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Joseph Stiglitz: Zona Euro demonstra fracasso do neoliberalismo

Nobel da Economia diz que há países que têm mais argumentos para sair da Zona Euro do que o Reino Unido para abandonar a União Europeia.  Joseph Stiglitz, professor da Universidade de Columbia, diz em entrevista à Bloomberg que a Zona Euro tem sido um “fracasso”. “Prometeram duas coisas: prosperidade econômica e coesão política. Falharam ambas”, argumentou o economista laureado com um Nobel em 2001.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Para o economista, este “falhanço” da Zona Euro deveria ser suficiente para que vários dos países mais penalizados com as políticas que têm sido implementadas equacionem deixar o euro. “Há países com argumentos muito mais fortes para sair do euro do que o Reino Unido sair da UE”, disse Stiglitz, acrescentando que as políticas econômicas seguidas na Zona Euro estão a dar força aos partidos extremistas. “Políticas económicas erradas podem ser muito perigosas”, alertou o economista, que ainda assim acredita que a Zona Euro tem solução, mas não sob a actual liderança da Alemanha. Via Jornal de Negócios

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Economia: O capitalismo não fracassou, mas sim a sua visão neoliberal

Há vinte anos, a queda do Comunismo no Leste Europeu parecia provar o triunfo do capitalismo. Mas teria sido uma ilusão? Os constantes choques no sistema financeiro internacional nos últimos anos levou a BBC a perguntar a uma série de especialistas se eles acham que o capitalismo ocidental fracassou. O capitalismo fracassou? ‘Falhamos como reguladores, supervisores, gerentes da governança corporativa’ ‘Temos que abandonar o mito do crescimento econômico infinito’, diz economista Economia Neste texto, José Antonio Ocampo, colombiano, economista, ex-secretário-geral adjunto da ONU e ex-secretário-executivo da Cepal, diz que o problema era a visão de que o capitalismo tinha de ser um sistema não regulado: O economista colombiano José Antonio Ocampo, professor da Universidade de Columbia, em Nova York, não crê que o capitalismo como modelo geral tenha fracassado. No entanto, em sua opinião, o que se mostrou como fracasso foi a visão mais neoliberal do capitalismo. “O que fracassou foi a ideia de que o capitalismo tinha de ser um sistema não regulado”, diz Ocampo, que trabalhou como secretário-geral adjunto da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, além de secretário-executivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). “O capitalismo funciona bem quando faz parte de um sistema social mais amplo. Mas quando se pretende que o mercado esteja por cima das relações sociais ou políticas, o capitalismo falha”, afirma Ocampo. “A visão neoliberal foi um grande equívoco de todos os lados, que respondeu a interesses econômicos particulares fortes, e não a uma agenda social sustentável, como foi demonstrado ao fim no mundo em desenvolvimento, primeiramente, e no próprio mundo industrializado, depois”, diz. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]”Hoje, na América Latina, por exemplo, temos um capitalismo com muitíssimos mais graus de intervenção do que tínhamos nos anos 1990″, afirma o economista, que pesquisou a história econômica da região e sustenta que a crise da dívida latino-americana e a crise asiática levaram à volta das diversas formas de intervenção. América Latina Ocampo diz que a crise teve um impacto muito forte na América Latina, especialmente pela recessão de 2009. Mas, por outro lado, ele afirma que a região saiu ganhando. “Percebe-se os ganhos no fato de que não houve crise financeira nacional em nenhum país, tampouco colapsos na balança de pagamentos (embora na Venezuela tenha ocorrido algo parecido) e não houve novos estouros inflacionários”, diz. Para o colombiano, a América Latina saiu da recessão muito rapidamente. “Mas nisso creio que atuaram fatores internacionais favoráveis, em particular dois”, afirma. “Primeiramente, que a crise foi contida pela intervenção maciça dos bancos centrais e dos governos dos países industrializados, assim que, em termos de seu impacto financeiro, a crise durou somente um ano”, diz. “O segundo fator foi a recuperação muito rápida dos preços de produtos básicos, um processo que foi balizado pela China.” Assim sendo, essa recuperação ajudaria a explicar por que alguns países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, aparecem em uma posição tão forte, podendo inclusive ajudar financeiramente a Europa? Sobre isso, Ocampo tem uma visão que ele mesmo qualifica de “pessimista”. “A periferia adquiriu certos graus de autonomia, mas esses graus são, no entanto, limitados. Em outras palavras, a periferia não tem a capacidade de impulsionar a economia mundial suficientemente quando as principais economias estão em crise. Isso é o que estamos vendo agora”, afirma o economista. “A economia mundial está em vias de reestruturação, mas hoje, e eu diria isso de forma categórica, não temos uma autonomia total em relação ao mundo industrializado. A América Latina é uma região dinâmica, mas não é um motor.” Mudanças Para Ocampo, esse processo de reestruturação após a crise financeira teve pelo menos três consequências. A primeira foi a ratificação de novos centros econômicos importantes, notadamente a China, a quem qualifica, “sem a menor dúvida, de motor da economia mundial”. A segunda é que, segundo Ocampo, as crises proporcionam uma oportunidade para reforçar os trabalhos das instituições financeiras internacionais. Nesse sentido, houve “mudanças notáveis”, de acordo com o colombiano. “O FMI de hoje é muito diferente do de antes da crise, e ainda que fale muito a fazer, creio que ele vá adiante. Os bancos multilaterais de desenvolvimento foram apoiar os países em desenvolvimento em proporções poucos esperadas antes da crise. E há um novo impulso para algumas instituições regionais, como a Unasul”, diz. Finalmente, a volta a uma visão mais intervencionista não está ocorrendo em todo o mundo. “O debate nos Estados Unidos é contrário à visão intervencionista, e creio que vai fracassar, porque o capitalismo sem uma boa intervenção do Estado não é um sistema suficientemente sustentável.” BBC Brasil

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