Arquivo

Helio Fernandes, o maior jornalista brasileiro, completa hoje 92 anos

Hoje é um dia muito especial para nós. O jornalista Helio Fernandes está completando 92 anos. Este Blog, todos sabem, pertence a ele e sempre pertencerá. Estamos apenas lutando para preservá-lo até que Helio Fernandes se disponha a voltar. Helio Fernandes, um nome na História Seu principal advogado, Luiz Nogueira, fez questão de lembrar esta data ao ministro Castro Meira, do Superior Tribunal Justiça (STJ), relator do processo de indenização movido por Helio Ferrnandes contra a União, por perdas e danos causados em dez anos de censura prévia e implacável contra a Tribuna da Imprensa, de 1968 a 1978, e com a destruição do jornal por um atentado à bomba em 1981, depois de aprovada a Lei da Anistia.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Helio Fernandes é o jornalista mais censurado da História deste país. Vale á pena ler a mensagem que Luiz Nogueira enviou ao STJ. Carlos Newton/Tribuna da Imprensa SR. MINISTRO CASTRO MEIRA Peço licença para tomar uns minutos do precioso tempo de V. Exa. para informar que no próximo dia 17 o mais intrépido, isento, despojado e democrata dos jornalistas brasileiros, SENHOR HELIO FERNANDES, estará completando 92 ANOS DE VIDA, toda ela dedicada à defesa dos legítimos e não poucas vezes vulneráveis interesses nacionais. Colocou toda a sua vida e todo o seu patrimônio, o independente jornal TRIBUNA DA IMPRENSA (RJ), a serviço das boas causas e contra a corrupção e o desgoverno. Por não ceder perante os ditadores de plantão, período de 1964 a 1985, sofreu ininterrupta e implacável perseguição pessoal, política e empresarial. Seu jornal, um dos mais influentes do Rio de Janeiro, à época, foi arbitrariamente censurado entre 1968 e 1978 (mais de 3.000 edições) e quase que totalmente destruído em 1981 por conta de atentado promovido pelos agentes da ditadura. Em virtude desses ataques terroristas e da censura diária exercida por policiais truculentos que se alternavam em sua redação, a TRIBUNA foi asfixiada econômico-financeiramente, perdendo publicidade e vendo diminuída significativamente sua tiragem. Assim mesmo resistiu o quanto foi possível. O sonho de Helio Fernandes e de muitos brasileiros é ver de novo a TRIBUNA nas bancas das principais cidades brasileiras e para isso aguarda-se, com ansiedade e quase desespero, QUE A SEGUNDA TURMA DO TRIBUNAL DA CIDADANIA, TENDO V. EXA. COMO RELATOR, DECIDA COM JUSTA PREFERÊNCIA o REsp 1324250/RJ, definindo o valor indenizatório que a UNIÃO FEDERAL deverá despender em favor da citada empresa jornalística. Esse processo, iniciado em setembro de 1979, já tramitou em todas as instâncias, inclusive, no Supremo Tribunal Federal e completou há pouco seu 33º aniversário. O bravo jornalista Helio Fernandes, que sempre defendeu o estado democrático de direito, os legítimos interesses nacionais, a independência e o respeito que todos devem devotar ao Poder Judiciário, ao completar 92 anos de vida, bem que mereceria receber o resultado da prestação jurisdicional fundamentadamente buscada e já reconhecida no julgamento de mérito. Sabemos do excesso de trabalho que toma o tempo dos senhores ministros do STJ e no caso de V. EXA., muito mais ainda por sabermos que se avizinha, lamentavelmente, a data de sua aposentadoria e, se não me engano, o único juiz de carreira da 2ª Turma. Como um dos advogados de Helio Fernandes, peço licença por ousar encaminhar a V. Exa. esse singelo apelo. Respeitosamente, LUIZ NOGUEIRA OAB/SP 75708

Leia mais »

Internet e Jornais: quem está ganhando a disputa?

