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Pau no Temer: PSDB não quer a reforma da previdência

A rebelião tucana contra Temer quer minar a reforma da Previdência Michel temer, em evento da Marinha no dia 9, em Brasília. UESLEI MARCELINO REUTERS Congressistas do PSDB desafiam cúpula partidária que apoia Governo e complicam planos do Planalto O discurso da cúpula tucana é o de manutenção irrestrita do apoio ao governo Michel Temer (PMDB). Mas a linha de frente da legenda na Câmara dos Deputados demonstra que nem tudo o que foi definido pelos tucanos de alta plumagem será replicado no Legislativo. Até porque a decisão de seguir na canoa governista não chegou a ser votada entre os membros do diretório.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Representantes da ala que desde que a delação da JBS veio à tona defende o rompimento com a gestão peemedebista dizem que não votarão a favor da principal reforma sugerida pelo presidente: a da Previdência. Levantamentos internos mostram, por exemplo, que apenas 9 dos 46 deputados do PSDB apoiam incondicionalmente Temer. Os demais estão entre indecisos (11) e a favor do desembarque (26). “Do jeito que está, a reforma da Previdência não passa. Tem muitos pontos que não foram equacionados, como a aposentadoria rural”, afirmou o deputado João Gualberto (PSDB-BA). Autor de um dos 23 pedidos de impeachment protocolados contra Temer no Congresso Nacional, Gualberto afirma que os legisladores querem “ficar à vontade” para votarem as reformas necessárias, e isso implicaria em poder alterar as propostas feitas pelo Executivo. “A reforma está engessada e nada do que sugerimos o Governo aceita mudar. Como representante do Nordeste, não posso votar a favor desse projeto”. A insatisfação contra as mudanças nas aposentadorias começou ainda durante a discussão do projeto na comissão especial e se intensificaram nas últimas semanas. Antes da votação do projeto da comissão, quando foi aprovado, o PSDB trocou peças para garantir o apoio ao Governo. Um dos que foi substituído foi Eduardo Barbosa (PSDB-MG). “O líder do partido [Ricardo Tripoli] me explicou que precisava da vaga e me substituiu. Eu entendi e aceitei. Mas eles sabiam que eu votaria contrário ao projeto da maneira como está”, ponderou. Segundo Barbosa, os detalhes sobre aposentadoria por invalidez, a possibilidade de a pessoa acumular apenas dois salários mínimos entre aposentadoria e pensão, as benesses de algumas aposentadorias especiais e as alterações nos benefícios de prestações continuadas o desestimularam a apoiar a reforma. “Nem eu nem qualquer deputado com o mínimo conhecimento de Previdência consegue votar a favor da proposta”, explicou. Outro representante do grupo que foi apelidado pela cúpula tucana de cabeças pretas diz que a reforma da Previdência não tem nem condições de entrar na pauta. “O projeto atual tem de ser retirado e apresentado de novo. Todos sabemos e queremos a reforma, mas da maneira que está não tem condições”, afirmou Daniel Coelho (PSDB-PE). Na visão de Coelho, a crise do Governo Temer e o afastamento de Aécio Neves(PSDB-MG) das funções de senador por causa das investigações envolvendo a JBS forçarão o PSDB a fazer uma autocrítica e passar por uma reforma interna. “Quando o PSDB foi fundado o seu lema era ‘longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas’. Precisamos voltar a agir dessa maneira”, afirmou o deputado pernambucano. As divisões existem no partido há anos. “O PSDB nunca foi um partido. Sempre foi mais uma reunião de caciques que têm suas próprias posições”, já disse o professor de filosofia da USP e uma das principais referências teóricas dos tucanos, José Arthur Giannotti. Mas, se antes a luta se dava entre integrantes da própria cúpula por interesses diversos, mas principalmente eleitorais, agora a divisão ganha outras clivagens. Internamente é muito claro o movimento dos tucanos com influência na diretoria e próximos de figuras como o senador José Serra, o senador afastado Aécio ou o governador paulista Geraldo Alckmin tentando minimizar as queixas desse grupo de deputados. A alcunha de cabeças pretas, por exemplo, é a tentativa de mostrar que há um embate geracional entre eles, que nem sempre procede. Seriam os cabeças brancas experientes contra um grupo de jovens pouco experimentados. Eduardo Barbosa, por exemplo, tem seis mandatos parlamentares. Outra estratégia para minimizar os efeitos da atuação de quem está na linha de frente é o de ventilar a informação de que os que hoje se apresentam contra a decisão partidária estão visando as urnas e, em breve, mudarão de legenda (seja como for, os congressistas rebeldes poderiam dizer também que os caciques também decidem ficar por conveniência eleitoral, mas nacional, pensando no apoio na campanha presidencial de 2018). O discurso de que os insatisfeitos buscariam uma saída se intensificou nesta semana, depois que o jurista Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso e um dos autores do pedido que resultou no impeachment de Dilma Rousseff (PT) da presidência, anunciou que apresentará seu pedido de desfiliação do partido. “Eles [lideranças do PSDB] não avaliaram que simpatizantes e filiados do partido se opõem a essa decisão [de ficar no governo]. O PSDB não atendeu as suas bases. O eleitorado do PSDB tem a ética e a luta contra a corrupção como focos”, disse o jurista, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Num primeiro momento, contudo, o movimento de Reale Júnior não deve ser seguido por parlamentares federais. “A responsabilidade do Reale como jurista, como militante, como cidadão é uma. A nossa, enquanto parlamentar é outra. Fomos votados e não podemos trair nossos eleitores assim. A mudança tem de vir de dentro e depende de nós mesmos”, analisou Daniel Coelho. Afonso Benites/ElPais

