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Como o Reino Unido ainda pode voltar atrás no Brexit

A maioria dos britânicos votou por sair da UE. Mas, diante das consequências, alguns já se arrependem, há ameaça até de desintegração do Reino Unido.  Conheça quatro possibilidades – teóricas – de reverter a situação. O Reino Unido, no momento, é tudo, menos unido. No referendo histórico de 23 de junho sobre a permanência ou não na União Europeia, quase 52% dos votantes optaram pelo “Leave“, os demais marcaram “Remain“. Na Escócia e na Irlanda do Norte, contudo, a maioria dos eleitores preferiria permanecer na UE, ao contrário dos da Inglaterra e País de Gales.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Ainda não é uma crise”, explica à DW Jo Murkens, professor de direito da London School of Economics (LSE). “Mas estamos nos estágios preliminares do que poderá ser não apenas uma crise constitucional, mas a partida final constitucional do Reino Unido.” Alguns defensores do “Leave” estão preocupados pelo que acontecerá em seguida. E os que votaram contra a saída estão desolados, de qualquer forma, temendo as possíveis consequências do Brexit. Premiê David Cameron lavou as mãos no futuro processo de negociação do Brexit Londres ainda não evocou o Artigo 50 do Acordo de Lisboa, que estabelece o procedimento para um Estado-membro deixar a UE. O primeiro-ministro teria que informar o Conselho Europeu da intenção de seu país de se retirar da comunidade. Mas David Cameron, que anunciou sua renúncia assim que os resultados do referendo se definiram, declarou que esse passo caberia ao novo chefe de governo britânico. Até que se evoque o Artigo 50, ainda é tecnicamente possível evitar a consumação do Brexit. A seguir, quatro alternativas. 1. O Parlamento vota contra o Brexit Essa, aparentemente, é a solução mais clara e limpa. Muito provavelmente, os membros do Parlamento britânico terão que votar se o país realmente se desligará da UE. Como o referendo foi puramente consultivo, e não vinculativo, os representantes podem votar como quiserem. E, em tese, decidir que o país deve permanecer no bloco europeu. “Parlamentares são representantes do povo, não delegados”, diferencia Murkens. “Seu papel não é implementar a vontade do povo, mas sim tomar decisões com base no próprio julgamento político, filiação partidária e consciência.” Populista Nigel Farage (c) e demais pró-Brexit comemoraram: cedo demais? É improvável, entretanto, que os membros do Parlamento venham a anular a decisão do referendo, uma vez que “ignorar a vontade do povo não os ajudará a se reelegerem”, aponta James Knightley, economista-chefe do banco global ING. Ainda assim, o deputado trabalhista David Lammy, por exemplo, encorajou no Twitter seus colegas a votarem “Remain“: “Acordem. Nós não temos que fazer isso. Podemos parar essa loucura e dar fim a esse pesadelo, através de um voto no Parlamento.” Enfatizando o caráter não vinculativo da votação, ele afirmou que “alguns já desejam que não tivessem votado para Leave“. Por isso, “não vamos destruir nossa economia com base nas mentiras e na prepotência de Boris Johnson”, apelou. 2. Realizar outro referendo Os resultados da consulta foram bastante apertados, e os perdedores reivindicam agora um segundo turno. Além disso, mesmo alguns que optaram a favor de um Brexit podem estar se perguntando, pós-voto, em que é que se meteram, de verdade. Consultas do tipo “O que significa deixar a UE?” e, mais básico ainda, “O que é a UE?” apresentaram um pico na máquina de busca do Google após o referendo. Os partidários do “Remain” obviamente torcem para que os demais reconsiderem seu primeiro voto, depois de ter constatado, por exemplo, como a cotação da libra esterlina despencou. Pânico nas bolsas de valores no “dia seguinte”: maus augúrios para os britânicos Uma petição no site do Parlamento britânico para convocar os britânicos de volta às urnas já reuniu mais de 3,6 milhões de assinaturas, e, segundo o site, “o Parlamento considera para um debate todas as petições que obtêm mais de 100 mil assinaturas”. Esta opção, entretanto, é igualmente improvável. Já antes do referendo, o premiê Cameron descartou uma repetição do escrutínio. Isso também poderia dar a péssima impressão de que os políticos são capazes de fazer a população votar repetidamente, até conseguirem o resultado que desejam. 3. A União Europeia faz concessões suficientes para manter o Reino Unido Como o Artigo 50 não foi evocado, tecnicamente as autoridades de Bruxelas ainda têm espaço para adoçar a pílula ao ponto de os políticos britânicos poderem apresentar a permanência como uma opção viável. As chances de tal acontecer, contudo, são ínfimas. O referendo “foi visto, em grande parte, como um, protesto contra a imigração”, lembra Knightley, do ING. “Portanto o que precisaríamos ver são concessões significativas na questão da imigração vinda da Europa – o que parece altamente improvável, uma vez que a livre circulação de mão de obra e cidadãos são doutrinas essenciais da política da UE. É uma das regras-chave da fundação [da comunidade].” 4. A Escócia veta uma decisão parlamentar sobre o Brexit A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, declarou que pediria aos membros do Parlamento nacional para não darem seu “consentimento legislativo” a uma decisão de Londres de se retirar da UE. Certos analistas sustentam a tese que decisões relativas à UE necessitariam do aval expresso de Edimburgo. Premiê Nicola Sturgeon: Escócia sair do Reino Unido, se este deixar UE O professor Murkens, contudo, é um dos muitos observadores que não concordam com essa interpretação. Ainda assim, ressalva, os deputados de Londres não devem ignorar as opiniões dos eleitores escoceses e norte-irlandeses. “Acho que [o resultado do referendo] deve ser lido como um empate 2 x 2: a Escócia e a Irlanda do Norte votaram para ficar, a Inglaterra e o País de Gales votaram por sair.” O docente da LSE se preocupa com a eventualidade de que sejam anulados séculos de processos de paz entre as quatro nações que compõem o Reino Unido, caso os parlamentares em Westminster ignorem a vontade dos votantes escoceses e norte-irlandeses. Aí, ambos os países poderiam se desligar da comunidade britânica, numa tentativa de permanecer ou de voltar a integrar a União Europeia. “A