O Brasil ganhou a copa do mundo e futebol num domingo e ficamos sabendo na quarta feira. Esse era o mundo pré internet. Sempre que um novo meio de comunicação surge, decreta-se o fim dos anteriores. Um grupo de investigadores da Universidade de Stanford, nos EUA, que defende que a era da Internet apenas contribuiu para acentuar uma tendência que já se vinha desenhando há décadas. Para a análise, compilaram dados relativos à imprensa escrita no país durante os últimos três séculos, disponibilizando a informação através de um mapa interativo que permite aos internautas observar a evolução do número de publicações nas várias zonas do país. A história, essa senhora implacável, nos ensina que não é bem assim. O Editor Reportagem de Márcia de Chiara, O Estado de São Paulo de quarta-feira, focalizou com nitidez os debates e opiniões que marcaram o Seminário de Circulação promovido pela Federação Nacional dos Jornais na capital paulista. Reuniram-se Valter Matos Júnior, vice-presidente da FENARJ, proprietário do Grupo Lance, Marcelo Moraes, do Infoglobo, Antonio Teixeira Mendes, da Folha de São Paulo, Eduardo Sirotsky, Zero Hora de Porto Alegre e da TV RBS, e Sílvio Genesini, de O Estado de São Paulo. Apesar de empolgados com o crescimento das vendas de jornais, da ordem de 5%, no primeiro semestre de 2011, e também com o aumento do número de computadores de 15 para 20% dos domicílios, como informou recentemente o Ibope, não chegaram a nenhuma conclusão.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Nem poderiam. Primeiro colocaram em discussão a hipótese de os jornais cobrarem pelo acesso dos internautas a seus conteúdos. Um desastre onde tal sistema foi colocado em prática. Os debatedores concluíram que, depois de navegarem de graça nas páginas do amanhã, os que procuram se antecipar à alvorada dos fatos não têm condições psicológicas de aderirem a um desembolso. Em segundo lugar, aí a minha opinião, a cobrança não é fácil e implica em vários problemas. Um deles a retração natural pelo uso do cartão de crédito. Mas não é somente isso. Foram relatadas experiências em alguns jornais do mundo, negativas, exceto publicações como a do Wall Street Journal, de Murdoch, quando pelas manhãs em Nova Iorque acompanham as oscilações da Bolsa de Valores e do mercado de cambio. Mas neste caso a audiência pessoal é numericamente reduzida e bastante profissional. O site mais acessado do Brasil, o UOL, Folha de São Paulo, 600 mil acessos por dia, entre nós domina este campo de informação. Restrito aos assinantes do jornal, não cobra pelos toques. Porém a questão não é apenas essa. É que a abertura dos sites acarreta um efeito decisivo: quanto maior for, mais volumosa será a comercialização publicitária. O New York Times tentou a cobrança, colocou-a em prática, mas não está dando certo. Tanto assim que a receita do jornal vem 40% da circulação (venda nas bancas e assinaturas), 39% da publicidade impressa, 14 da publicidade digital. E, pelo que se conclui, 7% dos acessos. Não compensa. Porque, quanto maior for o número de acessos, mais ampla será também a publicidade no espaço aberto pelas telas. Portanto forçar o mercado de um lado, para expandir receita, conduz à sua retração de outro. Encolhe. Todos esses pontos comprovam a inevitável convergência que acentuei no título. Vejam só: em 2010, a publicidade injetada nos meios de comunicação brasileiros atingiu cerca de 40 bilhões de reais. A televisão absorveu 25 bilhões, os jornais e revistas 9,4 bilhões, as emissoras de rádio 3 bilhões e a publicidade pela Internet 2,6 bilhões de reais. Mas a publicidade comercial, quer dizer os anúncios, não o pagamento pelo acesso. O volume geral das mensagens pagas em 2010 elevou-se na escala de 10% em relação ao de 2009. No mesmo espaço de tempo, a nossa população avançou apenas 1,2%, segundo o IBGE. O crescimento do espaço de publicidade evidenciou-se sem a cobrança pela visão dos conteúdos jornalísticos. Assim, penso, é legítimo concluir que os novos horizontes da comunicação, seja no Brasil, seja no mundo, é a convergência entre os meios. Quanto às mensagens comerciais também. Mas relativamente às mensagens livremente informativas e opinativas, não. Pois se fossem idênticas como a publicidade, estaríamos caminhando para um cenário único. E não é nada disso. Pedro do Coutto/Tribuna da Imprensa

Leia mais »

