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Eleições 2014: Serra avalia concorrer por outro partido político.

Queixando-se de isolamento dentro do PSDB, o ex-governador José Serra avalia com apoiadores sair da sigla para viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2014. Segundo aliados, ele ainda não desistiu do sonho de chegar ao Palácio do Planalto, nem que para isso tenha de se filiar a outro partido.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Apesar das dificuldades operacionais, não foi descartada a fundação de uma nova sigla, a exemplo do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. A hipótese de mudança foi objeto de discussão nos últimos dois meses, após derrota de Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Dentro do PSDB, o nome mais forte hoje para disputar a Presidência é o do senador Aécio Neves (MG), que é rival de Serra internamente. Alguns serristas, porém, aconselham o tucano a permanecer na sigla e disputar a indicação com Aécio. PRAZOS Uma possível filiação de Serra a outro partido teria que acontecer até outubro –um ano antes das eleições. Hoje, no entanto, o único abrigo disponível seria o diminuto PPS (13ª bancada da Câmara). Ainda assim, Serra enfrentaria resistência da ala que defende aproximação com Dilma Rousseff. Presidente nacional do PPS, Roberto Freire (SP) conta que, desde o ano passado, discute com Serra o projeto de criação de um outro partido. “Poderíamos criar uma nova sigla. Isso foi conversado com Serra”, admite Freire, reconhecendo que a disputa pela Presidência ainda está em seu horizonte. “Serra continua ativo.” Editoria de Arte/Folhapress Já neste ano, após passar as festas do fim de ano na Bahia, Serra recebeu Freire para uma análise do cenário nacional. Para Freire, é desnecessário discutir a mudança agora. “Enquanto ele não decidir efetivamente [se é candidato], não adianta.” Ainda segundo tucanos, Serra avisa que vai submergir até depois do Carnaval. Um de seus principais apoiadores –que foi seu vice no governo de São Paulo–, Alberto Goldman afirma que ele só deverá tomar uma decisão depois de maio, mês em que ocorrerá a eleição da nova Direção Nacional do PSDB. Caso seu grupo saia enfraquecido da disputa, aumentam as chances de ele abandonar a legenda. Segundo Goldman, a troca de partido já foi discutida. Mas ele “espera passar o tempo”. “Serra não pendurou as chuteiras. Está ouvindo os aliados”, diz Goldman. “Serra ainda não verbaliza. O fato é que ele está amadurecendo. Teve 45% dos votos, tem capital”, acrescenta. A hipótese de mudança não conta, porém, com adesão de todos os serristas. Aliados dizem não haver sigla com estrutura suficiente para uma campanha à Presidência nem tempo hábil para a criação de uma nova. O ideal, argumentam, é que Serra tente se fortalecer dentro do PSDB como alternativa a Aécio. A Folha não conseguiu falar ontem com o ex-governador, que é fundador do PSDB. Catia Seabra/Folha  de S.Paulo

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Eleições 2014: PT e PSDB. Novamente!

