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Bolsonaro entrega defesa à Corregedoria da Câmara

É muito tênue a linha que delimita o que são homofobia e racismo na legislação brasileira. Creio que a norma viola o direito constitucional de livre expressão. Estamos vivendo sob a égide da praga do politicamente correto. Não concordo “nadica de nada” com as opiniões desse cidadão, mas ele está no direito de dizer o que pensa, desde que que não seja calúnia, injúria ou difamação, crimes esses muito claramente definidos no Código Penal Brasileiro. As opiniões do deputado devem ser avaliadas pelos eleitores dele. O Editor Deputado do PP do Rio é investigado por racismo e homofobia. Em documento, deputado afirma que vai combater ‘tsunami cor-de-rosa’. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) protocolou nesta quarta-feira (13) sua defesa à Corregedoria da Câmara em processo em que é investigado por racismo e homofobia. Bolsonaro é alvo de quatro pedidos de investigação na Casa. Em um programa de TV, em resposta à apresentadora e cantora Preta Gil, o deputado do PP classificou como “promiscuidade” a possibilidade de seu filho se relacionar com uma mulher negra. Na mesma entrevista, o deputado fez também ataque a homossexuais e disse que torturaria seu filho se o pegasse fumando maconha. O documento apresentado por Bolsonaro à Corregedoria da Casa tem 13 páginas e foi elaborado pelo próprio deputado do PP. Bolsonaro afirma que a linha de argumentação “não é uma defesa” porque ele não cometeu crime.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O documento, segundo ele, é uma “explicação”. saiba mais Associação de gays entra com representação contra Bolsonaro OAB pede à Procuradoria da República medidas contra Bolsonaro ‘Ficaria bravo se tivesse brinquinho’, diz Bolsonaro sobre cartaz nazista Entre os argumentos apresentados à Corregedoria para rebater a acusação de racismo, o deputado do PP afirma que “se equivocou” ao interpretar a pergunta que lhe foi feita sobre a possibilidade de seu filho se relacionar com uma mulher negra. Sobre a acusação de homofobia, Bolsonaro se intitula “defensor da família brasileira” e diz que vai continuar lutando contra o “tsunami cor-de-rosa” no país. “A única coisa importante que aconteceu nesse episódio foi a gente conseguir denunciar o tsunami cor-de-rosa proposto pelo governo em escolas públicas do primeiro grau com a distribuição do ‘kit gay’. Vou continuar a minha luta contra esse tsunami cor-de-rosa”, afirmou Bolsonaro. O corregedor da Casa, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), terá agora 45 dias para analisar os pedidos de investigação contra Bolsonaro e os argumentos apresentados pelo próprio parlamentar. O corregedor deve decidir entre arquivar os pedidos ou enviar o caso ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa para que seja aberto processo por quebra de decoro contra Bolsonaro. Robson Bonin/G1

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Bolsonaro: mais para oportunista eleitoreiro que racista

Na taba dos Tupiniquins cada vez mais as pessoa são julgadas pelo que dizem e não pelo que fazem. Volto a constatar que no Brasil, também cada vez mais, a fama precede a virtude. Considerando que o escatológico e furibundo Enéas foi, até hoje, o maior campeão de votos para a câmara federal, fica patente que o que dá votos é dizer, bobagens, coisas polêmicas ou que chamam a atenção. Assim, concluo que o deputado Jair Bolsonaro não seja um racista, nem tão pouco um idiota. Vejo-o como um oportunista. Um Tiririca menos ingênuo. Ambos populistas. Ambos exercendo o direito constitucional da liberdade de expressão. Gostemos ou não. Suas (dele) declarações escatológicas e insanas irão atrair “um caminhão” de votos da turma da extrema direita, dos racistas e outros que vivem de alimentar o ódio contra diferenças. O ex-capitão Bolsonaro, “sabidamente”, está ocupando um vazio na direita mais xenófoba brasileira. Cada país tem o Jean-Marie Le Pen que merece. O Editor PS. Não concordo com o que o sujeito diz, mas deixem o Deputado Bolsonaro falar. Para que ele entenda como somente em uma democracia ele pode falar o que pensa. Fosse em uma ditadura, regime aliás, que o deputado tanto louva, ele já estaria “hospedado” nos porões da repressão. Querer cassá-lo é uma violência. Liberdade de Expressão é cláusula pétrea da Constituição. Aliás, a verborréia de Jair Bolsonaro é até pedagógica para que as novas gerações conheçam que tipo de mentalidade era dominante nos anos de repressão no Brasil. Bolsonaro, Tiririca e o discurso ambíguo das esquerdas. Há, desde logo, um ponto em comum entre Tiririca e Bolsonaro: o estigma. Bolas da vez da mídia e dos “formadores de opinião”, estão sendo caçados assim como em algum momento Maluf e Sarney o foram, o que não impediu que eles estejam aí, firmes e fortes. No momento, os “politicamente corretos” só têm olhos e munição para o “palhaço” e para o “fascistão”. O problema é que esses nossos inquisidores modernos são mais políticos do que corretos e, donos da verdade, estabeleceram uma espécie de código parecido com o das boas maneiras de antigamente: isso pode , isso não pode. Parece que essa Ditadura Politicamente Correta surgiu nos EUA (anos 80) onde intelectuais de esquerda (liberais) fizeram um index das princípios posições ou manifestações retrógradas da Direita Republicana cada vez mais envolvida com um fascismo implícito, misturado com negociatas e um fanatismo religioso (fundamentalista) da pior espécie. O resultado disso tudo é que, na falta do inimigo comunista visível para combater, os EUA continam agindo como Polícia do Mundo e um presidente negro e democrata usa a DPV ( Ditadura Politicamente Correta) para agredir militarmente a nação que bem entender. É claro, portanto, que não concordo com o enfoque que está sendo dado aos casos Tiririca e Bolsonaro. Talvez eu esteja sendo rigoroso demais com nossos bons PCs (Polticamente Corretos). Acontece que eles recorrem demasiado aos clichês. E tenho ugeriza ao clichê, esta arma predileta dos ignorates, dos preguiçoso e dos hipócritas. O fato é que tudo fica na superfície dos fatos. Mas vamos adiante. O Tiririca sofreu um ataque inicial, desferido por preconceituosos e presunsosos “educadores” que se indignaram com o fato de ele ter sido indicado para a Comissão de Educação e Cultura da Câmara, sem notarem que a arte circense é uma importante manifetação cultural. Atualmente ele está sendo alvo de novas investidas a partir da mídia hipócrita e de alguns colegas santarrões, só porque ele fez rigorosmente o que todos (eu disse todos) os outros parlamentres fazem: nomear assessores para cargos de confiaça, sem fixação de horas diárias trabalho. É como se o palhaço não pudesse ter acesso às espertezas do resto da curriola. Quanto a Bolsonaro, os PCs já escancararm quase tudo. Só ainda não disseram que um sujeito que usa uma peruca como a dele não pode ser normal e que, no fundo, ele tem ódio de negros e homossexuais porque teme ou suspeita seus filhos sintam atração por eles. São explicações fáceis de encontrar em qualquer manual de vulgarização dos conceitos freudianos. Mas falvez não seja politicamente correto dizer essas coisas. Entretanto, o que realmente está pegando é que as esquerdas do PT e o PSOL, por exemplo, estão tratando estes episódios de forma enviezada, quase leviana. Parece que todos querem apenas pegar carona para exibir seu bom-mocismo, suas posições politicamente corretas. Ningúem toca no fundo das questões. No caso do Tiririca, o enfoque é meramentetne moralista. O líderes mais midiáticos do PSOL viram-se, dedo em riste, para o palhaço, bem à moda da velha UDN que, na sua origem, coabitava, com os socialistas, a antiga Esquerda Democrática. Tiririca (e aqui falo do fenômeno político e não do deputado ou do palhaço profissional) provavelmente não repetirá, em 2014, a votação do ano passado. Sua eleição deu sequência a um hábito arraigado do eleitorado paulista e que remonta ao Macaco Tião e ao Cacareco. Trata-se de um modo debochado (mais alienado que debochado) de manifestar um eventual protesto ou, simplesmente, um jeito estranho de não respeitar o próprio voto. Já em relação ao Bolsonaro, é necessário dizer claramente que ele não destoa muito do pensamento e do sentimento que permeia parte de uma sociedade que rapidamente se torna preponderantemente de classe média. Aliás, de classe média baixa, de recente ascensão social e que vai adquirindo, como que por atavismo, as caracterísicas ideológicas clássicas da chamada pequena burguesa: egoísta, inconsequente, preconceituosa e isensivel à solidariedade de classe. Para completar, parece sentir atração irresitível pelas seitas fundamentalistas que oferecem curas individuais no lugar das sociais e reinauguram o obscurantismo na modernidade. Este é o resultado inexorável da inclusão paternalista, concentida sem a mobilização e a decorrente conscientização social, o que conduz à irrelevância das ideologias. De outra parte, não se pode ignorar, também, que Bolsonaro, com seu discurso grotesco, interpreta um forte e persistente sentimento no interior das Forças Armadas. É impossível determinar o grau e a extensão desse posicionamento corportivo, mas também político e ieológico. É certo,

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Racismo no Brasil é real e velado

Ao longo dos anos tenho firmado a convicção que o preconceito no Brasil, em média, é primeiro social e depois racial. Por aqui, quem quer que esteja fora do padrão estabelecido pelo sistema é alvo de preconceito. Negros, magros, obesos, nordestinos, mestiços, pobres… Toda forma de racismo na “terra Brasilis” é sinal de ignorância da própria origem. “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.” Einstein O Editor PS. Não concordo com o que o sujeito diz, mas deixem o Bolsanaro falar. Querer cassá-lo é uma violência. Liberdade de Expressão é clásula pétrea da Constituição. Aliás, ele é até pedagógico para que as novas gerações conheçam que tipo de mentalidade era dominante nos anos de repressão. Época em que o nefasto Armando Falcão proibiu apresentação do Balé Boshoi. “Asinus asinum fricat.” O penhor dessa igualdade Diz a autoimagem brasileira que aqui não há racismo, que existe uma vocação para aceitar a diversidade que viria da mistura étnica que nos formou. Muito antes de Gilberto Freyre já se propagava essa ideia. Mas essa autoimagem não descreve nem o passado nem o presente da nação. A demora em abolir a escravidão e a demora em incorporar os negros e seus descendentes no progresso democrático, até hoje, põem por terra a afirmação de que a ausência da segregação explícita – vista até os anos 50 em países como os EUA – significa uma espécie de superioridade inerente. É fato que a mestiçagem evitou ou ajudou a evitar tais extremos, mas daí a achar que o gosto do colonizador português por mulheres negras e a índole cordial bastaram para criar uma sociedade livre de racismo, vai atlântica diferença. Quando ouço as declarações desse deputado Jair Bolsonaro sobre a “promiscuidade” que seria ter uma mulher negra, para não falar do pastor evangélico que escreveu que a herança africana é “maldição”, estou ciente de que eles não refletem a maioria dos brasileiros. Mas não subestimo quantos não pensam ou dizem às escondidas a mesma coisa, e fico indignado quando vejo o modo como os ricos e as autoridades deste país tratam seus empregados, não raro de pele mais escura que a sua.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Mais importante ainda, não esqueço que algumas instituições brasileiras, sobretudo a polícia, são eivadas desse preconceito. E lembro como são poucos os negros na “elite” brasileira, os Obamas e as Oprahs, e em algumas profissões, como os garçons. Ok, o deputado tem o direito de dizer o que pensa, mas nós temos o dever de criticá-lo. E quando ele diz coisas como a de que não teria um filho gay porque sabe como “educá-lo” está indo muito além de uma mera discordância sobre a união civil para casal homossexual; está dizendo que acha que essas pessoas são mal-educadas e, logo, são aberrações que merecem corretivo, para usar termos a seu estilo. E então sabemos de gays que são agredidos criminosamente na Avenida Paulista e nada ouvimos em sua defesa por parte do deputado, cuja obrigação é zelar pelas leis. Para piorar, ele tenta escapar da acusação de falta de decoro e incitação ao ódio usando o mais velho expediente dos preconceituosos, o de ter amigos ou parentes negros ou gays. Essa história de que os brasileiros são afetuosos e, portanto, não discriminam etnias e sexualidades também está demorando para acabar. Afinal, este país é o campeão mundial de violência doméstica contra as mulheres. Rodo por todos seus pontos cardeais e me canso de ver mães solteiras, muito jovens, que algum malandro engravidou e depois abandonou. Não, a sociedade brasileira está longe de ser um exemplo de harmonia entre as diferenças; sob a capa do sorriso fácil, do tapinha nas costas, muitos vezes há a mais cruel deslealdade, a mais velada arrogância. Só merece afeto quem antes cultiva o respeito. Daniel Piza/O Estado de S.Paulo

