Arquivo

Pablo Neruda – Poesia – 27/01/24

Boa noite. As Máscaras Pablo Neruda¹ Piedade para estes séculos e seus sobreviventes alegres ou maltratados, o que não fizemos foi por culpa de ninguém, faltou aço: nós o gastamos em tanta inútil destruição, não importa no balanço nada disto: os anos padeceram de pústulas e guerras, anos desfalecentes quando tremeu a esperança no fundo das garrafas inimigas. Muito bem, falaremos alguma vez, algumas vezes, com uma andorinha para que ninguém escute: tenho vergonha, temos o pudor dos viúvos: morreu a verdade e apodreceu em tantas fossas: é melhor recordar o que vai acontecer: neste ano nupcial não há derrotados: coloquemo-nos, cada um, máscaras vitoriosas. ¹Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 12 de Julho de 1904 + Santiago, Chile – 23 de Setembro de 1973

Leia mais »

Neruda – Poesia – 31/07/23

Boa noite Peço silêncio Neruda Agora me deixem tranquilo. Agora se acostumem sem mim. Eu vou cerrar os meus olhos. Somente quero cinco coisas, cinco raízes preferidas. Uma é o amor sem fim. A segunda é ver o outono. Não posso ser sem que as folhas voem e voltem à terra. A terceira é o grave inverno, a chuva que amei, a carícia do fogo no frio silvestre. Em quarto lugar o verão redondo como uma melancia. A quinta coisa são os teus olhos, Matilde minha, bem-amada, não quero dormir sem os teus olhos, não quero ser sem que me olhes: eu mudo a primavera para que me sigas olhando. Amigos, isso é quanto quero. É quase nada e quase tudo. Agora se querem, podem ir. Vivi tanto que um dia terão de por força me esquecer, apagando-me do quadro-negro: meu coração foi interminável. Porém porque peço silêncio não creiam que vou morrer: passa comigo o contrário: sucede que vou viver. Sucede que sou e que sigo. Não será, pois lá bem dentro de mim crescerão cereais, primeiro os grãos que rompem a terra para ver a luz, porém a mãe terra é escura: e dentro de mim sou escuro: sou como um poço em cujas águas a noite deixa suas estrelas e segue sozinha pelo campo. Sucede que tanto vivi que quero viver outro tanto. Nunca me senti tão sonoro, nunca tive tantos beijos. Agora, como sempre, é cedo. Voa a luz com suas abelhas. Me deixem só com o dia. Peço licença para nascer.

Leia mais »

Pablo Neruda – Versos na tarde – Neruda

Poema Neruda ¹ Alta y metálica es tu línea em las orillas del oceano y del ayre como um alambre de tempestades y tension. Pero, América, tambien eres nocturna, azul e pantanosa: cienega y cielo, uma agonia de corazones aplastados como negras naranjas rotas em tu silêncio de bodega. ¹ Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 12 de Julho de 1904 d.C + Santiago, Chile – 23 de Setembro de 1973 d.C Prêmio Nobel de Literatura em 1971 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »