Arquivo

Banksy oferece quartos com vista para o muro da Palestina

Grafiteiro britânico anônimo inaugura hotel decorado com suas obras em Belém O muro da Palestina visto do hotel aberto pelo artista Banksy em Belém. DUSAN VRANIC AP A suíte e os nove quartos do novo hotel Walled Off (Murado) em Belém (Israel) pretendem melhorar o desgastado setor turístico no berço do cristianismo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Não faltam acomodações na histórica localidade palestina próxima de Jerusalém, mas o muro erguido por Israel em torno da Cisjordânia dissuade muitos visitantes da Terra Santa de se aproximar da Basílica da Natividade, onde a tradição situa a manjedoura onde nasceu Jesus Cristo. O misterioso grafiteiro britânico Banksy –famoso por suas intervenções artísticas em todo o mundo, e especialmente nos territórios palestinos ocupados ou bloqueados por Israel– é um velho conhecido na cidade. Foi dele a ideia de abrir uma pousada com vista para o muro de concreto cinzento de oito metros de altura pontuado por torres com guardas armados. A estadia no Walled Off, cujas reservas podem ser feitas pela Internet a partir do fim do mês, tem como atrativo principal a decoração feita com obras do artista de rua nascido na cidade galesa de Bristol e cuja identidade é cuidadosamente mantida em sigilo. Enquanto alguns pesquisadores afirmam que o grafiteiro se esconde sob o nome de Robert del Naja, membro da banda Massive Attack, ninguém ainda conseguiu acabar com seu anonimato. Banksy começou a fazer suas icônicas pinturas no muro da Palestina em 2005. A denominada “barreira de segurança” pelo Estado hebreu tinha começado a ser erguida três anos antes, em plena eclosão de violência da Segunda Intifada. Muros, tapumes, grades e cercas serpenteiam ao longo de mais de 650 quilômetros pela da Linha Verde, a fronteira em vigor até a guerra de 1967. Com o traçado da barreira, Israel se apoderou de mais de 12% do território da Cisjordânia. Um dos quartos do Walled Off, decorado com uma obra de Banksy. REUTERS A Corte Internacional de Justiça de Haia já havia declarado o muro ilegal quando o artista agitava seus sprays em Belém em 2007 para pintar a silhueta de uma menina agarrada a alguns balões para cruzar a barreira de cimento ou a imagem de uma escada para contornar a parede. Como disse na ocasião o grafiteiro à BBC, com ironia, “Este é o destino de férias preferido de um grafiteiro”. Através de túneis usados pelos contrabandistas sob a fronteira egípcia, também ele viajou em 2015, logo depois do último conflito, para a Faixa de Gaza, onde deixou amostras de seu trabalho numa paisagem de destruição. O turismo caiu muito em Belém em 2014 depois da guerra em Gaza e acabou afundando durante a onda de violência que começou em  2015 Os colaboradores de Banksy que impulsionaram o projeto de Belém afirmaram nesta quinta-feira à agência France Presse que o objetivo principal do hotel é atrair turistas para revitalizar a economia local numa cidade de 32.000 habitantes cercada por 18 assentamentos judaicos e praticamente isolada do resto da Cisjordânia pelas colônias. Para tanto, escolheu um local próximo do muro, no acesso à localidade palestina cristã. Essa área está sob controle das forças de segurança de Israel, de modo que os visitantes judeus podem ir a Belém e observar a vida cotidiana sob a ocupação sem violar a proibição oficial sobre o acesso ao território da Autoridade Palestina. O Walled Off também pretende se tornar um centro de exposições para que os artistas palestinos, que sofrem restrições para viajar ao exterior, possam dar a conhecer suas obras ao público internacional e israelense. O Walled Off também pretende se tornar um centro de exposições para que os artistas palestinos A Basílica da Natividade –templo cuja construção foi ordenada no século IV por Constantino, o Grande, inspirado por sua mãe, Santa Helena, para tornar o cristianismo a religião oficial do Império Romano– não recebe tantas visitas como antes. O turismo caiu muito em Belém em 2014 depois da guerra em Gaza e acabou afundando durante a onda de violência que começou em outubro de 2015. Numa irrupção sem precedentes em uma década, desde então morreram 245 palestinos (dois terços deles abatidos pelas forças de segurança por terem sido considerados agressores), 38 israelenses e 5 estrangeiros (na maioria dos casos esfaqueados, atropelados ou baleados). Em meio à relativa calma dos últimos meses, viajantes e peregrinos parecem estar voltando aos lugares santos e às paisagens bíblicas. O hotel de Banksy ao lado do muro oferece agora a eles uma nova visão da Terra Santa quando a ocupação da Cisjordânia está prestes a completar meio século e falta pouco mais de um ano para o 70º aniversário da divisão da Palestina sob mandato britânico da qual surgiu o Estado de Israel. O selo do artista urbano marca cada ambiente desse hotel de dez quartos que abrirá ao público em 11 de março. El País

