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Eleições 2014: Serra avalia concorrer por outro partido político.

Queixando-se de isolamento dentro do PSDB, o ex-governador José Serra avalia com apoiadores sair da sigla para viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2014. Segundo aliados, ele ainda não desistiu do sonho de chegar ao Palácio do Planalto, nem que para isso tenha de se filiar a outro partido.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Apesar das dificuldades operacionais, não foi descartada a fundação de uma nova sigla, a exemplo do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. A hipótese de mudança foi objeto de discussão nos últimos dois meses, após derrota de Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Dentro do PSDB, o nome mais forte hoje para disputar a Presidência é o do senador Aécio Neves (MG), que é rival de Serra internamente. Alguns serristas, porém, aconselham o tucano a permanecer na sigla e disputar a indicação com Aécio. PRAZOS Uma possível filiação de Serra a outro partido teria que acontecer até outubro –um ano antes das eleições. Hoje, no entanto, o único abrigo disponível seria o diminuto PPS (13ª bancada da Câmara). Ainda assim, Serra enfrentaria resistência da ala que defende aproximação com Dilma Rousseff. Presidente nacional do PPS, Roberto Freire (SP) conta que, desde o ano passado, discute com Serra o projeto de criação de um outro partido. “Poderíamos criar uma nova sigla. Isso foi conversado com Serra”, admite Freire, reconhecendo que a disputa pela Presidência ainda está em seu horizonte. “Serra continua ativo.” Editoria de Arte/Folhapress Já neste ano, após passar as festas do fim de ano na Bahia, Serra recebeu Freire para uma análise do cenário nacional. Para Freire, é desnecessário discutir a mudança agora. “Enquanto ele não decidir efetivamente [se é candidato], não adianta.” Ainda segundo tucanos, Serra avisa que vai submergir até depois do Carnaval. Um de seus principais apoiadores –que foi seu vice no governo de São Paulo–, Alberto Goldman afirma que ele só deverá tomar uma decisão depois de maio, mês em que ocorrerá a eleição da nova Direção Nacional do PSDB. Caso seu grupo saia enfraquecido da disputa, aumentam as chances de ele abandonar a legenda. Segundo Goldman, a troca de partido já foi discutida. Mas ele “espera passar o tempo”. “Serra não pendurou as chuteiras. Está ouvindo os aliados”, diz Goldman. “Serra ainda não verbaliza. O fato é que ele está amadurecendo. Teve 45% dos votos, tem capital”, acrescenta. A hipótese de mudança não conta, porém, com adesão de todos os serristas. Aliados dizem não haver sigla com estrutura suficiente para uma campanha à Presidência nem tempo hábil para a criação de uma nova. O ideal, argumentam, é que Serra tente se fortalecer dentro do PSDB como alternativa a Aécio. A Folha não conseguiu falar ontem com o ex-governador, que é fundador do PSDB. Catia Seabra/Folha  de S.Paulo

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Eleições 2014: PT e PSDB. Novamente!

É cômico, e como tal, também é apropriado à tragédia. Desde há vinte anos que PT e PSDB fingem que se opõem, e com essa farsa impedem o surgimento de outras opções. Marina Silva, entendo, foi somente um lampejo, inocente, para fingir uma disputa não polarizada entre emplumados e estrelados. Reforça a velha, e sempre atual máxima – apropriada de Lampedusa – do cinismo político, entenda-se politicalha, segundo a qual “é preciso que tudo mude para que tudo permaneça igual”! Alguns sinais: Aécinho “Ipanema” Neves, defende uma aliança do PSDB com o PT em torno de um projeto comum para o país que, no seu entender, poderia ser concretizado ‘a médio’ prazo’. Aécinho “Ipanema” Neves, diz que ‘a aliança PSDB e DEM, não é uma camisa de força’. CQD O Editor PT e PSDB a Caminho de 2014 Enquanto alguns se encantam com as movimentações de Kassab e seus correligionários, achando que representam um “fato novo” relevante no jogo político nacional, o sistema permanece onde sempre esteve. Há 20 anos, não muda (mais tempo que durou a República de 1945 inteira). Desde a crise do governo Collor e a posse de Itamar, a vida política nacional se bipolarizou. De um lado, o PT (e seus satélites), de outro, o PSDB (também com legendas orbitando em seu torno). No restante, lideranças e partidos que avaliam com qual dos dois ficará o poder, a fim de decidir com quem estarão. Um dia, será