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Temer e o Coronel da propina

Apartamento da sogra é o triplex de Michel Temer Clarissa, Luciana e Maristela Temer são filhas de Michel Temer (PMDB). Elas são fruto do casamento de Temer com Maria Célia Toledo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Na rápida visita que fez na noite desta quarta-feira (14) a São Paulo, com o ministro Moreira Franco, o presidente Michel Temer recebeu em seu escritório a filha, Maristela Temer, e Arlon Vianna, chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Arlon Vianna também é tesoureiro do PMDB de São Paulo. Em 2014, Michel Temer escalou Vianna para serviços particulares: selecionar os profissionais para trabalhar em uma reforma na casa de Norma Tedeschi, sogra de Michel Temer. À época, Arlon Vianna era assessor da Vice-presidência. Arlon foi o responsável pela indicação de profissionais para a pintura, limpeza e reparos no imóvel alugado. O Planalto confirmou que ele somente indicou profissionais para “pequenos reparos”. Um documento apreendido pela Polícia Federal na casa do coronel João Baptista Lima Filho, amigo próximo de Michel Temer há mais de 30 anos, indica que ele cuidou dos pagamentos de uma reforma feita na casa de Maristela Temer, uma das filhas do peemedebista. Trata-se de uma cópia de e-mail enviada em 2014 pelo arquiteto da obra, que cobra do coronel aposentado da PM serviços dele no valor de mais de R$ 44 mil. O imóvel reformado fica no bairro de Alto de Pinheiros, região nobre da capital paulista, e vale cerca de R$ 4 milhões, segundo o serviço Fipezap, conforme cálculo divulgado em reportagem da Folha de S.Paulo nesta quinta-feira 15. O escritório de Lima Filho recebeu R$ 1 milhão dos R$ 15 milhões que a JBS destinou para o caixa 2 da campanha de Temer em 2014. Ele é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal por suspeita de atuar como laranja de Temer. No dia 18 de maio, a empresa Argeplan, da qual o coronel é sócio, foi alvo de mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Patmos.

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Corrupção – Funaro entrega Temer

Em depoimento à Polícia Federal, o doleiro Lúcio Funaro afirma que Michel Temer sabia do lamaçal de corrupção no PMDB. Temer não conhece o Funaro tanto quanto não sabia quem era o dono do avião do qual se servia para viajar com a família. Tal qual Lula, ele tem péssima memória e se esquece de tudo com incrível facilidade. Quanto a Temer saber a origem do dinheiro, não pode haver a menor dúvida: como alguém que foi presidente de uma instituição (diga-se, criminosa) como o PMDB, não sabe a origem de seus milionários recursos? Só se for o maior idiota sobre a face da terra e, nesse caso, deve ser destituído da presidência por deficiência intelectual. Temer faria enorme bem à Nação se renunciasse. Por outro lado, deputados que o apoiam e não querem largar o “osso”, certamente não serão reeleitos em 2018. As rede sociais serão impiedosas com esses parlamentares fisiologistas! Um “presidente” que ao invés de presidir dispende ingentes esforços em tramas e tramoias contra o judiciário e a justiça, pode andar de mãos dadas ao Maduro. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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TSE, Gilmar Mendes e o Napoleão do agreste

TSE um tribunal para velórios Gilmar Mendes está para o judiciário assim como está Cunha para a política. O pobre ignorante vota por uma dentadura. Outros votam por cargos. A decência passa ao largo. Um dia fúnebre para a justiça brasileira. O Ministro pensa que profeta é aquele que faz previsões. Não Ministro, profeta é aquele que faz previsão e acerta. Dispa-se de suas vestes religiosas e examine a sua consciência. Não busque refúgio na hipocrisia barata.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Todos ali sabem quem é quem, e o câmbio do dia. Nem há virgens na zona. Frase de efeito não é alvejante de biografias. Toda a tragicômica ópera foi exaustivamente ensaiada. A platéia baba e bate palmas. Quem tirou a Dilma – e aqui não faço análise de mérito, mas tão somente a referencio como marco temporal – e colocou o Temer com o cetro, concomitantemente entregou a virgindade de Têmis à sanha das togas, e as instrumentalizaram, as togas, com “Tarniers Basiotribe” para violarem o útero da justiça brasileira. TSE legaliza o “eu não sabia” do Lula, e de todos os demais políticos, de Brasília à Lardanha do Brejo Sujo. Ministro vota e assenta algo que pode ser entendido pelos alfabetizados, que “…o candidato não é obrigado a investigar a origem do dinheiro das doações que recebe”. Já o senhor de todos os saberes jurídicos e recebedor do martelo de Thor – por parte dos indignados seletivos, oportunisticamente silentes agora – Gilmar Mendes diz que “caixa 2 precisa ser ‘desmistificado’.” O TSE assenta jurisprudência que palavra de delator não tem valia. Instinto de sobrevivência? Espero que de agora em diante – como centenariamente vigora o princípio de que a lei somente retroage para beneficiar – que sejam consideradas nulas todas as delações do Roberto Jefferson E bate o bumbo. PS. Sobre a decisão do TSE cabem dois recursos; Embargo de Declaração ou Recurso Extraordinário. Os autores da ação, PSDB e PGR detêm essa prerrogativa processual. Será que o PSDB o fará?