É cômico, e como tal, também é apropriado à tragédia. Desde há vinte anos que PT e PSDB fingem que se opõem, e com essa farsa impedem o surgimento de outras opções. Marina Silva, entendo, foi somente um lampejo, inocente, para fingir uma disputa não polarizada entre emplumados e estrelados. Reforça a velha, e sempre atual máxima – apropriada de Lampedusa – do cinismo político, entenda-se politicalha, segundo a qual “é preciso que tudo mude para que tudo permaneça igual”! Alguns sinais: Aécinho “Ipanema” Neves, defende uma aliança do PSDB com o PT em torno de um projeto comum para o país que, no seu entender, poderia ser concretizado ‘a médio’ prazo’. Aécinho “Ipanema” Neves, diz que ‘a aliança PSDB e DEM, não é uma camisa de força’. CQD O Editor PT e PSDB a Caminho de 2014 Enquanto alguns se encantam com as movimentações de Kassab e seus correligionários, achando que representam um “fato novo” relevante no jogo político nacional, o sistema permanece onde sempre esteve. Há 20 anos, não muda (mais tempo que durou a República de 1945 inteira). Desde a crise do governo Collor e a posse de Itamar, a vida política nacional se bipolarizou. De um lado, o PT (e seus satélites), de outro, o PSDB (também com legendas orbitando em seu torno). No restante, lideranças e partidos que avaliam com qual dos dois ficará o poder, a fim de decidir com quem estarão. Um dia, será com um, amanhã, com o outro. (Sem esquecer da extrema esquerda, que será sempre contra tudo e todos). Esse modelo é tão sólido que, nem bem começou o governo Dilma, já se discute qual será o candidato petista e qual o tucano que se enfrentarão em 2014. Há, até, quem faça a mesma pergunta a respeito das eleições de 2018, acreditando que a bipolarização atual chegará aos 30 anos, na hora em que o sucessor do sucessor de Dilma terminar seu mandato. Nas duas últimas eleições presidenciais, essa tendência se acentuou. Em 2006, Lula e Alckmin dividiram mais de 90% dos votos no primeiro turno. Em 2010, Dilma e Serra somaram quase 80%, apesar do “fenômeno Marina”. Ou seja, mesmo havendo a eleição em dois turnos – que deveria encorajar os partidos a lançar candidatos e deixar as composições para o segundo turno -, a bipolarização está se consolidando. Não parece impossível que, nas próximas, surjam terceiras e quartas vias, mas nada indica que as chances sejam altas. Qualquer um vê que o governador Eduardo Campos, por exemplo, tem potencial para uma candidatura presidencial logo em 2014. Mas poucos apostariam nela, pois ele mesmo e seus companheiros de PSB dão mostras de preferir continuar ao lado do PT até o final do governo Dilma – hipótese que seria inviabilizada se tivessem candidato próprio. No máximo, pensa-se em seu nome como opção (desejável por todos, incluindo o PSDB) para a Vice-Presidência. O paradoxo desse cenário é que ele existe apenas no topo do sistema político, sem correspondência efetiva em suas bases e níveis intermediários. Fora da escolha do presidente da República, continuamos a ter um sistema partidário multifacetado, com mais de 20 partidos representados na Câmara (hoje, talvez um pouco menos, pois algumas dessas legendas – as menos significativas – foram esvaziadas pelo PSD). No Legislativo federal, PT e PSDB têm o mesmo tamanho: juntos, elegeram141 deputados em 2010 (27% de 513) e somam 23 senadores (28% de 81). Nos estados, números semelhantes: têm 8 governadores (29% de 27) e 272 deputados estaduais e distritais (25% de 1059). Ou seja, partidos que representam algo perto de um quarto do eleitorado nas eleições legislativas e estaduais, capitanearam as cinco últimas eleições presidenciais e parece que continuarão a polarizar as futuras (até onde conseguimos enxergar). Para 2014, a estratégia do PT é clara: fazer o que estiver a seu alcance para que o governo Dilma seja bem-sucedido. Isso não significa que inexistam tensões e até conflitos na relação entre a presidente e o partido. O Planalto não vai fazer, sempre, tudo que seus líderes e integrantes desejam, e esses não responderão com obediência a cada orientação que vier de lá. Mas, como vimos na sucessão de Lula, chega uma hora em que o PT se ajeita. E vai se acertar, de novo, quando a eleição se avizinhar. Não há nada que um partido que está no poder possa fazer além disso. Quem quer que seja seu candidato, terá que justificar o governo. Se as coisas continuarem a andar bem no país, será fácil. Se não, menos, mas a explicação e a defesa do trabalho feito são inescapáveis. Importa pouco, para esta discussão, se Dilma será a candidata ou se Lula vai voltar. Quem a conhece calcula que ela participará da decisão de forma racional, ponderando o que é mais vantajoso para o partido no médio e longo prazo. O mesmo deverá fazer o ex-presidente. Isso, em outras palavras, quer dizer que a eleição de 2014 não começou para o PT: não precisa formular uma agenda e pode deixar a definição de sua candidatura para quando considerar oportuno. No PSDB, as coisas são mais complicadas. Para convencer o eleitorado de que é preciso mudar, é necessário dizer como e em quê. E mostrar-se minimamente coeso, com uma liderança que expresse essa plataforma. Hoje, os tucanos estão presos à sua eterna discussão de “resgatar o governo FHC”, como se não valorizá-lo fosse o motivo dos insucessos recentes. E continuam sem definir o rosto que terão. Para eles, a eleição já começou. Só que não sabem o que fazer. Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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Eleições 2014. Serra diz que estão colocando a carroça à frente dos bois

Em aparente resposta a entrevista de Aécio sobre eleição presidencial, tucano tuitou que antecipar debate ‘atrapalha e desorganiza a oposição’ O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) utilizou ontem o microblog Twitter para dizer que não é o momento de a oposição discutir a sucessão da presidente Dilma Rousseff, numa aparente resposta à declaração do senador tucano Aécio Neves (MG). Em entrevista ao Estado, publicada no domingo, o mineiro afirmou estar pronto para disputar a Presidência com qualquer candidato do PT, “seja Lula ou Dilma”. Serra afirmou ontem, no Twitter: “2014 está longe. Antes vem 2012. Querer colocar o carro adiante dos bois só atrapalha e desorganiza a oposição”. Na segunda-feira à noite, após reunião do Conselho Político do PSDB, o ex-governador havia dito que achou a entrevista “interessante” e “verdadeira”. “Acho positivo que Aécio se coloque”, disse após a reunião, da qual o mineiro também participou. Segundo políticos ligados a Serra, o ex-governador sonha em disputar a eleição presidencial pela terceira vez, em 2014.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Aécio não quis entrar em polêmica. Por meio de sua assessoria, o senador afirmou ontem que pensa exatamente desta forma, de que não é o momento de discutir a sucessão presidencial. Panos quentes. “Uma coisa que o mineiro não faz é passar o carro na frente dos bois”, endossou o presidente do PSDB em Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, afirmando que a opinião de Serra e de Aécio é a mesma. Pestana lembrou que o senador disse à bancada tucana, em jantar realizado há duas semanas, que não é hora de colocar a campanha presidencial na rua. “Aécio acha que o momento é de organizar e modernizar o partido e ter foco nas eleições de 2012″, disse Pestana. “O partido tem que discutir um realinhamento programático e uma agenda para o Brasil.” Já o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), disse que não entendeu a declaração de José Serra como um recado para Aécio. “Não creio que seja para o Aécio, até porque ele (Aécio) foi pressionado a se manifestar pelos próprios integrantes do PSDB”, ponderou. “O que é mais importante é o que conversei com o Aécio terça-feira e que tenho conversado com o Serra, a respeito da definição das primárias para a escolha do candidato. É mais importante definir o processos do que a escolha. Se adotarmos as primárias, o nome escolhido será legitimado pelo processo, e terá a participação da militância”, explicou Álvaro Dias. Para ele, as primárias eliminam a hipótese da racha no partido e derrubam qualquer pretexto para a montagem de dissidências. “Estamos chegando a isso com muito facilidade. Primeiro é preciso revitalizar o partido e estimular os militantes, tornar o partido mais sólido para a disputa de 2014″, disse. “Todo mundo é favorável a isso. O Sérgio Guerra (presidente do PSDB), a Executiva, desde os tempos em que o presidente era o Tasso Jereissati (ex-senador cearense). O Aécio e o Serra já são favoráveis.” Andrea Jubé Vianna,João Domingos/O Estado de S.Paulo

