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Hilda Hilst – Versos na tarde – 11/03/2016

Dez chamamentos ao amigo Hilda Hilst¹ Se te pareço noturna e imperfeita Olha-me de novo. Porque esta noite Olhei-me a mim, como se tu me olhasses. E era como se a água Desejasse Escapar de sua casa que é o rio E deslizando apenas, nem tocar a margem. Te olhei. E há tanto tempo Entendo que sou terra. Há tanto tempo Espero Que o teu corpo de água mais fraterno Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta Olha-me de novo. Com menos altivez. E mais atento. ¹Hilda Hilst * Jaú, SP – 21 de Abril de 1930 d.C

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Hilda Hist – Versos na tarde – 13/01/2015

É neste mundo que quero te sentir Hilda Hilst¹ é neste mundo que te quero sentir. É o único que sei. O que me resta. Dizer que vou te conhecer a fundo Sem as bênçãos da carne, no depois, Me parece a mim magra promessa. Sentires da alma? Sim. Podem ser prodigiosos. Mas tu sabes da delícia da carne Dos encaixes que inventaste. De toques. Do formoso das hastes. Da corolas. Vês como fico pequena e tão pouco inventiva? Haste. Corola. São palavras róseas. Mas sangram Se feitas de carne. Dirás que o humano desejo Não te percebe as fomes. Sim, meu Senhor, Te percebo. Mas deixa-me amar a ti, neste texto Como os enlevos ¹ Hilda Hilst * Jaú, SP – 21 de Abril de 1930 d.C + São Paulo, SP. – 4 de fevereiro de 2004 d.C [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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Hilda Hilst – Versos na tarde – 03/02/2014

E por que haverias de querer… Hilda Hilst¹ E por que haverias de querer minha alma Na tua cama? Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas Obscenas, porque era assim que gostávamos. Mas não menti gozo prazer lascívia Nem omiti que a alma está além, buscando Aquele Outro. E te repito: por que haverias De querer minha alma na tua cama? Jubila-te da memória de coitos e de acertos. Ou tenta-me de novo. Obriga-me. ¹ Hilda Hilst * Jaú, SP – 21 de Abril de 1930 d.C + São Paulo, SP. – 4 de fevereiro de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Hilda Hilst – Versos na tarde – 05/05/2013

Escreveste meu nome Hilda Hilst¹ Sobre a água? A fogo, na alma Desenhei o teu Grafismo iluminado Imantado e novo Teu nome e o meu Novo Porque no nunca se viu Nome tão pertencido. Antigo porque há milênios Se entrelaçam justos No infinito. E raro Porque tingido de um mosaico vivo De danação e amor. Teu nome. Irmão do meu ¹Hilda Hilst * Jaú, SP – 21 de Abril de 1930 d.C

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Hilda Hilst – Versos na tarde

Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão Hilda Hist ¹ (…) Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me. E eu te direi que o nosso tempo é agora. Esplêndida avidez, vasta ternura Porque é mais vasto o sonho que elabora Há tanto tempo sua própria tessitura. Ama-me. Embora eu te pareça Demasiado intensa. E de aspereza. E transitória se tu me repensas. E tu, lúcido, fazedor da palavra, Inconsentido, nítido Nós dois passamos porque assim é sempre É singular e raro este tempo inventivo Circundando a palavra. Trevo escuro Desmemoriado, coincidido e ardente No meu tempo de vida tão maduro. Sorrio quando penso Em que lugar da sala Guardarás o meu verso. Distanciado dos teus livros políticos? Na primeira gaveta Mais próxima à janela? Tu sorris quando lês Ou te cansas de ver Tamanha perdição Amorável centelha No meu rosto maduro? E te pareço bela Ou apenas te pareço Mais poeta talvez E menos séria? O que pensa o homem Do poeta? Que não há verdade Na minha embriaguez E que me preferes Amiga mais pacífica E menos ventura? Que é de todo impossível Guardar na tua sala Vestígio passional Da minha linguagem? Eu te pareço louca? Eu te pareço pura? Eu te pareço moça? Ou é mesmo verdade Que nunca me soubeste? A memória de nós. É mais. É como um sopro De fogo, é fraterno e leal, é ardoroso É como se a despedida se fizesse o gozo De saber Que há no teu todo e no meu, um espaço Oloroso, onde não vive o adeus. ¹ Hilda Hilst * Jaú, SP – 21 de Abril de 1930 d.C + São Paulo, SP. – 4 de fevereiro de 2004 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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Hilda Hilst – Versos na tarde

Toma-me Hilda Hilst ¹ Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca Austera. Toma-me AGORA, ANTES Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes Da morte, amor, da minha morte, toma-me Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute Em cadência minha escura agonia. Tempo do corpo este tempo. Da fome Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento, Um sol de diamante alimentando o ventre, O leite da tua carne, a minha Fugidia. E sobre nós este tempo futuro urdindo Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo. Te descobres vivo sob um jogo novo. Te ordenas. E eu delinqüescida: amor, amor, Antes do muro, antes da terra, devo Devo gritar a minha palavra, uma encantada Ilharga Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo Imensa De púrpura. De prata. De delicadeza. ¹ Hilda Hilst * Jaú, SP – 21 de Abril de 1930 d.C [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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