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TSE oficializou um ladrão na Presidência da República

O Brasil já teve advogados, um marechal (não ditador), um sociólogo e um metalúrgico na Presidência da República. Com a sentença de hoje, o TSE, a instituição do País responsável pela lisura das eleições, oficializou um ladrão como primeiro mandatário. Michel Temer já foi procurador do Estado, advogado militante, fez carreira política, mas as gravações, as delações, suas atitudes e círculo próximo não deixam dúvida de como ele será visto pela história: ladrão.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Michel Temer pode (ou poderia) ser tão honesto quanto Ivo, o santo patrono dos advogados, mas os fatos e as circunstâncias tornados públicos mostram um perfil oposto. Ladrão em plexo exercício da presidência, responsável por um orçamento de 3,7 trilhões de reais. Este é o retrato de Temer. O perfil de Dilma Rousseff é oposto: uma mulher honesta. Mas, se ela não tivesse sido alvo de um golpe parlamentar, a decisão do TSE teria sido outra. De fato, nem Dilma nem Temer deveriam estar sendo julgados por questões eleitorais agora, depois de tanto tempo. Mas por que o processo foi mantido durante quase três anos? Foi uma estratégia para tirar Dilma e o PT do poder, caso falhasse o golpe desferido pelo Congresso Nacional. Era o plano B dos golpistas. As cortes de justiça superiores dão o exemplo de que, no Brasil, não se analisa os erros e os acertos das pessoas, mas as pessoas, e a elas, dependendo da circunstância, se atribuem crimes, com finalidades políticas. Dois pesos e duas medidas, o oposto do ideal de justiça. Temer tem pela frente uma denúncia criminal, provavelmente por corrupção passiva e formação de quadrilha. Mas a chance dessa denúncia se tornar processo é pequena, já que caberá à Câmara dos Deputados decidir se autoriza ou não a ação no Supremo Tribunal Federal. E esta Câmara dos Deputados está enterrada no lamaçal da suspeita e da corrupção. No último balanço realizado pelo Congresso em Foco, com base nos registros do Supremo Tribunal Federal, havia 148 deputados federais suspeitos ou acusados formalmente de crimes.   Os delitos são variados: crimes de responsabilidade, contra a lei de licitações, corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e crimes eleitorais e ambientais, entre outros. A lista deve ser mais extensa, segundo observou o Congresso em Foco, não apenas porque alguns ministros do Supremo mantêm a existência de alguns inquéritos em sigilo, mas porque, depois desse levantamento, foi divulgada a lista do ministro Édson Fachin com base na delação da Odebrecht. Antes mesmo que o homem da mais estrita confiança de Temer fosse flagrado correndo com uma mala de dinheiro de propina por uma rua de São Paulo, a maioria da população já considerava o presidente da república desonesto: 58%, segundo pesquisa Datafolha de dezembro do ano passado. De lá para cá, o número deve ter subido muito, porque basta conversar com qualquer pessoa, da esquerda à direita, para saber que ninguém discorda do conceito de que Temer é ladrão. O Brasil já teve outros políticos com o mesmo epíteto – ladrão –, mas nenhum esteve no centro de um escândalo de corrupção com tantas evidências. Nenhum presidente foi formalmente investigado por crime de corrupção com autorização de um ministro do Supremo Tribunal Federal. E o que fazem os ex-batedores de panela? Silenciam. No fundo, é um silêncio cúmplice, como o do partido que tem a preferência desses brasileiros, o PSDB. Para estes, bater panela foi a forma de expressar o ódio ao PT, manifestar seu inconformismo com a derrota eleitoral e voltar ao poder. Esse sentimento, como se vê agora, é muito maior do que a vergonha de viver em um País dirigido por um ladrão, agora oficializado pelo TSE, num julgamento que foi presidido por quem se declara um antigo amigo e por dois ministros nomeados por ele. Joaquim Carvalho/Tribuna da Imprensa

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Michel Temer – 82 perguntas explosivas

