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Economia: A inflação não dá folga no neoliberalismo de Macri

Ah, a inflação. Os populistas não se preocupam com a inflação. Gastam mais, muito mais do que arrecadam. Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil  Como decorrência, uma das sequelas é a inflação que pune exatamente os que vivem de salário. Já os neoliberais cuidam muito desse aspecto. Têm responsabilidade fiscal e não admitem explosões inflacionárias. Isto posto vamos à realidade argentina do governo conservador de direita de Maurício Macri. Apesar da recessão e da queda de vendas, os aumentos se mantêm firmes.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Dentro do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o novo cálculo da “inflação núcleo”, que exclui os serviços públicos e outros itens, se acelerou no mês passado. Escalou 3 por cento, contra 2,7 de maio. O Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) informou que os preços aumentaram 0,3 pontos percentuais em junho em relação ao mês anterior. Os dados difundidos continuam sem dar conta do incremento acumulado no primeiro semestre, tampouco a variação interanual. Os índices de preços ao consumidor publicados por órgãos provinciais, sindicatos e consultorias privadas exibem aumentos da ordem de 25 por cento entre janeiro e junho, alcançando só no primeiro semestre a meta autoimposta pelo ministro da Fazenda e Finanças, Alfonso Prat-Gay, para o ano todo. Os distintos porta-vozes do governo e os economistas das consultorias privadas preveem uma desaceleração inflacionária no segundo semestre, que, no entanto, terá entre seus principais fatores a queda do poder aquisitivo e a contração das vendas. Os sinais de diminuição da alta dos preços ainda não aparecem. Pelo contrário, o “IPC-Núcleo” registrou em junho 3 por cento, mais que os 2,7 por cento registrado em maio. Esse novo indicador do Indec exclui os preços da energia e os alimentos por sua elevada volatilidade de curto prazo para tentar mostrar uma tendência sobre como evolui a inflação. É um truque elaborado pelo Indec que recriou o conceito de “inflación núcleo” para tentar mostrar uma tendência descendente no custo de vida. Para sua “core inflation”, como se denomina em inglês, o Indec deixa de fora a eletricidade, a água, o gás, os serviços de saúde, a educação, o transporte, os cigarros, as frutas, as verduras e as viagens, entre outros itens em que se observou uma marcante aceleração de preços ao longo deste ano. O informe do Indec mostrou aumentos significativos em itens centrais do orçamento familiar durante junho: 11,1 por cento em verduras, que já haviam galgado 20,1 por cento no mês anterior, e 10,9 por cento em azeites, ao lado de fortes aumentos também nos itens Vivenda e Serviços Básicos e Atenção médica, de 7,1 e 7,0 por cento, respectivamente. Também tiveram altas acima da média os preços dos medicamentos (5,1) e dos produtos panificados (3,8), o mesmo ocorrendo com o item Alimentos e Bebidas, com uma alta de 3,2 por cento, dentro do qual a carne registrou altas entre 0,4 e 4,8 por cento, segundo os cortes. Em Frutas e Verduras, a batata subiu 17,2 por cento; o tomate, 13,0; a cebola, 11,5 e a abóbora, 9,9, enquanto a banana subiu 9,5. O item Educação aumentou 2,2 por cento. Todos os valores resultam da medição na área metropolitana de Buenos Aires, já que outra das novidades do novo IPC é que o Indec abandonou a tomada de preços no restante do território nacional, o que sinaliza que está tentando esconder que o ritmo da inflação nessas áreas é ainda mais rápido. Os bens que representam 61,5 por cento da cesta, mostraram uma variação de de 2,2 por cento em junho, enquanto os serviços, que explicam os restantes 38,5 por cento, tiveram uma variação de 4,5 por cento com relação a maio. Diante dos fatos, Alfonso Prat Gay, reavaliou a meta inflacionária que ele mesmo previu para 2016 de até 25 por cento: “Se não der entre dezembro e dezembro, a alcançaremos entre março e março”. E eles acham que o povo argentino não está sentindo na própria pele, acompanhando a situação e cotejando as promessas eleitorais. Por Max Altman

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Henrique Meirelles não descarta criação de impostos “de modo temporário”