Wikileaks e News of the World: democracia é também não informar

Democracia é também não informar Por José Paulo Cavalcanti Filho ¹ .1. O WikiLeaks ganhou tintas, perante a opinião pública, de instrumento da democracia; com seu mentor (e fundador), Julian Assange, no papel de herói. Já o jornal inglês News of the World acabou reduzido à essência de todos os males da mídia, mundana e promíscua; e seu proprietário, o australiano (naturalizado americano, para atender memoranduns da FCC) Rupert Murdoch, a vilão de faroeste italiano. Engraçado só é que os dois casos são, em essência, rigorosamente iguais. E quem condenou um, para ser coerente, jamais poderia louvar o outro. Só que a culpa, no episódio, recai menos sobre o leitor e mais sobre a própria mídia, do novo incapaz de ver seu próprio umbigo. Nessa linha, um exame isento dos casos revelará que há, em ambos, uma mesma questão de forma e uma mesma questão de substância. A ver.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] .2. A forma diz respeito aos meios para obtenção das informações. Dando-se que as escutas telefônicas do News of the World são tão ilegais quando o processo de acesso a documentos reservados dos governos, pelo WikiLeaks –a partir da internet, segundo consta. .3. Em relação à substância temos também, nos dois casos, conteúdos que não devem ser revelados. E não devem ser revelados por assim melhor corresponder ao interesse coletivo, esse o fator determinante. De resto, e caso essa reserva seja equivocada, há já processos consolidados para sua revisão. É assim em toda a parte, a partir de Comissários da Informação (Canadá), Ombudsman e Comissões Administrativas (Suécia), Comissão de Acesso a Documentos Administrativos (França), Comissão sobre Segredo de Pesquisa (Noruega), Corte Administrativa Suprema (Finlândia), Administrative Appeals Tribunal e Ombudsman (Austrália), District Courts e Civil Service Comissions (EUA). Mesmo no Brasil, com uma “Comissão Mista de Reavaliação de Informações” (art. 35 do Projeto de Lei 219-C), formada por representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. .4. Em um caso temos a vida privada das pessoas. No outro, além disso, também documentos de outras naturezas. É preciso, aqui, examinar o tema com menos paixão. Porque a idéia de ser antidemocrática, toda regra que estabeleça qualquer limite ao acesso da informação, é só um mito. Na França, para não ir longe, o prazo médio de sigilo é 30 anos. Mas são de: a) 60 anos (da data de produção do fato), para segurança do Estado e vida particular; b) 100 anos (do encerramento do caso), para assuntos jurídicos; c) 120 anos (da data do nascimento), para informações pessoais; d) 150 anos (da data de nascimento), para informações médicas. E a França, ninguém dirá o contrário, é um espaço democrático. Em todos os países as regras são parecidas; podendo inclusive, em casos específicos, não haver esse acesso. A Suprema Corte nos Estados Unidos, a propósito, já definiu, no caso O’Connor x United States (1991), que o governo tem poder de bloquear informações que considere relevantes. Com esse acesso, indistintamente, sendo imediato; ou dando-se em alguns anos; ou “pelo tempo que requererem as considerações de Segurança Nacional” (a mão ainda treme, ao escrever essas duas palavras). Indeterminado, pois. De tudo resultando que certo distanciamento, entre fato histórico e acesso à informação, resulta em tantos casos mesmo desejável. .5. Sobre o jornal inglês, todos estamos de acordo. Contra. Sem contudo perceber que divulgar informações em poder do governo pode ser tão danoso, ao interesse coletivo, quanto expor detalhes da vida íntima das pessoas (protegidas pela privacidade). Tomemos, entre muitos, o exemplo banal da fórmula da Coca-Cola – que, só para lembrar, é um segredo (industrial) em poder do governo (INPI). Vem o WikiLeaks edivulga. O que acontece?, já sabemos. Em cada esquina desse país vai abrir uma fábrica de tubaína – que venderá o mesmo sabor da Coca por metade do preço (ainda menos, que quase inevitavelmente nenhuma delas pagará imposto). O que a democracia ganha com isso? .6. A regra, generalizada, é estabelecer reserva sobre alguns temas. Onze deles estão inclusive presentes em todas as legislações de países com democracia consolidada. Textos sobre fronteiras. Efetivos de forças armadas. Planos militares, que nenhum país divulga. Privacidade. Sigilos profissionais também, entre eles o das confissões religiosas. Outros mais. Em tudo se reafirmando uma verdade simples, e que (ainda) causa pavor à mídia – a de que democracia é informar e é também não informar. .7. Então, assim ficamos. Ou não deve haver nenhum limite à informação, caso em que WikiLeaks eNews of the World devem ser tidos como mensageiros do bem. Ou podemos (e mesmo devemos) admitir limites democráticos a esse acesso à informação, sugeridos sempre pelo interesse coletivo – caso em que Murdoch e Assange acabam sendo vilões muito parecidos. Os leitores podem escolher. Um lado ou outro. Só não podem é louvar o WikiLeaks e mandar ao inferno o New of the World. Apenas por não ser razoável. Nem coerente. E isso basta. *** ¹ José Paulo Cavalcanti Filho é advogado no Recife (PE), ex-presidente do Conselho de Comunicação Social

Leia mais »

