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Marguerite Duras – Prosa na tarde

Ontem à noite Marguerite Duras Ontem à noite, depois da sua partida definitiva, fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque, fui para ali onde fico sempre no mês de junho, esse mês que inaugura o Inverno. Tinha varrido a casa, tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral. Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais, e depois disse para comigo: vou começar a escrever para me curar da mentira de um amor que acaba. Tinha lavado as minhas coisas, quatro coisas, estava tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa, e também aquilo que encerrava o todo, o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque. E depois comecei a escrever… Textos Secretos, Quetzal Editores, 1992 – Lisboa, Portugal Tradução de Tereza Coelho ¹ Marguerite Duras * Gia Dihn – Vietnã – 04 de abril de 1914 d.C + Paris – França – 03 de maio de 1996 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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