Temporários é? A ex-celência nos considera a todos uns imbecis? É? Então tá! José MesquitaReforma da Previdência é prioridade do governo Temer, disse novo ministro da Fazenda Ministro da Fazenda afirmou que presidente do BC será anunciado na segunda.  O novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse, nesta sexta-feira (13), durante entrevista coletiva, que o governo “tem pressa” na apresentação de resultados, mas que as medidas a serem anunciadas “não podem ter a finalidade de satisfazerem uma curiosidade natural”. Meirelles afirmou que o novo presidente do Banco Central e a nova equipe econômica serão anunciados na próxima segunda-feira (16). “Eu sou o primeiro interessado em saber quanto tempo vamos levar para termos uma visão da nossa real situação econômica. Espero que o mais rápido possível. Vamos procurar trabalhar intensamente, mas apresentar os resultados com segurança”, disse o ministro, se recusando a fazer uma avaliação do trabalho de Alexandre Tombini à frente do Banco Central. “Tenho um princípio, como ex-presidente do BC, de não comentar as questões de sucessores”. >> Meirelles não descarta volta da CPMF >> Presidente do Banco Central será anunciado na segunda-feira, diz Meirelles Questionado sobre reformas que virão a ser realizadas pelo novo governo, Meirelles priorizou a reforma da Previdência, “uma necessidade evidente”, segundo ele. “Na medida em que mais importante do que alguém saber em valor de moeda de hoje qual será o benefício em alguns anos, é saber se ele receberá a aposentadoria”, completou. “Em relação a direitos da previdência, a ideia é que se respeite direitos claramente adquiridos, apesar de que esse conceito é muito preciso e não prevalece sobre a Constituição. O importante é preservar o maior direito do cidadão, que é o de receber a aposentadoria. Os direitos sociais serão mantidos, não há dúvidas, questão do gasto da previdência é outra coisa”, argumentou. Meirelles disse que o nível tributário do país é elevado e que precisa ser diminuído, mas não descartou a possibilidade de que o governo não descarta a implementação de novos impostos e que o equilíbrio fiscal é prioridade. A tentativa da presidente Dilma Rousseff de recriar a CPMF teve grande resistência no Congresso Nacional. “O nível tributário no Brasil é elevado. Para que a economia volte a crescer de forma sustentável é importante diminuirmos o nível da tributação da sociedade. A prioridade hoje é o equilíbrio fiscal. Caso seja necessário um tributo, ele será aplicado, mas de modo temporário. Sabemos que o nível de tributação elevado e que isso atrapalha o crescimento econômico. A meta é a diminuição do nível tributário, no entanto, vamos dar prioridade à questão da dívida pública e a seu crescimento de maneira insustentável”. JB [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Levy defende volta da CPMF e cita Grécia