com um, amanhã, com o outro. (Sem esquecer da extrema esquerda, que será sempre contra tudo e todos). Esse modelo é tão sólido que, nem bem começou o governo Dilma, já se discute qual será o candidato petista e qual o tucano que se enfrentarão em 2014. Há, até, quem faça a mesma pergunta a respeito das eleições de 2018, acreditando que a bipolarização atual chegará aos 30 anos, na hora em que o sucessor do sucessor de Dilma terminar seu mandato. Nas duas últimas eleições presidenciais, essa tendência se acentuou. Em 2006, Lula e Alckmin dividiram mais de 90% dos votos no primeiro turno. Em 2010, Dilma e Serra somaram quase 80%, apesar do “fenômeno Marina”. Ou seja, mesmo havendo a eleição em dois turnos – que deveria encorajar os partidos a lançar candidatos e deixar as composições para o segundo turno -, a bipolarização está se consolidando. Não parece impossível que, nas próximas, surjam terceiras e quartas vias, mas nada indica que as chances sejam altas. Qualquer um vê que o governador Eduardo Campos, por exemplo, tem potencial para uma candidatura presidencial logo em 2014. Mas poucos apostariam nela, pois ele mesmo e seus companheiros de PSB dão mostras de preferir continuar ao lado do PT até o final do governo Dilma – hipótese que seria inviabilizada se tivessem candidato próprio. No máximo, pensa-se em seu nome como opção (desejável por todos, incluindo o PSDB) para a Vice-Presidência. O paradoxo desse cenário é que ele existe apenas no topo do sistema político, sem correspondência efetiva em suas bases e níveis intermediários. Fora da escolha do presidente da República, continuamos a ter um sistema partidário multifacetado, com mais de 20 partidos representados na Câmara (hoje, talvez um pouco menos, pois algumas dessas legendas – as menos significativas – foram esvaziadas pelo PSD). No Legislativo federal, PT e PSDB têm o mesmo tamanho: juntos, elegeram141 deputados em 2010 (27% de 513) e somam 23 senadores (28% de 81). Nos estados, números semelhantes: têm 8 governadores (29% de 27) e 272 deputados estaduais e distritais (25% de 1059). Ou seja, partidos que representam algo perto de um quarto do eleitorado nas eleições legislativas e estaduais, capitanearam as cinco últimas eleições presidenciais e parece que continuarão a polarizar as futuras (até onde conseguimos enxergar). Para 2014, a estratégia do PT é clara: fazer o que estiver a seu alcance para que o governo Dilma seja bem-sucedido. Isso não significa que inexistam tensões e até conflitos na relação entre a presidente e o partido. O Planalto não vai fazer, sempre, tudo que seus líderes e integrantes desejam, e esses não responderão com obediência a cada orientação que vier de lá. Mas, como vimos na sucessão de Lula, chega uma hora em que o PT se ajeita. E vai se acertar, de novo, quando a eleição se avizinhar. Não há nada que um partido que está no poder possa fazer além disso. Quem quer que seja seu candidato, terá que justificar o governo. Se as coisas continuarem a andar bem no país, será fácil. Se não, menos, mas a explicação e a defesa do trabalho feito são inescapáveis. Importa pouco, para esta discussão, se Dilma será a candidata ou se Lula vai voltar. Quem a conhece calcula que ela participará da decisão de forma racional, ponderando o que é mais vantajoso para o partido no médio e longo prazo. O mesmo deverá fazer o ex-presidente. Isso, em outras palavras, quer dizer que a eleição de 2014 não começou para o PT: não precisa formular uma agenda e pode deixar a definição de sua candidatura para quando considerar oportuno. No PSDB, as coisas são mais complicadas. Para convencer o eleitorado de que é preciso mudar, é necessário dizer como e em quê. E mostrar-se minimamente coeso, com uma liderança que expresse essa plataforma. Hoje, os tucanos estão presos à sua eterna discussão de “resgatar o governo FHC”, como se não valorizá-lo fosse o motivo dos insucessos recentes. E continuam sem definir o rosto que terão. Para eles, a eleição já começou. Só que não sabem o que fazer. Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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Líder do DEM compara presidente do TSE a dançarina do ‘É o Tchan’

