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Vinicius de Moraes – Poesia – Soneto – 15/07/24

Boa noite Soneto da despedida Vinicius de Moraes Uma lua no céu apareceu Cheia e branca; foi quando, emocionada A mulher a meu lado estremeceu E se entregou sem que eu dissesse nada. Larguei-as pela jovem madrugada Ambas cheias e brancas e sem véu Perdida uma, a outra abandonada Uma nua na terra, outra no céu. Mas não partira delas; a mais louca Apaixonou-me o pensamento; dei-o Feliz – eu de amor pouco e vida pouca Mas que tinha deixado em meu enleio Um sorriso de carne em sua boca Uma gota de leite no seu seio.

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Vinicius de Moraes – Poesia – 06/01/24

Boa noite Soneto da separação Vinicius de Moraes De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto De repente dá calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E dá paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente Fez-se do amigo próximo, o distante Fez-se dá vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.

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Vinícius de Moraes – Versos na tarde – 30/07/2016

Soneto da devoção Vinicius de Moraes¹ Essa mulher que se arremessa, fria E lúbrica aos meus braços, e nos seios Me arrebata e me beija e balbucia Versos, votos de amor e nomes feios. Essa mulher, flor de melancolia Que se ri dos meus pálidos receios A única entre todas a quem dei Os carinhos que nunca a outra daria. Essa mulher que a cada amor proclama A miséria e a grandeza de quem ama E guarda a marca dos meus dentes nela. Essa mulher é um mundo! — uma cadela Talvez… — mas na moldura de uma cama Nunca mulher nenhuma foi tão bela! ¹Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ, – 19 Outubro 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ, 09 Julho 1980 d.C

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Vinícius de Moraes – Versos na tarde – 13/02/2016

Soneto de Contrição Vinícius de Moraes¹ Eu te amo, Maria, eu te amo tanto Que o meu peito me dói como em doença E quanto mais me seja a dor intensa Mais cresce na minha alma teu encanto. Como a criança que vagueia o canto Ante o mistério da amplidão suspensa Meu coração é um vago de acalanto Berçando versos de saudade imensa. Não é maior o coração que a alma Nem melhor a presença que a saudade Só te amar é divino, e sentir calma… E é uma calma tão feita de humildade Que tão mais te soubesse pertencida Menos seria eterno em tua vida. ¹ Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 09 de Julho de 1980 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Vinicius de Moraes – Versos na tarde – 29/06/2015

Ternura Vinicius de Moraes¹ Eu te peço perdão por te amar de repente Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos Das horas que passei à sombra dos teus gestos Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos Das noites que vivi acalentando Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente. E posso te dizer que o grande afeto que te deixo Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas Nem as misteriosas palavras dos véus da alma… É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias E só te pede que te repouses quieta, muito quieta E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora. ¹Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 09 de Julho de 1980 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Vinicius de Moraes – Versos na tarde – 22/02/2015

Felicidade Vinícius de Moraes ¹ …”De repente me deu vontade de um abraço… uma vontade de entrelaço, de proximidade… de amizade, sei lá… Talvez um aconchego que enfatize a vida e amenize as dores… Deu vontade de poder rever saudade de um abraço. Só sei que me deu vontade desse abraço…” ¹ Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 09 de Julho de 1980 d.C >> biografia de Vinicius de Moraes [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Vinicius de Moraes – Versos na tarde – 08/10/2014

A mulher que passa Vinicius de Moraes ¹ Meu Deus, eu quero a mulher que passa Seu dorso frio é um campo de lírios Tem sete cores nos seus cabelos Sete esperanças na boca fresca! Oh! como és linda, mulher que passas Que me sacias e suplicias Dentro das noites, dentro dos dias! Teus sentimentos são poesia Teus sofrimentos, melancolia. Teus pelos leves são relva boa Fresca e macia. Teus belos braços são cisnes mansos Longe das vozes da ventania. Meu Deus, eu quero a mulher que passa! Como te adoro, mulher que passas Que vens e passas, que me sacias Dentro das noites, dentro dos dias! Por que me faltas, se te procuro? Por que me odeias quando te juro Que te perdia se me encontravas E me encontrava se te perdias? Por que não voltas, mulher que passas? Por que não enches a minha vida? Por que não voltas, mulher querida Sempre perdida, nunca encontrada? Por que não voltas à minha vida Para o que sofro não ser desgraça? Meu Deus, eu quero a mulher que passa! Eu quero-a agora, sem mais demora A minha amada mulher que passa! Que fica e passa, que pacífica Que é tanto pura como devassa Que boia leve como a cortiça E tem raízes como a fumaça. ¹ Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 09 de Julho de 1980 d.C >>biografia [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Vinicius de Moraes – Versos na tarde – 25/01/214

A Rosa desfolhada Vinicius de Moraes¹ Tento compor o nosso amor Dentro da tua ausência Toda a loucura, todo o martírio De uma paixão imensa Teu toca-discos, nosso retrato Um tempo descuidado Tudo pisado, tudo partido Tudo no chão jogado E em cada canto Teu desencanto Tua melancolia Teu triste vulto desesperado Ante o que eu te dizia E logo o espanto e logo o insulto O amor dilacerado E logo o pranto ante a agonia Do fato consumado Silenciosa Ficou a rosa No chão despetalada Que eu com meus dedos tentei a medo Reconstruir do nada: O teu perfume, teus doces pêlos A tua pele amada Tudo desfeito, tudo perdido A rosa desfolhada ¹Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro de 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 09 de Julho de 1980 d.C >> biografia de Vinicius de Moraes [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Vinicius de Moraes – Versos na tarde – 03/07/2013

A uma mulher Vinicius de Moraes¹ Quando a madrugada entrou, eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito. Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias. E a angustia do regresso morava já nos teus olhos. Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino. Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne. Quis beijar-te num vago carinho agradecido. Mas quando meus lábios tocaram teus lábios, Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo. E que era preciso fugir para não perder o único instante, Em que fostes realmente a ausência de sofrimento Em que realmente foste a serenidade. ¹ Marcus Vinicius de Mello Moraes * Rio de Janeiro, RJ. – 19 de Outubro 1913 d.C + Rio de Janeiro, RJ. 09 de Julho 1980 d.C >> Biografia de Vinicius de Moraes [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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