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu neste sábado a volta da cobrança da CPMF e alertou que o Brasil precisa lidar com a piora do quadro fiscal para não enfrentar uma situação parecida com a da Grécia. “Acho que ninguém concorda que o aumento da despesa sem aumento de impostos é um caminho viável”, disse Levy, durante o 7o Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, promovido pela BM&FBovespa. “Se a gente quiser dar uma de Grécia e disser não a todo tipo de imposto, vai ter consequências”, alertou. Em junho, o ministro havia dito que não estava cogitando a volta da CPMF. Nesta semana, o governo federal começou a discutir a possibilidade de retomada da cobrança da CPMF, um tributo que ficou conhecido como imposto do cheque. Instituída no ano 2000, a contribuição tinha alíquota de 0,38 por cento sobre movimentação em conta corrente e foi criada com o argumento de que os recursos seriam destinados a financiar gastos com saúde. Em 2007, a renovação da CPMF foi derrubada pelo Congresso Nacional.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Para Levy, o principal motivo das dificuldades da Grécia, que há anos enfrenta uma grave crise fiscal e está alinhavando um novo socorro financeiro com a União Europeia, é a recusa do país em aceitar aumento de impostos. Segundo o ministro, essa é uma situação que deve ser evitada pelo Brasil. Na sexta-feira o Banco Central anunciou que em 12 meses até julho, o setor público brasileiro registrou déficit primário equivalente a 0,89 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). A meta do governo para 2015 é um superávit de 0,15 por cento do PIB. “O que a gente tem que fazer é isso, enfrentar nossa realidade fiscal e ainda criar as bases para o crescimento”, disse Levy logo após o evento a jornalistas. Para o ministro, se a CPMF puder ser uma fonte estável pelo menos por alguns anos para a saúde, “pode ser bom”. Ele evitou falar em alíquota para o tributo, mas disse que várias alternativas estão sendo avaliadas e que considera possível a aprovação pelo Congresso Nacional. Porém lideranças do Congresso encaram nesta semana com ceticismo a possibilidade de um retorno da CPMF e a indústria avaliou como “absurda” a proposta em análise pelo governo de recriar o tributo. PIB Levy afirmou que recessão da economia brasileira reflete as incertezas dos agentes econômicos e que não decorre principalmente de medidas de ajuste das contas públicas. “Não é o ajuste fiscal que está acabando com o PIB”, afirmou durante palestra no evento. Em conversa com jornalistas na sequência, ele acrescentou que “se há um ambiente que não gera confiança, as pessoas obviamente vão ser mais cautelosas”. Na sexta-feira, o IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país contraiu 1,9 por cento entre abril e junho sobre os três meses anteriores, configurando recessão técnica. O ministro disse não acreditar em recessão por dois anos, citando principalmente o efeito de recomposição de estoques das indústrias, que vinham caindo. “Acho que a gente tem tudo para ir mais rápido…”, disse a jornalistas. Na palestra, Levy também afirmou que as empresas vão começar a produzir de novo, exceto se houver uma grande incerteza. “Já estamos vendo alguns setores da indústria retomando. Papel e celulose, metais não ferrosos, vidro (…) Até o final do ano, vários setores vão ter uma virada. Se não houver ruptura, uma coisa muito complicada, é isso que vai acontecer”, disse. De acordo com o ministro, o que não pode acontecer é todo mundo ficar parado, “fazendo apostas” de quando o Brasil vai perder o rating grau de investimento, algo que, se acontecer, terá consequências muito duras para toda a população. “Todo mundo ficar fazendo bingo do investment grade, não pode ser essa a nossa conversa”, disse Levy. Aluísio Alves e Paula Arend Laier/Reuters

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Delfim Netto defende ajuste fiscal adotado pelo governo

Ex-ministro diz que é preciso propor programas que devolvam confiança a sociedade O economista Delfim Netto, de 87 anos, concedeu uma entrevista ao portal Brasil247 onde falou sobre o governo Dilma. O ex-ministro da Fazenda defendeu o ajuste fiscal, mas também recomendou maior diálogo da presidente Dilma com a sociedade para recuperar a confiança. “O governo precisa dizer: eu existo. Propor programas factíveis que devolvam confiança a sociedade. Economia é só expectativa. Desenvolvimento é um estado de espírito. Nós vamos voltar a crescer. É preciso dar à sociedade um pouco mais de tranquilidade. Essa era a vantagem do Lula. O Lula é um promoter“, aponta Delfim, que já foi também ministro do Planejamento e da Agricultura durante o governo Figueiredo. O economista defendeu a necessidade de aplicar o ajuste fiscal, apesar do ‘problema moral’ do governo Dilma. “O ajuste fiscal é necessário. No ano passado, ocorreu uma deterioração fiscal muito profunda.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Até dezembro de 2013, a situação era desagradável, mas não tinha gravidade. O desequilíbrio de 2014 foi deliberadamente produzido para a reeleição e atingiu seu objetivo”. O ex-ministro comentou a diferença do discurso de Dilma durante a campanha presidencial de 2014 para a política que está sendo colocada em prática agora. “Dilma fez uma mudança na política econômica equivalente à de são Paulo na estrada de Damasco. Essa é uma questão moral que abalou a credibilidade do governo, mas o importante é o conserto.” Delfim afirmou que o setor industrial é fundamental para que o Brasil volte a crescer: “A indústria sofreu o efeito dramático da política cambial. Todos os estímulos foram incapazes de compensar o prejuízo de valorizar o câmbio para controlar a inflação. Nunca faltou demanda para produtos industriais. O que faltou foi demanda para produtos industriais feitos no Brasil. As importações aumentaram, substituindo produtos brasileiros, e as exportações caíram. Agora isso começa a ser revertido com o novo patamar do câmbio. Sem resolver o problema da indústria, não vamos voltar a crescer.” Fonte Jornal do Brasil

