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Economia: O temor de uma recessão global prolongada

Larry Summers, secretário do Tesouro de William Clinton, fez pouco amigos na vida. <=Larry Summers / Foto Wikimedia / CC Quando ocupava aquele cargo, teve um papel decisivo na revogação da Lei Glass-Steagall, que em 1933 estabeleceu reformas bancárias para controlar a especulação, com a separação entre bancos de depósito e bancos de investimento. A abolição dessa lei liberou uma enxurrada de dinheiro que deu origem ao atual sistema financeiro. Summers também foi economista-chefe do Banco Mundial, de onde saiu em meio a polêmicas. Tornou-se presidente da prestigiosa Academia de Harvard, de onde foi obrigado a sair devido a um problema de gênero. Com o presidente Barack Obama, foi diretor do Conselho Econômico Nacional, onde suas posições favoráveis aos negócios criaram novas polêmicas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Pode ser que por todos esses motivos muito poucas pessoas prestaram atenção às suas previsões a respeito da “nova economia”, uma expressão criada após a crise de 2009 para indicar que o desemprego é algo normal, que o mercado é o centro da economia e das finanças e que as medidas sociais e de bem-estar não mais seriam uma preocupação da economia. Larry Summers adverte para uma “estagnação secular”. Em outras palavras, o crescimento anêmico nos acompanhará durante muito tempo. Seus alertas se baseavam no fato de que não existe uma ação política concreta para criar estímulos e que “num mundo que está apenas à beira de uma recessão global, muito pouco foi decidido sobre como estimular a demanda. As autoridades dos bancos centrais comunicaram o sentimento de que pouco mais podem fazer para fortalecer o crescimento ou controlar a inflação”. Foi assim que Summers comentou a última reunião de ministros das Finanças do G20 (no dia 26 de fevereiro), quando estes não conseguiram chegar a um acordo sobre qualquer tipo de ação, concluindo com uma declaração dizendo que “os mercados estão se preocupando demais”. “Uma expropriação gigantesca do norte para beneficiar o sul” A dimensão da recente volatilidade do mercado não refletiu os fundamentos subjacentes do pântano em que está atolada a economia mundial, declarou Lou Jiwei, ministro das Finanças da China, que acolheu a reunião do G20 em Xangai. O rígido ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, bloqueou uma proposta em favor do estímulo das reformas, defendida pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, insistindo que agora é um momento para reformas exclusivamente estruturais, e não para uma política fiscal e monetária de estímulo. O caso da Grécia estava presente na cabeça de todo mundo. Mais tarde, ao comentar a enorme carga de refugiados bloqueados numa Grécia exausta, Schäuble declarou que embora esta tragédia humana necessite atenção, “não deveria desviar Atenas da aplicação de seu programa de reformas estruturais”. Alguns dias depois, Mario Draghi [banqueiro e economista italiano e atual presidente do Banco Central Europeu – BCE] apresentou um grande programa de estímulo fiscal do BCE que está adotando o custo zero do dinheiro, ao mesmo tempo em que pretende aumentar a injeção de dinheiro de 60 a 80 bilhões de euros [de R$ 250 bilhões a 340 bilhões] por mês. De início, os mercados reagiram positivamente, em seguida desceram e agora estão novamente positivos. Entretanto, Draghi advertiu, como sempre, que os bancos centrais não podem fazer o trabalho dos governos. A inflação faz parte do crescimento desde que não exceda 2%, mas até agora vem sendo de 0,1%. Avalia-se que o crescimento na zona do euro será de 1,4% em 2016 e espera-se que seja de 1,7% em 2017. Passaram-se cinco anos que, na prática, se entrou na estagnação e a Europa ainda não recuperou o nível econômico de antes da crise. É claro que isto provocou enorme gritaria na Alemanha. Wolfgang Schäuble, que transformou a economia num ramo da ciência moral, declarou que “o dinheiro fácil leva à perdição”. A choradeira geral é que o BCE está adotando uma política para resgatar os países endividados do sul da Europa às custas da Alemanha e dos demais países do norte da Europa, que não necessitam uma política monetária de custo zero. O ministro alemão do Comércio Externo, Anton Börner, declarou: “Para a população alemã é uma catástrofe. Sua poupança foi expropriada. Trata-se de uma expropriação gigantesca do norte para beneficiar o sul”. Maior país europeu só olha para seus interesses imediatos É verdade que os alemães são grandes poupadores. Em suas contas, há mais de 2 bilhões de euros (R$ 8,4 bilhões), um terço do total da zona do euro. Com juro zero, o Union Investment [braço de investimentos do DZ Bank AG] calculou que irá perder 224 bilhões [R$ 940 bilhões], numa comparação com o que iria ganhar se fosse mantida a média do juro histórico dos depósitos. O DZ Bank publicou um estudo segundo o qual o Tesouro italiano poupa 53 bilhões de euros [R$ 220 bilhões], em comparação com 9,5 bilhões [40 bilhões] da Alemanha. A Espanha também pouparia uma quantia semelhante: 42 bilhões de euros [R$ 175 bilhões]. O diretor do prestigioso Instituto de Pesquisa Econômica [Institut für Wirtschaftsforschung], de Munique, declarou: “Estamos diante de uma política de subsídios a bancos zumbis e aos Estado à beira da bancarrota.” Tudo isso é mais uma prova de como o sonho de um projeto europeu está desaparecendo. As queixas dos alemães são lógicas, mas unicamente a partir de um ponto de vista muito míope e egocêntrico. A Alemanha não pode ignorar que não é uma receita para o futuro: ela é uma ilha de prosperidade numa região que lhe proporciona um superávit constante na balança comercial e uma permanente fonte de receita de custo inferior ao de pedir dinheiro emprestado devido a seu saldo positivo em relação a outros países europeus. Se a zona do euro continuar com um índice de crescimento anêmico e uma taxa de inflação muito baixa, a estagnação se estabelecerá por muito tempo. É fácil receitar reformas econômicas, mas de acordo com a União Europeia, os Estados Unidos, a China, os Brics e todos os outros, a |Alemanha deveria utilizar

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