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Saúde e o abuso dos antibióticos

Contra superbactérias, hospitais tentam conter abuso na prescrição de antibióticos Uma das principais causas da resistência bacteriana é o uso excessivo de antibióticos, inclusive dentro do ambiente hospitalar – Direito de imagemISTOCK No final de janeiro, a estudante macapaense Adrielly Gadelha Montoril, de 23 anos, se preparava para um final de semana tranquilo após sua rotina de hemodiálise. Três vezes por semana, ela era submetida à transfusão de sangue por meio de uma fístula arteriovenosa – ligação entre uma artéria e uma pequena veia feita em seu antebraço.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A doença renal crônica que a acometia estava sob controle, e nada no horizonte indicava que ela precisaria de intervenções médicas emergenciais. Mas uma dor insuportável em seu braço, iniciada numa sexta-feira, deu o sinal de que algo poderia estar errado. “Eu peguei uma bactéria na fístula – não sabemos como. Fiquei em casa no final de semana chorando de dor, pedindo ajuda para meu pai. Meu braço queimava. Fiquei três dias tomando antibiótico, e ela só foi progredindo. Crescia. A gente pensava que ela estava morrendo. Eu tinha febre, aquela agonia no meu braço. Mas a gente não sabia o que era aquela bactéria”, relembra. Na segunda-feira seguinte, quando Adrielly chegou ao hospital para uma nova sessão de hemodiálise, havia uma bolha negra em seu braço. “Os médicos se assustaram. Tiraram foto porque nunca tinham visto aquilo. Fui levada com urgência para a sala de cirurgia”, relembra. “Meus pais não queriam acreditar. A fístula é um canal para o coração. Foi um milagre eu ter sobrevivido.” Adrielly foi vítima de uma infecção por uma versão resistente da bactéria Staphylococcus aureus. Além de ter que se submeter a uma cirurgia para limpeza da área, a estudante perdeu a chance de continuar com as transfusões. Diante disso, a estudante teve que entrar de emergência na fila de transplante. Ela recebeu um novo órgão em abril. Após idas e vindas, teve alta definitiva na última terça-feira, mais de seis meses depois da infecção bacteriana. Assim como Adrielly, casos de pacientes infectados por bactérias resistentes vêm crescendo no Brasil e já causam ao menos 23 mil mortes por ano, estimam especialistas. Uma das principais causas da resistência bacteriana é o uso excessivo de antibióticos, inclusive dentro do ambiente hospitalar. Por esse motivo, hospitais brasileiros vêm implantando um novo sistema para controlar o consumo desses medicamentos e evitar abusos. “Há uma dificuldade estrutural para enfrentar a resistência antimicrobiana, mas hoje sabemos que é preciso implementar regras básicas para diminuir o uso de antimicrobianos. O paciente chega com um problema e o médico já prescreve o antibiótico,” afirma Sylvia Lemos Hinrichsen, médica infectologista e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Desde o ano passado, Sylvia vem treinando hospitais brasileiros a racionalizar o uso de antibióticos, após estudar programas de gestão de uso desses medicamentos no Reino Unido. Gestão racional Chamadas de Antimicrobial Stewardship Program (ASM), as iniciativas começaram nos anos 2000 e se tornaram comuns na Europa e nos Estados Unidos com a preocupação crescente sobre superbactérias. No Brasil, programas para controle do uso de antibióticos também não são novos, mas as iniciativas ainda estão em fase inicial. O objetivo é que os médicos usem antibióticos de maneira mais precisa e evitem desperdícios. Quanto mais se usa um antibiótico sem necessidade, maior o risco de se criar uma superbactéria. Iniciativas para usar antibióticos de forma mais precisa ainda estão em fase inicial no Brasil, apesar de não serem novas – Direito de imagemGETTY IMAGES De acordo com informações compiladas pelo Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos em 2014, cerca de 20% a 50% dos antibióticos prescritos em hospitais de cuidados intensivos naquele país são ou desnecessários ou foram prescritos incorretamente. No Brasil, as estatísticas não são melhores, segundo os médicos. “Costumávamos tratar pacientes antes mesmo da cirurgia. A pessoa ia tirar um dente e começava com o antibiótico dias antes. E isso traz riscos muito graves”, explica a médica Maria Manuela Alves dos Santos, superintendente do Consórcio Brasileiro de Acreditação, que certifica a qualidade de hospitais em parceria com a Joint Commission International. Desde julho, a JC incluiu gestão racional de antibióticos como um dos requisitos para seu selo de qualidade. Para usar esses medicamentos de maneira mais eficiente, os hospitais precisam mapear os organismos infecciosos mais comuns em sua unidade e criar mecanismos para identificar rapidamente as reais causas das infecções em pacientes. “Da mesma forma que um hospital precisa de uma equipe de limpeza, precisa de uma equipe de microbiologia para saber sua realidade microbiológica. Porque é a partir disso que vou sugerir guias terapêuticos para os meus médicos”, diz Pedro Mathiasi, infectologista do HCor, em São Paulo, que desde 2013 lidera um programa de gestão racional de uso de antibióticos. Demora Quando um doente chega ao hospital, os médicos muitas vezes não conseguem identificar prontamente a causa da infecção, mas colocam o paciente sob antibióticos, para evitar que a doença se alastre, enquanto colhem amostras para investigar o problema. Essa investigação é feita pelo laboratório de microbiologia, que determina quais bactérias, fungos ou vírus são a causa de determinada doença. Em países desenvolvidos, esses testes saem em até duas horas, mas, no Brasil, médicos relatam que resultados podem levar até sete dias para ficar prontos. “Se o laboratório de microbiologia dá retorno rápido, o médico ajusta o tratamento. Isso traz resultados melhores para o paciente e reduz o tempo dele no hospital”, explica José Martins de Alcântara Neto, farmacêutico do Hospital Universitário Walter Cantídio, de Fortaleza, que em fevereiro desse ano também implantou um programa para racionalizar o uso de antibióticos. Porém, quanto mais esses testes demoram, maior o risco de pacientes receberem antibióticos fortes demais, que atacam múltiplas bactérias ao mesmo tempo. Chamados de amplo espectro, esses medicamentos são efetivos, mas selecionam mais bactérias resistentes. “Quando chega o resultado, vejo se posso diminuir o espectro do antibiótico, se posso dar uma dose mais branda. Esse é o pulo do gato. Porque às vezes você está dando um