Imprensa amarela, mídia marrom

Há muito tempo que a França não tinha razão, desnorteada havia algumas décadas apesar da multissecular herança cartesiana. Graças à “loucura americana” que sumariamente condenou Dominique Strauss-Kahn como estuprador, a França levanta-se aliviada, honra lavada diante da sociedade mundial. Não se trata de machismo, chauvinismo, nem de antiamericanismo tardio. A reação francesa à surpreendente reviravolta da justiça nova-iorquina tem raízes históricas. Está no DNA da França esta proteína liberal, legalista, organicamente tolerante. Em 1759, no Candide, Voltaire revoltava-se contra a crueldade da inquisição portuguesa que executou o jesuíta Gabriel Malagrida por ter escrito um panfleto denunciando a perversidade humana como a culpada pela ira divina que destruiu Lisboa no terremoto de 1755. O mesmo Voltaire, quatro anos depois (1763), insurgiu-se contra a igreja católica que martirizou e matou Jean Calas como assassino do seu filho. Ele era inocente, o filósofo iluminista estava certo. Contra o sensacionalismo O repúdio ao fanatismo de massas ganhou na modernidade francesa um horror ao linchamento midiático. A vítima precursora foi o capitão Alfred Dreyfus, desonrado, humilhado e deportado para a Ilha do Diabo, em 1895, por culpa da imprensa da ultradireita nacionalista e clerical. Quem o reabilitou foi a grande imprensa liberal, a partir da mais famosa manchete de todos os tempos – “J’Accuse”, no jornal L’Aurore – com texto de Émile Zola.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Dreyfus tornou-se símbolo da inocência e os pasquins que o acusaram assumiram-se como os fantasmas que atormentam a consciência francesa. O caso Dreyfus não está esquecido, plasmou-se para sempre no imaginário político francês. Os vexames da Segunda Guerra Mundial começaram naquele momento. A clamorosa injustiça cometida nas primeiras condenações do capitão humilhou aqueles que acreditavam numa França justa, culta, defensora dos direitos humanos. Rui Barbosa, então exilado em Londres, foi um dos seus primeiros defensores. Em 1936, na época da Frente Popular de Leon Blum, outra abjeta cruzada de calúnias da imprensa de ultradireita levou ao suicídio o ministro socialista Roger Salengro. No 1º de maio de 1993, o ex-primeiro ministro Pierre Bérégovoy, também socialista, suicidou-se com um tiro na cabeça atormentado pelas denúncias de corrupção jamais comprovadas. (Uma das teorias atribuía aos socialistas radicais a campanha de difamação contra “Béré”, defensor de “um socialismo realizável, a esquerda do possível”). Este pode ser o verão da indignação, os franceses não se conformam com o vexame imposto a um experimentado político, brilhante intelectual, competente administrador, respeitado economista, igualmente socialista, admirado em todos os quadrantes do espectro político. A França não perdeu o comando do FMI e ainda pode recuperar o único candidato capaz de bater Sarkozy. Sua língua deixou de ser o idioma da cultura, sua cultura já não espelha a nossa civilização. Sua imprensa perdeu densidade, desqualificou-se, no entanto pode tornar-se o reduto de uma nova Resistência – contra o terror do sensacionalismo. Rede de simplificações Strauss-Kahn foi sumariamente julgado e condenado pela satânica associação da imprensa amarela – tablóides locais – com a mídia marrom – do ciberespaço –, que se impuseram a uma instituição outrora gloriosa, hoje combalida, por ironia classificada como Grande Imprensa. O grande jornalismo americano enfrentou e derrotou presidentes estúpidos, enfrentou e derrotou o reacionarismo de uma sociedade baseada exclusivamente em valores materiais, mas acovardou-se diante de um monstro por ela mesma criado: o mito do fim do papel. Se o papel desaparece, se a imprensa deixa de ser referência material e torna-se nuvem dissipável, então vale tudo. E este vale-tudo poderia ter levado Strauss-Kahn ao suicídio, como aconteceu antes como Salengro e Bérégovoy. A mídia americana entregou-se às consultorias de marketing das empresas de tecnologia, só pensa nos novos modelos de maquinetas que serão lançadas, aposta todas as suas fichas nos gadgets. Ela própria é um gadget que, um dia, um cracker de 13 anos desligará por brincadeira. As redes sociais são imbatíveis, a internet derruba muralhas, os déspotas estão em pânico, o sigilo acabou. Hugo Chávez, o caudilho venezuelano, provou o contrário. Durante o mês que permaneceu em Havana quase não tuitou, ninguém sabia o que se passava com ele, a Venezuela estava acéfala, em situação de ilegalidade, e nada mudou. O culto dos aparelhos criou uma formidável rede de simplificações – esta sim, invencível. Por Alberto Dines/Observatório da Imprensa

Leia mais »