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A canoa das alianças de Dona Dilma

Em meio a “Jâniana” vassourada promovida por D. Dilma, a direção nacional do PT resolveu ficar de olho, e grande, nas alianças para as eleições municipais do ano que vem. Petistas avermelhados de vergonha procuram avaliar a conveniência de coligações não só com partidos de oposição ao governo, mas de aliados. O PR serve de referência para essa tomada de atitude. Um dirigente petista, sempre em off, revela a necessidade de “examinar” possíveis “circunstâncias negativas” nas alianças locais com partidos que integram a tal abstrata base de sustentação do governo, na realidade um desavergonhado balcão de negociatas. O Editor Foi a solidez da aliança da presidente Dilma Rousseff com o PMDB que derrubou Wagner Rossi da Agricultura e não o inverso. A carta do ex-ministro é cristalina. Vai no sentido oposto ao discurso com que o ex-ministro Alfredo Nascimento reassumiu sua cadeira no Senado. Enquanto o senador pelo PR acusou a presidente de abandoná-lo, Rossi isenta Dilma, a quem chama de “querida presidente”, de qualquer responsabilidade sobre sua saída, e faz votos por seu sucesso. Ao atribuir o desgaste aos interesses prejudicados pelas perspectivas eleitorais do PMDB em São Paulo o ex-ministro dá a exata medida da importância que o partido confere à aliança federal. A onda de denúncias contra si teria partido de quem não mais poderá “colocar o PMDB a reboque de seus desígnios” nas eleições paulistas. Mais do que as digitais insinuadas por Rossi, o que importa em sua declaração é a disposição do PMDB em manter uma aliança a salvo do assédio oposicionista. Desde que Orestes Quércia (1938-2010) candidatou-se pela última vez ao governo paulista em 1998, o PMDB tem sido sigla auxiliar dos tucanos no Estado como seu principal fornecedor de vices em eleições majoritárias. Com a morte de Quércia e a assunção de Temer ao comando do PMDB local, o partido resolveu ensaiar carreira solo com a candidatura do deputado federal Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo. Leiloada por petistas, Dilma é paparicada no Bandeirantes Como se trata de uma candidatura pemedebista, não poderia deixar de ter duas âncoras – o PT, com quem o partido já fez acordo de apoio mútuo no segundo turno, e a banda Geraldo Alckmin do PSDB, a quem Chalita deve sua ascensão na política paulista e com quem mantém relações estreitas.[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo] Se Chalita enfrentar o ex-governador José Serra em 2012 na capital paulistana levará Alckmin a ter um amigo e um correligionário em campos opostos – situação ainda mais confortável do que a de Serra em 2008 quando, na condição de governador, assistiu Gilberto Kassab e Alckmin se confrontarem pela prefeitura paulistana. A desenvoltura do PMDB no Estado não está restrita à capital. Em entrevista a Vandson Lima, do Valor, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz (PSDB), apostou que o PMDB é a legenda que mais vai crescer no Estado em 2012. No partido que rebocou o PMDB paulista até aqui quem menos tem a ganhar com a desenvoltura dos aliados de Temer é Serra – o que não é suficiente para assegurar veracidade às insinuações feitas por Rossi. Ao sugerir que Serra é o pauteiro de sua demissão, o ex-ministro, além de ignorar seus próprios malfeitos, talvez tenha superdimensionado a capacidade de o ex-governador encontrar ressonância depois de uma campanha em que destroçou seu capital político. Tão ou mais eloquente que a sinuca eleitoral montada pelo PMDB paulista para os não alckmistas do PSDB é o feitio que vem adquirindo a gestão do governador em São Paulo. Poucos aliados da presidente no PT têm aderido de maneira tão incondicional aos programas federais quanto Alckmin. A acolhida que deu ontem a Dilma, com direito a abraço do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à entrada do Palácio dos Bandeirantes, foi apenas a parte mais visível dessa aproximação. Já no primeiro mês de governo Alckmin anunciou sua adesão às metas para acabar com a miséria. Depois promoveu a unificação dos programas sociais do Estado, tal como ocorreu no governo petista. Os programas de transferência de renda que haviam sido desidratados na gestão José Serra ganharam nova musculatura. Na educação, além de voltar atrás na política de bonificação dos professores por meta de desempenho, severamente criticada pelos petistas do setor, Alckmin também criou um programa de bolsa para universitários inspirado no Prouni. De uma só tacada aproximou-se de Dilma e afastou-se de Serra. A contrapartida da bolsa é a participação do estudante em atividades de fim de semana nas escolas públicas. O programa que as mantinha abertas sete dias por semana havia sido descontinuado por seu antecessor. Na habitação, Alckmin também enviou um projeto à Assembleia Legislativa que concede benefícios fiscais às construtoras contratadas pela estatal paulista do setor, a CDHU, a exemplo do que já faz o Minha Casa Minha Vida. No plano plurianual que acaba de apresentar, Alckmin resolveu incorporar o Índice de Responsabilidade Social. Criado pela Assembleia há 11 anos para mensurar os avanços alcançados pelo poder público na promoção do bem estar social, o índice atravessou dois governos de Alckmin sem que a gestão estadual lhe prestasse atenção. Foi a rota de aproximação com Dilma que levou o governador a resgatá-lo. O PPA também mantém a agressiva política de investimentos anunciada por Alckmin no início de seu governo. Justiça lhe seja feita, foi Serra quem ousou na expansão dos investimentos com o acordo, selado com Lula, que permitiu ampliar a margem de endividamento do Estado. Alckmin vai se beneficiar do acordo feito por seu antecessor para continuar a expandir o transporte metropolitano, marca do governo Serra, e aderir a bandeiras dilmistas, como o investimento no estádio do Corinthians e o trem bala. A acolhida calorosa que Dilma teve no Bandeirantes somada ao enfático apoio do PSD de Kassab contrasta com as manifestações petistas da semana. O ministro Paulo Bernardo, que tem 100% de seu orçamento familiar na folha de pagamentos do primeiro escalão federal, disse ao repórter Fernando Rodrigues (”Folha de São Paulo”) que a presidente, “se estiver bem”,