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Durante casamento, noiva conhece homem que recebeu o coração de seu filho

Há mais coisas entre o céu e terra… As campanhas de doação de órgãos são sempre emocionantes, principalmente quando trazem relatos de pessoas que sobreviveram graças à bondade de familiares que aceitaram o procedimento em um momento tão delicado. Becky Turney, de 40 anos, passou por isso em outubro de 2015, quando aceitou doar o coração de seu filho Triston Green, de 21 anos. O receptor foi Jacob Kilby, na época com 19 anos, que nasceu com a síndrome do coração esquerdo hipoplásico, no qual o lado esquerdo do órgão é pouco desenvolvido, oferecendo riscos de morte. Aos 2 anos de idade, Kilby passou pelo primeiro transplante, mas esse coração foi se deteriorando com o tempo, e o rapaz teve um ataque cardíaco em 2015, necessitando urgentemente de um novo órgão. No último final de semana, Becky e Jacob finalmente se conheceram – e em uma ocasião mágica! A mulher estava se casando com Kelly Turney, que chamou o rapaz para ser padrinho na cerimônia, que ocorreu no Alasca. Jacob aceitou o convite prontamente, mas tudo era uma surpresa para Becky. No dia da cerimônia, um lugar vazio estava reservado para a memória de Triston Green, com uma plaquinha de que estaria muito feliz vendo sua mãe se casar. Foi então que o noivo revelou a surpresa para Becky e chamou Jacob para o altar. Ela pode, então, ouvir novamente o coração de seu filho. A emoção tomou conta de todos que estavam presentes. A história emocionante foi narrada pela fotógrafa Amber Lanphier e já teve mais de 100 mil compartilhamentos. As fotos do encontro são incríveis! “Eu perdi a cabeça! Eu vibrei como uma menininha. Foi incrível!! Eu nunca tinha sido surpreendida desse jeito – eu sempre fui aquela que abria secretamente todos os presentes sob a árvore de Natal”, explicou Becky ao programa Today. “As fotos dizem tudo”, finaliza. Triston também estava presente no buquê da sua mãe e tinha um lugar reservado na primeira fila. Via Parvablog

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Economia – Maconha medicinal fatura mais que Viagra

Maconha legal já é mercado maior que viagra e tequila nos EUA Maconha: Ministro da Justiça quer erradicar uso e comércio no Brasil (OpenRangeStock/Thinkstock) O mercado legal de maconha (medicinal e recreativa) nos Estados Unidos cresceu 30% em 2016 e ficou entre US$ 4 bilhões e US$ 4,5 bilhões.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] É mais do que movimentado por bebidas como tequila (US$ 2,3 bilhões), serviços pagos de streaming de música (US$ 2,5 bilhões) e medicamentos como o Viagra e Cialis (US$ 2,7 bilhões, incluindo o Canadá). A maconha legalizada também se aproxima do tamanho do mercado de pizza congelada (US$ 4,4 bilhões) e de sorvete no varejo (US$ 5,1 bilhões). Os números são da última edição do Marijuana Business Factbook, lançado anualmente pela publicação Marijuana Business Daily. O mercado recreativo no país foi liderado pelos estados de Washington e Colorado, que legalizaram esse tipo de uso em 2012, e impulsionado definitivamente em 2016 por outros sete estados. A Califórnia, onde as vendas devem começar no ano que vem, é o estado mais populoso dos Estados Unidos e se fosse um país, teria a sexta maior economia do planeta. A estimativa é que o mercado nacional triplique até 2021, quando chegaria a US$ 17 bilhões, menos da metade de uma demanda total hoje estimada em US$ 40 bilhões. Também ajuda que 6 em cada 10 americanos já apoiam a legalização, a mais alta proporção já registrada. Mas há algumas preocupações. Em alguns locais a produção cresceu mais rápido do que a demanda, o que derrubou demais o preço, e o governo de Donald Trump dá sinais contraditórios sobre o tema  no nível federal, o que faz aumentar o medo de intervenção nos produtores. Na América Latina, o pioneiro na legalização é o Uruguai, que está registrando os cidadãos interessados no produto para começar as vendas em julho. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária decidiu na última terça-feira classificar oficialmente a a Cannabis sativa como uma planta medicinal. Legalizar o uso recreativo poderia render entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões por ano para os cofres públicos, de acordo com um estudo divulgado pela Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. Por João Pedro Caleiro

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Cigarro: Uma em cada Dez mortes no mundo

