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Henrique Meirelles & JBS. Um Esquecimento conveniente

A conveniente ausência de Henrique Meirelles na delação da JBS  Foto:AFP/GettyImages  Dos nomes cogitados até aqui para suceder Michel Temer, como nome de “consenso” – ou, se preferir, com a chancela do mercado –, um deles não apenas já disputou eleições, esteve no comando de parte importante da economia do país por quase uma década e, apesar de ostentar uma farda de tecnocrata, sempre teve ambições políticas. Ele já passou por três partidos (PSDB, PMDB e PSD) e, em sua única incursão eleitoral, mostrou força: foi eleito deputado federal por Goiás, com a maior votação no Estado. Seu nome é Henrique Meirelles. A solução Meirelles agrada a muitos atores relevantes numa possível queda de Michel Temer: o empresariado, o setor financeiro, o PMDB, o PSDB, aqueles que empunham a bandeira do “Brasil não pode parar”. Agrada, de certa forma, até mesmo ao ex-presidente Lula – depois de comandar o Banco Central durante os oito anos de governo do petista, ainda foi alvo de lobby do ex-presidente junto a Dilma Rousseff para que ele voltasse a ocupar um cargo de relevo na área econômica. Depois da eclosão da crise política na semana passada, Meirelles limitou-se a dizer a empresários e investidores algo que, ao menos, já serviu de alívio: mesmo num mandato-tampão ou num novo governo até 2018, ele está disposto e confortável para seguir no comando do Ministério da Fazenda, ditando os rumos da economia do país. Num cenário de eventual estabilização econômica e política, Meirelles fica em condições de disputar o comando do país no voto direto, seguindo, 24 anos depois, o caminho de outro de seus avalistas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Se alguma coisa nessa linha se concretizar, Meirelles terá alguém a agradecer: Joesley Batista e outros integrantes do grupo JBS. O nome do ministro da Fazenda passou incólume nas 41 delações narradas a procuradores pelo alto escalão da JBS. A única exceção é a conversa que Joesley gravou com o presidente Michel Temer, no porão do Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março. Naquilo que é possível discernir do áudio de péssima qualidade, Joesley relata intimidade e acesso fácil a Henrique Meirelles. Temer não se mostra surpreso. Mais que isso, o empresário conta para o presidente da República sobre suas agruras na tentativa de emplacar nomes de interesse do grupo J&F em postos-chave de órgãos de controle da atividade econômica. Temer, em um de seus potenciais crimes praticados naqueles 30 minutos de conversa e agora investigados pela Procuradoria-Geral da República, diz para Joesley que, se Meirelles ficasse resistente aos pleitos, poderia usar seu nome e dizer ao ministro que ele, Temer, dera aval para que os pedidos da JBS e outras empresas do grupo J&F fossem considerados. Batista – É só isso que eu queria, ter esse alinhamento. Pra gente não ficar e pra ele perceber que nós temos Temer – (Inaudível) Batista – Uhum, uhum. Quando eu digo de ir mais firme no Henrique é isso, é falar “Henrique, você vai levar, vai fazer isso? Então tá bom”. Porque aí ele vem, então pronto, é esse alinhamento só que eu queria ter. Temer – Pode fazer isso. A origem dessa proximidade entre Joesley e Henrique Meirelles vem de 2012. Apesar de toda essa relação de mais de cinco anos com o ministro da Fazenda, que poderia fazer brilhar os olhos de procuradores interessados em limpar a administração pública, ela sequer é questionada pelos membros do Ministério Público que tomaram os depoimentos de Joesley. Em uma semana, Meirelles respondia apenas a Joesley e demais integrantes da família Batista. Na semana seguinte, seu chefe passou a ser Michel Temer. No início de 2012, o dono da JBS convenceu o homem que presidiu o Banco Central ao longo de todos os oito anos de governo Lula a assumir o cargo de presidente do conselho consultivo do grupo J&F – a cabeça de um império que se estende do processamento de carnes até materiais de limpeza. Em entrevista à revista Exame na época, Joesley Batista tratou de explicar que o posto de Meirelles em sua empresa estava longe de ser o de rainha da Inglaterra. “O Meirelles não vai ser apenas um consultor. Vai cobrar resultados dos executivos e traçar estratégias para a expansão do negócio.” Dito e feito. Meirelles comandou o crescimento da companhia ao longo dos quatro anos seguintes. Banqueiro de origem, em 2016 assumiu a presidência do Banco Original, também do grupo J&F, com a ousada promessa de transformar a instituição no primeiro banco brasileiro 100% digital. Não teve tempo de cumprir a promessa porque, em maio de 2016, cedeu às investidas de Michel Temer e aceitou retornar ao governo federal – desta vez para assumir o Ministério da Fazenda em meio à maior crise econômica da história do país. Em uma semana, Meirelles respondia apenas a Joesley e demais integrantes da família Batista. Na semana seguinte, seu chefe passou a ser Michel Temer. As menções a Meirelles não escapariam, evidentemente, de uma conversa entre os dois patrões do banqueiro. Uma leitura que se poderia fazer dessa conversa é que o atual ministro da Fazenda seria incorruptível. De fato, não existem evidências de que Meirelles tenha recebido propina. Mas isso também não foi investigado com profundidade pelo Ministério Público. Convém lembrar que, se a desconfiança sobre o governo do presidente Michel Temer provocou um curto-circuito financeiro na Bolsa de Valores, imagine o que poderia acontecer se Meirelles, o ponto de sustentação da parca confiança do empresariado na retomada econômica, também constasse como delatado. Ou Joesley mente ao dizer que tem falado com Meirelles, ou a atribulada agenda de compromissos oficiais de Henrique Meirelles não é transparente. Essa imagem de distanciamento pode ser reforçada pelo fato de que, oficialmente, não existe registro, desde que assumiu o Ministério da Fazenda, de nem um único encontro entre Henrique Meirelles e Joesley ou com quaisquer outros representantes de uma das maiores empresas do Brasil ou do grupo J&F. A rigor, a única vez que um representante da JBS pisou no Ministério da Fazenda durante o governo Temer

