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Bolsa ditadura já “torrou” R$2,5 bilhões

Brasil: da série “Acorda Brasil”! Sabe aonde vai parar o seu, o meu, o nosso sofrido dinheirinho? Entre outros sumidouros, para no que está sendo chamado de “bolsa ditadura”. A mamata, destinada aos coitadinhos “perseguidos” pelo governo militar, já destinou a “mincharia” de R$ 2,5 bilhões para pulhas como Ziraldo, Jaguar, Carlos Heitor Cony, a viúva do eco chato Chico Mendes e outros mais. Os supostos “perseguidos” ou “prejudicados” pela ditadura, são regiamente contemplados pelo ervanário graciosamente liberados por uma “Comissão de Anistia do Ministério da Justiça“. A famigerada comisão — será que recebe alguma comissão por ser tão graciosa? —, segurem a carteira, examinou apenas 38 mil dos 60 mil pedidos. Uma simples conta de divisão entre o montante liberado e o número de beneficiados revela que se a divisão fosse igualitária, cada nababo teria ganho R$ 65 mil de indenização. Existem alguns casos em que os “pobrezinhos” dos “perseguidos”, foram contemplados individualmente com até com R$ 2 milhões. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Alguns cínicos beneficiados, como Jaguar, Cony e Ziraldo, ainda tem a cara de pau de criticar malfeitorias com o dinheiro público. Ziraldo e Jaguar receberam, cada um do bolsa anistia, R$ 1,2 milhão e R$ 1 milhão respectivamente. Mas, nem tudo está perdido. O grande Millor Fernandes, que também amargou, censura, cerceamento de trabalho e até prisão durante o regime militar, recusa qualquer tipo de boquinha e ainda fulmina: “…então eles não estavam fazendo uma rebelião, mas um investimento?” Outro gesto decente contra a famigerada bolsa anistia é o do Fundador do PT, o jornalista Hélio Doyle que é contra enormes indenizações. Lembra que suas cinco prisões políticas não o impediram de trabalhar.

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Millor Fernandes – Prosa na tarde

Chapeuzinho Vermelho Era uma vez (admitindo-se aqui o tempo como uma realidade palpável, estranho, portanto, à fantasia da história) uma menina, linda e um pouco tola, que se chamava Chapeuzinho Vermelho. (Esses nomes que se usam em substituição do nome próprio chamam-se alcunha ou vulgo). Chapeuzinho Vermelho costumava passear no bosque, colhendo Sinantias, monstruosidade botânica que consiste na soldadura anômala de duas flores vizinhas pelos invólucros ou pelos pecíolos, Mucambés ou Muçambas, planta medicinal da família das Caparidáceas, e brincando aqui e ali com uma Jurueba, da família dos Psitacídeos, que vivem em regiões justafluviais, ou seja, à margem dos rios. Chapeuzinho Vermelho andava, pois, na Floresta, quando lhe aparece um lobo, animal selvagem carnívoro do gênero cão e… (Um parêntesis para os nossos pequenos leitores — o lobo era, presumivelmente, uma figura inexistente criada pelo cérebro superexcitado de Chapeuzinho Vermelho. Tendo que andar na floresta sozinha, – natural seria que, volta e meia, sentindo-se indefesa, tivesse alucinações semelhantes.).[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Chapeuzinho Vermelho foi detida pelo lobo que lhe disse: (Outro parêntesis; os animais jamais falaram. Fica explicado aqui que isso é um recurso de fantasia do autor e que o Lobo encarna os sentimentos cruéis do Homem. Esse princípio animista é ascentralíssimo e está em todo o folclore universal.) Disse o Lobo: “Onde vais, linda menina?” Respondeu Chapeuzinho Vermelho: “Vou levar estes doces à minha avozinha que está doente. Atravessarei dunas, montes, cabos, istmos e outros acidentes geográficos e deverei chegar lá às treze e trinta e cinco, ou seja, a uma hora e trinta e cinco minutos da tarde”. Ouvindo isso o Lobo saiu correndo, estimulado por desejos reprimidos (Freud: “Psychopathology Of Everiday Life”, The Modern Library Inc. N.Y.). Chegando na casa da avozinha ele engoliu-a de uma vez — o que, segundo o conceito materialista de Marx indica uma intenção crítica do autor, estando oculta aí a idéia do capitalismo devorando o proletariado — e ficou esperando, deitado na cama, fantasiado com a roupa da avó. Passaram-se quinze minutos (diagrama explicando o funcionamento do relógio e seu processo evolutivo através da História). Chapeuzinho Vermelho chegou e não percebeu que o lobo não era sua avó, porque sofria de astigmatismo convergente, que é uma perturbação visual oriunda da curvatura da córnea. Nem percebeu que a voz não era a da avó, porque sofria de Otite, inflamação do ouvido, nem reconheceu nas suas palavras, palavras cheias de má-fé masculina, porque afinal, eis o que ela era mesmo: esquizofrênica, débil mental e paranóica pequenas doenças que dão no cérebro, parte-súpero-anterior do encéfalo. (A tentativa muito comum da mulher ignorar a transformação do Homem é profusamente estudada por Kinsey em “Sexual Behavior in the Human Female”. W. B. Saunders Company, Publishers.) Mas, para salvação de Chapeuzinho Vermelho, apareceram os lenhadores, mataram cuidadosamente o Lobo, depois de verificar a localização da avó através da Roentgenfotografia. E Chapeuzinho Vermelho viveu tranqüila 57 anos, que é a média da vida humana segundo Maltus, Thomas Robert, economista inglês nascido em 1766, em Rookew, pequena propriedade de seu pai, que foi grande amigo de Rousseau. Millôr Fernandes Extraído do livro “Lições de Um Ignorante”, José Álvaro Editor – Rio de Janeiro, 1967, pág. 31  

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