A chapa está queimando Temer é acusado de corrupção, obstrução de justiça e organização criminosa. As perguntas com cheiro de dinamite. 1. Qual a relação de Vossa Excelência com Rodrigo da Rocha Loures? 2. Desde quando o conhece? Já o teve como componente de sua equipe de trabalho? Quais os cargos ocupados por ele, diretamente vinculados ao de Vossa Excelência? 3. Rodrigo da Rocha Loures é pessoa da estrita confiança de Vossa Excelência? 4. Vossa Excelência confirma ter realizado contribuição financeira à campanha de Rodrigo da Rocha Loures à Câmara dos Deputados, nas eleições de 2014, no valor de R$ 200.650,30? Quais os motivos dessa doação? 5. Vossa Excelência realizou contribuições a outros candidatos nessa mesma eleição? Se a resposta for afirmativa, discriminar beneficiários e valores. 6. Vossa Excelência gravou um vídeo de apoio à candidatura de Rodrigo da Rocha Loures à Câmara dos Deputados, em 2014. Fez algo semelhante em prol de outro candidato? Quais? 7. Rodrigo da Rocha Loures, mesmo após ter assumido vaga na Câmara dos Deputados, manteve relação próxima com Vossa Excelência e com o Gabinete Presidencial? 8. Vossa Excelência confirma ter estado com Joesley Batista, Presidente do Grupo J&F Investimentos S/A, em 7 de março de 2017 no Palácio do Jaburu, em Brasília, conforme referido por ele em depoimento de fls. 42/51 dos autos do Inquérito no 4483? [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] 9. Qual o objeto do encontro e quem o solicitou a Vossa Excelência? 10. Rodrigo da Rocha Loures teve prévio conhecimento da realização desse encontro? 11. Por qual motivo a reunião em questão não estava inserida nos compromissos oficiais de Vossa Excelência? 12. Vossa Excelência tem por hábito receber empresários em horários noturnos e sem prévio registro em agenda oficial? Se sim, cite ao menos três empresários com quem manteve encontros em circunstâncias análogas ao de Joesley Batista, após ter assumido a Presidência da República. 13. Vossa Excelência já havia encontrado Joesley Batista fora da agenda oficial? Quando, onde e qual o propósito do (s) encontro (s)? 14. Em pronunciamento público acerca do ocorrido, Vossa Excelência mencionou que considerava Joesley Batista um ‘conhecido falastrão’. Qual o motivo, então, para tê-lo recebido em sua residência, em horário, prima facie, não usual, em compromisso extraoficial e sem que o empresário tivesse sido devidamente cadastrado quando ingressou às instalações do Palácio do Jaburu (segundo as declarações do próprio Joesley Batista)? 15. Vossa Excelência aventou a possibilidade de realizar viagem a Nova York, no período de 13 a 17 de maio de 2017? Rodrigo da Rocha Loures chegou a comentar com Vossa Excelência sobre o interesse de Joesley Batista de encontrá-lo na sede da JBS, naquela cidade? 16. Vossa Excelência sabe se o ex-ministro Geddel Vieira Lima mantinha encontros ou contatos com o empresário Joesley Batista, segundo referido por este às fls 42/51? Se sim, esclarecer a finalidade desses encontros? 17. Vossa Excelência tem conhecimento se o ministro Eliseu Padilha mantinha encontros ou contatos com o empresário Joesley Batista segundo referido por este às fls 42/51? Se sim, esclarecer a finalidade desses encontros? 18. No mesmo depoimento de fls. 42/51, Joesley Batista disse ter informado Vossa Excelência, no encontro, sobre a cessação de pagamentos de propina a Eduardo Cunha e da manutenção de mensalidades destinadas a Lúcio Bolonha Funaro, ao que Vossa Excelência teria sugerido o prosseguimento dessa prática. Em seguida, o empresário afirmou ‘que sempre recebeu sinais claros de que era importante manter financeiramente ambos e as famílias, inicialmente por Geddel Vieira Lima e depois por Michel Temer para que eles ficassem ‘calmos’ e não falassem em colaboração premiada’. Vossa Excelência confirma ter recebido de Joesley Batista, na conversa havida no Palácio do Jaburu, a informação de que ele estaria prestando suporte financeiro às famílias de Lúcio Funaro e de Eduardo Cunha, como forma de mantê-los em silêncio? Em caso de resposta negativa, esclareceu a Joesley Batista, na ocasião, que não tinha qualquer receio de eventual acordo de colaboração de Lúcio Funaro ou de Eduardo Cunha? 19. Existe algum fato objetivo que envolva a pessoa de Vossa Excelência e seja passível de ser revelado por Lúcio Bolonha Funaro ou Eduardo Cunha, em eventual acordo de colaboração? 20. Vossa Excelência sabe de algum fato objetivo que envolva o ex-ministro Geddel Vieira Lima e que possa ser mencionado em acordo de colaboração premiada que eventualmente venha a ser firmado? 21. Vossa Excelência conhece Lúcio Bolonha Funaro? Que tipo de relação mantém ou manteve com ele? Já realizou algum negócio jurídico com Lúcio Bolonha Funaro ou com empresas controladas por ele? Quais? 22. Lúcio Bolonha Funaro já atuou na arrecadação de fundos a campanhas eleitorais promovidas por Vossa Excelência ou ao PMDB quando Vossa Excelência estava à frente da sigla? Se sim, especificar a (s) campanha (s) 23. Joesley Batista também aduziu no depoimento de fls 4251 que Vossa Excelência se dispôs a ‘ajudar’ Eduardo Cunha no Supremo Tribunal Federal através de dois Ministros que lá atuam? Vossa Excelência confirma isso? Se sim, de que forma prestaria tal ajuda? Quais eram esses dois Ministros? 24. Joesley Batista afirma, no depoimento de fls. 42/51, que Rodrigo da Rocha Loures foi indicado por Vossa Excelência, em substituição a Geddel Vieira Lima, como interlocutor ao Grupo J&F Investimentos S/A. Vossa Excelência confirma tê-lo indicado para tal função? Se sim, quais temas estavam compreendidos nessa interlocução? 25. Vossa Excelência já indicou Rodrigo da Rocha Loures para atuar como interlocutor do Governo Federal em alguma questão? 26. Vossa Excelência sabe se Rodrigo da Rocha Loures reuniu-se com Joesley Batista, após o encontro mantido entre Vossa Excelência e esse empresário, no Palácio do Jaburu? Se sim, qual a finalidade do encontro? 27. Rodrigo da Rocha Loures reportou a Vossa Excelência algum assunto tratado com Joesley Batista? Quais? 28. Vossa Excelência esteve com Rodrigo da Rocha Loures após conversa mantida com Joesley Batista em 7 de março de 2017? Se sim, aponte, com a máxima precisão possível, quando e onde se deram tais encontros. 29. Recorda-se de Joesley Batista, na conversa mantida com