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Brasil, corrupção e divagações filosóficas

Imaginem que um marciano, desses que visitam a terra com frequência a convite dos teóricos dos antigos astronautas, pousem no Brasil com a incumbência de estudar a realidade política e sociológica do país.  Teriam que se basear em paradigmas preliminares, presentes em todo o universo, como o silogismo elementar segundo o qual se A implica B e B implica C, A implica C! A regra clássica seria: se o PSDB pediu a cassação da chapa Dilma-Temer, e se Temer, do PMDB, pertencia à chapa como aliado do PT, é óbvio que Temer, agora aliado do PSDB, teria efetivamente que ser cassado se a chapa encabeçada pelo PT o fosse.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Haveria, obviamente, um embrulho dos diabos no que se refere à sucessão. Contudo, lei é lei. Não se diz que ela é feita para todo mundo? Em termos práticos, o que o marciano observou foi o seguinte: o PSDB pediu a cassação da chapa Dilma-Temer para atacar o PT, e a então possível cassação de Temer, do PMDB, agora em aliança com o PSDB, acabou batendo nos novos interesses do PSDB. Aliaram-se assim, efetivamente, ao PT, o que acabou numa curiosa situação em que os três grandes partidos inimigos se viram do mesmo lado, entregues ao arbítrio do TSE. Suponhamos agora que Gilmar Mendes dirigisse seu voto de minerva para a cassação. Ele teria batido de frente com o PMDB, o PSDB e o PT, simultaneamente. Atenderia, por outro lado, ao reclame das massas em favor das eleições diretas. Com isso um dos ministros do STM mais odiados pela população em função de sua atuação heterodoxa dentro e fora do Supremo Tribunal Federal assumiria imediatamente a função de grande defensor do povo. Outras coisas surpreenderiam os marcianos. Como o PT, inequivocamente o partido político brasileiro que mais se aproximou do povo e que mais significativos programas sociais realizou em seu tempo de gestão, pode ter nomeado Henrique Meirelles presidente do Banco Central, Antônio Palocci ministro plenipotenciário da Fazenda, e Joaquim Levy para esse posto? Por certo que não foi por maldade. Mas foi uma ingenuidade que nos custou caro demais. Por que o Governo, com a cumplicidade da grande imprensa, insiste em sustentar que a economia retomou o crescimento quando os dados atuais, e as analises prospectivas, revelam inteiramente o contrário? Por que os idiotas da TV Globo insistem em dizer que o projeto de lei de abuso da autoridade é contra a Lava Jato, como se, para existir livremente, promotores e juiz da Lava Jato dependem de poder cometer abusos de autoridade impunemente? Enfim, no meio de tantas contradições, fica evidente que mergulhamos mesmo no caos. Dele só se sai, milagrosamente, pela ação de um Atrator Estranho. Sua função será, no momento devido, devolver ao país alguma racionalidade. E não se diga que, nas circunstâncias mundiais, essa seja característica apenas do Brasil. Donald Truman acabou com o Acordo Transpacífico de Cooperação com 11 países em defesa dos trabalhadores americanos, mas o que fez mesmo foi proteger da devastadora tecnologia americana os mercados dos demais signatários. José Carlos de Assis/Tribuna da Imprensa