Demóstenes vê em Lewandowski dançarina do Tchan. Presidente e líder do DEM, os senadores José Agripino Maia e Demóstenes Torres acompanharam cada segundo da sessão noturna do TSE, que iniciou o julgamento do pedido de registro do PSD de Gilberto Kassab. Os dois estranharam o teor do voto da relatora, ministra Nancy Andrigui, que ignorou resolução do próprio TSE ao certificar as assinaturas de apoiadores do novo partido, nascido de uma dissidência do DEM. Mostraram-se especialmente surpresos com o comportamento do presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowiski. “Foi a primeira vez que eu vi um ministro de tribunal voltar aos tempos de advogado para defender abertamente a criação de um partido”, disse Demóstenes. Sem meias palavras, ele acrescentou: “O Lewandowski fez lembrar seus tempos de advogado de sindicato. Ele pode cobrar honorários do Kassab.” Em conversa com o blog, Demóstenes criou uma analogia para facilitar o entendimento do modo como viu a sessão que inaugurou a análise do papelório do PSD. Ele enxergou o plenário do TSE como o antigo grupo musical ‘É o Tchan’, aquele conjunto de axé em que a bailarina loira rivalizava com a dançarina morena.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Pense em Ricardo Lewandowski como uma das bailarinas e no ministro Marco Aurélio Mello como a outra, os dois se odiando. Foi assim que Demóstenes viu a sessão: “Todo mundo que assitiu pela TV Justiça teve a oportunidade de ver o Lewandowski dançando na boquinha da garrafa e o Marco Aurélio se esforçando para segurar o Tchan.” Referia-se ao debate que opôs Lewandowski a Marco Aurélio. O primeiro tentando apressar o registro do PSD. O outro defendendo o respeito ao rito processual do TSE. Demóstenes soou irônico também ao referir-se à relatora Nancy Andrigui. Disse que a ministra almeja ser nomeada para o STF, na vaga da aposentada Ellen Gracie. Daí, segundo ele, a “matemática” que levou Nancy a computar como legítimas rubricas de apoiadores do neogovernista PSD sem a necessária conferência dos TREs. Demóstenes fez troça: “Em matéria de matemática, a ministra revelou-se adepta das cartilhas do MEC.” Agripino e Demóstenes ainda ruminam a expectativa de que o TSE negue o registro reinvidicado pelo PSD. O DEM é um dos partidos que tentam impugnar no TSE a criação da nova agremiação. A legenda presidida por Agripino e liderada no Senado por Demóstenes ainda abriga em seus quadros, além de Kassab, 17 congressistas do futuro PSD. É gente que, embora já tenha feito as malas, aguarda pela certidão de nascimento do TSE para completar a mudança. blog Josias de Souza

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A canoa das alianças de Dona Dilma

Em meio a “Jâniana” vassourada promovida por D. Dilma, a direção nacional do PT resolveu ficar de olho, e grande, nas alianças para as eleições municipais do ano que vem. Petistas avermelhados de vergonha procuram avaliar a conveniência de coligações não só com partidos de oposição ao governo, mas de aliados. O PR serve de referência para essa tomada de atitude. Um dirigente petista, sempre em off, revela a necessidade de “examinar” possíveis “circunstâncias negativas” nas alianças locais com partidos que integram a tal abstrata base de sustentação do governo, na realidade um desavergonhado balcão de negociatas. O Editor Foi a solidez da aliança da presidente Dilma Rousseff com o PMDB que derrubou Wagner Rossi da Agricultura e não o inverso. A carta do ex-ministro é cristalina. Vai no sentido oposto ao discurso com que o ex-ministro Alfredo Nascimento reassumiu sua cadeira no Senado. Enquanto o senador pelo PR acusou a presidente de abandoná-lo, Rossi isenta Dilma, a quem chama de “querida presidente”, de qualquer responsabilidade sobre sua saída, e faz votos por seu sucesso. Ao atribuir o desgaste aos interesses prejudicados pelas perspectivas eleitorais do PMDB em São Paulo o ex-ministro dá a exata medida da importância que o partido confere à aliança federal. A onda de denúncias contra si teria partido de quem não mais poderá “colocar o PMDB a reboque de seus desígnios” nas eleições paulistas. Mais do que as digitais insinuadas por Rossi, o que importa em sua declaração é a disposição do PMDB em manter uma aliança a salvo do assédio oposicionista. Desde que Orestes Quércia (1938-2010) candidatou-se pela última vez ao governo paulista em 1998, o PMDB tem sido sigla auxiliar dos tucanos no Estado como seu principal fornecedor de vices em eleições majoritárias. Com a morte de Quércia e a assunção de Temer ao comando do PMDB local, o partido resolveu ensaiar carreira solo com a candidatura do deputado federal Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo. Leiloada por petistas, Dilma é paparicada no Bandeirantes Como se trata de uma candidatura pemedebista, não poderia deixar de ter duas âncoras – o PT, com quem o partido já fez acordo de apoio mútuo no segundo turno, e a banda Geraldo Alckmin do PSDB, a quem Chalita deve sua ascensão na política paulista e com quem mantém relações estreitas.