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Inacreditável: Deputado vê maldição na África e podridão em gays

Quando você acha que nada de mais baixo que a sarjeta o ser humano é capaz de freqüentar, sempre surge alguém capaz de surpreender. Para pior. E o mais terrível é quando quem chapinha nas proximidades do esgoto do caráter humano é alguém que se diz pastor. Que tipo de ovelhas integra tal rebanho? Quem seguirá tais pregações permeadas, subliminarmente pelo ódio e a discriminação? Ao pastor é recomendável uma leitura na Bíblia, em Ezequiel 18,20: […] “não existe maldição hereditária” […] O Editor Jair Bolsonaro (PP-RJ) não está só. O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) despejou no twitter frases que convertem o inaceitável em inacreditável. Coisas assim: “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato…” Ou assim: “A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!” Mais ainda: “A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição”. Os comentários correram a web. Houve pronta reação. Internautas inconformados trovejaram mensagens no microblog do deputado. Muitos o compararam a Bolsonaro. E ele: “Quanto ao deputado Bossonaro, não sei o que ele falou. Eu falo por mim e respondo por mim e apenas por mim”. Tacharam-no de racista. E Feliciano: “Repudio, e espero retratação dessa banda podre que permeia o twitter! Eu seria contra a minha mãe caso fosse racista!” Qualificaram-no de homofóbico. E o deputado: “Bora cristãos! […] Retuitem isso: Amamos os homossexuais mas abominamos suas práticas promíscuas![ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Como a reação não cessou, Feliciano, que se apresenta como pastor da igreja Assembléia de Deus, produziu um texto maior. Pendurou-o no sítio que mantém na internet. Dividiu-o em três pedaços: “explanação”, “explicação” e “denúncia”. Quem lê a peça, disponível aqui, se dá conta de que o deputado-pastor acredita mesmo no que diz. Pior: ele atribui seu ideário ao Padre Eterno. Escorando-se em trechos pinçados do Livro dos livros, Feliciano reitera: “Bem, citando a Bíblia e a história, a veracidade sobre a postagem [no twitter]: Africanos descendem de Cão, filho de Noé”. Mais adiante, acrescenta: “Como Cristãos, cremos em bençãos e, portanto, não podemos ignorar as maldições”. A alturas tantas, o deputado faz uma concessão à gente negra da África: “Também cremos que toda vez que o homem, a familia, o país, entrega os seus caminhos ao Senhor, toda maldição é quebrada na cruz de Cristo!…” “…Tem ocorrido isso no continente africano. Milhares de africanos têm devotado sua vida a Deus e por isso o peso da maldição tem sido retirado…” Na parte final de seu texto, o pedaço dedicado à “denúncia”, Feliciano se diz perseguido desde a campanha eleitoral de 2010. A coisa começou, conta ele, quando apresentou “ao povo evangélico” as leis que tramitavam na Câmara. Citou o projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia. “Comecei a receber ataques, ameaças, xingamentos, e outras coisas mais que não vale a pena citar aqui”. Feliciano apresenta suas credenciais: “Sou o deputado evangélico mais votado do País”. O deputado identifica o rival: “No twitter existe um grupo de homoafetivos que deturpam tudo o que digo, e dessa vez foram longe demais!” Ele faz um chamamento à sua tribo: “Alerta à comunidade evangélica! Estamos sob fogo cruzado!…” “…É preciso uma ação coletiva de repúdio a esses ataques e a essas infames insinuações. Isso pode provocar o ódio, a cólera, a ira, e sabe Deus o que mais…” “…Recebi uma mensagem de ameaça de morte dizendo que estou na lista ao lado de pastores como Silas Malafaia e outros”. Em letras maísculas, o deputado anota: “NÃO SOU HOMOFÓBICO”. Heimmm?!?! “O que as pessoas fazem nos seus quartos não é do meu interesse…” “…Sou contra a promiscuidade que fere os olhos de nossos filhos, quer seja na rua, nos impressos, na net ou na TV”. De novo, em maísculas: “NÃO SOU RACISTA!” Como assim? “Sou Brasileiro com um sangue miscigenado por africanos, índios e europeus. SOU CRISTÃO, sim Senhor”. No final, Feliciano pede “oração a todo o povo cristão brasileiro, os que lutam pela família, os que amam ao Senhor”. Bolsonaro está sob risco. Se não se cuidar, perderá suas bandeiras. O colega Marco Feliciano revela-se um pós-Bolsonaro. Em verdade, um pós-tudo. Espanta que esteja na Câmara. Espanta ainda mais que tenha sido levado a Brasília pelo voto. Deus, obviamente, existe. Mas o deputado Feliciano é a prova de que Ele já não dá expediente integral. Não resta senão mimetizar Sua Sua Excelência: Oremos, irmãos! blog Josias de Souza