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Ataque ao lado B de Temer visa salvar Meirelles

Ccoincidência ou não, Veja e Época circularam com capas parecidas nessa semana. Ambas tratam do choque entre o que seria um Michel Temer moderno e virtuoso contra um Temer arcaico e cercado de corruptos. Época foi mais explícita e se inspirou no livro “Dr. Jekyll e Mr. Hide” (“O Médico e o Monstro”), de Robert Louis Stevenson, sobre um médico em cuja personalidade convivem o bem e um lado monstruoso. As duas capas refletem a dificuldade que os meios de comunicação brasileiros, que se engajaram no projeto Temer, vêm tendo para defender um governo que perdeu três ministros em menos de 40 dias.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Romero Jucá, do Planejamento, caiu por tramar contra a Lava Jato. Fabiano Silveira, da Transparência, idem. E Henrique Eduardo Alves pediu para sair depois que a procuradoria-geral da República descobriu suas contas secretas na Suíça. Se isso não bastasse, a PGR pediu inquérito contra Mendonça Filho, da Educação, e o Ministério Público também requereu o bloqueio dos bens de Eliseu Padilha, da Casa Civil. Além disso, Geddel Vieira Lima foi citado na delação da OAS – o que também pode vir a ocorrer com o chanceler José Serra. Com tantos dissabores, o governo Temer se torna praticamente indefensável pelo ângulo da ética pública. Por isso mesmo, ao denunciar o lado B do presidente interino, Veja e Época tentam salvar o lado A, que seria a escolha de nomes ortodoxos na economia, como Henrique Meirelles, na Fazenda, e Ilan Goldfajn, no Banco Central. Ou seja: Temer não foi abandonado, ainda, pelos meios de comunicação que se tornaram sócios do projeto de impeachment. Para essa turma, o que importa é levar adiante o Plano Meirelles. Tribuna da Imprensa

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Economia – Dívida Externa; A dívida impagável e censurada