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Por que intervenção de Obama sobre UE provocou tanta polêmica no Reino Unido?

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama deu uma entrevista coletiva em Londres em que defendeu abertamente a permanência do Reino Unido na União Europeia – em 23 de junho, o país vai às urnas em um plebiscito para decidir entre ficar ou deixar o bloco de 28 nações. Endosso de Obama à campanha por permanência na UE causou fricçõesImage copyright Reuters Se a manifestação política já deveria criar algum furor, Obama aumentou a controvérsia ao afirmar que, em caso de uma separação, os britânicos não poderiam esperar tratamento diferenciado por parte de Washington, em especial nas possíveis negociações de um acordo comercial bilateral.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Integrantes da campanha pela saída da UE, que incluem ministros do governo do premiê David Cameron, criticaram duramente o presidente americano pelo que consideraram desrespeito ao Reino Unido. O prefeito de Londres, Boris Johnson, um dos mais famosos defensores da cisão, e colega de Cameron no Partido Conservador, acusou Obama se apresentar argumentos incoerentes – o presidente também publicou um artigo no jornal Daily Telegraph. Campanha “Se os EUA jamais entraram em algum bloco como a União Europeia, porque acham que isso é bom para os outros”, disse Johnson. Em visita oficial ao Reino Unido, Obama, que deixará o governo em janeiro não hesitou em endossar os defensores da permanência, defendendo a tese de ficar na UE é também melhor para os interesses britânicos. Cameron, que faz campanha pela continuidade da presença britânica no bloco, também foi criticado pelo uso do presidente americano como um cabo eleitoral de luxo em um disputa que pesquisas mostram ainda não estar resolvida – na mais recente medição, 52% dos britânicos se disseram favoráveis à permanência na UE, contra 43% pedindo a saída. “Obama está trabalhando para Cameron. Isso é vergonhoso”, disse Nigel Farage, político ligado ao UKIP, partido que tem a saída da UE como uma de suas principais plataformas. Prefeito de Londres citou ascendência africana de Obama Image copyright Reuters O problema é que o assunto traz à tona as tensões entre dois países com uma longa história. Ex-colônia britânica, os Estados Unidos ao longo do Século 20 ultrapassaram o Reino no que diz respeito à relevância geopolítica. E embora tenham um relacionamento forte em uma série de áreas, incluindo defesa, intervenções mais políticas são raras e invariavelmente controversas. “Não sei porque temos de aceitar que os americanos nos recomendem algo que eles mesmo não fazem”, disse o ex-ministro da Defesa de Cameron, Liam Fox, referindo-se ao fato de que a UE tem liberdade de movimentação para pessoas de países do bloco, ao contrário do que fazem os americanos com as populações de México e Canadá. Obama justificou a intervenção dizendo que era melhor para os britânicos ouvirem diretamente do presidente a opinião dos EUA. “Parece-me que alguns defensores da saída do Reino Unido têm falado sobre o que os americanos vão fazer no futuro. Achei que vocês (os jornalistas) iam preferir ouvir do presidente o que poderá acontecer”, disse ele na sexta. Mas a controvérsia envolvendo Obama não parou aí: Boris Johnson está sendo criticado por um artigo publicado no tablóide The Sunpor ter se referido ao fato de o pai de Obama ter nascido no Quênia, uma ex-colônia do Reino Unido na África, como argumento para acusar o presidente americano de sentimentos antibritânicos. Johnson, inclusive, disse que isso motivou Obama a retirar do Salão Oval da Casa Branca um busto do ex-premiê britânico Winston Churchill, uma das maiores lideranças políticas na Segunda Guerra Mundial. O prefeito de Londres foi acusado de racismo por políticos de oposição. E ainda teve que ouvir Obama contar que, além de ainda haver um busto do líder nos jardins da residência oficial, em Washington, o presidente quis fazer uma homenagem ao líder negro Martin Luther King Jr, mártir da luta pelos direitos civis nos EUA, e cuja estátua agora ocupa o Salão Oval. BBC

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