Arquivo

O prisioneiro que se nega a abandonar Guantánamo apesar de estar livre para sair

Muhammad Bawazir passou os últimos 14 anos de sua vida recluso na prisão norte-americana de Guantánamo, em Cuba. O número de detentos na prisão de Guantánamo caiu de 242 para 91 nos últimos sete anos, mas o centro continua em funcionamento Nesta semana, ele teve a chance de pegar um avião e abandonar o centro de detenção para sempre – como fizeram outros dois detentos – mas decidiu ficar. Esse iemenita de 35 anos recusou a oferta de recomeçar a vida em um país que havia aceitado acolhê-lo, pois não tinha parentes por lá. A decisão surpreendeu o advogado de Bawazir, John Chandler, que disse ter passado meses tentando convencê-lo a deixar o centro de detenção.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] O caso vem a público sete anos após o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter assinado uma ordem para fechar a prisão de Guantánamo. Muhammad Bawazir em foto do Departamento de Estado dos EUA divulgada pelo jornal New York Times e pela organização WikiLeaks A base é usada por autoridades americanas desde 2002 para conter suspeitos de terrorismo, e é alvo de campanhas de entidades de defesa de direitos humanos, por indícios de tortura e maus-tratos contra os presos. A ordem de Obama é de 22 de janeiro de 2009, mas a cadeia continua em funcionamento. “É cara, desnecessária e serve apenas como propaganda de recrutamento para nossos inimigos”, disse Obama no último dia 12, em seu discurso anual sobre o Estado da União. Problemas legais, oposição no Congresso e dificuldade em conseguir países para acolher os presos são fatores que impediram Obama de cumprir sua promessa. Apesar disso, o número de presos na base caiu nos últimos anos de 242 para 91 – número que hoje seria 90 se Bawazir não tivesse se recusado a subir no avião no último momento. Um preso teimoso Bawazir chegou a Guantánamo aos 21 anos, após ser preso no Afeganistão. Em 2008, ainda no governo George W. Bush (2001-2008), sua liberação foi aprovada, mas não pôde ser colocada em prática porque Washington se recusava a enviar prisioneiros ao Iêmen, temendo que alguns deles voltassem a representar ameaça aos EUA. Hoje, não é possível enviar detentos para lá porque o Iêmen está em meio a uma guerra civil. Nos 14 anos em Guantánamo, Bawazir protagonizou diversas greves de fome. Em uma delas, chegou a pesar 41 quilos, o que levou autoridades a alimentá-lo à força para evitar sua morte. “Ele está apavorado por ter que ir a um país onde não tem apoio garantido”, disse o advogado John Chandler ao explicar a decisão de seu cliente. Ele disse ter tentado por meses convencer Bawazir a aceitar a oferta, e que ele tinha concordado na noite de terça-feira – mas voltou atrás no dia seguinte. “Não sei explicar a lógica da posição dele. É simplesmente uma reação muito emocional de um homem que está preso há 14 anos.” Depressão O advogado afirmou que Bawazir estava deprimido e o comparou ao personagem do filme Um Sonho de Liberdade (1994) que não consegue acertar sua vida após passar muitos anos preso. Problemas legais, oposição no Congresso e dificuldade em fechar acordos diplomáticos impediram o fechamento da prisão. Image copyright Getty “Ele sempre foi muito sensível. Quando estava em greve de fome me disse: ‘Tudo que quero é morrer’. Ele não aguentava o lugar”, disse Chandler. As autoridades americanas não informaram o nome do país que aceitou acolher o prisioneiro, mas o advogado disse ser “um país que eu iria sem pensar duas vezes”. O desejo de Bawazir era viver em um local onde possui parentes, como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita ou Indonésia, mas aparentemente o governo dos EUA não conseguiu fechar acordo com esses países para que recebessem detentos de Guantánamo. Agora, diante da decisão, há dúvidas sobre o destino do prisioneiro. O advogado disse estar preocupado com a situação, sobretudo depois que Obama deixar a Casa Branca, no começo de 2017.

