Peruana ganha Prêmio Goldman, o ‘Nobel de Ecologia’
Máxima Acuña lutou contra uma das maiores mineradoras do mundo Agência ANSA Uma camponesa peruana foi um dos vencedores do Prêmio Goldman, conhecido como o “Nobel de Ecologia“, que todos os anos é dado a ativistas que se dedicaram a salvar o meio-ambiente. Em Los Angeles, Máxima Acuña e outras cinco pessoas compareceram à premiação, que a senhora da região de Cajamarca, área que se encontra a mais de 4 mil metros de altitude das cordilheiras dos Andes, nem sabia que existia há poucas semanas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] No palco, ao receber o prêmio, a peruana entoou uma canção sobre a luta dos camponeses do país para defender o meio-ambiente. “É por isso que eu defendo a terra, a água, por que é vida. Eu tenho medo do poder das grandes empresas e continuarei a lutar pelos meus companheiros que foram mortos e por todos nós que lutamos em Cajamarca”, disse a senhora em seu discurso. A história de Acuña chamou a atenção do mundo nos últimos meses pela coragem e persistência da mulher. Tudo começou em 1994 quando a camponesa e seu marido compraram um pedaço de terra, que foi chamado de Tragadero Grande, onde o casal começou a cultivar uma pequena plantação de legumes e vegetais, a criar alguns animais e a cuidar de sua filha. A família vivia tranquila em paz quando, em 2010, uma grande companhia de mineração norte-americana viu no terreno uma oportunidade de expandir seus negócios no Peru. Em parceria com a empresa peruana Buenaventura, do mesmo ramo, a gigante Newmont, que é o segundo maior grupo de extração de ouro do mundo, viu no Tragadero Grande o local ideal para a criação da escavação a céu aberto na mina Conga, que já havia recebido um investimento de US$ 4,8 bilhões. A ideia da companhia já estava tão preparada que o lago onde Acuña pegava água para usar na casa e dar para os animais, a Laguna Azul, seria drenado e transformado em local para descarregar detritos. No ano seguinte, um grupo de policiais exigiu que Acuña saísse do local. Quando a ordem foi negada, mãe e filha apanharam. Para que a camponesa aprendesse a lição a casa foi destruída e a peruana, acusada de ocupar o espaço ilegalmente. De nada valeu a sua palavra de que o terreno era sua propriedade. Além de tudo, Acuña quase foi condenada a três anos de prisão e à uma multa de US$ 2 mil e teve sua plantação destruída e seus animais roubados. Uma manifestação que aconteceu em 2012 contra a mineradora deixou cinco mortos e vários feridos. Neste ponto, a camponesa decidiu pedir ajuda para a Grufides, ONG peruana que defende as comunidades locais. Com ajuda da advogada Mirtha Vásquez, a peruana conseguiu provar que é a proprietária legítima de Tragadero Grande. Assim, Newmont e Buenaventura tiveram que parar o projeto. No entanto, a situação ainda pode mudar, já que a batalha judicial ainda não chegou ao fim e as mineradoras pretendem recorrer da decisão da Justiça na Suprema Corte.