Ipad: a sua banca particular de revistas e jornais

Numa manhã qualquer de 1967, o compositor Caetano Veloso reparou que o sol nas bancas de revista o enchia de alegria e preguiça. Perplexo, perguntou-se: quem lia tanta notícia? E fez a entusiasmada “Alegria, alegria”, hino do tropicalismo. Décadas depois, se a preguiça ainda for a mesma, agora Caetano não precisa nem mais descer à rua para comprar suas publicações preferidas e ler sobre o equivalente atual dos crimes, espaçonaves, guerrilhas e cardinales bonitas daquela época efervescente. A tradicional banca da esquina ficou ao alcance dos dedos, literalmente, na tela do Ipad, uma das traquitanas eletrônicas mais em evidência no momento. Menos de um ano depois do lançamento do aparelho nos Estados Unidos, as estantes digitais brasileiras já trazem uma oferta bem variada de títulos, a começar pelas revistas semanais de informação (Veja, Época, Istoé) e econômicas (Exame, Época Negócios, Istoé Dinheiro). Já há representantes das masculinas (Alfa, Auto Esporte) e das femininas (Elle, Casa Cláudia). Cintilam as fofocas de celebridades da Caras. Encontram-se hoje também vários dentre os jornais de maior circulação nacional. Exemplos: O Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, Brasil Econômico, Estado de Minas, Zero Hora e Correio Braziliense.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Em todos, o denominador comum é a beleza gráfica. Na tela luminosa do Ipad, as fotos ficaram muito mais impactantes que na versão impressa tradicional. Ganharam em colorido e definição. Houve também valorização dos infográficos, que começam a ganhar animação e movimento, o que obviamente não acontecia na edição em papel. O contraste do texto preto em letras maiores sobre a tela branca facilita a leitura. Outra vantagem vem do próprio atributo portátil do Ipad. O usuário pode carregar seus jornais e revistas dentro da mochila ou da bolsa de maneira muito mais prática. A utilização do potencial multimídia do Ipad pelas publicações ainda se encontra numa etapa inicial. Em algumas delas, é possível acessar um vídeo relacionado ao tema da reportagem ou ouvir trechos da gravação feita com um entrevistado. Ou ainda, acompanhar atualizações de um assunto ao longo do dia ou da semana, em acréscimos feitos em paralelo às edições originais. O que evoluirá desse cenário só Deus sabe, mas, certamente, surgirá uma publicação digital muito diferente de tudo aquilo que você está acostumado a folhear. No estágio atual, várias dessas publicações deixaram de ser uma mera reprodução em fac-símile de seus produtos originais. Buscam-se caminhos para se adequar às possibilidades de navegação do tablet, nome genérico da categoria eletrônica da qual o Ipad faz parte. Pioneira entre as revistas no lançamento de versão para Ipad, a Época traz duas opções para leitura, seguindo as opções do aparelho. O horizontal é melhor para a exibição de galerias de fotos, gráficos interativos e vídeos. O vertical privilegia a leitura dos textos, sem interrupções ou conteúdos que desviem a atenção do leitor. A navegação se faz deslizando-se o dedo para cima ou para os lados. Há barras nas bordas superior e inferior que permitem acesso ao índice do exemplar em exibição ou edições anteriores. Setas avançam ou recuam o conteúdo, página a página, as quais podem também ser passadas rapidamente, exibindo-se na tela suas miniaturas. A Editora Abril traz um desenho elegante para vários de seus títulos. A Veja, por exemplo, passou do formato de três para duas colunas (horizontal) ou para uma coluna (vertical). Mantêm-se as referências gráficas da versão em papel, mas cada reportagem ou seção aparece com diagramação própria. Cada nota da seção Gente, por exemplo, ocupa uma página do tablet. Com atuação no mesmo segmento das revistas, a Editora Europa colocou à disposição seu leque variado de títulos, como Fotografe e Viaje Mais. A Folha de S.Paulo exibe sua edição diária de mais de 200 textos. A página de introdução traz a manchete principal, seguida de faixas correspondentes aos cadernos do veículo. Há ligeiras diferenças entre o impresso e o digital, como em alguns títulos. O jornal conseguiu introduzir tijolinhos de anúncio nas páginas, incorporados ao design sem agressividade. À versão matutina, somam-se três atualizações diárias. Em meio a esse movimento, surgiu a primeira publicação nacional concebida para o Ipad. É a Brasil247, inspirada no americano The Daily, de Rupert Murdoch. A produção cabe a uma equipe de 20 pessoas, entre redação e comercial. O número do título quer dizer 24 horas por 7 dias na semana – cobertura sem interrupção, portanto. por: Flamínio Fantini, jornalista blog do Noblat

Leia mais »