Leia mais »

Sete sugestões de visitas para a trupe de senadores liderada por Aécio

O PSDB é craque em vexames internacionais. Quando FHC era presidente da República e Celso Lafer nosso ministro das Relações Exteriores, o país tirou os sapatos para entrar nos EUA. O episódio deixou claro o quanto éramos subservientes e o quanto o governo não se dava ao respeito em nível internacional. Liderados pelo candidato derrotado à presidência Aécio Neves, o PSDB e seus aliados fizeram o país pagar outro mico. Alguns senadores foram à Venezuela denunciar que o país vizinho é uma “ditadura”. Desceram no aeroporto por uma porta, deram uma volta de van pela cidade, fizeram cara de sérios para sair no Jornal Nacional, e voltaram pela outra porta. E uma viagem custeada com dinheiro público. Este blogue, porém, achou que a iniciativa merece repeteco. E decidiu fazer uma lista de outros lugares pelo mundo para os senadores demo-tucanos visitarem. Mas dessa vez, detalhe, provavelmente não iriam aparecer no JN. 1 – Guantánamo: Os EUA mantêm em condições subhumanas e expostos a comprovadas sessões de tortura supostos prisioneiros de guerra sem que eles tenham direito à defesa. O governo estadunidense se recusa a tratar o assunto de forma democrática e já sofreu pressão internacional até mesmo do Vaticano, que pediu uma “solução humanitária adequada”. Nunca Aécio ou o PSDB foram aos EUA pressionar Clinton, Bush, Obama ou quem quer que seja. 2 – Palestina: com os territórios de Gaza e da Cisjordânia ocupados desde 1967, o povo palestino sofre com a restrição de direitos básicos e milhares de pessoas e crianças já foram assassinados neste período. A chacina choca a comunidade internacional e Aécio nunca fez um discurso condenando o fato. Sequer postou um tuíte em solidariedade quando a mais sangrenta operação militar israelense na última década deixou 2.205 palestinos mortos. 3 – Síria: Hoje é na Síria que se vive uma das catástrofes humanas mais eloquentes. Calcula-se em 4 milhões o número de pessoas que fogem ou fugiram do país numa guerra que foi insuflada pela chamada comunidade internacional. Ao invés de tentar buscar soluções para isso, a Europa deixa que as pessoas se afoguem no Mediterrâneo. Aécio e sua trupe poderiam ir para os portos da Itália e pressionar os países europeus a darem tratamento humanitário àqueles seres humanos. 4 – Haiti: O país que já era um dos mais pobres do continente foi arrasado por um grande terremoto em 2010 e hoje busca quase sem apoio nenhum sua reconstrução. Ao invés de buscar soluções e fazer, inclusive, as críticas que o governo brasileiro merece neste caso por integrar as tropas de paz da ONU que estão no país, a trupe de senadores faz coro e recebe para o diálogo os líderes do Revoltados on Line que recentemente agrediram um haitiano que trabalhava num posto de gasolina de Canoas, Rio Grande do Sul. A agressão não mereceu uma menção sequer do dileto senador tucano. 5 – Egito: Já que o problema de Aécio e sua trupe é com a falta de democracia na Venezuela, o Egito seria um lugar perfeito para a visita. O país viveu um golpe de Estado e centenas de pessoas que atuavam no então governo eleito ou estão condenadas à morte ou foram executadas. Entre elas, o ex-presidente Mohamed Mursi. Seria o caso de Aécio e seus amigos irem à Praça Tahir e pedir o fim do golpe. 6 – México: 43 estudantes foram assassinados na cidade de Ayotzinapa em setembro de 2014, num dos atos mais bárbaros de que se tem notícia no continente. As investigações estão sendo realizadas sem nenhum tipo de seriedade e as punições provavelmente não ocorrerão. O país, aliás, tem 26 mil cidadãos desaparecidos, segundo registros oficiais. Qual foi a ação da trupe de Aécio neste episódio? 7 – Periferia de SP: O Brasil é um dos países onde se mata mais jovens no mundo. Boa parte deles são negros e pobres, moram nas periferias das grandes cidades, em especial de São Paulo, e são executados pela polícia. Como se trata de um estado governado pelo PSDB, seria altamente eficiente um protesto do grupo de Aécio, até porque ele também conta com o senador Aloysio Nunes. Mas até hoje nem um post em rede social sequer sobre o tema. Ao contrário, a trupe de Aécio quer diminuir a maioridade penal para colocar mais jovens na cadeia. Como a Globo não acompanharia essas visitas, a Fórum se compromete a fazê-lo. A Venezuela tem seus problemas, mas querer transformar o país no centro dos problemas do mundo é muita patetice até para a trupe do Aécio. Blog do Rovai

Leia mais »