Leia mais »

Trump age conforme o prometido em palanque

Trump abre caminho para deportação maciça de imigrantes irregulares Donald Trump nesta segunda-feira MIKE THEILER / POOL EFE Governo dos EUA pretende expulsar quase todos que estejam há menos de três anos no país Donald Trump abriu o caminho para as deportações maciças. As novas diretrizes do departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, divulgadas nesta terça-feira, enterram de vez o legado de Barack Obama e amplificam a perseguição a quase todos os imigrantes irregulares (ainda sem documentos) que vivem no país.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Não se trata apenas de que os funcionários atuais ampliem as suas atribuições ou da contratação de 15.000 novos agentes. O centro da nova ofensiva migratória está na possibilidade de executar a expulsão imediata de praticamente todos os que estão há menos de três anos no país. Trata-se de uma virada radical. O país que se tornou grande a partir da imigração agora dá as costas a 11 milhões de sem-documentos, metade deles mexicanos. Até agora, o objetivo prioritário dos agentes era deter todos aqueles que tivessem cometido algum crime grave. Com as novas diretrizes, o foco se amplia e os casos que não se enquadram nelas se reduzem a “exceções extremamente limitadas”. “Todos que não cumprem as leis de imigração podem estar sujeitos aos novos procedimentos, incluindo a expulsão dos Estados Unidos”, afirma a nova diretriz. Também será restringida a prática de outorgar liberdade condicional para os que forem detidos. “Esta medida será usada excepcionalmente e apenas nos casos em que, após minucioso estudo das circunstâncias, se a considere necessária por razões de ordem humanitária ou por conta um benefício público significativo”, determina a nova norma. O objetivo, agora, é devolver os imigrantes o quanto antes aos seus países de origem. Para isso, quebram-se os entraves que havia para a realização do processo judicial de expulsão imediata. Esta modalidade era aplicada até hoje aos imigrantes que tivessem passado menos de duas semanas no país e estivessem a não mais do que 160 quilômetros da fronteira. Com a nova diretriz, os limites geográficos são anulados e sua aplicação passa ase estender para todos aqueles que estiverem há até dois anos em território norte-americano. Ficam de fora apenas os menores de idade, os pensionistas que têm asilo e aqueles que puderem comprovar a legalidade de sua situação como imigrante. Neste plano, o grande alvo é o México. O Governo de Trump considera prioritário garantir a sua fronteira do sul. Para isso, está realizando em caráter de urgência a busca de fundos para “projetar, construir e manter o muro”. Nessa mesma direção, ele abriu um processo para “identificar e quantificar todas as fontes diretas ou indiretas de ajuda federal e de assistência ao Governo mexicano”. A finalidade dessa iniciativa é conhecer qual é a quantia que o país vizinho recebe de Washington e usá-la para forçar o México a pagar o muro, um dos princípios defendidos pelo presidente dos Estados Unidos. Fica fora desses planos, segundo os textos, o programa criado por Obama para proteger os dreamers, como são chamados os menores escolarizados que entraram nos EUA sem documentos. Um sistema que permitiu a outorga de licença de trabalho para 750.000 imigrantes e com o qual o próprio Trump reconheceu, em tom melodramático, que seria complicado acabar. “A situação desses menores é muito difícil para mim, muito… Porque eu gosto de todas essas crianças; eu mesmo tenho filhos e netos, e acho muito, muito difícil fazer nesse caso o que a lei determina. E todos sabem que a legislação é muito dura”, disse o presidente na semana passada. Juan Martinez

Leia mais »