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Tasso Jereissati e a Comissão de Assunto Econômicos

Assisto o Senador Tasso Jereissati ir à tribuna do Senado e condenar – até aí com fundamentada razão – o comportamento dos senadores de oposição que impediram ao senador, comandar os trabalhos da Comissão de Assunto Econômicos, que preside.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Também concordo com o senador (que o momento é grave, e que o Brasil está, ou deveria estar, acima da crise política institucional que ora atravessamos) O texto entre parêntesis é meu. Acontece senador, que V.Exa. deveria considerar, também, que V.Exa. e vosso partido, o PSDB, votaram pelo impeachment da presidente Dilma – e aqui não entrarei no mérito dessa questão, por não oportuno nessa minha argumentação – sabendo que Michel Temer assumiria, conforme determina a Constituição Federal, a Presidência da República. Também não considerou que vosso partido impetrou ação judicial junto ao TSE impugnando a chapa Dilma/Temer. Contudo, o PSDB compôs, de imediato, juntamente ao fisiológico e corrupto PMDB, um bloco parlamentar de apoio ao Presidente que assumiu, e ainda cedendo quadros do PSDB para ocuparem ministérios no governo Temer. É oportuno também lembrar à V.Exa. que vosso partido lutou intensamente nas urnas para eleger presidente da República, o então senador Aécio Neves, que hoje se desnuda que tipo de pessoa corrupta é. Tanto que o PSDB o exilou da presidência do partido. É-me difícil entender que políticos experientes como V.Exa. não soubessem, ou pelo menos não abrigassem alguma dúvida sobre à probidade, à idoneidade, à moral, e à ética e do presidente Temer de seus mais chegados assessores, vários já banidos da vida pública e indiciados em escandalosos inquéritos de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e inúmeros outro contidos no rol co Código Penal Brasileiro. Também, é oportuno lembrar que foi com o voto de V.Exa. – e tantos outros senadores – que colocou na Presidência do Senado notórios e inidôneos políticos como Renan Calheiros, Eunício Oliveira, e Alexandre de Moraes no STF. Vosso partido foi quórum decisivo para a eleição de Eduardo Cunha, e para também eleger Rodrigo Maia, outro membro da confraria que possui os costados em inúmeros inquéritos no STF, na Presidência da Câmara, e segunda autoridade na linha sucessória da Presidência da República. Assim como o discurso falso do PT não mais ecoa em quem entende o logro do metalúrgico, a indignação seletiva não lustra a biografia de nenhum homem público. Temer vai derretendo igual manteiga no sol e nos que o apoiaram, vai batendo o desespero. Cunha já foi pra cadeia. Aécio já devia estar preso se o nosso STF não fosse o conivente de décadas, e Temer se agarra ao cargo pra não acabar como Cunha, na prisão. “Os resultados das ações dos homens estão além dos controles dos atores”- Hanna Arendt

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Dilma e Temer ou Temer e Dilma? Tanto Faz