Imprensa OnLine nos Estados Unidos

Sete grandes tendências da imprensa online nos EUA por: Flamínio Fantini blog do Noblat Vai muito bem a imprensa online nos Estados Unidos. É o que mostra um dos mais abrangentes estudos anuais sobre a mídia americana, divulgado quarta-feira. Focado na indústria de notícias, leva o nome de The State of the News Media. Faz parte do Projeto para Excelência no Jornalismo, do Pew Research Center, de grande reputação em sua área. O levantamento chega à oitava edição. Nele, os pesquisadores do Pew abordam aspectos marcantes na produção do noticiário, em 2010, na TV aberta e a cabo, nos jornais impressos e revistas, nas rádios e na internet. A seguir, compilamos sete das grandes tendências num segmento específico, o da internet. Mais dia, menos dia, elas chegarão também ao Brasil, com intensidade ainda a ser verificada. Se é que já não desembarcaram por aí, sem avisar. 1. Acesso ao noticiário: internet ultrapassa jornal impresso Em dezembro de 2010, pela primeira vez, 46% dos americanos afirmaram que acessam o noticiário online de diversas áreas pelo menos três vezes por semana, ultrapassando os jornais impressos (40%). Apenas o noticiário local de TVs é mais popular que a internet, com 50% da preferência. Além disso, entre todos os tipos de veículo, somente a internet ganha público para o noticiário, rapidamente, enquanto os demais meios perdem.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] 2. Blogs e Twitter: duas agendas completamente diferentes Blogueiros e tuiteiros demonstram interesses radicalmente diferentes. Em 2010, os blogueiros abordaram praticamente os mesmos assuntos dominantes na mídia convencional. De um ranking dos cinco temas preferidos, nada menos que quatro também lideravam a mídia convencional. São eles: recessão, eleições americanas de 2010, sistema de saúde pública e guerra no Afeganistão. No Twitter, a liderança ficou com quatro das mais importantes marcas da era digital: Apple, Google, o próprio Twitter e o Facebook. Isso sugere que os internautas usam o Twitter, em parte, como um fórum de assuntos de consumo, para divulgar, compartilhar e criticar novos gadgets e avanços tecnológicos. 3. A nova fronteira: celulares, smartphones e tablets Quase a metade dos americanos (47%) já recebe algum tipo de noticiário local por meio de celulares, smartphones e aparelhos wi-fi (como o Ipad e outros tablets). Em geral, buscam atendimento a necessidades imediatas, como previsão do tempo, condições de trânsito e dicas de comércio local A publicidade paga nesse segmento teve um impressionante salto de 79%, em 2010, e já responde por quase 3% dos gastos em publicidade online. 4. Publicidade: internet também ultrapassa jornal impresso Pela primeira vez, mais dinheiro foi gasto em veículos online do que em jornais impressos. A publicidade online cresceu 13,9% e chegou a US$ 25,8 bilhões, em 2010. Estima-se em US$ 22,8 bilhões a publicidade nos jornais impressos. A maior parte dos gastos na internet (48%) se deu no marketing de busca, como acontece na área paga do Google. Apenas 23% foram para a publicidade em banners. O marketing de busca gera pouca receita para as empresas que mantêm os sites de notícia. Encontrar formas remuneração pela oferta de conteúdo continua a ser um grande desafio para esses sites. 5. Dependência de novos intermediários no mercado A indústria da notícia não está mais no comando do seu próprio destino. Tradicional ou voltado para a web, o jornalismo ainda produz a maior parte do conteúdo disponível, mas agora há novos intermediários para se chegar até ao público. Crescentemente, as empresas de jornalismo dependem, por exemplo, de “agregadores de notícia” (a exemplo do Google) e das redes sociais (tipo Facebook), para atrair parcela substantiva de sua audiência. Algo semelhante acontece com a indústria da notícia diante dos fabricantes de celulares, smartphones e tablets, segmentos com os quais passou a dividir receitas comerciais. 6. Resistência ao noticiário online pago A aceitação de cobrança pelo noticiário é um problema. Até agora, menos de 40 jornais adotaram o pagamento – um número reduzido, já que os EUA têm mais de 1.300 diários. Nos sites que passaram a cobrar pelo serviço, apenas 1% dos usuários optaram por pagar. Até o momento, vêm tendo sucesso apenas os veículos de informação financeira, destinada a um público de elite, como Financial Times e The Wall Street Journal. 7. Um novo ambiente nas redações Com um número menor de profissionais, as redações contam hoje com jornalistas mais jovens e versáteis, engajados na produção multimídia e no uso de ferramentas de interação com o público, como os blogs. Há uma nova “ecologia da notícia”, com muita experimentação e entusiasmo. Mas também com salários menores, exigência de mais velocidade na produção, menos treinamento e mais trabalho voluntário, resultando em queda na qualidade profissional do jornalismo. Diversas empresas anunciaram, recentemente, contratações numericamente expressivas para trabalho online, como AOL, Bloomberg e Yahoo!. Leia mais sobre a pesquisa The State of the News Media (em inglês)

Leia mais »