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Estado é condenado a indenizar gay agredido por skinheads

O juiz Marcos de Lima Porta, da 5ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, condenou o Estado a indenizar um gay agredido por um suposto grupo de skinheads no centro da capital. A sentença ainda ordena o pagamento de pensão vitalícia à vítima. Ainda cabe recurso. A condenação estipula o pagamento de 50 salários mínimos (R$ 23.250) por danos morais, as custas hospitalares (valores que serão calculados) e 1,1 salário mínimo (R$ 511,50) por mês durante toda a sua vida. A agressão ocorreu às 23h50 do dia 29 de dezembro de 2006 próximo à praça da República, ao lado da secretaria da Educação do Estado. O cabeleireiro Sérgio Carlos Pessoa, 32, que caminhava pelo local na companhia de amigo, foi cercado por um grupo de oito homens vestidos de preto e de coturnos. Sem dizer nada, conforme contou Pessoa ao juiz, o grupo começou a agredir seu amigo e, em seguida, ele. Diz ter levado uma “voadora” e, mesmo caído, foi cercado e agredido. No coturno do agressor havia, segundo ele, uma ponta metálica. “Com o golpe, teve extirpado o rim direito, sem falar da dor e no sofrimento relatado por ele [Pessoa] em seu depoimento pessoal. Essa situação ultrapassa os limites de um mero dissabor. Essa dor sentida e doída de forma constante deve ser, pois, ressarcida”, diz o magistrado, em trecho de sua sentença. Para o juiz, o Estado foi omisso na sua tarefa de oferecer segurança à população em um local sabidamente violento. Tanto era assim, relata o magistrado com base em depoimentos, “a polícia passou a ter uma viatura permanente no local”. No dia do ataque, porém, nenhum policial estava por perto. “Nem socorrido ele foi. Ficou jogado no chão. Foi levado para casa por um amigo, onde começou a passar mal”, disse a defensora pública Vania Agnelli, responsável pela ação. “É uma decisão importante porque surge como uma forma de pressionar o Estado a melhorar a segurança oferecida. Sabemos que não dá para colocar um policial em cada esquina, mas não era o caso. A polícia sabia que aquele lugar tinha ataques homofóbicos. E ele só foi agredido por isso, por ser gay”, disse ela. Rogério Pagnan – Folha de São Paulo

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