Dívida externa. Do Prudente (de Moraes) ao imprudente (FHC). Chegando ao censurado (Meirelles). E a impossibilidade de pagar.  Em 120 anos de 1896 a 2016, passou de divida externa para divida publica. Mudou também de irrelevante, para degradante, aviltante, humilhante. E responsável por todas as crises brasileiras, sem que os governantes e adjacentes, percebessem. Agora dá para perceber, mas com uma conclusão lancinante: não ha possibilidade de pagar. Ou melhor: amortizar os juros, fazendo crescer assustadoramente a divida propriamente dita.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Os “emprestadores” de dinheiro,como se dizia antigamente, investem muito pouco, no inicio. Mas rapidamente recuperam o investimento, passam a emprestar e reimprestar os juros. Vão acumulando lucros, que reinvestem, naturalmente garantindo parte substancial para compra de imóveis e obras de arte, por prazer e exibicionismo. O volume de dinheiro é tão grande, que sempre existe margem de negociação sem execução. Prudente assumiu em 1894, com uma divida que parecia irrisória, mas fora agigantada pelos gastos da espantosa, estranha e extravagante Guerra do Paraguai. E pela inflação dos últimos 20 anos, insuflada pelos gastos nababescos, que palavra, da Monarquia. Rui Barbosa, o primeiro Ministro da Fazenda da Republica, sempre se queixava. Em 1896, um dos Rotschilds, pediu audiência a Prudente, para falar sobre a divida. Mas foi tão imprudente e inábil, que em 10 minutos, Prudente tocou a campainha, apareceu um continuo, recebeu a ordem: “Acompanhe o senhor Rotschild até á porta, ele está de saída”. O sucessor foi Campos Salles, inteiramente diferente. Aceitou convite do mesmo Rotschild, foi a Londres. Andou de carro aberto pela Old Bond Street. (O centro financeiro da capital). Renegociou a divida de forma vergonhosa. Essas renegociações foram aumentando durante toda a “republica velha”, a ditadura do Partido Republicano, 1889 a 1930. Sucedida pelo golpe que tentaram transformar em Revolução. Que redundou na ditadura Vargas, até 1945. De 1937 a 1945, a dívida não cresceu por causa da pré-guerra e da guerra propriamente dita. Com o mundo inteiro voltado para a fabricação de armamentos, o Brasil se transformou num grande vendedor. Não recebia, acumulava saldos, “para serem liquidados depois”. Dutra assumiu com um saldo formidável, que esbanjou desastradamente. Os americanos, mestres em vender matéria plástica como se fosse ouro, e comprar ouro pagando como se fosse matéria plástica, devoraram tudo. 10 anos depois, em 1955, Juscelino se elegeu, assumiu com uma divida já acumulada. No ultimo ano do governo inicio de 1960, chamou Roberto Campos, presidente do BNDE (não tinha o S de social, hoje tem o S mas sem se preocupar com o social) pediu para ele “consolidar” a divida. Estava em 180 milhões de dólares, foi “consolidada” em 200 milhões. Daí foi crescendo desmesuradamente, por causa dos juros e a falta de pagamento. Ou amortização. Mas atingiu o apogeu nos governos FHC, “o retrocesso de 80 anos em 8”. (Como chamei, com ele no poder). Foi inacreditável, incompreensível, inaceitável, mas o país aceitou. Os juros chegaram a 40 por cento ao ano. O que significa o seguinte: uma divida de 1 bilhão, em 1 ano passa a 1 bilhão e 400 milhões. No ano seguinte vai para o limite de quase 2 bilhões. E assim incontrolavelmente; (Os juros são verdadeiros, o total de 1 bilhão, singelo e simbólico, apenas para o calculo. FHC foi tentando reduzir os juros, mas entregou a Lula com 25 por cento ao ano. Juro calamitoso para uma divida estratosférico). Lula criou o que se chamou de “superávit primário”. Chegou a amortizar 90 bilhões no primeiro ano, depois não deu mais No entanto, reduziu os juros de 25 para 11 por cento. Dona Dilma trouxe para 7 por cento. Mas não demorou a devastação, os juros foram crescendo, até os inimagináveis 14,25 de hoje. “Justificados” pela alta da inflação, que continuou subindo, até ultrapassar os dois dígitos. E a divida publica, chegou ao limite de hoje: 2 TRILHÕES e 900 BILHÕES. A media dos juros é de 10 por cento ao ano, uma combinação entre a Selic, o contratado e o cobrado. Daria então 290 bilhões, rigorosamente IMPAGAVEL. Só que no vernáculo, essa palavra tem duas leituras. È o que não pode ser pago. Ou o que provoca enorme gargalhada. Que não é o caso da divida brasileira. No primeiro dia depois de ser convidado para Ministro da Fazenda, Meirelles, por conhecimento e relacionamento, falou sobre a tragédia da divida publica. Assustado quando soube do total, de dentro para fora, comentou sobre a forma de equacionar a divida. Ha muito tempo não se falava nisso. Imediatamente foi chamado por Temer. Que naquele estilo entre o dúbio e o melifluo comentou: “Gostaria que você não falasse mais nessa questão da divida”. Lógico, Meirelles atendeu, não quer surrupiar suas imagináveis chances presidenciais, seja quando for. Pode ou deveria ser dentro de 60 dias, se o TSE, assumir ou compreender sua enorme responsabilidade. Ou esperar que um notável documentarista como Silvio Tendler, faça um documentário, que teria o titulo obrigatório: “A divida impagável e censurada”. Hélio Fernandes/Tribuna da Imprensa

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O ajuste fiscal e a interinidade de Michel Temer