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Eleições 2014: PT e PSDB começam o jogo

PT e PSDB armam tabuleiro de 2014 Raymundo Costa ¹/VALOR PT e PSDB antecipam largada para 2012. Lula articula palanques até 2014; tucanos tentam tirar Serra da disputa presidencial. PT e PSDB anteciparam a largada às eleições municipais de 2012. O centro da disputa é o território de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, portanto, decisivo na eleição para presidente de 2014. A rigor, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, queimou a largada ao decidir fundar o PSD. Mas a partida valeu, a corrida seguiu e PT e PSDB entraram na pista com disposição de início de campanha. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta repetir a mesma fórmula que o levou a eleger a presidente Dilma Rousseff. Seu candidato é o ministro da Educação, Fernando Haddad, um técnico que nunca antes disputou eleição, como Dilma, e que assim como a atual presidente, à época, também acumula polêmicas. Nessa lista estão os fiascos do Enem, as cartilhas com erros de português e o “kit gay”, como foi batizado no Congresso o pacote contra a homofobia. Tucanos forçam Serra em SP para dar passagem a Aécio. Na campanha de 2010, como se recorda, Dilma foi acusada de defender o desenvolvimento a qualquer custo (meio ambiente) e a legalização do aborto, assunto que contaminou o segundo turno da eleição presidencial. E assim como Dilma, o ministro Haddad é um nome técnico de fora do aparelho petista, tem bom relacionamento com Lula e é digerível por boa parte da classe média paulistana.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Lula articula as principais candidaturas para 2012 tendo em vista as alianças com os outros partidos. O ex-presidente costuma lembrar que somente venceu em 2002, após três tentativas, ao ampliar o leque de alianças do PT juntando-se ao PL do empresário e depois vice José Alencar, morto em março passado. No que se refere a São Paulo, Haddad leva vantagens diversas em relação aos outros pretendentes do PT, sob o ponto de vista de Lula. Em primeiro lugar, é uma novidade. Apesar das polêmicas em que esteve envolvido, deve capturar o eleitorado histórico do PT na capital. E tem espaço para crescer, sobretudo com o apoio que Lula costuma dar a seus “candidatos do peito”, como ficou demonstrado nas eleições do ano passado. Se Haddad ganhar, o PT terá aberto uma brecha na muralha da cidadela tucana em São Paulo – Kassab não é do PSDB, mas é ligado e fiel ao tucano José Serra. Na hipótese de Haddad perder, é certo que Lula não terá dificuldade para conseguir seu apoio para o eventual candidato do PMDB, Gabriel Chalita, se ele for um dos dois candidatos no segundo turno. Algo que seria difícil de tirar de Marta Suplicy – que é pré-candidata – ou Aloizio Mercadante, atual ministro da Ciência e Tecnologia, também potencial candidato à indicação. Lula joga com as alianças de 2012 tendo em vista a disputa de 2014. Vitória na eleição na capital de São Paulo é uma variável que não se discute na equação eleitoral do PSDB, pelo menos por enquanto. A discussão entre grande parte dos tucanos é outra: como fazer José Serra decidir logo se é ou não candidato a prefeito de São Paulo. A decisão de Serra é importante para Aécio Neves e seus correligionários resolverem o encaminhamento da candidatura presidencial do mineiro. É nesse contexto que deve ser entendida a proposta de realização de prévias para a escolha do candidato do PSDB a prefeito, de preferência até dezembro deste ano. Isso forçaria Serra a uma decisão já. Na hipótese de ele ser candidato, Aécio teria a segurança de contar com o caminho livre para começar a trabalhar sua candidatura para 2014, sem receio de que alguém possa lhe tirar a bola no meio do jogo. Serra já disse que não será candidato a prefeito. Em particular, afirma que não disputaria de novo nem que esta fosse a última eleição de sua vida – só não diz o mesmo publicamente para não “ofender” os paulistanos, insinuando algum tipo de menosprezo pela prefeitura. Mas os adversários do tucano paulista ou não acreditam que ele consiga ficar sem um cargo até 2014 ou acham que podem convencê-lo com o argumento de que é a única alternativa viável do PSDB, sob pena de a sigla começar a desmoronar em São Paulo. Por trás desse argumento, está o mesmo raciocínio defendido na convenção que elegeu os novos dirigentes tucanos, no final de maio, segundo o qual o PSDB deveria escolher logo o candidato a presidente. Para Serra, não interessa decidir nada agora. O tempo joga a seu favor, ao contrário do que ocorreu nas duas vezes em que disputou a Presidência da República, quando teve de deixar os cargos que então ocupava (ministro da Saúde e governador de São Paulo) no início de 2002 e de 2010. O tempo está a favor até em relação à prefeitura de São Paulo: Serra não precisará dizer se é ou não candidato no início de maio de 2012, prazo para a desincompatibilização de pré-candidatos que tiverem cargos executivos. Um exemplo: o secretário de Energia, José Aníbal. No limite, Serra pode até deixar a decisão para o final de junho de 2012. A exemplo de um número cada vez maior da chamada elite política do Congresso, independentemente de partido, José Serra também supõe que o candidato do PT, nas eleições de 2014, será o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste cenário, talvez o PSDB se convença de que o candidato ideal é o próprio Serra – o contraponto de Lula no partido.. A tese segundo a qual Aécio deveria disputar com Lula em 2014 para encorpar uma recandidatura em 2018 enfrenta problemas. O próprio Aécio tem dificuldades para enfrentar Lula, com o qual manteve excelente relacionamento no governo. Além disso, a concorrência para daqui a sete anos deve ser maior. Sem falar do PT, cujo candidato deve ser Lula (para a eleição ou para a reeleição), o PMDB, por exemplo, contará com o