Sites de notícias lucram mais que jornais nos EUA, diz estudo

A internet cada vez mais incomoda a receita dos grandes grupos de mídia impressa. O jornal de papel, como conhecemos, parece estar com os dias contados. A média diária de exemplares vendidos nos EUA caiu de 62 milhões a 49 milhões desde que há 15 anos a Internet foi se tornando acessível a todos. O ex-diretor de redação do Washington Post, hoje a cargo de investigar fórmulas digitais para reinventar o negócio do jornalismo, destaca o grande paradoxo que atravessa a imprensa mundial: “Vivemos uma época horrível para os jornais, mas uma idade de ouro para o jornalismo. Os sítios da Internet dos grandes jornais diários registram um enorme crescimento do numero de leitores”. O Editor Leitores já preferem a internet, que vem ganhando espaço rapidamente, segundo o instituto de pesquisa de mídia Pew Research Center. Pela primeira vez, mais norte-americanos estão lendo notícias na Internet do que em jornais impressos. Com maior audiência, os veículos online também tiveram receita publicitária superior aos resultados dos jornais online nos Estados Unidos em 2010. As afirmações são do estudo “State of the News Media”, elaborado pelo instituto de pesquisa Pew Research Center, que analisa tendências mundiais da mídia. Entre os norte-americanos entrevistados, 46% disseram que preferem ler notícias em sites de Internet, enquanto 40% afirmam que têm preferência pelo jornal impresso. “As pessoas estão gastando mais tempo com a notícia do que nunca. Mas quando se trata da plataforma de leitura, a web está ganhando terreno rapidamente, enquanto outros setores estão perdendo”, diz o estudo, que está na oitava edição. Veja também: * Venda da “Newsweek” encerra uma era * Crise acentua problemas estruturais dos jornais impressos * Em ano de PIB recorde, circulação de jornais cresce 1,5% * Procura por notícias na internet cresce 67% nos EUA * AOL compra “The Huffington Post” Acompanhando a tendência, a receita publicitária de jornais impressos caiu 6,4% nos Estados Unidos em 2010, passando a US$ 22,8 bilhões (R$ 38,2 bilhões). Nos últimos quatro anos, a queda foi de 46%. Enquanto isso, o faturamento com publicidade dos sites de notícias cresceu 13,9% no ano passado e atingiu US$ 25,8 bilhões (R$ 43,2 bilhões). “Pela primeira vez, mais dinheiro foi gasto com publicidade online do que com propagandas no jornal impresso”, diz o Pew Research Center. “Enquanto menos norte-americanos estão lendo jornais impressos, mais estão usando celulares e computadores em formato tablet, como o iPad, para obter notícias e informações locais.” Segundo o estudo, a circulação dos impressos caiu 5% nos dias da semana e 4,5% aos domingos. A estimativa dos pesquisadores é que as receitas dos jornais fiquem estáveis ou caiam ligeiramente em 2010, depois de terem tido uma queda de 10% de 2003 a 2009. Os pesquisadores também preveem o corte de empregos nos jornais impressos. “Esperamos uma perda de cerca de 1.100 a 1.500 pessoas, ou 3% a 4% do total.” Enquanto isso, os veículos online estão contratando funcionários, segundo o estudo, que cita os sites AOL, Yahoo! e “The Huffington Post”, que foi comprado pela AOL por US$ 315 milhões (R$ 528 milhões). fonte: IG

Leia mais »

Jornalistas e cozinheiros

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal extinguindo a obrigatoriedade de diploma de curso superior para excercer a profissão de jornalismo, os defensores da reserva de mercado começam a espernear. Jornalista, assim como um chefe de cozinha ou um empresário, não precisa de certificado. O talento e a competência determinam o sucesso, independente de diploma. Os cursos lapidam esses dons. O que prevelecerá será a meritocracia, que nessa terra Brasilis de apaniguados e de nepotismos, anda relegada aos porões da história. Uma das mais respeitadas jornalista do Brasil, Barbara Gancia, aborda de forma magistral o assunto. Confira: Na quarta-feira, assim que saiu a decisão do STF tornando inconstitucional a exigência do diploma de jornalismo como condição para o exercício da profissão, recebi uma longa mensagem lamentando a determinação. Veja: “Barbara, pelo amor de Deus, somos jornalistas. Eu estudei, me dediquei, tirei notas boas, mas, acima de tudo, amo a profissão. Agora, qualquer detentor do conhecimento que saiba escrever pode exercer a profissão sem fazer curso, sem gastar o dinheirão que eu gastei.” Interrompo antes que o sangue suba-me à cabeça: como assim, “qualquer detentor do conhecimento que saiba escrever”? Será que o amigo missivista acha que a decisão do STF tornará o processo de seleção em jornais, revistas etc. menos rigoroso? A ideia não continua sendo de que jornalistas devem ser pessoas detentoras de conhecimento que saibam escrever? E a quem ele defende, aos cursos de jornalismo ou à profissão que diz amar? Ele prossegue: “Estou indignado pelo fato de distorcerem artigos da Constituição a favor do convencimento que jornalista agora nem precisa de universidade. Como não precisa? Tivemos aulas de filosofia, ética, cultura popular, sociologia, teoria da comunicação…”. Pelo visto, ficou faltando aquela aulinha básica de redação, né não? De que adianta estudar teoria da comunicação quando se acaba escrevendo uma feiúra como “a favor do convencimento que”? O colega me faz uma pergunta muito da mal formulada, mas tudo bem: “Barbara, você concorda com o STF quando ele compara a desnecessariedade do diploma com o fato de um bom chef de cozinha não precisar de certificado para cozinhar?” Eu diria que a analogia feita pelo STF não poderia ser mais acertada. Jornalismo é o tipo de profissão que pouco tem a ver com teoria. Aprende-se enfiando a mão na massa. E como no Brasil os cursos muitas vezes são caça-níqueis ou ministrados por professores que não conseguiram uma vaga na Redação de um grande jornal ou na TV, a faculdade de jornalismo resulta em uma espetacular perda de tempo. Desde sempre, vejo focas saírem da faculdade e chegarem à Redação completamente despreparados e relatando histórias de terror. Cito uma clássica. Certa vez estava parlamentando com o editor quando, vinda da faculdade, uma estagiária disse que, naquele dia na sala de aula, o professor discorrera longamente sobre as desvantagens de se trabalhar com o editor em questão e na empresa em que todos nós trabalhávamos. O editor perguntou o nome do professor. Quando a moça disse quem era, ele suspirou: “Esse eu tive que demitir por justa causa”. Voltando à mensagem do jornalista que lamenta o fim da reserva de mercado. Diz ele que: “Os invasores não vão mais enfrentar as agruras do dia a dia numa universidade. Eu me fiz em dois por conta do meu TCC. E agora, tudo isso foi em vão?” Bem, quem mandou estudar apenas para passar de ano, não é mesmo? E que medo irracional é esse de invasores, estamos falando de marcianos? Não é porque caiu a obrigatoriedade do diploma que a velha história sobre ter competência e se estabelecer deixou de vigorar. Por sorte, o trabalho do jornalista continua a ser uma vitrine em uma esquina movimentada: seu talento -ou a falta dele- será visto por todos os que passarem na frente da loja. Barbara Gancia