Temer está cada vez mais parecido com Dilma  Michel Temer está confuso com esse negócio de ter que passar a impressão de que ainda preside o Brasil e, ao mesmo tempo, assumir sua nova condição de suspeito da prática dos crimes de corrupção, obstrução da Justiça e formação de organização criminosa.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] É possível que a própria Marcela Temer tenha dificuldades para saber quando está falando com o suposto presidente ou com o investigado. Neste domingo, ganhou as manchetes a notícia de que o presidente decidiu trocar o ministro da Justiça. Engano. A decisão foi tomada pelo investigado, não pelo presidente. Foi para atender às suas prioridades processuais que Temer transferiu do Ministério da Transparência para a pasta da Justiça o jurista Torquato Jardim, um PhD em TSE com ótimo trânsito no STF. Foi para aplacar suas aflições de alvo de investigação criminal que Temer convenceu Osmar Serraglio a aceitar ser rebaixado da Justiça para a Transparência, em vez de retomar sua cadeira na Câmara —o assento está momentaneamente ocupado por Torquato Jardim, um ex-assessor de Temer que cogita migrar da condição de homem da mala para a de delator. Mal comparando, Temer repetiu o movimento de Dilma Rousseff que, ao sentir que migrava da condição de presidente para a de suspeita, retirou o petista light José Eduardo Cardozo do ministério que carrega a Polícia Federal no organograma. Susbstituiu-o pelo procurador Eugênio Aragão, que chegou avisando que o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, estava com os dias contados: ”Quero evidentemente na PF pessoas que tenham alguma liderança interna”, disse à época. Caiu antes de entregar o escalpo de Daiello, agora às voltas com Torquato, que analisará com Temer a conveniência de trocá-lo. Na definição de Aécio Neves, que também tenta adaptar sua rotina de senador à de investigado, Osmar Serraglio revelou-se na Justiça “um bosta do caralho”. Sem saber que estava sendo gravado pelo delator Joesley Batista, do grupo JBS, Aécio contou que conversara com Temer sobre o erro “de nomear essa porra” para um ministério tão estratégico. O sonho de Aécio era a troca de comando na Justiça. “Porque aí mexia na PF”, recitou para o gravador do dedo-duro. — O que que vai acontecer agora? Vai vim inquérito de uma porrada de gente, caralho, eles são tão bunda mole que eles não… O cara que vai distribuir os inquéritos para o delegado. Você tem lá cem, sei lá, dois mil delegados da Polícia Federal. Você tem que escolher dez caras, né? Do Moreira [Franco], que interessa a ele, vai pro João, disse Aécio a certa altura. — Pro o João, respondeu Joesley. — É. O Aécio vai pro Zé, prosseguiu o senador tucano, agora afastado de suas funções parlamentares. Torquato Jardim é mais sofisticado do que gostaria Aécio. Mas ajusta-se com perfeição às prioridades de Temer. Na sua rápida passagem pela Justiça, Serraglio dedicou-se a brigar com índios. Tomado pelo conteúdo de uma entrevista que concedeu ao Correio Braziliense, Torquato terá atuação mais ajustada às necessidades de Temer. O novo ministro justifica o encontro de Temer com o delator Joesley Batista na calada da noite. “O presidente é um parlamentar há 24 anos e tem uma conduta de informalidade que é própria de quem é do Congresso”, diz Toquato. “Ele tem uma descontração ao encontrar as pessoas, doadores de campanha, empresários… Nesse âmbito é que eu compreendo ele ter recebido o empresário.” Torquato joga água fria na fervura dos que imaginam que a cassação de Temer pelo TSE virá no dia 6 de junho: “A coisa mais natural que existe, em um processo de 6 mil páginas, com 1.250 páginas de relatório e um voto que terá 400 ou 600 páginas, é que um juiz peça vista. Acontece isso em qualquer julgamento.” De resto, o novo titular da Justiça ecoa os advogados de Temer. Faz isso ao questionar a “validade tecno-processual” do áudio do delator Joesley. Ou ao realçar que “um procurador da República que atuava na Lava-Jato aposentou-se e, no dia seguinte, tornou-se advogado” do delator da JBS. Ou ainda ao pôr em dúvida “a validade da extensão do benefício” judicial concedido aos delatores de Temer. Blog Josias de Souza

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A elite econômica no Brasil procura benesses e não é chegada a competição