Estudo diz que cigarro causa uma em 10 mortes no mundo e coloca Brasil como ‘história de sucesso’ Um em quatro homens e uma em 20 mulheres fumavam diariamente em 2015 Direito de imagemGETTY IMAGES O cigarro é responsável por uma em cada 10 mortes no mundo e metade das mortes causadas pelo fumo ocorre em apenas quatro países. China, Índia, Estados Unidos e Rússia concentram mais da metade das mortes atribuídas ao tabaco, de acordo com estudo divulgado esta semana pela publicação científica The Lancet.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O Brasil, por sua vez, aparece na pesquisa – que analisou 195 países entre 1990 e 2015 – como “uma história de sucesso digna de nota” por causa da redução significativa no número de fumantes nos últimos anos. O estudo, financiado pela Bill & Melinda Gates Foundation e pela Bloomberg Philanthropies, constatou que, em 2015, aproximadamente 1 bilhão de pessoas no mundo fumavam diariamente: um em quatro homens e uma em 20 mulheres. A proporção é ligeiramente diferente da registrada 25 anos antes. Em 1990, eram um em cada três homens e uma em cada 12 mulheres. O aumento populacional, contudo, representou um incremento no número total de fumantes, de 870 milhões em 1990 para o quase 1 bilhão de 2015. E o número de mortes representa um aumento de 4,7% de 2005 a 2015. Segundo os pesquisadores, a mortalidade pode ter aumentado porque as companhias de tabaco adotaram estratégias mais agressivas em novos mercados, em especial em países em desenvolvimento. “Apesar de mais de meio século de evidências dos efeitos prejudiciais do tabaco na saúde, atualmente, um em cada quatro homens no mundo fumam diariamente”, diz uma das autoras do estudo, Emmanuela Gakidou. “Fumar cigarro continua sendo o segundo maior fator de risco de mortes prematuras e deficiências e, para reduzir seu impacto, devemos intensificar seu controle”, avalia a pesquisadora. Indonésia ainda está entre os países que lutam para reduzir o número de fumantes Direito de imagemGETTY IMAGES Brasil O estudo conclui que alguns países conseguiram ajudar pessoas a parar de fumar, em geral combinando impostos mais altos com avisos sobre os danos à saúde nos maços e programas educacionais. Um exemplo é o Brasil, que, em 25 anos, viu a porcentagem de fumantes diários despencar de 29% para 12% entre homens e de 19% para 8% entre mulheres. O país ocupa o oitavo lugar no ranking de número absoluto de fumantes (7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens), mas a redução coloca o Brasil entre os campeões de quedas do número de fumantes. Por outro lado, de acordo com o estudo, Bangladesh, Indonésia e Filipinas não viram nenhuma mudança relativa em 25 anos. Na Rússia, houve aumento no número de mulheres que fumam e tendências similares foram identificadas na África.

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Epilepsia, convulsões e atletismo

Atleta com epilepsia desafia convulsões durante corridas para continuar competindo Mesmo com epilepsia crônica, Katie já ganhou provas de corrida importantes. Em um momento, ela está correndo junto a outros competidores. No outro, está inconsciente, caída no chão e espumando pela boca. Após passar alguns segundos tendo convulsões, Katie Cooke se levanta e segue em frente – ela está determinada a não deixar que a epilepsia crônica a tire das competições.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A estudante de 19 anos de Cherrywood, ao sul de Dublin, na Irlanda, chega a ter 15 convulsões por dia. “Perco o controle todos os dias. Meu corpo todo treme, sinto os espasmos musculares, não consigo respirar. É como ser sugada para fora de mim”, diz ela. Apesar de ter que lidar com alguns ataques enquanto corre, Cooke já venceu provas importantes, como a categoria para sua faixa etária da Maratona de Dublin. Katie corre 5 km em menos de 17 minutos e é vista com frequência pelas ruas da cidade com seu parceiro de corrida, o médico Colin Doherty, que é seu neurologista. Mas ela não foi sempre do tipo esportivo. Diagnosticada aos 9 anos, ela conseguiu manter o problema sob controle com medicação; mas, quando entrou na puberdade, piorou por conta dos hormônios. “Não conseguia sair da cama. Não era capaz de fazer qualquer coisa sozinha, não conseguia falar. Minha mãe me vestia e me dava banho.” Katie chegou a ser internada por dez meses, mas, apesar de ter participado de diversos testes de tratamentos, sua condição se deteriorou, e ela perdeu o controle da coluna e da cintura. Quando foi mandada para casa, não conseguia andar. “Fiquei em uma cadeira de rodas por sete meses, mas, como sou muito teimosa, queria provar o que era capaz de fazer. Depois de muita fisioterapia, comecei a correr todos os dias, e amei essa liberdade.” Direito de imagemARQUIVO PESSOAL – Katie chegou a não conseguir mais andar sozinha por causa de sua condição Hoje, ela corre todos os dias e diz que, se perde um treino, sente o cansaço e tontura de antes retornarem. Mas, apesar de a corrida aliviar seus sintomas, não é uma cura. O aumento da frequência cardíaca durante a atividade física a leva a ter mais convulsões do que se não praticasse o esporte. Mas Katie diz que os benefícios compensam o sacrifício. Seu médico tem uma visão semelhante. “Há alguns desafios se você tem epilepsia crônica e quer correr longas distâncias, mas, se você só caminhar, também vai ter os mesmos desafios, então, as vantagens superam os riscos”, diz Colin Doherty. Direito de imagemSPLHá mais de 40 tipos de epilepsia, segundo os especialistas O cérebro é composto por 3 bilhões de células, todas elas ativas – mas não ao mesmo tempo. O órgão é como uma máquina que funciona de forma dessincronizada. A epilepsia ocorre justamente quando as células são ativadas em sincronia. Se um milhão delas funciona ao mesmo tempo, isso afeta o comportamento de uma pessoa. Se 3 bilhões são ativadas em conjunto, ocorre um ataque epiléptico. Há cerca de 40 tipos de epilepsia. Em algumas pessoas, elas apenas “saem do ar”. Outras apenas ficam confusas. E muitas têm convulsões, como Katie. Participar de corridas parecia ser inviável. Assim que ela tinha um ataque epiléptico, paramédicos a tiravam da prova. Ao comentar sobre isso com seu médico, ele se ofereceu para ser seu companheiro de corrida e ajudá-la durante as convulsões. “Sou um especialista em epilepsia, então, minha função é impedir que as pessoas a levem para uma ambulância. Apenas fico ali dizendo: ‘Katie está bem, sou seu médico, ela vai se recuperar’.” A epilepsia de Katie permite que ela se recupere imediatamente após um ataque. Pode se levantar e seguir em frente. Doherty suspeita que seu bom preparo físico ajuda nesta rápida recuperação. “Katie leva a corrida a sério. Ela treina bem. Estou muito confiante de que essa é uma experiência positiva para ela.” Médico de Katie, Colin também é seu parceiro de corrida Além do esporte e da faculdade, Katie também tem uma vida social saudável e um namorado, Jack, que está ao seu lado quando ela tem ataques à noite. “Ele é uma das pessoas mais tranquilas que conheço e consegue dormir enquanto estou tendo convulsões, o que é um pouco estranho”, conta ela. “Ele só acorda de vez em quando, porque alguns ataques são bem violentos. Já dei um tapa na cara dele, e ele simplesmente voltou a dormir.” Às vezes, os ataques noturnos trazem alucinações – ela diz ver um homem atrás dela. São esses episódios que a deixam mais cansada. “Não consigo dormir nada.” Direito de imagemARQUIVO PESSOALKatie tem uma vida social saudável e um namorado, Jack Ela teve problemas na escola por conta disso e não conseguiu estudar com afinco durante o ensino médio. Mas conseguiu fazer um curso supletivo e entrar para uma universidade, onde estuda gestão esportiva. Seu médico diz que ela é “uma jovem incrível” por tudo que conseguiu fazer, mesmo tendo fortes convulsões diariamente. Apesar de muitas pessoas levarem um susto quando a veem caindo no chão em uma corrida, Doherty acredita que estar em público quando isso ocorre pode ajudar outras pessoas que sofrem do mesmo problema. “Precisamos ajudar para que as pessoas levem a vida mais normal possível e sejam incentivadas a fazerem tudo que quiserem. A maior barreira não é a segurança, mas a percepção alheia.” BBC