Leia mais »

Voo 447, imprensa e twitter

Um desastre e várias visõesQuando da tragédia com o voo 447 da Air France, todos os jornais do mundo deram o devido destaque em suas primeiras páginas. 228 vidas perdidas. Umas horas terríveis de suspense e indagações em várias partes do mundo, principalmente, claro, no Brasil e na França. Na falta de informações mais precisas, as mais diversas suposições foram levantadas: turbulência, tempestade, raio e até mesmo bomba. Não se sabe ainda o que aconteceu. Iremos saber. Nesta época em que a imprensa escrita vem sofrendo algumas quedas em suas vendas e publicidade, perdendo sua – digamos assim – atualidade, para não falar em autoridade, para os novos meios de comunicação, ou seja, a mídia eletrônica, seria uma boa tese para um mestrado ou doutorado jornalístico examinar mais de perto a questão através de um evento marcante, feito essa catástrofe. E o que houve com o Airbus da Air France não pode ser mais catastrófico. Numa época em que o grande comunicador virtual é o ubíquo Twitter, personagem de matéria de capa, inclusive, da mais recente edição da revista Time, seria interessante saber como o evento foi “twitterado” (ou “gorjeado”, já que esta seria sua tradução literal) nos já famosos 140 caracteres em “tempo real”, uma vez que o “tempo tempo” passou a constituir praticamente um “tempo irreal”. Isso me lembra um pouco quando o mundo se “CNNizou”, há coisa de uns 30 anos, quando nenhuma notícia transmitida podia ter mais que 3 minutos. Não devo ter sido o único a dar graças a Gutenberg pela lentidão e delongas dos jornais impressos. Na questão do desastre aéreo, unanimidade de primeira página, para repetir, impressionei-me no que andei vendo: como cada veículo tratou a tragédia. Talvez o exemplo que mais me tenha marcado – assustado seria o verbo mais adequado – foi a matéria publicada na edição europeia do The Wall Street Journal de 2 de junho em sua página 6 do primeiro caderno. Lá estava, em reportagem assinada por John Lyons, ao que parece correspondente do jornal em São Paulo. O título já entrava no espírito do veículo mencionando o fato de que, entre suas vítimas, estavam aqueles que afluíam para o Brasil a negócios. Também no título que a própria BBC Brasil noticiou a matéria estava encapsulado seu espírito: “Lista de passageiros mostra importância do Brasil no mundo dos negócios”. E no miolo, sempre transcrevendo o que foi publicado pelo WSJ, “as biografias dos passageiros… servem como um trágico testamento da crescente importância do Brasil no mundo global dos negócios”. E mais adiante: “(a lista) deverá ser lida como uma relação de companhias de primeira-linha europeias e brasileiras, cujos executivos regularmente lotavam a primeira classe e a classe executiva do voo.” Tinha mais informações o jornal favorito dos homens de negócios: “Não todos os passageiros estavam no avião para negócios” (…) “O Rio de Janeiro é um grande destino turístico global, e muitos passageiros provavelmente passaram os dias anteriores tomando banho de sol em suas famosas praias. Os passageiros incluíam sete crianças e um bebê.” (Reparem bem no “provavelmente”.) Quer dizer, dava perfeitamente para pegar a matéria de capa de uma revista de turismo. Talvez até da Vida Doméstica, já que o jornalista mencionou a criançada e um bebê. A chiquíssima revista britânica Monarchy poderia dar destaque à presença, agora ausência, de um membro de uma família real entre os desaparecidos, já que no título original da reportagem o ilustre repórter mencionava ainda “um membro da realeza” juntamente com os homens de negócios: o príncipe Pedro Luiz de Orléans e Bragança, de 25 anos. Qualquer publicação sobre entretenimento daria destaque ao trágico desaparecimento de Juliana de Aquino, cantora de 29 anos, nascida em Brasília e que alcançou o sucesso na Alemanha, onde chegou a fazer parte da produção local de O Rei Leão. No mundo esportivo… Bem, acho que já deu para dar uma ideia do que se passou e se passa em matéria de imprensa. Coisa para bem mais que 140 caracteres. Ivan Lessa – BBC Londres

Leia mais »