Para Pedro Ribeiro, lista de Fachin inquéritos abertos com a lista de Fachin revelam simbiose de empresários com políticos patrimonialista Pedro Ribeiro, cientista político ROGÉRIO GIANLORENZO [ad name=”Retangulo – Anuncios – Esquerda”]O sentimento antipolítica está no ar e não é de hoje. Para o cientista político Pedro Floriano Ribeiro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos, a lista de Fachin e a divulgação dos depoimentos dos delatores, contudo, não trará grandes novidades imediatas para o sistema político. Segundo ele, a principal questão do momento, que a divulgação do volumoso número de inquéritos não deixou dúvidas, é a certeza de que a política brasileira tem funcionado, desde muito tempo, em um sistema universal de corrupção – em que classe política e elite econômica vivem em simbiose. Leia abaixo os principais trechos da entrevista do EL PAÍS com Ribeiro. Pergunta. Os inquéritos são um grande consolidado de tudo que vem sendo vazado e divulgado na mídia ao longo dos últimos anos. Como você recebeu a notícia da divulgação da lista? Resposta. Ninguém nessa altura do campeonato ficou surpreso com os nomes envolvidos e com os esquemas relatados. O que a lista deixa claro é que existe um sistema universal de corrupção, em que ela é institucionalizada e depende de uma simbiose entre uma classe política patrimonialista e acostumada a esquemas corruptos e uma elite econômica chegada nesses esquemas. Esse é um lado que pouco se aborda, mas é importante dizer que a elite econômica brasileira procura benesses, favorecimentos e concessões monopolísticas. Ela não é muito chegada à competição livre de mercado. É uma elite, em suma, que tenta capturar o Estado por meio do sistema de corrupção. É uma simbiose e é preciso deixar claro que há dois lados e que isso vem de muito tempo atrás. P. Num plano concreto, de desdobramentos judiciais, o que esperar daqui para frente? R. Agora é de se esperar que haverá um trabalho muito grande da Polícia Federal (PF) e do Judiciário como um todo para a produção de provas, porque, por enquanto, os inquéritos encaminhados parecem ser baseados quase exclusivamente nas delações, o que não é suficiente e é até um pouco preocupante. É muito fácil, quando a pessoa está em uma situação em que está sendo ameaçada de prisão, fazer acordos. A Justiça vai ter de trabalhar para casar as delações com provas concretas e isso, com certeza, significará muito tempo despendido. P. E em um plano político? A abertura total dos inquéritos e depoimentos dos delatores coloca a atividade política ainda mais em suspeição? R. A repulsa à classe política já estava colocada. Agora, com os inquéritos, a aversão só aumenta. Também pesa nessa conta, além, obviamente, da conduta dos próprios políticos, também o papel dos meios de comunicação que vem jogando um papel importante no sentido de aumentar a rejeição à classe política. P. E, na sua avaliação, quais são os impactos da lista do Fachin para o Governo Temer? R. Eu não vejo risco de longo prazo, pois acredito que há um grande acordo, que envolve até parte do PT, para que o Temer fique até 2018. Não acredito que essa lista seja o elemento que vá derrubar o Temer, apesar de sua fragilidade. Deve-se lembrar que hoje ele tem uma aprovação de apenas 10%, sendo que, há alguns meses, disse, referindo-se à Dilma Rousseff, que um mandatário que tem uma casa de dígito de aprovação era insustentável. P. Mas oito de seus ministros serão investigados. E figuras chave, como os presidentes do Senado e da Câmara, também. R. Sim. E, por isso, acredito que a lista pode resultar, principalmente, em um impacto na tentativa de aprovação dessas reformas que o Temer quer passar. A reforma da previdência, por exemplo, que já conta com uma série de resistências, com vários deputados do Governo dizendo que não a iriam apoiar como ela estava, pode se tornar inviável. É preciso ver como as pessoas vão reagir aos vídeos e depoimentos das delações. Dependendo disso, é possível que haja um grande abalo nessas principais lideranças da Câmara e do Senado. O que vai, com certeza, aumentar a possibilidade de reprovação das reformas, já que grande parte da classe política passa a se preocupar com sua própria sobrevivência. Além disso, esse Governo não tem muito tempo. Se a pauta ficar travada com esse assunto… Daqui um ano, mais ou menos, já estamos falando de novas eleições. Para quem é contra as reformas, acredito que a lista seja uma boa notícia. P. Nesse cenário, como ficam as eleições para 2018 em que quase metade dos governadores brasileiros, por exemplo, estão sendo investigados? R. O núcleo da classe política atual está sendo varrido. Não destruído por completo, mas muito afetado. E com a aversão à classe política, existe a possibilidade de um outsider chegar forte e levar as próximas eleições. Agora, acho importante ponderar, que deve ser bem difícil que aconteça algo como aconteceu em 1989, quando Fernando Collor foi eleito. “Acredito que os grandes partidos – PT, PMDB, PSDB – controlam de modo muito firme o jogo político no Brasil hoje. É muito difícil que surja um outsider completo, alguém sem o apoio da máquina partidária” P. Você não acredita, então, que uma figura como Jair Bolsonaro (PSC) pode ser bem sucedido no ano que vem? R. Acredito que os grandes partidos – PT, PMDB, PSDB – controlam de modo muito firme o jogo político no Brasil hoje. É muito difícil que surja um outsider completo, alguém sem o apoio da máquina partidária, sem tempo de televisão. O que é possível é que alguém como o João Doria (PSDB), que se diz um não político, mas que é extremamente político, consiga alguma coisa. Vale lembrar que o Doria, apesar de trabalhar com o discurso da antipolítica, ainda muito cedo foi presidente da Embratur no Governo Sarney. A população de São Paulo, contudo, acreditou nesse discurso de administrador, de gestor. Assim como os eleitores de Belo Horizonte, que

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Procurador-geral encontrou motivos para investigar presidente, mas é impedido por “imunidade temporal”

