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Walmir Ayala – Versos na tarde – 07/04/2016

Os Reinos e as Vestes Walmir Ayala¹ Deixei o sal do amor naquela concha que as águas guardam num cioso enleio; águas hoje salgadas deste excesso de amor que é meio e fim, que é retaguarda estando sempre à frente, amor que é lama onde a concha se espoja semovente como em leito ultrajado onde amor ronda no rastro da paixão dissimulada. A nitidez do amor é estar a concha translúcida no jogo poluente que o sal no labirinto impregna e filtra. E o gosto deste sal no meu instinto contemplativo, é o gozo da distância que faz do amor o enigma cativo. ¹Walmir Ayala * Porto Alegre, RS. – 4 de Janeiro de 1933 d.C + Rio de Janeiro, RJ. – 28 de Agosto de 1991 d.C

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Lívio Barreto – Versos na tarde – 15/01/2014

Lágrimas Lívio Barreto¹ Lágrimas tristes, lágrimas doridas, Podeis rolar desconsoladamente! Vindes da ruína dolorosa e ardente Das minhas torres de luar vestidas! Órfãs trementes, órfãs desvalidas, Não tenho um seio carinhoso e quente, Frouxel de ninho, cálix recendente, Onde abrigar-vos, pérolas sentidas. Vindes da noite, vindes da amargura, Desabrochastes sobre a dura frágua Do coração ao sol da desventura! Vindes de um seio, vindes de uma mágoa E não achastes uma urna pura Para abrigar-vos, frias gotas d’água! ¹Lívio da Rocha Barreto * Granja, CE. 18 de Fevereiro de 1870 d.C + Camocim, CE. – 29 de Setembro de 1895 d.C >> biografia de Lívio Barreto [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Cyro de Mattos – Versos na tarde – 23/02/2012

Embarque Cyro de Mattos ¹ O que deixo: verde solidão da raiz ao cabelo. O que deixo: vértebras do tempo, desigual fermento. O que deixo: bala no verão, cobra no inverno. O que deixo: gemido e agulha ensacando ventos. O que levo: frutos de ouro romaria e desterro. O que levo: sonhos e erros do horizonte maciço. Da árvore e seu resumo os vícios do mundo medos e sonhos no velho pensamento. ¹ Cyro de Mattos * Itabuna, BA. – 1933 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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