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Miguel Torga – Poesia – 19/07/24

Boa noite Poema Miguel Torga ¹ A jovem deusa passa Com véus discretos sobre a virgindade; Olha e não olha, como a mocidade; E um jovem deus pressente aquela graça.   Depois, a vide do desejo enlaça Numa só volta a dupla divindade; E os jovens deuses abrem-se à verdade, Sedentos de beber na mesma taça.   É um vinho amargo que lhes cresta a boca; Um condão vago que os desperta e toca De humana e dolorosa consciência.   E abraçam-se de novo, já sem asas. Homens apenas. Vivos como brasas, A queimar o que resta da inocência.   ¹ Adolfo Correia da Rocha * Saborosa, Portugal – 12 de agosto de 1907 + Coimbra, Portugal – 17 de janeiro de 1995

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Miguel Torga – Poesia – 18/04/24

Boa noite. Recomeça Miguel Torga¹ Se puderes Sem angústia E sem pressa. E os passos que deres, Nesse caminho duro Do futuro Dá-os em liberdade. Enquanto não alcances Não descanses. De nenhum fruto queiras só metade.   E, nunca saciado, Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar. Sempre a sonhar e vendo O logro da aventura. És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças…   ¹Adolfo Correia da Rocha *Sabrosa, Portugal – de agosto de 1907 +Coimbra, Portugal – 17 de janeiro de 1995

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Miguel Torga – Frase do dia – 13/01/2018

“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.” Miguel Torga

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Miguel Torga – Versos na tarde

Livro de Horas Miguel Torga ¹ Aqui, diante de mim, Eu, pecador, me confesso De ser assim como sou. Me confesso o bom e o mau Que vão em leme da nau Nesta deriva em que vou. Me confesso Possesso Das virtudes teologais, Que são três, E dos pecados mortais Que são sete, Quando a terra não repete Que são mais. Me confesso O dono das minhas horas. O das facadas cegas e raivosas E das ternuras lúcidas e mansas. E de ser de qualquer modo Andanças Do mesmo todo. Me confesso de ser charco E luar de charco, à mistura. De ser a corda do arco Que atira setas acima E abaixo da minha altura. Me confesso de ser tudo Que possa nascer em mim. De ter raízes no chão Desta minha condição. Me confesso de Abel e de Caim. Me confesso de ser Homem. De ser o anjo caído Do tal céu que Deus governa; De ser o monstro saído Do buraco mais fundo da caverna. Me confesso de ser eu. Eu, tal e qual como vim Para dizer que sou eu Aqui, diante de mim! ¹ Adolfo Correia Rocha * Vila Real, Portugal – 12 de Agosto de 1907 + Coimbra, Portugal – 17 de Janeiro de 1995 Foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX. Natural de Trás-os-Montes, viveu e exerceu a sua profissão em Coimbra onde faleceu o ano passado (1995). Entre muitos outros prêmios, figura o da Sociedade Portuguesa de Escritores. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Miguel de Torga – Frase do dia

“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.” Miguel Torga  ( Frase do dia )

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Miguel Torga – Versos na tarde

Bucólica Miguel Torga ¹ A vida é feita de nadas: De grandes serras paradas À espera de movimento; De searas onduladas Pelo vento; De casas de moradia Caídas e com sinais De ninhos que outrora havia Nos beirais; De poeira; De sombra de uma figueira; De ver esta maravilha: Meu pai a erguer uma videira Como uma mãe que faz a trança à filha. ¹ Adolfo Correia Rocha * Vila Real, Portugal – 12 de Agosto de 1907 d.C + Coimbra, Portugal – 17 de Janeiro de 1995 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Normal]

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