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Internet e eleições: Disputa presidencial de 2010 foi mais acirrada, aponta Ibope

Estudo elaborado a partir de pesquisas realizadas na eleição mostra diferença menor entre candidatos. A disputa eleitoral foi mais acirrada na internet que no eleitorado em geral, mostra estudo divulgado pelo Ibope nesta segunda-feira, 25. O estudo, elaborado pelos pesquisadores João Francisco Resende, do Ibope Inteligência, e Juliana Sawaia Cassiano Chagas, do Ibope Mídia, cruzou dados das pesquisas eleitorais realizadas pelo instituto entre 30 de junho e 30 de outubro de 2010. O trabalho apontou que a diferença na intenção de votos entre os principais candidatos à Presidência da República – Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) – era menor entre os eleitores conectados que entre o eleitorado em geral. Dilma, que venceria a disputa, aparece em todas as pesquisas realizadas com porcentuais mais baixos que os apresentados no eleitorado geral. Já o tucano José Serra e a então candidata do PV apareciam com números mais altos. No início do período, os dois apareciam empatados entre os conectados – em 30 de junho os dois somavam 36%, em 29 de julho e em 15 de agosto, 37% -, enquanto no eleitorado geral, Dilma já começava a abrir dianteira, em função do maior conhecimento que as pessoas passaram a ter sobre ela – 39% a 34% em 29 de julho, 43% a 32% em 15 de agosto. No início do segundo turno, Serra se aproximou de Dilma no eleitorado geral, chegando a 43%, ante 49% de Dilma. Entre os conectados, Serra assumiu a liderança, com 50% a 41% em 13 de outubro. Em 20 de outubro, o tucano tinha 48% contra 42% e no dia 28 de outubro, Dilma virava o resultado: 49% a 43% entre os conectados e 52% a 40% no eleitorado geral. A alteração no cenário eleitoral entre o final do no início do segundo turno se deve a boatos que passaram a circular pela internet, dando conta que Dilma apoiaria a legalização do aborto e criticando sua participação em grupos armados que lutaram contra o regime militar e o seu suposto ateísmo.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Ainda no primeiro turno, uma declaração de Monica Serra, mulher do presidenciável tucano, contribuiu para o acirramento da guerra virtual entre PT e PSDB. Em campanha na Baixada Fluminense, Monica afirmou que Dilma “é a favor de matar as criancinhas”, referência ao fato de que a petista seria a favor do aborto. Em resposta, blog ligado ao PT divulgou documento assinado por Serra quando ministro da Saúde que regulamenta a realização do aborto em casos previstos na legislação, como estupro e em casos de risco de morte da mãe e indicou que a versão do Plano Nacional de Direitos Humanos feito na gestão FHC “defende a ampliação da legalização do aborto”. Jair Stangler/O Estado de S.Paulo

