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Pablo Neruda – Versos na tarde – 10/06/2016

Mulher Remota Pablo Neruda¹ Esta mulher cabe em minhas mãos. É branca e ruiva e em minhas mãos a levaria como uma cesta de magnólias. Esta mulher cabe em meus olhos. Envolvem-na os meus olhares, meus olhares que nada vêem quando a envolvem. Esta mulher cabe em meus desejos. Desnuda está sob a anelante labareda de minha vida e o meu desejo queima-a como uma brasa. Porém, mulher remota, minhas mãos e meus desejos guardam para ti a sua carícia porque só tu, mulher remota, só tu cabes em meu coração. ¹Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 1904 d.C + Santiago, Chile – 1973 d.C Prêmio Nobel de Literatura em 1971 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Pablo Neruda – Versos na tarde – 12/02/2015

Tédio Pablo Neruda ¹ Ir levando no caminho os amores perdidos e os sonhos idos e os fatais sinais do olvido. Ir seguindo na dúvida das horas apagadas, pensando que todas as coisas se tornaram amargas para alongarmos mais a via dolorosa. E sempre, sempre, sempre recordar a fragrância das horas que passam sem dúvidas e sem ânsias e que deixamos longe na estéril errância ¹ Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 12 de Julho de 1904 d.C + Santiago, Chile – 23 de Setembro de 1973 d.C

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Pablo Neruda – Versos na tarde – 12/09/2014

Soneto XXVII Pablo Neruda ¹ Cantas e a sol e a céu com teu canto tua voz debulha o cereal do dia, falam os pinheiros com sua língua verde: trinam todas as aves do inverno. O mar enche seus porões de passos, de sinos, cadeias e gemidos, tilintam metais e utensílios, chiam as rodas da caravana. Mas só tua voz escuto e sobe tua voz com vôo e precisão de flecha, desce tua voz com gravidade de chuva, tua voz esparge altíssimas espadas volta tua voz pesada de violetas e logo me acompanha pelo céu. ¹ Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 12 de Julho de 1904 d.C + Santiago, Chile – 23 de Setembro de 1973 d.C Prêmio Nobel de Literatura em 1971 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Pablo Neruda – Versos na tarde – 18/04/2014

Soneto – LIII Pablo Neruda ¹ Aqui está o pão, o vinho, a mesa, a morada: o ofício do homem, a mulher e a vida: a este lugar corria a paz vertiginosa, por esta luz arde a comum queimadura. Honra a tuas duas mãos que voam preparando os brancos resultados do canto e a cozinha, salve! a inteireza de teus pés corredores, viva! a bailarina que baila com a escova. Aqueles bruscos rios com águas e ameaças, aquele atormentado pavilhão da espuma, aqueles incendiários favos e recifes são hoje este repouso de teu sangue no meu, este leito estrelado e azul como a noite esta simplicidade sem fim da ternura. ¹ Neftalí Ricardo Reyes * Parral, Chile – 12 de Julho de 1904 d.C + Santiago, Chile – 23 de Setembro de 1973 d.C Prêmio Nobel de Literatura em 1971 [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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