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Bernhard Wosien – Poesia – 11/12/23

Boa noite. Dança Bernhard Wosien¹ Eu danço uma canção do silêncio seguindo uma música cósmica e coloco meu pé ao longo das beiras do céu eu sinto como seu sorriso me faz feliz. ¹Bernhard Wosien * Munique, Alemanha – 19 de setembro de 1908 + Munique, Alemanha – 29 de abril de 198

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Octavio Paz – Poesia – 09/12/23

Boa noite. Destino de poeta Octavio Paz¹ Palavras? Sim. De ar e perdidas no ar. Deixa que eu me perca entre palavras, deixa que eu seja o ar entre esses lábios, um sopro erramundo sem contornos, breve aroma que no ar se desvanece. Também a luz em si mesma se perde. (Trad. Haroldo de Campos) ¹Octavio Paz * Cidade do México, México – 31 de Março de 1914 d.C + Cidade do México, México – 20 de Abril de 1998 d.C

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Bernardo Atxaga – Poesia – 08/12/23

Boa noite. A vida é a vida Bernardo Atxaga¹ A vida é a vida, não as suas consequências. Não a casa sólida construída no topo de uma montanha, ou as taças e as medalhas banhadas a ouro amontoadas nas suas prateleiras. A vida não é isso. A vida é a vida. Não as viagens até cidades longínquas ou as crianças, homens e mulheres nelas mal ou esplendidamente fotografadas. A vida não é isso. A vida é a vida. Não a chuva no telhado, ou o granizo nas janelas, ou a neve, ou a lua silenciosa, ou a luz, tão magnífica, dourada no Verão e prateada no Inverno. A vida não é isso. A vida é a vida. Não a mulher ou o homem que te sussurram ao ouvido, não os nossos pais, ou filhos, não os nossos irmãos A vida não é nada disso. A vida é a vida. ¹ Joseba Irazu Garmendia * Asteasu, Espanha – 27 de julho de 1951

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Ruy Belo – Poesia – 05/12/23

Boa noite. Poema Ruy Belo¹ Este céu passará e então teu riso descerá dos montes pelos rios até desaguar no meu coração   ¹Rui de Moura Belo * São João da Ribeira, Portugal – 27 de Fevereiro de 1933 + Queluz, Portugal – 8 de agosto de 1978

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Quintino Cunha – Poesia – 02/12/23

Boa noite Encontro das Águas Quintino Cunha¹ Vê bem, Maria aqui se cruzam: este É o Rio Negro, aquele é o Solimões. Vê bem como este contra aquele investe, como as saudades com as recordações. Vê como se separam duas águas, Que se querem reunir, mas visualmente; É um coração que quer reunir as mágoas De um passado, às venturas de um presente. É um simulacro só, que as águas donas D’esta região não seguem o curso adverso, Todas convergem para o Amazonas, O real rei dos rios do Universo; Para o velho Amazonas, Soberano Que, no solo brasílio, tem o Paço; Para o Amazonas, que nasceu humano, Porque afinal é filho de um abraço! Olha esta água, que é negra como tinta. Posta nas mãos, é alva que faz gosto; Dá por visto o nanquim com que se pinta, Nos olhos, a paisagem de um desgosto. Aquela outra parece amarelaça, Muito, no entanto é também limpa, engana: É direito a virtude quando passa Pela flexível porta da choupana. Que profundeza extraordinária, imensa, Que profundeza, mais que desconforme! Este navio é uma estrela, suspensa Neste céu d’água, brutalmente enorme. Se estes dois rios fôssemos, Maria, Todas as vezes que nos encontramos, Que Amazonas de amor não sairia De mim, de ti, de nós que nos amamos!… ¹José Quintino Cunha * Itapajé, CE. – 24 Julho 1875 + Fortaleza,CE. – 01 Junho 1943

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Emily Dickinson – Poesia – 01/12/23

Boa noite Poema Emily Dickinson¹ Para fazer uma campina basta um só trevo e uma abelha. Trevo, abelha e fantasia. Ou apenas fantasia Faltando a abelha.   ¹ Emily Dickinson * Boston, Usa – 10 de Dezembro de 1830 + Boston, Usa – 15 de Maio de 1886

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Lya Luft – Poesia – 28/11/23

Boa noite Canção na Plenitude Lya Luft ¹ Não tenho mais os olhos de menina nem corpo adolescente, e a pele translúcida há muito se manchou. Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins. (Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.) O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos. A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria, busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada. Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor, com mais paciência e não menos ardor, a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais, a dar-te regaço de amante e colo de amiga, e sobretudo força – que vem do aprendizado. Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés – mesmo se fogem – retornam, cujas correntes ocultas não levam destroços mas o sonho interminável das sereias. ¹ Lya Luft * Santa Cruz do Sul, RGS – 15 de Setembro de 1938

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Bardhyl Londo – Poesia – 25/11/23

Boa noite. Crônica de um caso amoroso Bardhyl Londo ¹ Na segunda conhecemo-nos. Dissemos os nossos nomes um ao outro. Na terça tornámo-nos amigos. Sorrimos. Na quarta fizemos amor. Perdemo-nos. Na quinta tivemos uma discussão. Ficámos tristes. Na sexta revimos os nossos últimos dias como se fossem um filme. No sábado procurámos maneiras de nos reencontrarmos. No domingo redescobrimos o nosso amor, como Colombo. E depois era segunda outra vez. ¹ Bardhyl Londo * Permet, Albânia – 1948 d.C Ps. Mantida a grafia do português de Portugal

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