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Brasil: Os ladrões roubam para ostentar e traem a confiança da presidente

Os ladrões – penso eu – não ostentam porque roubam, mas roubam para ostentar. Este o seu propósito não muito oculto, o seu impulso no fundo da questão. Assumindo abertamente tal comportamento, além de traírem a confiança de quem os nomeou – no caso dos Transportes, a presidente Dilma Rousseff – ainda por cima desgastam politicamente o governo e, simultaneamente a imagem do PT. Por isso, acho que o ex presidente Lula não tem razão quando se preocupa em que as demissões praticadas por Rousseff no DNIT possam isolá-la da base parlamentar no Congresso. Escrevo a partir da reportagem da Càtia Seabra e Natuza Nery, Folha de São Paulo de quarta-feira. Sinto sempre a obrigação, não muito levada a sério, de citar a fonte da informação que se transforma em degrau para análise. Pensar que o ladrão, e também traidor, é um amigo ou aliado é uma ingenuidade ou uma estupidez completa. O ladrão, ao contrário, é o pior e o maior inimigo. Principalmente porque expõe o outro, a uma grave e aparente contradição. Ou sabia do roubo e assim é conivente ou leniente, ou é um desinformado . Como a presidente Dilma não é nem uma coisa nem outra, sua única saída é demitir os culpados. No mínimo. Pois se infringiram a lei devem ir para a cadeia, se condenados. Mas a cadeia para os colarinhos branco não constitui uma peça da cultura brasileira. Os ladrões ficam à solta, porém não se pode dizer que seus atos não tenham consequência. Há muitos exemplos e reflexos, como lembrou Dora Kramer em O Estado de São Paulo da mesma quarta-feira.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] No incrível DNIT outras demissões estão anunciadas. Como Luis Inácio da Silva pode temer fraturamento ou fracionamento da base parlamentar aliada? Não faz sentido. A roubalheira pela própria roubalheira já constitui uma cisão. Claro. Pois não pode ser esse o projeto do governo. Dilma não atribuiu o espaço do Ministério dos Transportes ao PR, partido que foi do vice José Alencar, para que seus representantes agissem como os piratas do século 16 que tinham o Caribe como ponto de encontro e refúgio. Deram margem na literatura até a lendas de raro fascínio. O cinema americano aproveitou-se de várias delas para filmes de aventuras. Mas o cenário da política brasileira é diferente. Dilma Roussef e o PT terão que enfrentar as urnas municipais de 2012, prévia das sucessões estaduais e da sucessão presidencial de 2014. É verdade que não existe oposição federal no país. O DEM desapareceu. O PSDB está dividido entre as correntes de Aécio Neves e José Serra, e Aécio não tem a menor pegada oposicionista. Nem adiantaria. A força popular de Lula não se evapora facilmente, pois com ele, e Dilma, como já escrevi, o desemprego caiu de 12 para 6%, e os salários subiram concretamente na escala de 15%. O PSDB, para confrontar o ex presidente, teria que defender abertura social ainda maior. Atacar só à base da corrupção não resolve. Aécio Neves já sentiu isso. É jovem. Pode esperar. Daqui a dois anos ainda será difícil para ele. Mas a política é como a nuvem. Pode mudar de a forma e direção a qualquer instante. O fato essencial é que não se pode aceitar e conviver com a corrupção e os corruptos sob pena pelo menos de contaminação. Assim não tem cabimento, em nome da maioria na Câmara e no Senado, o governo, qualquer governo, perder a credibilidade e a confiança da opinião pública. Sem opinião pública a favor, não se governa país algum. Muito menos o Brasil. Pedro do Coutto/Tribuna da Imprensa

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Drogas: preconceitos e demandas