[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo] Se Chalita enfrentar o ex-governador José Serra em 2012 na capital paulistana levará Alckmin a ter um amigo e um correligionário em campos opostos – situação ainda mais confortável do que a de Serra em 2008 quando, na condição de governador, assistiu Gilberto Kassab e Alckmin se confrontarem pela prefeitura paulistana. A desenvoltura do PMDB no Estado não está restrita à capital. Em entrevista a Vandson Lima, do Valor, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz (PSDB), apostou que o PMDB é a legenda que mais vai crescer no Estado em 2012. No partido que rebocou o PMDB paulista até aqui quem menos tem a ganhar com a desenvoltura dos aliados de Temer é Serra – o que não é suficiente para assegurar veracidade às insinuações feitas por Rossi. Ao sugerir que Serra é o pauteiro de sua demissão, o ex-ministro, além de ignorar seus próprios malfeitos, talvez tenha superdimensionado a capacidade de o ex-governador encontrar ressonância depois de uma campanha em que destroçou seu capital político. Tão ou mais eloquente que a sinuca eleitoral montada pelo PMDB paulista para os não alckmistas do PSDB é o feitio que vem adquirindo a gestão do governador em São Paulo. Poucos aliados da presidente no PT têm aderido de maneira tão incondicional aos programas federais quanto Alckmin. A acolhida que deu ontem a Dilma, com direito a abraço do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à entrada do Palácio dos Bandeirantes, foi apenas a parte mais visível dessa aproximação. Já no primeiro mês de governo Alckmin anunciou sua adesão às metas para acabar com a miséria. Depois promoveu a unificação dos programas sociais do Estado, tal como ocorreu no governo petista. Os programas de transferência de renda que haviam sido desidratados na gestão José Serra ganharam nova musculatura. Na educação, além de voltar atrás na política de bonificação dos professores por meta de desempenho, severamente criticada pelos petistas do setor, Alckmin também criou um programa de bolsa para universitários inspirado no Prouni. De uma só tacada aproximou-se de Dilma e afastou-se de Serra. A contrapartida da bolsa é a participação do estudante em atividades de fim de semana nas escolas públicas. O programa que as mantinha abertas sete dias por semana havia sido descontinuado por seu antecessor. Na habitação, Alckmin também enviou um projeto à Assembleia Legislativa que concede benefícios fiscais às construtoras contratadas pela estatal paulista do setor, a CDHU, a exemplo do que já faz o Minha Casa Minha Vida. No plano plurianual que acaba de apresentar, Alckmin resolveu incorporar o Índice de Responsabilidade Social. Criado pela Assembleia há 11 anos para mensurar os avanços alcançados pelo poder público na promoção do bem estar social, o índice atravessou dois governos de Alckmin sem que a gestão estadual lhe prestasse atenção. Foi a rota de aproximação com Dilma que levou o governador a resgatá-lo. O PPA também mantém a agressiva política de investimentos anunciada por Alckmin no início de seu governo. Justiça lhe seja feita, foi Serra quem ousou na expansão dos investimentos com o acordo, selado com Lula, que permitiu ampliar a margem de endividamento do Estado. Alckmin vai se beneficiar do acordo feito por seu antecessor para continuar a expandir o transporte metropolitano, marca do governo Serra, e aderir a bandeiras dilmistas, como o investimento no estádio do Corinthians e o trem bala. A acolhida calorosa que Dilma teve no Bandeirantes somada ao enfático apoio do PSD de Kassab contrasta com as manifestações petistas da semana. O ministro Paulo Bernardo, que tem 100% de seu orçamento familiar na folha de pagamentos do primeiro escalão federal, disse ao repórter Fernando Rodrigues (”Folha de São Paulo”) que a presidente, “se estiver bem”,

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Eleições 2014: PT e PSDB começam o jogo

