eleitoral A revista destaca o crescimento da economia brasileira e a criação de mais de 1,5 milhão de empregos nos primeiros meses de 2010. Na entrevista, Dilma disse que, “quando era pequena, gostaria de ser bailarina ou bombeira”. Dilma afirmou: “Eu não sei se este é um novo mundo, mas o mundo está mudando”, afirmou, lembrando-se da garota que a questionou sobre o fato de mulheres buscarem a presidência. Dilma também fala sobre sua passagem pela prisão durante o regime militar e da importância do Brasil e de países emergentes para ajudar a economia mundial. G1

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Amazônia: começou a internacionalização

Por que vocês acham Tupiniquins que existem mais de 100MIL ONGS, nacionais e estrangeiras atuando na Amazônia? O “olho grande” das grandes potências que controlam o mundo, não “desgrudam” da Amazônia. Sob as mais sutis insinuações, intenções veladas e subterfúgios descardos, jogam pesado no propósito de retirar a região da soberania nacional. Uma das ações mais descaradas é utilizar as tribos, por elas nominadas de “nações”, ou ainda mais insanamente, de “povos indígenas”, para justificar a necessidade da internacionalização da região. O avanço em direção a Amazônia continua. Não mais sutil ou disfarçado mas, como diria Machado de Assis, às escâncaras. Assistimos espantados, e temerosos, pouco mais de 200 mil indivíduos ( o total de índios existentes em diversas reservas espalhadas pelo país), alguns já aculturados, ter a posse permanente de 25% do território brasileiro. A Constituição é clara: a terra é da união. Os índios tem a posse permanente. Confira abaixo, mais um assalto estrangeiro à soberania brasileira. O Editor PS. Quem fizer uma busca aqui no blog, experimente digitar na caixa de busca as palavras Raposa Serra do Sol. Encontrará uma infinidade de artigos sobre a ocupação da Amazônia, assunto esse que o blog há anos vem debatendo.. Tribos da Amazônia exigem o direito de mineração. É o primeiro passo rumo à independência política, econômica e administrativa.  Demorou, mas acabou acontecendo, como era mais do que previsível. As tribos indígenas da chamada Amazônia Legal, que detêm cerca de 25% do território brasileiro de reserva ambiental onde é proibida atividade econômica, estão mobilizados para defender a mineração nessas áreas de preservação. E não se trata de um movimento brasileiro, mas de caráter internacional. Representantes de etnias do Brasil, da Colômbia, do Canadá e do Alasca preparam uma “carta declaratória” aos governos brasileiro e colombiano, reivindicando os direitos indígenas à terra e o apoio à mineração.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] “Solicitamos ao Estado brasileiro a aprovação da regulamentação sobre mineração em territórios indígenas, porque entendemos que a atividade legalmente constituída contribui com a erradicação da pobreza”, diz o documento ao qual a Folha de S. Paulo teve acesso. A mineração em terras indígenas é debatida desde a Constituição de 1988, que permitiu a atividade nessas áreas, caso regulamentadas. O projeto de lei nº 1.610, que trata dessa regulamentação, está em tramitação no Congresso desde 1996. Mas este é apenas o primeiro passo. Quando se fala em tribos indígenas, na verdade está se tratando de um movimento internacional muito poderoso, integrado pelas mais de 100 mil ONGs nacionais e estrangeiras que atuam na Amazônia. A reivindicação da extração mineral é apenas a ponta do iceberg. Os índios querem mais, muito mais. Com a progressiva ocupação da Amazônia, a partir do período colonial as tribos foram se afastando, subindo os afluentes do Rio Amazonas, para ficarem o mais longe possível dos colonizadores. Resultado: por questões geológicas, as terras mais altas que hoje as tribos ocupam são justamente onde estão localizadas as mais ricas jazidas minerais da região. As tribos na verdade estão exigindo que o Brasil reconheça e obedeça os termos da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas. O Brasil em 2007 assinou esse tratado da ONU, que reconhece a independência administrativa, política, econômica e cultural das chamadas nações indígenas, mas depois se arrependeu e não quer cumprir as determinações do documento. Se o governo brasileiro já estivesse cumprindo os termos do tratado, as tribos nem precisariam estar reivindicando o direito de mineração em suas respectivas reservas, porque seriam países independentes, onde nem mesmo as Forças Armadas brasileiras teriam o direito de entrar, segundo os incisivos termos da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, que está disponível a todos na internet, mas poucos se interessam em ler. O tratado foi assinado pelo Brasil no governo Lula, quando Celso Amorim era ministro das Relações Exteriores. O fato de o Brasil ter aceitado sem ressalvas o acordo internacional, que foi rejeitado por vários países, como Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, Rússia e Argentina, é um dos motivos do baixo prestígio de Celso Amorim junto à cúpula das Forças Armadas. Carlos Newton/Tribuna da Imprensa

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