Droga: demanda e preconceitos por José Serra –> blog Durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995/2002), ocupei o ministério da Saúde por quase quatro anos. Com o apoio do presidente, além de reforçar bastante as ações que estavam em andamento, promovemos algumas inovações – entre estas, a ofensiva no combate ao tabagismo no país. Proibimos a propaganda de tabaco, sempre enganosa; impusemos fotos de advertência nos maços de cigarros; fizemos campanhas de esclarecimento nas TVs e nas rádios; fizemos, enfim, uma mobilização que contou com o apoio da imprensa porque a causa, obviamente, era boa; dizia respeito ao bem comum e à saúde dos brasileiros. Não há números precisos, mas boas indicações de que o crescimento do consumo de cigarros foi desacelerado. Tornou-se mais difícil para a indústria do fumo recrutar clientes entre os jovens. Mais do que isso: desenvolveu-se uma espécie de consciência social a respeito dos perigos desse vício para a saúde. Posteriormente, quando governador de São Paulo, fiz aprovar a lei que proíbe o fumo em recintos públicos fechados, incluindo bares e restaurantes. Tanto já havia aquela consciência que a medida foi rapidamente bem sucedida e se disseminou por todo o país. Faço essa memória com o propósito de insistir na necessidade de uma forte e amplíssima campanha educacional contra o consumo de drogas. No Brasil, há cerca de 1 milhão de pessoas, especialmente as mais jovens, usuárias do crack ou óxi, drogas que as levam à decadência e à morte, além do sofrimento e degradação que impõem às suas famílias. Você quer ter uma ideia mais concreta sobre essa realidade? Leia a reportagem “As Mães Reféns do Crack”, publicada nesta semana pela revista Veja. A luta contra as drogas exige cortar tanto a oferta como a demanda desses produtos. No Brasil, porém, a exemplo de outros países, as ações estão mais concentradas do lado da oferta, que deve, sim, ser combatida. Mas faltam ações decididas do lado da demanda, criando-se uma consciência maior, principalmente entre os jovens, sobre a natureza terrível da dependência química. Falando com clareza: é preciso estigmatizar não o consumidor do crack, mas o consumo do crack. Para isso tudo, é preciso ter lucidez, convicção e vontade política a respeito do assunto – atributos que parecem escassos nos órgãos federais competentes. Trata-se da mesma escassez que compromete as ações de tratamento e recuperação dos dependentes químicos, outro capítulo essencial da batalha contra as drogas — que, no Brasil, é ainda incipiente. Além de complexas, tais ações têm sido também dificultadas, por incrível que pareça, por estranho preconceito ideológico. Lembro-me da inauguração de uma clínica de tratamento e recuperação, criada pelo governo de São Paulo, localizada num município cuja prefeitura é do PT: o próprio prefeito criticou a iniciativa. Diga-se de passagem, o ministério da Saúde não repassou recursos do SUS para essa e outras clínicas, nem tampouco para as comunidades terapêuticas de todo o Brasil. PS – Sobre a mencionada clínica, vale a pena ler a matéria do jornalista Roberto Pompeu na revista Piauí http://bit.ly/piauirobertopompeu

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Mercadante e Quércia no esquema dos aloprados

Reportagem de Hugo Marques e Gustavo Ribeiro, na revista Veja desta semana, desvenda o caso dos aloprados do PT, cinco anos depois. Em 2006, às vésperas do primeiro turno das eleições, a Polícia Federal prendeu em um hotel de São Paulo petistas carregando uma mala com R$1,7 milhão. O dinheiro seria usado para a compra de documentos falsos que ligariam o tucano José Serra, candidato ao governo paulista, a um esquema de fraudes no Ministério da Saúde. O bancário petista Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil e atual secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do DF, investigado pela Polícia Federal por participar do esquema, contou tudo em relato gravado por correligionários. Procurado pela revista, Expedito confirmou o teor das conversas. Segundo a revista demonstra, o mentor e principal beneficiário da farsa foi o ex-senador e atual ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), cujo nome já havia aparecido no caso e a PF chegou a indiciá-lo por considerar que era o único beneficiado pelo esquema.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Mas a acusação acabou anulada por falta de provas. O petista Expedito conta que o ministro e o PT apostavam que a estratégia de envolver Serra num escândalo lhes garantiria os votos necessários para que Mercadante conquistasse o governa de São Paulo. Ele explica ainda que a compra do dossiê foi financiada por dinheiro do caixa dois da campanha petista e ainda, de maneira inusitada, pelo então candidato do PMDB ao governo paulista, Orestes Quércia. “Os dois (Mercadante e Quércia) fizeram essa parceria, inclusive financeira”, revela o bancário. “Parte vinha do PT de São Paulo. A mais significativa que eu sei era do Quércia.” Tratava-se de um pacto. “Em caso de vitória do PT, ele (Quércia) ficaria com um naco do governo.”

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José Serra, Alckmin o lixo e o “lixo”