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Inflação, Maílson da Nóbrega e Óleo de Peroba

Maílson “80%” da Nóbrega publica artigo em revista semanal, vejam só, dando ‘pitaco’ sobre como Dona Dilma deve agir para conter a inflação. Ora, óleo de peroba é pouca para esse beócio. Para quem foi titular do ministério da fazenda, substituiu a Bresser Pereira, e deixou de legado uma inflação de 80%, é muita desfaçatez. Ou puro cinismo mesmo. A ex-celência, ‘expert’ em aconselhamentos financeiros – veja só, o cidadão em questão é dono de uma consultoria, e me espanta a quantidade dos que o escolhem como oráculo – antes não tocava no assunto inflação em seus artigos semanais na revista. Agora, talvez para não escorregar no tomate, ei-lo fazendo recomendações e reprimendas à Dona Dilma. A mentira é uma característica marcante da elite “aboletada” no poder, nas três esferas da federação, em todos os tempos, e épocas, independente do viés ideológico do governo. Passamos centenas de anos vendo, lendo e ouvindo que os juros no Brasil eram altos e que impedia o progresso do país. José de Alencar, então empresário e ex-vice-presidente José Alencar, diariamente desfiava a ladainha contra os juros. Todo santo dia era ouvido clamando pela derrubada dos juros. Agora o inflacionário Maílson da Nobrega e a “entourage” que representa, pede o aumento dos juros para derrubar a inflação que está em torno de 6% e que era acima de 12% quando os juros eram altos. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Eleições 2014: Serra ‘serra’ cada vez mais a oposição

Oposição pra valer até agora só quem faz é o tomate. Ouve-se o espocar de fogos e o rufar de tambores pras bandas do PT e aliados. Ou cúmplices. O certo mesmo é que com a oposição cada vez mais dividida, Dona Dilma, até agora, navega em águas serenas rumo à reeleição. Boa parte dessa tranqüilidade do PT deve ser creditada à raiva iracunda que José Serra destila em Aécio Neves. É mágoa ancestral. Dilma deleita-se com o atual quadro político. A única oposição real à sua reeleição é a volta da inflação que desrespeita qualquer marketing político, pois é resultado da incompetência declarada desse governo. Ouve-se em alguns lugares rumores que Serra será candidato a presidente em 2014. Mas não pelo PSDB A manobra é fazer de Serra o candidato “novo”, oriundo de uma sigla resultante da fusão do PPS com o PMN. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Economia: Dona Europa e suas duas filhas