Procurador-geral encontrou motivos para investigar presidente, mas é impedido por “imunidade temporal”. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Esquerda”]O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encontrou nos depoimentos de seis dos delatores da Odebrecht motivos suficientes para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que investigue Michel Temer, mas teve que excluir  “por ora” o presidente da República. Janot aponta que o presidente capitaneava um esquema de propinas, mas está protegido pela “imunidade temporária que a Constituição confere” ao cargo que ocupa. O procurador defende que há indícios de que dois ministros do atual Governo, Eliseu Padilha e Moreira Franco, atuavam “em nome do PMDB e de Michel Temer” para solicitar “recursos ilícitos” à construtora. Janot tira as suas conclusões “da narrativa dos colaboradores” —seis ex-executivos da empreiteira, entre eles o próprio Marcelo Odebrecht— e dos “elementos de corroboração” procurados pela investigação judicial. Com isso o procurador aponta que Padilha, atual ministro da Casa Civil, e Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, tinham como missão a “obtenção de recursos ilícitos para o grupo capitaneado por Michel Temer”. O relatório que Janot apresentou ao STF depois de ouvir os delatores contém vários elementos muito comprometedores para o atual presidente. A partir do depoimento do antigo executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho, o relatório deixa claro que “o núcleo político organizado” do PMDB na Câmara estava formado por Temer, Padilha e Moreira Franco. Padilha era “a pessoa mais destacada” para “entabular negociações com agentes privados e centralizar as arrecadações financeiras da Odebrecht”. “Atuava como verdadeiro preposto de Michel Temer, deixando claro que muitas vezes falava em seu nome e utilizava seu peso político para obter êxito em suas solicitações”, escreve Janot depois de ouvir o relato do delator Claudio Melo. Na linguagem jurídica, prepostos são “as pessoas que agem em nome de uma empresa ou organização”. O próprio Marcelo Odebrecht também definiu Padilha como o “arrecadador do PMDB na Câmara”. Após Temer assumir a vice-presidência da República, ele exerceu “o controle direto de cargos no então Governo federal” de Dilma Rousseff. Moreira Franco foi indicado para ministro da Secretaria de Aviação Civil, uma pasta na qual favoreceu, segundo Janot, a Odebrecht na concessão dos aeroportos do Galeão, no Rio, e de Confins, em Belo Horizonte. Nas relações entre a empreiteira e os filiados do PMDB no Governo utilizavam-se, segundo o procurador, “o peso político dos participantes, especialmente do então vice-presidente”. Em março de 2014, depois dos leilões para os dois aeroportos, Moreira Franco pediu à Odebrecht quatro milhões de reais “a pretexto da campanha eleitoral” daquele ano, segundo relataram os ex-executivos ao procurador geral da República no âmbito das investigações da operação Lava Jato. O delator Benedicto Barbosa afirmou que autorizou esse pagamento “em razão de ser Moreira Franco uma pessoa muito próxima do núcleo duro do Governo federal, sendo um dos mais fortes representantes do PMDB ligado a Michel Temer”. Moreira Franco indicou Padilha como a pessoa que ia receber o dinheiro. No sistema informático oculto que tinha a Odebrecht para controlar os pagamentos ilegais, os investigadores encontraram, com datas de 17 e 24 de março desse ano, três registros de entregas por um valor total de quatro milhões. Num deles está incluído como endereço o escritório particular de Padilha. Outro depoimento conhecido nesta quarta, que coloca Temer em uma situação comprometedora, é o do ex-executivo da Odebrecht Marcio Faria da Silva. O delator relata que em uma reunião celebrada no dia 15 de julho de 2010 no escritório de Temer, então candidato a vice-presidente, foi acertado o pagamento de uma propina de 40 milhões de dólares para o PMDB, ou 5% do valor dum contrato da Petrobras concedido a Odebrecht. Também teriam participado da reunião, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, outros dois fiéis escudeiros do atual presidente. “Michel Temer sentou na cabeceira [da mesa]… do lado de lá, [o ex-deputado] Eduardo Cunha e [o ex-ministro do Turismo] Henrique Alves”, diz Faria. Segundo ele, Temer se referiu a ambos como “esses rapazes” que resolveriam os assuntos de interesse do PMDB durante o Governo Dilma. Em nota, o presidente da República afirmou que o relato de Marcio Faria é “uma mentira absoluta”. “Faria foi levado ao [hoje] presidente pelo então deputado Eduardo Cunha. A conversa, rápida e superficial, não versou sobre valores ou contratos na Petrobras”. O relatório enviado por Janot ao STF contém ainda os detalhes da já conhecida reunião entre executivos da Odebrecht com Michel Temer e Padilha no palácio do Jaburu, residência do vice-presidente da República. Foi em 28 de maio de 2014, com a participação de Marcelo Odebrecht e Claudio Melo. Antes do jantar, na varanda do palácio, os quatro falaram “dos pagamentos ilícitos sob o argumento de ajuda para as campanhas do PMDB em 2014”, escreve o procurador. Marcelo teria se comprometido ali a pagar 10 milhões de reais, dos quais 6 milhões para a campanha de Paulo Skaf, então candidato ao Governo de São Paulo, e 4 milhões para Padilha. No sistema informático clandestino da Odebrecht apareceram quatro registros com os entregues de essa última parte para o atual ministro da Casa Civil. Segundo os delatores, Padilha repassou um milhão ao então deputado Eduardo Cunha, condenado há duas semanas pelo juiz Sergio Moro a 15 anos de cadeia. Temer nega que tivesse pedido esse dinheiro à Odebrecht. Janot aponta que não existe comprovação de que o dinheiro fosse destinado a campanhas, e mesmo alguns pagamentos foram realizados fora do período de arrecadação para os candidatos. “Vislumbra-se, na verdade, uma solicitação indevida em razão da função pública que se almeja ou ocupa, a pretexto de campanha eleitoral”, argumenta o relatório. Em vista dos fatos detalhados pelos delatores, Janot faz questão de explicar por que não solicita a abertura de investigação ao presidente. E lembra o artigo 86, no quarto parágrafo da Constituição: “O Presidente da República, na vigência do seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício da sua função”. Porém Janot defende que isso não significa que Temer tenha imunidade

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