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Vacina cubana contra HIV apresenta resultados positivos em testes com seres humanos

Não foram registrados casos de efeitos colaterais ou de toxicidade; há indícios positivos de eficácia, que ainda precisam ser confirmados em um grupo maior de indivíduos. Uma vacina desenvolvida em Cuba com o objetivo de reduzir a carga viral de portadores do HIV e que se encontra em fase de testes clínicos na ilha caribenha tem demonstrado eficácia, afirmou Yayri Caridad Prieto Correa, uma das responsáveis pelo estudo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A vacina Teravac-VIH tem potencializando a resposta imunológica dos nove pacientes que a tomaram e que estão sendo acompanhados pelos pesquisadores cubanos.   A pesquisadora do CIGB (sigla em espanhol para Centro de Engenharia e Biotecnologia) de Havana apresentou os resultados preliminares dos testes com humanos durante o primeiro congresso BioProcess Cuba 2017, realizado em na cidade cubana de Camaguey na última semana. Segundo Correa, os nove pacientes soropositivos que tomaram a vacina não apresentaram efeitos adversos nem de toxicidade, o que era o principal objetivo desta fase de testes, que certifica a segurança do medicamento. Assim como nos estudos pré-clínicos em animais, o teste com humanos demonstrou que a vacina potencializa a resposta imunológica do organismo infectado por HIV, vírus causador da Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida). Vacina cubana está sendo testada em nove pacientes no momento e tem demonstrado eficácia, disse pesquisadora A pesquisadora, porém, alertou para que não se criem falsas expectativas sobre a vacina, que ainda deve passar por testes com mais pessoas soropositivas para se estabelecer sua eficácia em larga escala, o que deve levar mais alguns anos. A atual fase de testes, por exemplo, foi anunciada em março de 2012. Correa também ressaltou que a vacina não sana a infecção por HIV, mas diminui a taxa de vírus no sangue, melhorando assim a qualidade de vida das pessoas soropositivas. Ela afirmou que a busca de vacinas contra o vírus segue sendo uma das prioridades das instituições médicas e científicas cubanas, mas que a prevenção segue sendo o principal método para evitar o contágio. O objetivo dos especialistas cubanos é substituir a atual terapia contra o HIV, que consiste na combinação de vários inibidores retrovirais que bloqueiam a expansão do vírus. Embora tal terapia se mostre majoritariamente eficiente, em alguns casos pode causar danos colaterais aos pacientes. A vacina Teravac-HIV é administrada simultaneamente por via mucosa, por spray e administração intramuscular. Ela foi desenvolvida a partir de uma “proteína recombinante” – através de técnicas de engenharia genética – e busca induzir uma resposta celular contra o vírus. Segundo os resultados preliminares, a vacina diminuiu a carga viral nos linfócitos T citotóxicos (CD8) dos pacientes. Segundo o portal Infomed, da rede de saúde de Cuba, o primeiro caso de HIV foi diagnosticado na ilha há 31 anos. Em 2015, o país se tornou o primeiro no mundo a erradicar a transmissão do HIV de mãe para filho, como afirmou a OMS (Organização Mundial da Saúde). A transmissão sexual é a forma predominante de infecção por HIV em Cuba, responsável por mais de 99% dos casos. Com dados do OperaMundi