PT e PSDB armam tabuleiro de 2014 Raymundo Costa ¹/VALOR PT e PSDB antecipam largada para 2012. Lula articula palanques até 2014; tucanos tentam tirar Serra da disputa presidencial. PT e PSDB anteciparam a largada às eleições municipais de 2012. O centro da disputa é o território de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, portanto, decisivo na eleição para presidente de 2014. A rigor, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, queimou a largada ao decidir fundar o PSD. Mas a partida valeu, a corrida seguiu e PT e PSDB entraram na pista com disposição de início de campanha. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta repetir a mesma fórmula que o levou a eleger a presidente Dilma Rousseff. Seu candidato é o ministro da Educação, Fernando Haddad, um técnico que nunca antes disputou eleição, como Dilma, e que assim como a atual presidente, à época, também acumula polêmicas. Nessa lista estão os fiascos do Enem, as cartilhas com erros de português e o “kit gay”, como foi batizado no Congresso o pacote contra a homofobia. Tucanos forçam Serra em SP para dar passagem a Aécio. Na campanha de 2010, como se recorda, Dilma foi acusada de defender o desenvolvimento a qualquer custo (meio ambiente) e a legalização do aborto, assunto que contaminou o segundo turno da eleição presidencial. E assim como Dilma, o ministro Haddad é um nome técnico de fora do aparelho petista, tem bom relacionamento com Lula e é digerível por boa parte da classe média paulistana.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Lula articula as principais candidaturas para 2012 tendo em vista as alianças com os outros partidos. O ex-presidente costuma lembrar que somente venceu em 2002, após três tentativas, ao ampliar o leque de alianças do PT juntando-se ao PL do empresário e depois vice José Alencar, morto em março passado. No que se refere a São Paulo, Haddad leva vantagens diversas em relação aos outros pretendentes do PT, sob o ponto de vista de Lula. Em primeiro lugar, é uma novidade. Apesar das polêmicas em que esteve envolvido, deve capturar o eleitorado histórico do PT na capital. E tem espaço para crescer, sobretudo com o apoio que Lula costuma dar a seus “candidatos do peito”, como ficou demonstrado nas eleições do ano passado. Se Haddad ganhar, o PT terá aberto uma brecha na muralha da cidadela tucana em São Paulo – Kassab não é do PSDB, mas é ligado e fiel ao tucano José Serra. Na hipótese de Haddad perder, é certo que Lula não terá dificuldade para conseguir seu apoio para o eventual candidato do PMDB, Gabriel Chalita, se ele for um dos dois candidatos no segundo turno. Algo que seria difícil de tirar de Marta Suplicy – que é pré-candidata – ou Aloizio Mercadante, atual ministro da Ciência e Tecnologia, também potencial candidato à indicação. Lula joga com as alianças de 2012 tendo em vista a disputa de 2014. Vitória na eleição na capital de São Paulo é uma variável que não se discute na equação eleitoral do PSDB, pelo menos por enquanto. A discussão entre grande parte dos tucanos é outra: como fazer José Serra decidir logo se é ou não candidato a prefeito de São Paulo. A decisão de Serra é importante para Aécio Neves e seus correligionários resolverem o encaminhamento da candidatura presidencial do mineiro. É nesse contexto que deve ser entendida a proposta de realização de prévias para a escolha do candidato do PSDB a prefeito, de preferência até dezembro deste ano. Isso forçaria Serra a uma decisão já. Na hipótese de ele ser candidato, Aécio teria a segurança de contar com o caminho livre para começar a trabalhar sua candidatura para 2014, sem receio de que alguém possa lhe tirar a bola no meio do jogo. Serra já disse que não será candidato a prefeito. Em particular, afirma que não disputaria de novo nem que esta fosse a última eleição de sua vida – só não diz o mesmo publicamente para não “ofender” os paulistanos, insinuando algum tipo de menosprezo pela prefeitura. Mas os adversários do tucano paulista ou não acreditam que ele consiga ficar sem um cargo até 2014 ou acham que podem convencê-lo com o argumento de que é a única alternativa viável do PSDB, sob pena de a sigla começar a desmoronar em São Paulo. Por trás desse argumento, está o mesmo raciocínio defendido na convenção que elegeu os novos dirigentes tucanos, no final de maio, segundo o qual o PSDB deveria escolher logo o candidato a presidente. Para Serra, não interessa decidir nada agora. O tempo joga a seu favor, ao contrário do que ocorreu nas duas vezes em que disputou