Em cerca de duas semanas o Brasil terá novo governo, pois o Senado deve aprovar o afastamento de Dilma Rousseff. Prazo de validade André Singer – Folha de S. Paulo O vice, no entanto, assume em condições inéditas, pois o julgamento da atual presidente, em até 180 dias, acabará por ser, também, um veredito sobre a própria interinidade de Michel Temer. A sorte pode resolver os complicados problemas postos para o líder do PMDB, mas trata-se de verdadeira, passe o trocadilho, temeridade contar com ela.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] E até aqui, nada indica a existência de plano razoável para evitar que novo ajuste fiscal aprofunde a recessão; que a Operação Lava Jato atinja o interino na Presidência; que a proximidade com Eduardo Cunha macule ainda mais a imagem do homem que traiu Dilma. O senador José Serra (PSDB-SP), óbvio candidato à Presidência, apresentou-se para realizar a difícil missão de produzir rápida retomada do crescimento sem perder o apoio do “mercado”. Se desse certo, Temer teria carimbado o passaporte para ficar até 2018 e o ex-governador paulista, por sua vez, repetiria a trajetória de Fernando Henrique Cardoso com o real. Ambos ganhariam. O voo do tucano, contudo, foi abatido pelo veto do seu colega de partido,Geraldo Alckmin, e pelo medo do próprio Temer de desagradar as finanças. Ao escolher Henrique Meirelles, vinculado aos bancos, opta pela proposta de fazer cortes estruturais que irão deprimir mais a atividade econômica, em busca das chamadas “condições fiscais sustentáveis”. A guerra de classes promete esquentar, pois as tesouradas incidirão diretamente sobre o bolso e os direitos dos trabalhadores. Além disso, livre do fardo de ter que defender uma política indefensável, o PT trará o discurso classista à tona, voltando a ter o que dizer na disputa pelas prefeituras. Como ficará o ânimo popular, quando perceber que os empregos continuam a sumir? Enquanto isso, acusações como a de que a campanha do presidente interino recebeu propina de R$ 1 milhão em 2014, segundo afirmou um dos donos da Engevix; ou de que o peemedebista indicou diretor corrupto da Petrobras; ou de que foi beneficiário de pagamento de R$ 5 milhões, conforme disse um dos sócios da OAS, continuarão no noticiário. Qualquer iniciativa de aplacar a sanha da República de Curitiba, como foi o virtual convite a um dos advogados de acusados para ocupar a pasta da Justiça, pode ter resultado bumerangue. As revelações voltarão mais fortes. Para completar, existe a sombra do aliado Eduardo Cunha. Trata-se do clássico caso em que o executor do trabalho sujo precisa ser eliminado, pois ameaça conspurcar a reputação do mandante. A quem achou que o domingo 17 representava o fim da crise, recomenda-se reforçar o estoque de Rivotril.

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Lula o marketeiro autodidata

Um porta-voz de si mesmo João Bosco Rabello O presidente Lula entrará para a história como o que mais falou para o País. Compareceu diariamente aos telejornais, para manifestar-se sobre tudo e sobre nada. Não há exagero em dizer que governou literalmente do alto dos palanques. Foi o porta-voz da República e de si mesmo. Essa circunstância, mais que qualquer outra, dá consistência ao bordão que usou exaustivamente, do “nunca antes neste país”. Lula fez nada menos que 2.519 pronunciamentos nos seus oito anos de mandato, o que equivale a um discurso diário. Não entram nessa conta as declarações avulsas e de improviso nos chamados “quebra-queixo” (as entrevistas não programadas, dadas em pé) nem o programa Café com o Presidente.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Longe da casualidade, a performance é estratégica: permitiu que impusesse, pela insistência, suas versões, a despeito, não poucas vezes, dos fatos. De quebra, deixou a impressão de ter feito muito mais do que fez. E de ter acertado bem mais do que acertou. E era exatamente essa a ideia. Nesses termos, foi bem-sucedido. O duelo das versões com os fatos começou pela difusão da ideia de “herança maldita”, mencionada já no dia seguinte à posse. Estabelecida, usurpou de seu antecessor a autoria do programa que lhe permitiu êxitos na economia: fim da inflação, Lei de Responsabilidade Fiscal, câmbio flutuante autonomia operacional do Banco Central. Lula manteve o modelo econômico que herdou (e combateu), inclusive nomeando como autoridade monetária máxima um quadro do PSDB, Henrique Meirelles, cuja performance técnica lhe permitiu ousar nos programas sociais, obtendo tal popularidade que o blindou dos constantes desvios éticos de seu governo.

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