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“O pão branco é uma bomba que estamos dando às pessoas”

Professor visitante de Harvard, Miguel Ángel Martínez-González alerta sobre as táticas agressivas de algumas empresas de alimentos. Martínez-González, no campus do IESE Business School de Barcelona, em janeiro passado VANESSA MONTERO Demora-se menos de dois minutos para se dar conta de que o doutor espanhol Miguel Ángel Martínez-González ensina pelo exemplo. Ele sobe a pé as escadas da faculdade até o segundo andar, onde dá aula de bioestatística a futuros médicos, toma o café sem açúcar e, em um cardápio de restaurante que oferece como opções lentilhas, massa e carne, escolhe sem hesitar os grãos. Está há mais de duas décadas em busca de evidências científicas para respaldar as benesses atribuídas pela tradição à dieta mediterrânea.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O catedrático de Saúde Pública da Universidade de Navarra, e desde junho também professor visitante de Harvard, é um dos cérebros do relatório Predimed, o mais amplo realizado até agora sobre os efeitos da dieta mediterrânea, originária do sul da Europa: o acompanhamento de um coorte formado por 7.500 participantes recrutados em toda a Espanha durante uma década demonstrou que esta reduz em 66% os problemas circulatórios, em 30% os infartos e derrames e em 68% o risco de câncer de mama. “O pão branco é um dos principais problemas que temos. Quando já se tem sobrepeso é uma bomba” No corredor ao lado de sua sala no campus de Pamplona, onde é realizada esta entrevista, estão pregados em uma cortiça os trabalhos que seu departamento publicou recentemente em revistas científicas. “É o muro da autoestima”, brinca. O médico malaguenho, de 59 anos, colabora desde os anos noventa com diversas pesquisas da Escola de Saúde Pública de Harvard, referência mundial em nutrição. Dali tirou a inspiração e os conhecimentos para contribuir para criar não só o projeto Predimed —suas descobertas já estão incluídas nos guias nutricionais oficiais dos Estados Unidos— como também o SUN, um programa no qual mais de 22.000 pessoas, 50% delas profissionais de saúde, colocaram à disposição dos pesquisadores —de forma continuada desde 1999— dados sobre sua saúde e estilo de vida que serviram para dezenas de trabalhos de pesquisa. Também começou recentemente outro projeto, Predimed Plus, que tenta demonstrar por meio do acompanhamento de quase 7.000 pacientes obesos durante quatro anos que com a dieta mediterrânea melhorarão sua dieta, aumentarão sua atividade física e perderão peso. Já é um fato científico: a dieta mediterrânea é saudável. Então, por que há tanto sobrepeso nesses países? Muita gente diz que conhece e segue a dieta mediterrânea. Mas a realidade é que as gerações jovens incorporaram a dieta norte-americana. Come-se carne vermelha e processada demais. Não quero dizer que temos de nos tornar vegetarianos. Mas a evidência científica indica que, à medida que aumenta a porcentagem de proteínas vegetais sobre as animais, cai brutalmente a mortalidade cardiovascular e por câncer. A dieta mediterrânea, sobretudo o consumo de azeite de oliva extra-virgem, frutas secas, frutas, verduras e legumes, é a melhor opção. Depois, melhor comer peixe do que carne e, esta, preferencialmente de aves ou coelho. Também convém reduzir o consumo de açúcar e sal, e levar uma vida menos sedentária. Usar mais as escadas e menos o elevador. Por que é tão difícil emagrecer? Primeiro, porque é preciso ter muita força de vontade para perder quilos e não recuperá-los. Mas é que, além disso, certa indústria alimentícia exerce grande pressão para colocar muitos alimentos a nossa disposição a toda hora, a um custo muito baixo e em grandes quantidades. O que está mais acessível nas prateleiras dos supermercados? Alimentos ultraprocessados, com grande densidade energética, porque têm muita gordura, açúcar e sal, às vezes contra a natureza do produto, como acontece com o ketchup. O que ele tem a ver com molho de tomate? E é vendido e consumido em quantidades industriais. Além disso, as porções grandes e baratas incham as pessoas. Vivemos em uma cultura de sobrealimentação. As opções mais saudáveis deveriam estar mais disponíveis. Por mais que a indústria queira tentar as pessoas, elas sabem que tudo isso não é muito saudável. Ninguém as obriga a comer. “Algumas empresas alimentícias usaram táticas similares às usadas pela indústria do tabaco” A maior parte das escolhas que fazemos não são muito racionais. O economista Richard H. Thaler, referência na teoria das finanças comportamentais, e Cass R. Sunstein, outro especialista em economia comportamental, explicam isso muito bem em um de meus livros favoritos, O empurrão para a escolha certa (Ed. Campus). As pessoas costumam optar pela decisão mais fácil, e há um certo tipo de indústria que lhes dá esse empurrãozinho. Por isso, acredito que é preciso tornar o saudável mais acessível, dar pistas de que se deve escolher para comer bem. São estratégias de saúde pública para construir uma sociedade mais saudável. De tal maneira que, como padrão, lhe ofereçam pão integral. O suco, sem açúcar. Thaler e Sustein chamam isso de paternalismo libertário. As pessoas devem ser livres para escolher, mas acredito que é preciso informar e proteger contra escolhas impensadas e prejudiciais. Sem forçar. Isso é o que ensino em medicina preventiva. O Governo espanhol acaba de anunciar a criação de um imposto que penaliza o consumo de refrigerantes. O que o sr. acha? Sou partidário de que se subvencione o azeite de oliva extra-virgem, as frutas e as verduras e que se sobretaxe o consumo de carne vermelha e processada, as trash foods e as bebidas açucaradas. Assim se lança uma mensagem clara do que é sadio ou não. O sr. falava antes do pão. Faz parte da dieta mediterrânea? Debatemos muito sobre esse tema. A conclusão a que chegamos é que o pão branco é um dos problemas mais graves que temos na Espanha. A grande maioria o consome e assim engorda. É preciso saber que é fundamentalmente um amido, e nosso corpo é super eficiente em transformar amido em açúcar. É como tomar glicose. Basta colocar um pouco de miolo na boca e na hora se sente um gosto doce. E por que