Dona Europa puxou o tapete dos nobres, deu um chega pra lá no papa e elegeu governos constitucionais que trocaram a permuta pela moeda, evitaram fazer uso de mão de obra escrava, transformaram antigos camponeses em operários merecedores de salários. Dona Europa passou a nutrir ambições desmedidas. Fitou com olho gordo o imenso mapa-múndi que enfeitava a sala de sua casa. Quantas riquezas naquelas terras habitadas por nativos ignorantes! Quantas áreas cultiváveis cobertas pela exuberância paradisíaca da natureza! Dona Europa lançou ao mar sua frota em busca de ricas prendas situadas em terras alheias. Os navegantes invadiram territórios, saquearam aldeias, disseminaram epidemias, extraíram minerais preciosos, estenderam cercas onde tudo, até então, era de uso comum. Dona Europa praticou, em outros povos, o que se negava a fazer na própria casa: impôs impérios, reinados e ditadores; inibiu o acesso à cultura letrada; implantou o trabalho escravo; proibiu a industrialização; internacionalizou normas econômicas que lhe eram favoráveis, em detrimento dos povos alhures. Um dos povos de além-mar dominados por Dona Europa ousou rebelar-se em 1776, emancipou-se da tutela e se tornou mais poderoso do que ela – o Tio Sam. O professor Maquiavel ensinou à Dona Europa que, quando não se pode vencer o inimigo, é melhor aliar-se a ele. Assim, ela associou-se a Tio Sam para exercer domínio sobre o mundo.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Dona Europa e Tio Sam acumularam tão espantosa riqueza, que cederam à ilusão de que seriam eternos o luxo e a ostentação em que viviam. Tudo em suas casas era maravilhoso. E suas moedas reluziam acima de todas as outras. Ora, não há casa sem alicerce, árvore sem raiz, riqueza sem lastro. Para manter o estilo de vida a que se acostumaram, Dona Europa e Tio Sam gastavam mais do que podiam. E, de repente, constataram que se encontravam esmagados sob dívidas astronômicas. O que fazer? A primeira medida foi a adotada em turbulência de viagem de avião: apertar os cintos. Não deles, óbvio. Mas de seus empregados: despediram alguns, reduziram, os salários de outros, deixaram de consumir produtos importados. Assim, a crise da dupla se alastrou mundo afora. Dona Europa e Tio Sam não são burros. Sabem onde mora o dinheiro: nos bancos. Tio Sam, ao ver o rombo em sua economia, tratou de rodar a maquininha da Casa da Moeda e socorreu os bancos com pelo menos US$ 18 trilhões. Dona Europa tem várias filhas. Segundo ela, algumas não souberam administrar bem suas fortunas. A formosa Grécia parece ter perdido a sabedoria. Gastou muito mais do que podia. Os mesmo aconteceu com a sedutora Itália, a encantadora Espanha e a inibida Irlanda. Como o cofre da família é de uso comum, Dona Europa se cobriu de aflições. Puniu as filhas gastadoras e apelou à mais rica de todas, a severa Alemanha, para ajudá-la a socorrer as endividadas. A Alemanha é manhosa. Disse que só socorre as irmãs se puder controlar os gastos delas. O que significa cortar as asinhas das moças – o que em política equivale a anular a soberania. Soberana hoje, na casa de Dona Europa, só a pudica Alemanha. O resto da família é dependente e está de castigo. A mais cheirosa das filhas, a França, anda rebelde. Após aparecer de mãos dadas com a Alemanha, agora que arrumou namorado novo encara a irmã com desconfiança. Nós, aqui do sul do mundo, que ainda não cortamos o cordão umbilical com Tio Sam e Dona Europa, corremos o risco de ficar gripados se Dona Europa continuar a espirrar tanto, alérgica ao espectro de um futuro tenebroso: a agonia e morte do deus Mercado, cujos fiéis devotos mergulharam em profunda crise de descrença. por Frei Beto 

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País tem pacto antiliberal entre elites e governo, diz Persio Arida

O Brasil foi o último país a ter escravidão. Foi o último a ter hiperinflação e tem um regime de remuneração do FGTS que prejudica os trabalhadores. Demorou muito para criar a Comissão da Verdade para apurar crimes da ditadura. Por detrás desses fatos está um pacto antiliberal formado entre elites e governo. A análise é do economista Persio Arida, 59, um dos idealizadores do Plano Real, que enxerga um denominador comum entre escravidão, hiperinflação e FGTS: “os mais prejudicados são os mais pobres, sempre”. Ex-presidente do Banco Central e hoje sócio do banco BTG Pactual, ele avalia que o primeiro ano do governo Dilma Rousseff foi bem-sucedido do ponto de vista macroeconômico. “É um governo mais austero”, declara. Mas diz não gostar do que define como “uma tendência protecionista”, revelada do caso do aumento do IPI para os automóveis importados. “Se está protegendo um grupo de multinacionais contra outro grupo de multinacionais”, afirma. Arida ataca também o novo reajuste do salário mínimo que, para ele, não distribui renda nem dinamiza a economia e vai “na contramão de tudo que o país precisa”. Ex-presidente do BNDES, ele discorda da atual política da instituição de fortalecer os chamados “campeões nacionais”, os grandes grupos. Na sua visão, “quem tem acesso ao mercado de capitais privado não deveria usar recursos do BNDES”. Arida prevê uma trajetória de recuperação para os Estados Unidos e acha que a desaceleração suave na China não vai ter impacto dramático para o Brasil. O maior problema, para ele, está na Europa e no seu sistema bancário. Lá países podem sair do euro isoladamente ou a situação pode ser empurrada com a barriga. Há também possibilidade de nacionalização de bancos. “Há que salvar os bancos”, defende, lembrando que o grande drama da recessão de 1929 foi a quebra dos bancos. “Não se pode repetir os erros de 29”, alerta.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A seguir, a entrevista. Folha: Qual avaliação do governo Dilma? Persio Arida: O governo Dilma teve o desafio de enfrentar o legado de uma economia excessivamente aquecida em 2009/2010. Optou por fazer um “soft landing”, baixando ao mínimo a inflação, para evitar que uma desinflação muito rápida sacrificasse por demais o nível de emprego. O resultado de 2010 foi bom nesse sentido do “soft landing”. A inflação reverteu a trajetória de alta, embora ainda esteja no topo da banda. A atividade econômica está desacelerando para a taxa de crescimento brasileira de longo prazo, que é algo entre 3,5% e 4%. Desse ponto de vista, o desafio macroeconômico, que era como lidar com o aquecimento excessivo de 2010, foi bem resolvido para esse ano de 2011. Não foi um erro ter segurado a economia em demasia no início do ano passado; agora o governo quer estimulá-la novamente. O desaquecimento tem mais a ver com essas medidas do que com a crise no exterior, certo? O desaquecimento é primordialmente ditado pelas medidas; é um desaquecimento intencional e necessário e foi numa boa medida. A economia brasileira não cresce a taxas de 2010 _são insustentáveis. Por quê? Porque é muito acima da taxa de crescimento normal, leva a sobreaquecimento, pressão inflacionária excessiva, gargalos de infraestrutura, falta de poupança doméstica. Há inúmeros fatores que fazem com que a economia não possa crescer a 7% ao ano de forma sustentada. Então o normal é um crescimento baixo? O crescimento é o que é. Na economia brasileira hoje a taxa sustentável de crescimento é algo em torno de 3,5%, 4%. Sustentável no sentido de capaz de manter a inflação sob controle e evitar gargalos maiores nos processos de infraestrutura. Para crescer mais do que isso, se precisaria ou ter mais poupança doméstica ou ter mais poupança externa. Mais poupança externa não seria prudente, pois já estamos com déficit de conta-corrente. Para ter mais poupança doméstica teriam que ser feitas reformas estruturais que não vejo sendo encaminhadas no momento. Do ponto de vista macroeconômico foi um ano muito bem sucedido. Essa desaceleração recente da economia brasileira no último trimestre é um pouco enganosa; a economia vai acelerar de novo este ano, ao longo do ano. Acho que 2012, se não houver um percalço maior lá fora, teremos de novo uma taxa de crescimento de 3,5%, 4%. E inflação, câmbio, juros? A inflação deve seguir com a tendência moderada de queda. Câmbio é a variável mais difícil de imaginar. É a variável mais suscetível a eventos externos. Depende muito do que acontecer no resto do mundo. A economia norte-americana está em trajetória de recuperação, o que tende a fortalecer o dólar. Se não houver uma mudança política muito radical nos EUA, a recuperação vai continuar. A política de juro zero com “quantitative easing” norte-americana vai ser suficiente para, ao longo do tempo, fazer com que os EUA voltem à trajetória de crescimento de longo prazo. A China tem outra trajetória de “soft landing”, que acho que também vai ser bem-sucedida. Sou mais otimista, acho que a China vai crescer perto de 8,5% neste ano, o que para a China é um “soft landing”. O grande desafio é a Europa. É a grande incerteza que tem no cenário. Como este “soft landing” da China vai afetar o Brasil, já que a ligação entre as economias é muito grande? Menos do que as pessoas pensam. Porque o “sotf landing” chinês não implica nenhuma redução abrupta da demanda de matérias-primas brasileiras. Tem muito mais a ver com a transformação da China de uma economia primordialmente exportadora para uma economia voltada para o mercado doméstico. A China, por razões de demografia e do próprio desenvolvimento, não consegue mais sustentar taxas de crescimento de 10%, 11% sem pressão inflacionária. Os salários na China estão claramente subindo. A China, que foi uma força deflacionária para o mundo, hoje está deixando de sê-la. A desaceleração da China é consequência do próprio crescimento, primordialmente do mundo e dela em especial. Mas é uma desaceleração relativamente suave, acho que não vai ter impacto dramático nenhum. Sobre EUA, alguns acham os dados recentes

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