Ação popular tenta recuperar R$ 300 milhões “pagos a mais” pelos governadores Alckmin e Serra. O Ministério Público e a Polícia Federal deviam investigar esse escândalo? Por que não o fazem? Os R$ 20 milhões recebidos por Antonio Palocci, ex-chefe da Casa Civil, por “consultorias” prestadas a particulares em 2010, parecem ninharia perto do prejuízo sofrido pela Fazenda do Estado de São Paulo, que entre 2004 e 2009 pagou juros indevidos de cerca de R$ 300 milhões aos titulares de um precatório – a família Abdalla, ex-proprietária da área de 600 mil m², onde hoje funciona o Parque Villa Lobos, em São Paulo. A ação, ajuizada pelo ex-deputado Afanasio Jazadji, foi acolhida pela juíza Alexandra Fuchs de Araújo, da 6ª Vara da Fazenda Pública, que mandou incluir no pólo passivo os seguintes réus: Fazenda do Estado de São Paulo como entidade lesada; procurador-geral do Estado Elival da Silva Ramos e ex-procurador-geral Marcos Fábio de Oliveira Nusdeo (governos Geraldo Alckmin e José Serra), responsáveis pelos cálculos tidos como equivocados; José João Abdalla Filho, Antonio João Abdalla Filho, Lúcia Abdalla Abdalla, a S/A Central de Imóveis e Construções, na condição de beneficiários do ato atacado; e Prefeitura de São Paulo, na condição de titular de 30% do valor da área desapropriada pelo governo do Estado em 1988. Nenhum jornal, nenhuma revista, nenhuma emissora de rádio e televisão sequer menciona o assunto. É como se fosse normal ver governadores pagando R$ 300 milhões a mais, e fica tudo por isso mesmo. Somente a Tribuna se preocupa com isso. Não parece estranho? Afinal, essas informações estão disponíveis no site do Tribunal de São Paulo, fórum da Capital, Varas da Fazenda Pública, autos nº 0006827-82.2011.8.26.0053 – www.tj.sp.gov.br ). Por determinação da juíza, ouvido o Setor de Execuções contra a Fazenda Pública, foram incluídos ainda como réus os escritórios de advocacia de Roberto Elias Cury e Eid Gebara, patronos dos antigos donos da gleba situada na avenida Marginal Pinheiros, antes utilizada para depósito de lixo e que custou aos cofres públicos cerca de R$ 3 bilhões, dinheiro mais do que suficiente para a construção de uma linha de metrô de grande porte.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O núcleo da discussão cinge-se ao espontâneo pagamento de juros moratórios em prestações do precatório, que foram incluídos entre a quarta e a nona parcelas, sem que houvesse justificativa. Essas parcelas foram pagas pontualmente e sem atraso. Então, como incluíram juros de mora? E no módico valor de R$ 300 milhões? Segundo o ex-deputado Afanazio Jazadji, o pagamento desses juros moratórios em parcelas anuais quitadas sem atraso lesou as finanças públicas e contraria o que dispõe a emenda constitucional 30/2000, que estabelece: “É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1. de julho, fazendo-se o pagamento ATÉ O FINAL DO EXERCÍCIO SEGUINTE, QUANDO TERÃO SEUS VALORES ATUALIZADOS MONETARIAMENTE”. Nesse caso, como os cálculos e os pagamentos foram feitos espontaneamente pela Fazenda do Estado, com base em trabalho elaborado pela Procuradoria-Geral do Estado, estranha-se que especialistas em Direito Público não tivessem atentado para a clareza do dispositivo constitucional e para as decisões dos tribunais superiores que nunca deixaram margem para dúvidas: “A partir da primeira parcela, com vencimento em 31 de dezembro de 2001, os juros legais são devidos para as parcelas inadimplidas. Em síntese, os juros moratórios só incidem quando houver atraso no pagamento das parcelas de precatório QUE VENCEM NO FINAL DE CADA EXERCÍCIO FINANCEIRO E NÃO NO PRIMEIRO DIA DO ANO ORÇAMENTÁRIO”. Inexplicavelmente, a Fazenda do Estado pagou pontualmente a 4ª, a 5ª, a 6ª, a 7ª, a 8ª e a 9ª parcelas do precatório do Parque Villa Lobos, entre 2004 e 2009, antes de seu vencimento, e ainda assim vultosos juros moratórios, como se tivesse atrasado os pagamentos em 365 dias. Na 4ª parcela, de dezembro de 2004, foram pagos juros moratórios indevidos de R$ 48,4 milhões; na 5ª parcela, dezembro de 2005, foram depositados como juros moratórios desnecessários R$ 39,6 milhões; em dezembro de 2006, como 6ª parcela, foram pagos a mais R$ 37,1 milhões, sem que houvesse mora alguma; a 7ª parcela, quitada em dezembro de 2007, incluiu juros moratórios inexistentes de R$ 31 milhões; na 8ª parcela, quitada em 29 de dezembro de 2008, sem atraso, foram depositados R$ 25,2 milhões a mais. Finalmente, para a 9ª parcela, foram destinados juros moratórios de R$ 17,2 milhões, também ilegais. Todos esses milionários pagamentos por atrasos inexistentes foram feitos por conta da Procuradoria-Geral do Estado, sem que os beneficiários os tivessem requerido ou mesmo discordado do pagamento sem juros. Assim, afrontaram jurisprudência assentada no Supremo Tribunal Federal, no sentido de que “durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos, desde que pagos TEMPESTIVAMENTE, OU SEJA, SEM ATRASO”. Alguns réus já apresentaram contestação, pedindo a extinção do feito, vez que entendem que a ação popular não se destina à proteção de interesses de particulares. Mas foi por isso mesmo que o autor da ação, em seu pedido, requereu claramente “a condenação dos réus, na proporção de suas responsabilidades e vantagens auferidas, a RESSARCIREM O ERÁRIO PÚBLICO pelos prejuízos acarretados, além do pagamento de honorários advocatícios, custas e despesas processuais, conforme artigo 12 da Lei no. 4.717/65 e CPC, tudo consoante venha a ser apurado em regular liquidação de sentença”. UM “LIXÃO” QUE CUSTOU r$ 3 BILHÕES Perguntas que não podem deixar de ser feitas: se a área desapropriada em abril de 1988 pelo ex-governador Orestes Quércia não passava de um lixão na marginal de Pinheiros, como pôde seu valor indenizatório ter chegado a NCz$ 324,6 milhões (trezentos e vinte e quatro milhões, seiscentos mil cruzados novos)? Atualizada monetariamente essa fortuna, teríamos hoje um valor de cerca de R$ 675 milhões (seiscentos e setenta e cinco milhões de reais). Por que então esse precatório custou ao Estado de

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