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Alimentação: o açúcar que você não vê

As fotos que mostram o açúcar oculto em sua comida Projeto denuncia a quantidade de açúcar presente em produtos industrializados Aviso: um iogurte “de frutas” pode conter até quatro cubos de açúcar.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Um iogurte de frutas da marca Danone “0%” tem quatro cubos de açúcar. Uma caixa de 200 mililitros de molho de tomate, a mesma quantidade. Um copo de suco “veggie”, sete cubos. E um café Mocha Branco Venti do Starbucks, com chantili e calda de chocolate, a prodigiosa quantidade de 20 cubos de açúcar. Quando consumimos qualquer um desses alimentos, raramente temos ideia da grande quantidade de açúcar que estamos ingerindo, açúcar que pode criar dependência e cujo abuso leva ao excesso de peso, diabetes, cárie dentária ou risco cardiovascular. Ou não lemos os rótulos onde a quantidade é indicada, ou não entendemos exatamente as quantidades indicadas. Essa cegueira é o que levou Antonio Rodríguez Estrada a criar o SinAzúcar.org, uma iniciativa para divulgar imagens nas quais os produtos são acompanhados pela quantidade de açúcar que contêm, medida em uma unidade familiar e compreensível para todos: o cubo de açúcar. “Uma das causas da atual epidemia de obesidade é o abuso de produtos industrializados na alimentação diária”, afirma este fotógrafo, entusiasta da alimentação saudável. “O SinAzúcar.org pretende visualizar o açúcar oculto nesses alimentos processados de uma forma simples e gráfica para que possam ser facilmente compartilhados por meio das redes sociais. É meu grãozinho de areia para melhorar os hábitos de consumo.” Embora a ideia não seja muito original — o site norte-americano Sugar Stacks e a conta de Instagram @dealerdesucre vêm fazendo algo semelhante há um tempo—, o projeto apresenta duas novidades: os produtos são vendidos no mercado espanhol e as imagens, brilhantes e polidas, imitam deliberadamente a estética publicitária com a qual costumam ser anunciados. “A indústria alimentícia apresenta seus produtos de forma brilhante para seduzir o consumidor. Se quisermos lutar contra este marketing, devemos ser capazes de nos nivelarmos a eles e usar suas próprias armas para criar imagens atraentes que comuniquem de forma eficaz”, disse o fotógrafo, que terminou há alguns meses um curso de nutrição esportiva no Instituto de Ciências da Nutrição e Saúde. Rodríguez Estrada começou postando fotos de produtos com grandes quantidades de açúcar, tais como bebidas açucaradas. Mas então percebeu que os alimentos que mais surpreendiam eram aqueles nos quais este ingrediente é mais inesperado, como um molho de tomate ou iogurte para bebês. Por isso, decidiu dar prioridade à denúncia desse tipo de alimentos em relação aos que o consumidor baixa a guarda mais facilmente, especialmente quando alegam ser saudáveis, como “0%”, ou são recomendados por sociedades médicas sem muitos escrúpulos. Para calcular a quantidade de açúcar, o fotógrafo utiliza a informação fornecida pelo próprio fabricante no rótulo. No caso de alimentos mais genéricos como torradas, bolo de queijo, donuts de chocolate ou doces, escolhe uma marca de referência e aplica o mesmo padrão. Cada um dos cubos de açúcar das fotos pesa quatro gramas. Algumas imagens da iniciativa nos levam a pensar duas vezes antes de dar certos alimentos prontos para crianças ou ingerirmos uma bebida “energética”, alguns biscoitos ou cereais. Mas como nos tornamos tão insensíveis a tais quantidades de sacarose? “Uma das consequências do abuso do açúcar é o aumento do limiar de sabor doce”, explica Rodríguez Estrada. “Precisamos cada vez mais para que o sabor nos agrade. Se educamos nosso paladar desde pequenos com vitaminas, iogurtes açucarados ou refrigerantes, quando somos adultos um café com 20 com cubos de açúcar parece delicioso.” Como era previsível, o SinAzúcar.org tem sido apoiado por vários nutricionistas nas redes sociais, os quais o fotógrafo espera ajudar na luta por uma melhor alimentação e contra as práticas nocivas da indústria de alimentos. Por outro lado, entre as marcas representadas nas imagens, por enquanto reina o silêncio. “Nenhuma ainda me contatou”, disse Rodríguez Estrada, ironicamente, “mas, cada vez que entro no Starbucks, noto que fazem cara feia”. El Pais