a Presidência da República, quando teve de deixar os cargos que então ocupava (ministro da Saúde e governador de São Paulo) no início de 2002 e de 2010. O tempo está a favor até em relação à prefeitura de São Paulo: Serra não precisará dizer se é ou não candidato no início de maio de 2012, prazo para a desincompatibilização de pré-candidatos que tiverem cargos executivos. Um exemplo: o secretário de Energia, José Aníbal. No limite, Serra pode até deixar a decisão para o final de junho de 2012. A exemplo de um número cada vez maior da chamada elite política do Congresso, independentemente de partido, José Serra também supõe que o candidato do PT, nas eleições de 2014, será o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste cenário, talvez o PSDB se convença de que o candidato ideal é o próprio Serra – o contraponto de Lula no partido.. A tese segundo a qual Aécio deveria disputar com Lula em 2014 para encorpar uma recandidatura em 2018 enfrenta problemas. O próprio Aécio tem dificuldades para enfrentar Lula, com o qual manteve excelente relacionamento no governo. Além disso, a concorrência para daqui a sete anos deve ser maior. Sem falar do PT, cujo candidato deve ser Lula (para a eleição ou para a reeleição), o PMDB, por exemplo, contará com o

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Internet: Grupo de hackers divulga supostos dados pessoais de Dilma e Kassab

Ataques do grupo impediram o acesso a sites como o da Presidência do Brasil O grupo de hackers LulzSecBrazil postou em sua conta no Twitter um link para um arquivo com supostos dados pessoais da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O LulzSecBrazil é o braço brasileiro do grupo coletivo internacional Lulz Security, que vem ganhando notoriedade por ataques recentes aos servidores da CIA (agência de inteligência americana), do FBI (polícia federal americana), do serviço público de saúde britânico, o NHS, da empresa Sony e das TV americanas Fox e PBS. Nesta quarta-feira, o LulzSecBrazil foi responsabilizado por ataques que deixaram fora do ar os sites da Presidência do Brasil, da Receita Federal e da Petrobras. O arquivo com os dados de Dilma e Kassab trazem informações como números do CPF e do PIS, data de nascimento, telefones, signo, nome da mãe (no caso do prefeito) e e-mails pessoais (também só no caso de Kassab). Muitas dessas informações são públicas e constam, por exemplo, da prestação de contas dos mandatários durante as campanhas eleitorais. As informações relativas a Dilma a vinculam à Petrobras, o que poderia sugerir que as informações foram coletadas quando ela fazia parte do Conselho de Administração da empresa, do qual saiu no início do ano passado, antes do lançamento de sua campanha à Presidência.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Senhas e logins O LulzSecBrazil disponibilizou também outros dois aquivos – um deles com supostos caminhos para o recebimento de e-mails pessoais de funcionários da Petrobras e outro com supostas senhas e logins de acesso a áreas restritas do site do Ministério do Esporte. Comentários em blogs de tecnologia afirmam que a publicação teria sido uma resposta do LulzSecBrazil ao Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados, o órgão responsável pelos principais sistemas informáticos do governo federal), que afirmou que o grupo não havia tido acesso a dados sigilosos durante os ataques. O coordenador de comunicação social do Serpro, Carlos Marcos Torres, reafirmou à BBC Brasil que nenhum dos sites administrados pelo órgão sofreu invasão que pudesse expor dados sigilosos do governo ou de cidadãos. Segundo ele, os ataques do grupo de hackers apenas derrubou o acesso aos sites ao simular um grande número de acessos, sobrecarregando a rede. “Não houve uma invasão ao sistema, não quebraram os sistemas de segurança”, disse. Torres afirmou que o acesso indevido a dados sigilosos do governo abrigados nos sistemas do Serpro é “praticamente impossível”. Segundo ele, os dados postados pelo LulzSecBrazil podem ter sido tomados de fontes abertas na internet ou em outros meios. A assessoria de imprensa da Petrobras também afirmou que não houve invasão aos dados sigilosos da empresa e que o ataque do grupo de hackers apenas provocou lentidão no acesso ao site da companhia. A Petrobras disse desconhecer a lista publicada pelo grupo, mas reafirmou que nenhum dado foi acessado de forma indevida em seus sistemas