Guantánamo: a pedra no sapato da democracia norteamericana

O tempo passa, mas os Gulags permanecem. O Editor Novos documentos esquentam debate sobre Guantánamo Tanto defensores quanto opositores do fechamento da prisão militar americana na Baía de Guantánamo, em Cuba, dizem ter encontrado novos argumentos para justificar suas opiniões a partir da divulgação, nesta semana, de um pacote de mais de 700 documentos secretos sobre o centro de detenção. Apesar de a discussão sobre Guantánamo ser antiga e de os abusos cometidos na prisão já terem sido amplamente divulgados, os documentos obtidos pelo site Wikileaks e publicados pela imprensa trazem novos detalhes sobre os detentos e os métodos usados pelo governo americano para decidir sobre sua culpa ou inocência. A Casa Branca se apressou em condenar a divulgação e em esclarecer que as conclusões sobre os detentos contidas nesses papéis – que cobrem o período de fevereiro de 2002 a janeiro de 2009, durante o mandato de George W. Bush – não necessariamente refletem a avaliação do atual governo. Mas assim que os documentos começaram a ser publicados, o debate sobre o fechamento da prisão – prometido por Barack Obama ainda durante a campanha mas até agora sem perspectivas de ser concretizado – voltou com força na imprensa americana. Aqueles que pedem o fechamento de Guantánamo ressaltam o fato de os documentos revelarem que dezenas de inocentes ficaram anos presos, muitas vezes submetidos a tortura e abusos, sem que nada fosse provado contra eles. Quem é contra, porém, chama a atenção para o fato de os documentos mostrarem que muitos prisioneiros libertados por parecerem “inofensivos” acabaram envolvidos mais tarde em atividades consideradas terroristas e atos contra os Estados Unidos. Enquanto o debate ganha fôlego, o governo americano ainda mantém 172 homens presos em Guantánamo e em breve vai retomar os julgamentos militares na prisão. Alessandra Correa/BBC [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

Leia mais »

Barack Obama ordena o fim das atividades em Guantánamo

O xodó da mídia mundial, o afro americano presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cumpre a primeira promessa de campanha. Obama assina ordem para fechar a prisão de Guantánamo em um ano e acabar com tortura O novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou nesta quinta-feira uma ordem executiva determinando o fechamento da prisão de Guantánamo no prazo de um ano. Obama também exigiu a suspensão de interrogatórios violentos contra suspeitos de terrorismo, nos quais autoridades dos EUA já admitiram o uso de tortura. Segundo o “New York Times”, o presidente também ordenou o fechamento de prisões secretas da CIA (agência central de inteligência americana) que ainda estejam em funcionamento. ” Nós vamos fazer isso efetivamente e de maneira coerente com nossos valores e ideais. – A mensagem que estamos mandando para o mundo é de os Estados Unidos pretendem persistir na luta em andamento contra a violência e o terrorismo e nós vamos fazer isso de modo vigilante – disse Obama na cerimônia no Salão Oval da Casa Branca em que assinou a ordem executiva. – Nós vamos fazer isso efetivamente e de maneira coerente com nossos valores e ideais.” Obama já pediu, em seu primeiro dia de governo, a suspensão dos julgamentos em Guantánamo por 120 dias , e foi atendido por juízes militares. A ordem assinada nesta quinta inclui, segundo o “NYT”, a revisão imediata da situação dos 245 prisioneiros que ainda estão na base militar americana em Cuba. Será necessário determinar se eles serão transferidos, soltos ou se enfrentarão processos judiciais. ( Presidente despacha no Salão Oval pela primeira vez ) O jornal afirma, entretanto, que as ordens executivas ainda deixarão questões complexas sem solução. Entre elas, onde e quantos prisioneiros de Guantánamo serão julgados. ( Veja as imagens do segundo dia de Obama na Casa Branca ) A medida, segundo o “NYT”, não impedirá Obama de restabelecer os procedimentos de detenção e interrogatório de suspeitos de terrorismo no futuro. Alguns argumentam que as políticas de Bush podem vir a ser necessárias caso Osama bin Laden ou outros líderes da Al-Qaeda sejam presos. Parentes de vítimas do 11 de Setembro criticam; europeus elogiam. A promessa de Obama de ordenar o fechamento da prisão de Guantánamo já havia causado polêmica. Alguns parentes das vítimas do 11 de Setembro estavam consternados com a ordem de suspensão dos processos contra acusados de terrorismo que estão detidos na prisão em Cuba. Eles acreditam que os processos de comissões militares já existentes são justos e que Guantánamo fica em uma localização segura para manter os suspeitos de terrorismo. Grupos de direitos humanos, no entanto, ficaram satisfeitos com a notícia. Aliados europeus dos EUA, que há muito tempo se preocupam com Guantánamo, elogiaram a ação de Obama. Alguns, incluindo Portugal e Alemanha, já disseeram que vão ajudar a fechar a prisão. A prisão de Guantánamo foi aberta em 2002, como parte da “guerra contra o terrorismo” iniciada pelo governo de George W. Bush depois dos atentados de Nova York e Washington. Os tribunais de exceção foram criados em 2006 e atualmente são responsáveis por 21 casos, 14 deles já atribuídos a um juiz, em um total de 245 detentos, de acordo com dados do Pentágono. O Globo Online

Leia mais »