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Diabetes e dietas

Uma nova dieta com pequenos ciclos de jejum consegue fazer o pâncreas afetado pelo diabetes recuperar suas funções, afirmam pesquisadores americanos. Direito de imagemSPLO diabetes surge com a destruição das células beta do pâncreas, órgão responsável pela produção de insulina e pelo controle do açúcar no sangue Experimentos com cobaias mostraram que quando o órgão – que ajuda a controlar a taxa de açúcar no organismo – se regenerou, os sintomas da doença desapareceram.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O estudo, feito por um grupo da Universidade do Sul da Califórnia, foi publicado na revista científica Cell. Segundo os cientistas, a dieta consegue “reiniciar” o corpo e a descoberta é “potencialmente animadora” porque pode converter-se num novo tratamento do diabetes. Eles afirmam, no entanto, que as pessoas não devem experimentar a dieta sem acompanhamento médico. No experimento, ratos foram submetidos a um “regime que simula o jejum”, explicam os pesquisadores. Durante cinco dias, as cobaias receberam alimentos com poucas calorias, poucas proteínas, pobres em carboidratos e ricos em gordura insaturada como azeite de oliva, óleo de milho e de canola, castanha do Pará, amêndoa, salmão, sementes de linhaça e abacate, entre outros. É um regime parecido com uma dieta vegetariana à base de nozes e sopas – mas com 800 a 1.100 calorias diárias. Depois, as cobaias passaram 25 dias comendo de tudo, sem restrições. Estudos anteriores já haviam indicado que esta dieta pode também retardar o ritmo do envelhecimento. Direito de imagemTHINKSTOCKA dieta testada pelos pesquisadores americanos não deve ser seguida sem a supervisão de um médico Reprogramação Os ratos submetidos ao experimentos apresentaram regeneração em um tipo especial de célula no pâncreas: as células beta. São elas que detectam o açúcar no sangue e, se este nível estiver muito alto, liberam insulina, o hormônio que pode controlá-lo. “Nossa conclusão é de que ao levarmos os ratos a um estado extremo e trazê-los de volta – ou seja, ao deixá-los famintos e depois alimentá-los novamente – as células no pâncreas são levadas a uma reprogramação, que recupera parte do órgão que não estava mais funcionando”, disse Valter Longo, um dos participantes do estudo. O testes com ratos tiveram bons resultados tanto para diabetes do tipo 1 como para o tipo 2. O tipo 1, ou diabetes mellitus, é caracaterizado pela destruição parcial ou total das células beta do pâncreas, que resulta na incapacidade progressiva de o organismo produzir insulina. Este tipo aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. É sempre tratado com insulina, medicamentos, dieta e atividades físicas para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue. Já o tipo 2 se manifesta mais frequentemente em adultos, e está associado principalmente a um estilo de vida que faz com que o organismo não consiga usar adequadamente a insulina que produz ou deixe de produzir insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia. Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes. Dependendo da gravidade, a doença pode ser controlada com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de insulina e outros medicamentos. “Em termos médicos, estas descobertas são potencialmente muito importantes porque mostramos – em modelos com ratos – que se pode usar a dieta para reverter os sintomas da diabete”, diz Longo. “Em termos científicos, as descobertas talvez sejam ainda mais importantes porque mostramos a dieta pode servir para reprogramar as células sem que se tenha de fazer nenhuma alteração genética nelas.” O repórter Peter Bowes testou a dieta com ciclos de jejum Como é a dieta? O repórter Peter Bowes, da BBC, participou de uma experiência com o Dr. Valter Longo. “Durante cada ciclo de cinco dias de jejum eu comia um quarto da quantidade que as pessoas consomem em média e perdi entre dois e quatro quilos”, explica. “Antes de fazer o ciclo seguinte de jejum, os 25 dias em que comi normalmente devolveram o meu peso original. Mas nem todas as consequências da dieta sumiram tão rapidamente.” A pressão sanguínea de Bowes baixou, assim como o hormônio IGF-1, que está relacionado a alguns tipos de câncer. “As refeições muito pequenas que eu fiz durante os cinco dias de jejum não tinham nada de gourmet, mas eu ficava feliz de ter algo para comer”, relembra. Para saber se a dieta pode ajudar também o ser humano, os cientistas a aplicaram em 71 pessoas durante três meses e constataram melhora do nível de açúcar no sangue delas. No entanto, Valter Longo diz que as pessoas não devem se apressar em adotar o novo regime. “Não é uma boa ideia tentar isso em casa. A dieta é muito mais sofisticada do que se imagina.” Ele adverte que as pessoas podem “ter problemas” de saúde se fizerem o regime sem supervisão médica. Segundo Emily Burns, da organização britânica Diabetes UK, a notícia é “potencialmente muito boa, mas precisamos ver se os resultados são verdadeiros para os seres humanos antes de sabermos o que significam para os diabéticos”. “Pacientes com diabetes dos tipos 1 e 2 vão se beneficiariam imensamente de tratamentos que possam reparar ou regenerar as células produtoras de insulina no pâncreas”, afirma. BBC

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Medicina:Remédios biológicos são tão bons quanto os seus ‘genéricos’

