Arquivo

Olegário Mariano – Versos na tarde – 14/06/2016

Kremesse Olegário Mariano¹ Foi um dia de kremesse. Depois de rezá três prece Pra que os santo me ajudasse, Deus quis que nós se encontrasse Pra que nós dois se queresse, Pra que nós dois se gostasse. Inté os sinos dizia Na matriz da freguezia Que embora o tempo corresse, Que embora o tempo passasse, Que nós sempre se queresse, Que nós sempre se gostasse. Um dia, na feira, eu disse Com a voz cheia de meiguice Nos teus ouvido, bem doce: Rosinha si eu te falasse… Si eu te beijasse na face… Tu me dás-se um beijo? – Dou-se. E toda a vez que nos vemo, A um só tempo perguntemo Tu a mim, eu a vancê: Quando é que nós se casemo, Nós que tanto se queremo, Pro que esperamos pro quê? Vancê não falou comigo E eu com vancê, pro castigo, Deixei de falá também, Mas, no decorrê dos dia, Vancê mais bem me queria E eu mais te queria bem. – Cabôco, vancê não presta, Vancê tem ruga na testa, Veneno no coração. – Rosinha, vancê me xinga, Morde a surucucutinga, Mas fica o rasto no chão. E de uma vez, (bem me lembro!) Resto de safra… Dezembro… Os carro afundando o chão. Veio um home da cidade E ao curuné Zé Trindade Foi pedi a sua mão. Peguei no meu cravinote Dei quatro ou cinco pinote Burricido como o quê, Jurgando, antes não jurgasse, Que tu de mim não gostasse, Quando eu só amo a vancê. Esperei outra kremesse Que o seu vigário viesse Pra que nós dois se casasse. Mas Deus não quis que assim sesse Pro mais que nós se queresse Pro mais que nós se gostasse. ¹Olegário Mariano Carneiro da Cunha * Recife, PE. – 24 de Março de 1889 d.C. + Rio de Janeiro RJ. 28 de Novembro de 1958 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »

Olegário Mariano – Versos na tarde – 06/04/2015

Deslumbramento Olegário Mariano¹ É amor? Não sei. Esta intranqüilidade, Este gozo na dor, esta alegria Triste que vem de manso e que me invade A alma, enchendo-a e tornando-a mais vazia; Este cansaço extremo, esta saudade De uma cousa que falta à vida… O dia Sem sol, as noites ermas, a ansiedade Que exalta e a solidão que anestesia, É amor. Egoísmo de sofrer sozinho, De as penas esconder do humano açoite, De transformar as pedras do caminho Em carícias sutis para colhê-las E andar como um sonâmbulo, na noite, Escancarando os olhos às estrelas… ¹ Olegário Mariano Carneiro da Cunha * Recife, PE. – 24 de Março de 1889 d.C. + Rio de Janeiro, RJ – 28 de Novembro de 1958 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »