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Do Bergoglio conservador ao Francisco liberal

 Jorge Mario Bergoglio não voltou para a Argentina desde que foi eleito papa em 2013, mas isso não foi um problema. Quase todas as personalidades argentinas viajaram para o Vaticano para cumprimentá-lo e tirar fotos.  O Papa felicita dois recém-casados que trabalham em uma ONG de palhaços que atua em hospitais. / GIUSEPPE FELICI (ALAMY)  E muitos que o visitaram garantem que há enormes diferenças entre o Bergoglio que foi e o Francisco que é, que sua mensagem atual é muito mais liberal. Outros, talvez os que mais de perto o conhecem, afirmam, no entanto, que apesar de um caráter que é sem dúvida mais cordial agora, suas convicções continuam sendo as mesmas. Quando alguns de seus velhos conhecidos lhe perguntam sobre essa mudança, ele responde com um sorriso zombeteiro: “É que é muito melhor ser Papa do que arcebispo de Buenos Aires”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A ideia mais difundida entre os que o visitam na Santa Sé é que Bergoglio se libertou, que antes tinha de fazer pactos internos dentro da Igreja argentina e que agora, logicamente, tem muito mais poder e liberdade. Também há quem acredite que, na realidade, sempre foi um conservador, um peronista de direita, mas que se deu conta, graças a um pragmatismo e a uma visão política que nunca lhe faltaram, que o que agora convém à Igreja é uma mudança de mentalidade, mais compreensão em questões como o aborto, o divórcio e a homossexualidade nas quais antes se mostrava extremamente duro. Qualquer que seja a opção, a verdade é que conquistou inclusive seus detratores mais ferozes. Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz em 1980 por seu papel contra as ditaduras latino-americanas e um dos maiores expoentes da teologia da libertação, está entusiasmado com a nova face de Bergoglio. “Antes, como chefe da Igreja argentina, representava muita gente, e também os mais conservadores. Agora pode dizer como papa o que antes guardava para si. Além disso, o mundo muda, a igreja muda, e o Papa também. Ele fez isso pela via da espiritualidade. Está causando uma grande surpresa para todos. Provocou uma esperança que há muito tempo não se via na igreja universal”, explica Pérez Esquivel, que se emociona quando ressalta o apoio do Papa aos mais desfavorecidos ou sua “encíclica impressionante” contra as multinacionais. Bergoglio, como arcebispo em Buenos Aires, em 2005 ENRIQUE MARCARIAN (REUTERS) Horacio González, diretor da Biblioteca Nacional e líder da Carta Aberta, um grupo de intelectuais kirchneristas, foi duríssimo em suas críticas a Bergoglio quando estava em Buenos Aires. Agora se rendeu: “Realizou uma transmutação político-religiosa fascinante. Antes o víamos como um grande opositor do Governo, representante dos setores mais conservadores, do peronismo de direita. Agora Francisco está próximo à teologia da libertação que Bergoglio combateu. Mudei minha avaliação sobre ele com uma certa dor pessoal; agora estou de alguma forma pensando contra minha própria convicção. Mas não acredito que a transmutação de Bergoglio seja uma mudança tática. O mundo mudou, e ele faz a leitura do abismo que se abre diante da enorme crise ética da humanidade”. Dois dos argentinos que afirmam que Bergoglio não mudou são o monsenhor Marcelo Sánchez Sorondo, secretário da Pontifícia Academia das Ciências, e a jornalista Elisabetta Piqué, autora do livro Francisco. Vida e Revolução, no qual se baseia o filme sobre o Papa que estreia agora. Ambos são, além disso, amigos do “padre Jorge”. Segundo Sánchez Sorondo, Bergoglio continua sendo o mesmo: “Não mudou. Continua sendo contra o aborto, mas adverte os cristãos de que não se pode ser contra o aborto e a favor de jogar 70.000 bombas no Iraque. Mas isso o Papa sempre disse. Ele é a mesma pessoa, o que é mais curioso é que no Governo agora todos sejam amigos de Francisco”. Piqué reforça que Bergoglio “sempre teve a mesma atitude aberta e de inclusão com homossexuais e divorciados que se casaram novamente, e de misericórdia com as mulheres que passaram pelo drama do aborto”. A jornalista dá uma prova: “Não se pode esquecer que, quando era arcebispo de Buenos Aires, setores conservadores do Vaticano o questionaram por ser morno em todas essas questões, ou por ordenar aos padres de sua diocese que não se negassem jamais a batizar filhos de mães solteiras”. El País

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De “marxista” a “ecologista”, a nova briga do papa Francisco com os conservadores

Chiquinho não perde uma. Incomoda aos montes. Os esquerdistas estão adorando o Papa Francisco e os de direita estão detestando, isso diz alguma coisa? Os neoconservadores em sua esmagadora maioria dizem professar a fé Católica. São católicos e pasmem, considerarem o Papa Francisco um comunista. Não somente a Igreja, mas o mundo estava precisando de um homem como o Papa Francisco. Ele está resgatando a Igreja ao pregar o verdadeiro cristianismo. José Mesquita Como explicar que um Papa, pela primeira vez, fala de ecologia num documento do “magistério” da Igreja? O Papa é o chefe espiritual (e político) de mais de um bilhão de homens e mulheres católicos em todos os continentes. Compartilha, com o outro bilhão de cristãos (evangélicos, protestantes, anglicanos, ortodoxos), a narração bíblica da criação (no Gênesis), que impõe ao homem dominar e proteger a terra e todos os frutos de uma natureza criada por Deus.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Da noite dos tempos, o Papa intervém, em tempo oportuno (e com frequência inoportuno!), nos afazeres terrestres, fala de tudo o que diz respeito à humanidade, sua grandeza e suas fraquezas, condena as guerras e a opressão, exalta os pobres, milita “pela vida”, prega a favor da justiça social, por um mundo mais justo, um gênero humano mais solidário. E precisamos esperar este dia 18 de junho de 2015 para que um Papa publicasse, finalmente, uma encíclica, quase inteiramente escrita por seu próprio punho, dedicada ao ambiente, à “salvaguarda da Criação” e daquela que com razão define “a casa comum”, com as relações entre os seres vivos num mundo vivo, as ameaças ecológicas e climáticas que pesam sobre o futuro do planeta e sobre o destino da humanidade. Tomada de consciência Alguns o deplorarão, como aqueles bons católicos tradicionalistas (não necessariamente integralistas) que ainda identificam a ecologia com uma batalha dos “esquerdistas”, dos filhos do ’68 e do Larzac. São a favor de uma “ecologia humana” (defesa da vida, da lei natural, da família, luta contra o aborto e o matrimônio para todos), mas desconfiam de uma “ecologia ambiental e global”. O Papa será também criticado – e a coisa já começou nos Estados Unidos – por todos os conservadores céticos sobre as causas das mudanças climáticas, para os quais o aquecimento não é, em primeiro lugar, o resultado da atividade humana e social, mas de dados puramente naturais. Mas muitos outros ficarão bem felizes com esta (tardia) tomada de consciência na cúpula da Igreja. Todos aqueles, certamente, crentes e ateus, que, no mundo militante, estão na vanguarda das batalhas ecológicas. Também todos aqueles que, nas comunidades cristãs, têm uma experiência direta, em particular no mundo rural, no qual se protege – ou se destrói – o elo com a vitalidade dos seres da natureza. Enfim, todos aqueles que compartilham desta sensibilidade cristã ao tema bíblico da “salvaguarda da Criação”, indissociável das outras lutas evangélicas pela “paz” e a “justiça”. Sobre isto, os cristãos protestantes e ortodoxos sempre estiveram mais na frente dos católicos. Desde 1990, o Conselho mundial das Igrejas (com sede em Genebra) reunia em Seul uma assembleia geral sobre o tema “Justiça, paz e salvaguarda da Criação”. Os católicos não estavam presentes. A eclipse, sobre este tema, da doutrina católica, demasiado presa apenas pela “ecologia humana”, iludiu por muito tempo os teólogos da vanguarda. Como o patriarca ortodoxo de Constantinopla, chamado o “patriarca verde”, está na chefia de muitas associações de defesa do ambiente. Certamente se poderá dizer que os predecessores do Papa Francisco foram totalmente mudos sobre o argumento. Mas Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI ligavam os desafios ecológicos à esfera da “moral”, ou seja, dos interrogativos sobre a família e sobre a bioética. Para eles, a “degradação” do mundo era uma constatação entre as outras, consciente ou não, do projeto de Deus para a humanidade e para a Criação. Em sua encíclica sobre a “caridade” (Caritas in veritate [Caridade na verdade] de junho de 2009, Bento XVI punha em discussão os entusiasmos de uma globalização que perturba todos os esquemas de desenvolvimento, os modelos econômicos e as estruturas sociais até as “bases” materiais da existência do planeta. Mas defendia em primeiro lugar uma “ecologia do homem”, no qual a liberdade e a responsabilidade individual se articulavam com o desenvolvimento. “Existe uma ecologia do homem”, sublinhava ele ainda em 2011, diante do Bundestag em Berlim. Ecologia global O Papa atual ultrapassa um novo limiar. Passa da ecologia do homem à ecologia global. Não é por nada que ele escolheu, na tarde de sua eleição, o nome de Francisco, alusão a Francisco de Assis, santo patrono dos ecologistas, símbolo de fraternidade universal, que dedicou sua vida à reconciliação de todo o mundo criado, terra e céu Acumular bens era para ele uma loucura. Francisco de Assis percorria as estradas, mendigava o seu pão, pregava a conversão. Antes de morrer, compôs o famoso Cântico das criaturas, universalmente conhecido, no qual convidava o “irmão Sol” e “nossa mãe Terra” e todas as criaturas a louvarem Deus. O título da encíclica do Papa Francisco, “Louvado seja”, é inspirado neste Cântico das criaturas de Francisco de Assis. O Papa Francisco – Jorge Mario Bergoglio – vinha de um continente, a América Latina, no qual as urgências ecológicas estão entre as mais graves. Já tinha mostrado sua grande sensibilidade aos problemas do ambiente por ocasião da conferência dos bispos latino-americanos de Aparecida, no Brasil, em 2007. “Eu ouvia os bispos brasileiros falarem do desflorestamento da Amazônia”, contará ele mais tarde. Como arcebispo de Buenos Aires, apresentou recursos diante da Corte suprema da Argentina para bloquear empresas de desflorestamento no norte de seu país. Hoje se diz em Roma que, para a redação da encíclica, ele consultou padres empenhados em todas as lutas da terra da Amazônia. Mas, não basta. Tornado Papa, o bispo jesuíta latino-americano fez da luta à pobreza o objetivo prioritário de seu pontificado. A crítica violenta do “neocapitalismo selvagem”, que formula regularmente, do “neocapitalismo selvagem”, do modelo econômico ultraliberal e produtivista, do acúmulo de

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A invisibilização de Francisco

Em resposta a Papa que repercute mal-estar com o capitalismo e busca de alternativas, poder global adotou estratégia astuta: em vez da polêmica, o silêncio… Laudato Si, a encíclica social apresentada por Francisco, foi recebida por um sugestivo coro de elogios. Só destoaram alguns representantes da direita norte-americana, como Jeb Bush, Rick Santorum e outros, católicos e republicanos, para os quais “o Papa está vendendo uma linha de socialismo de estilo latino-americano” e deveria ocupar-se de “fazer as pessoas melhores, ao invés das questões que têm a ver com política”. Tanta unanimidade no elogio a um documento que critica com dureza o sistema capitalista e o consumismo parece, pelo menos, estranha. Mais natural seria que uma encíclica para a qual a solução da crise é política, já que “o próprio mercado não garante o desenvolvimento humano integral, nem a inclusão social” recebesse também a crítica de uma longa fila de políticos, empresários, economistas, jornalistas e religiosos que se alimentam do sistema e agora se fazem de distraídos, ou lançam elogios formais.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Gerentes, representantes e defensores do sistema mencionado pela encíclica como causador de desastre humanitário e ecológico – a quem seguramente não faltam motivos para mandar o Papa “ocupar-se de outras coisas” – foram mais astutos que Jeb Bush. Calam-se e esperam que a inércia conservadora, que também arrasta a igreja católica, termine por inviabilizar a Laudato Si, como aliás já fez com outro documento de Francisco com fortes definições sociais, a Evangelii Gaudium. Para comprovar a vigência desta estratégia, basta reparar nos elogios parciais com que a encíclica foi recebida por empresários e jornalistas que desde sempre defenderam as supostas virtudes da desregulamentação liberal. Basta ver os sonoros silêncios dos políticos e meios de comunicação que apregoam a necessidade de um retorno – este, sim, disfarçado de “mudança” – às políticas de mercado e de ajuste dos anos 1990. Aconselhados pela “prudência política”, calam e esperam. Confiam que Laudato Si será em pouco tempo, por ação ou omissão da igreja, tão invisível como Evangelii Gaudium. Um ano e meio depois de sua publicação, já poucos nos lembramos deste documento, que também fez os acomodados rangerem dentes. TEXTO-MEIO Evangelli Gaudium, é preciso recordar, é o documento em que Francisco diz que o desequilíbrio entre ricos e pobres “provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Por isso negam o direito de controle dos Estados, quando estes se encarregam de velar pelo bem comum”. Que fez a igreja, que fizeram os bispos e padres para que esta ideia penetre na consciência e resulte em ação? Uma primeira impressão é que fizeram pouco ou nada. Esta atitude é demonstrada pela afirmação do diretor de uma importante editora católica argentina, ao explicar sua decisão de não publicar um livro sobre a encíclica. “Não vai vender, porque a Evangelii Gaudium não foi incorporada pelos agentes pastorais”, afirmou ele. O diretor não o disse, mas é claro que esta falta de penetração é consequência ou de uma decisão expressa, ou do desinteresse de quem define as formas de agir da instituição. Apesar desta confissão, seria interessante comprovar a hipótese por meio de um trabalho de sociologia religiosa, que verifique quantos cursos ou seminários sobre a Evangelii Gaudium foram organizados pela igreja católica; quantos documentos ou pregações dedicaram-lhe os bispos; em quantas instruções pastorais sua difusão foi estimulada; em quantas matérias das universidades católicas ela é estudada; quantas paróquias organizaram alguma atividade inspirada na encíclica; quantas organizações de laicos a tomam como referência para sua ação; de que forma as Comissões de Justiça e Paz vêm trabalhando com ela etc etc etc. Seria de esperar que a igreja, seus bispos e instituições trabalhassem de maneira que a Laudato Si não seguisse o mesmo caminho obscuro e, pelo contrário, se convertesse no que deve ser: um novo paradigma de evangelização. Mas é algo que está por acontecer. Enquanto isso, a invisiblização da Evangelii Gaudim é muito recente, e muito evidente, para não temermos que a história se repita. E que se justifique, assim, a estratégia dos poderosos, que mentem adesão ou calam… e esperam. Por Rodolfo Luís Brardinelli/Tradução: Antonio Martins

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Papa Francisco considera inaceitável para um cristão apoiar a pena de morte

O Papa Francisco dirigiu nesta quinta-feira um discurso a uma delegação da Associação Internacional de Direito Penal no qual condenou as execuções extrajudiciais e a pena de morte, medida usada inclusive por regimes totalitários para suprimir a dissidência e perseguir as minorias, e afirmou que o respeito à dignidade humana deve ser o limite a qualquer arbitrariedade e excesso por parte dos agentes do Estado. Discurso à Associação Internacional de Direito Penal / Foto: L’Osservatore Romano No seu discurso o Santo Padre reafirmou a condenação absoluta da pena de morte, que para um cristão é inadmissível; assim como as chamadas “execuções extrajudiciais”, quer dizer, os homicídios cometidos deliberadamente por alguns estados ou seus agentes e apresentados como consequência indesejada do uso aceitável, necessário e proporcional da força para aplicar a lei. Francisco assinalou que os argumentos contra a pena de morte são conhecidos. A Igreja –indicou-, mencionou alguns, como a possibilidade de erro judicial e o uso que lhe dão os regimes totalitários como “instrumento de supressão da dissidência política ou de perseguição das minorias religiosas ou culturais”.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Do mesmo modo, expressou-se contra a prisão perpétua por ser “uma pena de morte disfarçada”. O Santo Padre também condenou a tortura e advertiu que a mesma doutrina penal tem uma importante responsabilidade nisto por ter permitido, em certos casos, a legitimação da tortura em determinadas condições, abrindo o caminho para abusos posteriores. No seu discurso, Francisco também exortou os magistrados a adotarem instrumentos legais e políticos que não caiam na lógica do “bode expiatório”, condenando pessoas acusadas injustamente das desgraças que afetam uma comunidade. Além disso, abordou a situação dos presidiários sem condenação e dos condenados sem julgamento. Assinalou que a prisão preventiva, quando usada de forma abusiva, constitui outra forma contemporânea de pena ilícita disfarçada. Também se referiu às condições deploráveis dos penitenciários em boa parte do planeta. Disse que embora algumas vezes isso ocorra devido à carência de infraestruturas, muitas vezes são o resultado do “exercício arbitrário e desumano do poder sobre as pessoas privadas de liberdade”. Francisco não esqueceu a aplicação de sanções penais às crianças e idosos condenando seu uso em ambos os casos. Além disso, condenou o tráfico de pessoas e a escravidão, “reconhecida como crime contra a humanidade e crime de guerra tanto pelo direito internacional como em tantas legislações nacionais”. O Papa também se referiu à pobreza absoluta que sofrem um bilhão de pessoas e a corrupção. “A escandalosa concentração da riqueza global é possível por causa da conivência dos responsáveis pela coisa pública com os poderes fortes. A corrupção, é em si mesmo um processo de morte… e um mal maior que o pecado. Um mal que mais que perdoar é preciso curar”, advertiu. “O cuidado na aplicação da pena deve ser o princípio que rege os sistemas penais… e o respeito da dignidade humana não só deve atuar como limite da arbitrariedade e dos excessos dos agentes do Estado, como também como critério de orientação para perseguir e reprimir as condutas que representam os ataques mais graves à dignidade e integridade da pessoa”, concluiu.

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Papa Francisco deve visitar Cuba em Setembro

Autoridades do Vaticano informaram na última sexta-feira que o pontífice estuda visitar Cuba no fim de setembro, antes de sua viagem aos Estados Unidos. O papa Francisco está considerando a possibilidade de visitar Cuba durante sua próxima viagem aos Estados Unidos prevista para o fim de setembro, informou nesta sexta-feira (17) a assessoria de imprensa do Vaticano. Em nota, o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, explicou que os contatos com as autoridades cubanas para a possível visita do pontífice à ilha “ainda estão em um momento muito inicial para se falar de uma decisão já tomada ou de um projeto operacional”. O Vaticano divulgou a nota depois de o jornal americano “The Wall Street Journal” ter revelado que o Papa Francisco estava avaliando a possibilidade de visitar Cuba. O trabalho da diplomacia vaticana foi decisivo no histórico processo de reaproximação entre as autoridades de Cuba e dos EUA. A visita a Cuba poderia ser a primeira etapa do périplo pelos EUA, onde Francisco se tornará o primeiro papa da história a discursar no Congresso americano. A possível viagem à ilha seria um dos temas abordados no encontro previsto com o presidente americano, Barack Obama, na Casa Branca, no dia 23 de setembro, assim como no discurso que o pontífice fará na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A viagem será encerrada na Filadélfia, onde o papa participará do Encontro Mundial das Famílias, organizado pela Igreja Católica. Apesar de os contatos com as autoridades cubanas estarem na fase inicial, o Vaticano está se movimentando há muito tempo para viabilizar a visita de Francisco à ilha. O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, uma espécie de primeiro-ministro do Vaticano, participou da VII Cúpula das Américas, no Panamá, reunião que contou com a presença de Obama e do presidente cubano, Raúl Castro. Além disso, a imprensa italiana informou que entre 22 e 28 de abril outro colaborador próximo ao papa, o prefeito da Congregação para o Clero, o cardeal Beniamino Stella, viajará a Cuba. Ele foi núncio da ilha entre 1993 e 1999. Cuba e a Santa Sé também celebram em 2015 os 80 anos do início de suas relações diplomáticas. O papa Bento VXI viajou a Cuba em março de 2012. Quatorze anos antes, João Paulo II tinha visitado à ilha. Fonte:MPortal

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Entenda acusações contra atuação do papa na ditadura argentina

Bergoglio nega as acusações dizendo que ajudou perseguidos políticos durante a ditadura As acusações de que Jorge Mario Bergoglio teria sido “omisso” ou até “cúmplice” da repressão da última ditadura argentina (1976 – 1983) estão entre os motivos pelos quais o novo papa não é unanimidade em seu país. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Tais acusações são feitas por alguns jornalistas e integrantes de grupos de defesa dos direitos humanos, como as Mães da Praça de Maio e o Centro de Estudos Legais e Sociais. Mas nenhuma acusação formal foi aberta contra Bergoglio na Justiça argentina e o novo pontífice defende-se das denúncias mencionando casos em que teria ajudado perseguidos políticos. Bergoglio estava à frente da Ordem Jesuíta quando os militares tomaram o poder na Argentina e seu nome é associado a pelo menos dois episódios obscuros desse período. Segundo o jornal Pagina 12, há testemunhos de que em 1976 Bergolio teria “retirado a proteção” da Igreja dos sacerdotes jesuítas Orlando Yorio e Francisco Jalics, que faziam trabalho social com comunidades carentes de Buenos Aires, e terminaram sendo sequestrados e torturados. As acusações são mencionadas no livro Iglesia y Dictadura, de Emílio Mignone, publicado em 1986, e em O Silêncio, de 2005, escrito pelo jornalista investigativo e ex-guerrilheiro argentino Horacio Verbitsky. Ambos alegam que Bergoglio teria advertido os dois sacerdotes de que eles deveriam abandonar o trabalho social ou renunciar à Companhia de Jesus – o que, segundo o Pagina 12, teria sido interpretado como uma “luz verde” para a repressão. Em 2010, Bergoglio teve de testemunhar sobre seu papel nessa época e não só negou todas as acusações como disse que teria se reunido com o ditador Jorge Videla e o almirante Emílio Masera para pedir ajuda para salvar a vida dos dois religiosos. Segundo episódio O segundo episódio sobre o qual o novo papa foi obrigado a prestar esclarecimento para a Justiça diz respeito ao desaparecimento da bebê Ana de la Cuadra nas mãos dos militares. Bergoglio foi chamado a testemunhar quando era arcebispo de Buenos Aires, à pedido da Promotoria do país e da organização Avós da Praça de Maio – formada pelas avós de crianças sequestradas pela ditadura -, mas ele pediu para dar sua declaração por escrito. A promotoria apresentou à Justiça cartas enviadas a Bergoglio pelo avô de Ana, nas quais ele pedia ajuda para encontrar a neta e a filha, Elena – que desapareceu quando estava grávida de 5 meses. Com base nessas cartas, Estela, irmã de Elena, acusa o novo papa de mentir ao dizer que apenas nos últimos 10 anos começou a tomar conhecimento sobre o sequestro de bebês por militares argentinos e de não fazer tudo o que estava a seu alcance para colaborar com os julgamentos sobre os abusos da ditadura. Biografia Para defensores e simpatizantes do novo pontífice – entre eles seu biógrafo autorizado, Sergio Rubin – toda a Igreja Católica falhou ao não confrontar direta e abertamente a ditadura argentina e seria injusto culpar apenas Bergoglio por esse erro. Na biografia, Rubin menciona relatos do novo papa de que ele teria tentado salvar alguns argentinos perseguidos pelo regime, escondendo fugitivos em propriedades da Igreja e dando seus próprios documentos a um desses perseguidos políticos para ajudá-lo a fugir para o Brasil. Sob a liderança de Bergoglio, em 2012, os bispos argentinos pediram desculpas por sua incapacidade de proteger os fiéis do país durante o período da ditadura – mas a declaração culpava tanto os militares quanto os seus “inimigos” pelos abusos. “Bergoglio tem sido muito crítico às violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura, mas também critica as guerrilhas de esquerda”, explicou Rubin à agência de notícias Associated Press. BBC Brasil

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Claudio Hummes: A igreja ‘não funciona mais’

Apontado como o cardeal brasileiro mais próximo do novo papa, dom Claudio Hummes, 78, diz que a igreja “não funciona” do jeito que está e pede mudanças em toda sua estrutura. Na sua apresentação ao mundo, Francisco convidou dom Cláudio, arcebispo emérito de São Paulo, a ficar do seu lado no balcão da basílica de São Pedro. Emocionado com o convite e com a homenagem ao fundador de sua ordem, o franciscano d. Cláudio disse à Folha que a escolha do nome é por si só uma encíclica. O ex-bispo de Santo André disse ainda que as acusações de que o novo papa colaborou com a ditadura militar argentina são “grande equívoco, senão uma falsificação”. FABIANO MAISONNAVE/Folha de S.Paulo * Folha – O sr. foi convidado pelo papa Francisco a estar ao seu lado na primeira aparição. Como é a relação entre vocês? D.Claudio Hummes – Nós nos conhecemos de tantas oportunidades, porque fui arcebispo de São Paulo, e ele, arcebispo de Buenos Aires. Mas sobretudo foi em Aparecida (SP) onde estivemos mais tempo trabalhando juntos, na 5ª Conferência Latino-americana, em 2007. Existia ali a comissão da redação, a mais importante porque ali que se formulava o documento para depois ser votado. Ele era o presidente, e eu, um dos membros. Admirei muito a sua sabedoria, serenidade, santidade divina, espiritualidade. Muito lúcido e muito pastoral, grande zelo missionário, de querer que a igreja seja mais evangelizadora, mais aberta.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Como foi o convite para o balcão? Quando se começou a organizar a procissão da Capela Sistina para o balcão na praça, ele chamou o cardeal Vallini, que faz as vezes do bispo de Roma, o vigário da cidade, e me chamou também. Disse: “D.Cláudio, vem você também, fica comigo neste momento”. Disse até: “Busca o teu barrete [chapéu eclesiástico]”, bem informalmente. Fui lá buscar o meu barrete e estava todo feliz…. Porque não é o costume, quem vai junto são os cerimonários, nunca tem cardeais com o papa, eles estão nos outros balcões. E o fato de que ele nos convidou acabou rompendo um monte de rituais. Mas foi realmente, para mim, muito gratificante. E também pelo fato de ele ter recém-escolhido o nome de Francisco. Eu sou franciscano, então isso me envolvia muito pessoalmente. Como o sr. interpreta esse gesto? Como um gesto pessoal dele, muito espontâneo, muito simples. Não sei quais os significados que ele queria dar. Eu digo que fiquei muito feliz, estava ali com o primeiro papa chamado Francisco. O papa recusou a limusine, foi pagar a conta do hotel…. São gestos simples, mas que mostram quem ele é e como ele vê as coisas. A minha maravilha foi que esses gestos foram compreendidos pelo povo simples e pela mídia. A mídia também interpretou esplendidamente, entendeu as mensagens que o papa queria dizer. Qual é o significado de ter um papa de fora da Europa depois de mais mil anos e além disso latino-americano? Os outros papas que não foram exatamente europeus vinham da região do Mediterrâneo. Nesse sentido, era a Europa da época, era uma grande realidade geopolítica. Mas o fato de que hoje venha um papa de fora da Europa tem um significado muito grande porque mostra o que a igreja sempre tem dito: a igreja é universal, para a humanidade. Não é para a Europa. Ter um papa é o sinal maior. É o gesto de dizer: o papa pode vir de qualquer parte do mundo. Também acho importante que tenha vindo da periferia ainda pobre, emergente. Isso é uma confirmação para todos os católicos de lá: “Nós temos um papa que vem daqui”. E não só para os católicos, até os países se sentem muito mais em pé de igualdade com os outros. São Francisco também é lembrado pela missão de reformar a igreja como um todo. A escolha do nome também tem essa abrangência? Certamente, para o papa, o nome é todo esse programa. Hoje, a igreja precisa, de fato, de uma reforma em todas as suas estruturas. Organizar a vida da igreja, a Cúria Romana, que tanto se falou e que precisa urgente e estruturalmente ser reformada, isso é pacífico entre nós. Porém uma coisa é entender que precisa ser feito e outra coisa é fazê-lo. Será uma obra gigantesca. Não porque seja uma estrutura gigantesca, mas por um mundo de dificuldades que há dentro de uma estrutura como essa, que foi crescendo nos últimos séculos. Alguém disse já que a escolha do nome Francisco já é uma encíclica [mensagens do papa à igreja], não precisa nem escrever. Isso é muito bonito, é muito promissor. Em que sentido a reforma é necessária? Não é só da Cúria, são muitas outras coisas: o nosso jeito de fazer missa, de fazer evangelização, essa nova evangelização precisa de novos métodos. O papa falou no encontro com os cardeais sobre novos métodos, nós precisamos encontrar novos métodos. Mas se falou sobretudo da Cúria Romana, que precisa ser reformada estruturalmente. É muito grande, mas tudo isso precisa de um estudo, a gente não tem muitas coordenadas. Muitos dizem que é grande demais, que foi feito um puxadinho aqui, um puxadinho lá, mais uma sala aqui, mais uma comissão lá, mas essa aqui não tem suficiente prestígio…. Essas coisas todas que acontecem numa estrutura dessas. A igreja não funciona mais. Toda essa questão que aconteceu ultimamente mostra como ela não funciona. E depois, uma vez feito esse novo desenho, você tem de procurar as pessoas adaptadas para ocuparem esses cargos, esses serviços. Reza a lenda de que o papa Francisco não gosta de vir a Roma, que sua formação foi longe daqui. Isso contribuiu para a sua escolha? Não sei se contribui para a sua escolha, mas contribui agora, que ele é papa, a ser mais independente, a ser uma visão mais objetiva. É muito diferente ver um jogo da arquibancada e ver um jogo jogando futebol. Ele não jogou futebol. Vai ajudar, certamente. Mas ele também vai ouvir pessoas que jogaram, porque

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O Papa Francisco, São Francisco e jesuítas

Quem acha maravilhoso, símbolo da conexão entre a vida de passageiro de ônibus do então arcebispo jesuíta, e a escolha do nome Papal de Francisco, ou nada sabe da vida do grande santo de Assis, ou desconhece a nefanda trajetória da ordem criada por Inácio de Loiola. Ou ambas. A catequese de Loiola é fundamentada na abolição de crenças dos povos “catequizados”. Já São Francisco defendia que a catequese não deveria atentar contra as crenças dos povos catequizados.

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Nicolas Maduro, a múmia do Chávez e o Papa

O substituto do Chávez credita a eleição do Papa Argentino ao Chávez. O idiota não faz nem ideia de que quem elegeu o jesuíta foi Herr Ratzinger, que para poder influenciar no conclave, renunciou. Chávez, segundo especialistas, não serve para ser embalsamado, encerrando assim as pretensões do maluquete do caribe de se igualar à múmia de Tutancâmon. Por outro lado me impressiona a importância que facínoras obtêm nas redes sociais. Por que se perde tempo com esses caras? É paixão recolhida? Não têm a menor importância, exceto para os insanos que os admiram, e aos que os odeiam aponto de destilarem bílis pelos poros. Tanto a paixão como o ódio ideológico, cega a análise dos fatos e embotam a lógica analítica. O que disserem de mal deles nada mudará na mente dos que os idolatram, e não será novidade aos que os odeiam. E assim não adianta elogiar ou malhar tais figuritas. Nessa madrugada, pelos lados do Rio de La Plata ouviram-se salvas de tiros em certa “Escola” no sofisticado Bairro de Nuñez. Videla, Galtieri, Viola, Massera, e demais “anjinhos” eufóricos. Ao vivo e nas tumbas. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Papa Francisco e populismo na América Latina

Wojtyla varreu pra baixo do tapete o comunismo no leste europeu. Francisco fará o mesmo, varrendo para além da Patagônia, o Peronismo, o Chavismo, o Lulismo e outras pragas populistas que infernizam a América Latina. Sábio Vaticano. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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