A eficácia e a qualidade dos biossimilares são equivalentes às dos medicamentos originais. O primeiro medicamento biossimilar aprovado na Europa, em 2006, era para tratar de problemas de crescimento de crianças. A guerra dos genéricos ocorrida no final de século passado será vista como uma brincadeira de crianças perto daquela que se prepara com os medicamentos de última geração, os chamados remédios biológicos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Muito mais complexos, difíceis de fabricar e caros, os medicamentos biológicos também possuem os seus genéricos, conhecidos como biossimilares. Agora, uma análise feita a partir de vinte estudos mostra que os originais são tão bons quanto as suas cópias. MAIS INFORMAÇÕES Flórida confirma 10 novos casos de Zika contraído por mosquito dentro dos EUA A epidemia que matou quase meio milhão de americanos brancos O ‘superantibiótico’ escondido no nariz Por que a OMS erra ao considerar os transexuais como doentes mentais? Para entender aquilo que se aproxima, é preciso olhar um pouco para o passado. A primeira coisa é diferenciar os remédios tradicionais dos biológicos. Os primeiros possuem uma base química, razão pela qual, utilizando o mesmo princípio ativo, a mesma fórmula e os mesmos meios de fabricação, um medicamento genérico pode ser tão eficaz (terapêutico), seguro (efeitos colaterais) e ter a mesma ação (farmacocinética) que o original. No caso dos biológicos, a coisa se complica. Como as vacinas ou a insulina, eles se baseiam em um ser vivo, seja uma bactéria, um fungo ou alguma célula modificada por meio da biotecnologia. Isso faz com que uma cópia perfeita seja impossível de se produzir. Por isso, os genéricos dos remédios biológicos são chamados de biossimilares e não bioidênticos. O outro item a ser considerado é o preço. Os custos de desenvolvimento de um remédio biológico são muito elevados e não diminuem proporcionalmente quando, uma vez obtida a sua fórmula mágica, se passa a produzi-los em massa. Isso faz com que esses medicamentos sejam muito caros. Eles tornaram possível uma revolução no tratamento do câncer, da artrite ou de doenças inflamatórias do intestino, mas provocaram uma grande elevação nos custos do sistema de saúde. Para os fabricantes, foi um grande negócio. Em comparação com os milhares de remédios químicos, os biológicos são apenas algumas dezenas, mas, em 2017, deverão representar 20% do 1,04 bilhão de euros (cerca de 4 bilhões de reais) utilizados no consumo de remédios no mundo, segundo um relatório do IMS Health. Os remédios biológicos já abrangem 20% do consumo mundial de medicamentos “Há muita coisa em jogo”, afirma Caleb Alexander, professor da Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins (EUA), em conversa por e-mail. É enorme o fluxo de dinheiro que se dirige para as contas dos laboratórios farmacêuticos que desenvolveram os primeiros biológicos. A quebra da patente de muitos deles, porém, já está estimulando a produção de biossimilares, que aliviariam relativamente os custos para a saúde pública. Nos EUA, já foram aprovados dois biossimilares. Na Europa, que nesse caso está bem à frente, a Agência Europeia de Medicamentos já liberou 21 biossimilares. Com um grupo de colegas, Alexander fez uma compilação de todos os estudos comparativos entre remédios biossimilares e os originais usados no tratamento de artrite reumatoide, psoríase e doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn ou a colite ulcerosa. Trata-se de medicamentos baseados em inibidores de uma proteína decisiva para o sistema imunológico conhecida como fator de necrose tumoral. Entre esses trabalhos, há ensaios clínicos em fase I (para determinar sua segurança) e em fase III, prévios à sua comercialização. Há também estudos que fazem um acompanhamento dos medicamentos aplicados a pacientes tratados inicialmente com originais e depois com biossimilares. “As patentes preservam o bem particular, enquanto o acesso aos medicamentos a um preço razoável preserva o bem público” Em texto publicado nos Annals of Internal Medicine, o grupo afirma que, em todos os ensaios clínicos analisados, tanto da fase I quanto da fase III, os biossimilares registraram uma margem de equivalência entre 80% e 125% em relação aos medicamentos originais de referência. Embora não se possa inferir diretamente desses percentuais que em alguns casos o biossimilar até mesmo supera o original, “essa margem de equivalência se refere ao mínimo que um produto rende em relação ao qual ele é comparado”, lembra Alexander. “O mesmo debate que aconteceu por ocasião da chegada dos genéricos, bem menos complicados, se repete novamente, agora com muito mais em jogo, com maiores possibilidades de erros, mas com um potencial também maior de redução de custos para o sistema de saúde”, comenta Alexander, que também integra a diretoria do Centro Johns Hopkins para a Segurança e Eficácia de Medicamentos. “Com base nas provas disponíveis, podemos concluir que os produtos estudados são comparáveis e, com toda segurança, serão mais baratos”, acrescenta. Embora a análise feita tenha focado apenas um tipo de remédio biossimilar, deixando de fora outros já existentes, como os que se baseiam em anticorpos monoclonais para a psoríase e vários tipos de câncer, os pesquisadores acreditam que seus resultados devem diminuir a exigências estabelecidas para que os biossimilares possam competir com seus originais à medida que as patentes se expirem. “A verdadeira guerra se dará no mercado dos biossimilares”, comenta Miguel del Fresno, professor da UNED que pesquisa há muitos anos as estratégias adotadas para conter a chegada dos genéricos e, agora, a dos biossimilares. E, nessa guerra, ele vê a existência de várias frentes de batalha, desde a definição clara do que é um biossimilar até a definição de quem pode receita-lo, passando pela escolha a partir da marca ou do princípio ativo, como ocorre no caso dos genéricos. Para Del Fresno, “a chave estará em que os responsáveis políticos pelo sistema de saúde saibam distinguir o bem público do bem privado”, e acrescenta: “as patentes preservam o bem privado, enquanto o acesso aos medicamentos a um custo razoável preserva o bem público”. ElPaís

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