e disse que o ataque não causou nenhuma aletração de conteúdo ou dano de informações disponíveis no site da empresa. A BBC Brasil não conseguiu o contato com representantes do Ministério do Esporte para comentar o assunto durante a madrugada desta quinta-feira. Relevância Em vários comentários postados em blogs sobre tecnologia que divulgaram a postagem dos supostos dados sigilosos, internautas questionam a relevância dos dados publicados pelo LulzSecBrazil. “Tem que ser muito, muito burro para achar que esses dados aí têm alguma importância e sigilo”, diz um usuário identificado como JustinBieberPCGamer no site www.gamevicio.com.br. “Engraçado vai ser quando começarem a entrar em cana, aí que vai começar a invasão de verdade”, complementa. Outro usuário, identificado como onyimiuji, afirma que o grupo “não realizou um ataque efetivo”, mas “simplesmente congestionaram o tráfego de informações”. “Esses arquivos só mostram coisas que já estão disponíveis e outras que não possuem a mínima relevância. O método deles pode ser eficiente para derrubar sites, mas ainda não tivemos uma prova cracker (hackers que conseguem romper barreiras de segurança de sistemas) deles”, diz. Um comentário postado no site blog.corujadeti.com.br afirma que “o objetivo do grupo hacker é demonstrar que o governo precisa e rápido reforçar as suas defesas, mas convenhamos que ter informações confidenciais providas pelas coletas da Receita Federal e do INSS é coisa antiga” . “Exemplo disso foram as diversas reportagens feitas na Praça da Sé, em São Paulo, que demonstraram que com menos de R$ 100 é possível comprar DVDs e CDs que possuem dados de milhões de contribuintes. CPF, RG, Endereço completo, filiação são alguns dos dados que constam nestes CDs e DVDs”, observa o comentário. BBC Brasil

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Marco Maciel e a engenharia de trânsito

Brasil: da série “O tamanho do Buraco”! Não há escapatória, Tupiniquins. De onde menos se espera é que não vem nada mesmo, que não seja com odor se sarjeta. Agora é a vez do longilíneo, “ex-tudo”, Marco Maciel, derrotado à reeleição ao senado, e que trafega no poder desde Cabral, mas está sempre em alguma boquinha, comendo as migalhas do poder. Aliás, talvez seja mesmo por essa capacidade de trafegar pelas amplas avenidas do nepotismo, é que o prefeito Kassab — Gilberto Kassab usa a prefeitura para homenagear políticos de outros estados, e a paulicéia desvairada paga a conta — tenha nomeado o derrotado Marco Maciel para conselheiro da Companhia de Engenharia de Tráfego e da SPTuris. Mais que o mimetismo ideológico o que mais me impressiona é a capacidade “técnica” dos políticos brasileiros. Dormem, por exemplo, fazendeiros, e acordam especialistas em energia nuclear, para daí a pouco se revelarem especialistas em varicocele dos nativos da Bora-Bora. O Editor O mimetismo ideológico dos políticos brasileiros. PS. Informa o colunista Ilimar Franco do O Globo: O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), e o líder na Câmara, ACM Neto (BA), estão chocados com o ex-senador Marco Maciel (PE), que aceitou integrar dois conselhos de órgãos ligados à prefeitura de São Paulo. Ocorre que Maciel é presidente do Conselho Político do DEM, e Kassab, o principal articulador do PSD. José Agripino e ACM Neto fizeram um pacto de silêncio e só vão se manifestar após ouvir as explicações de Maciel. Marco Maciel pisou na bola Do ex-senador Marco Maciel (DEM-PE) sempre se disse que era o vice ideal para qualquer presidente da República. Conquistou a fama durante os oito anos em que foi vice de Fernando Henrique Cardoso. Ajudou-o em tudo o que pode sem cobiçar-lhe o cargo. De Maciel, antes e depois de ser vice, sempre também se disse que era dono de uma folha corrida imaculada. Político de formação conservadora, ocupante de cargos de relevo durante o regime militar de 64, dele se afastou somente no fim. Mas seu nome jamais figurou em episódios que pusessem em xeque sua honra pessoal. Nem mesmo de leve ou de forma indireta.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Nada há de ilegal no fato de Maciel ter sido agora nomeado pelo prefeito Gilberto Kassab para o cargo de conselheiro da Companhia de Engenharia de Tráfego e da SPTuris, empresas que cuidam do trânsito em São Paulo. Participará de suas reuniões mensais. Embolsará R$ 12 mil. É razoável, contudo, que se ponha em dúvida o valor da contribuição que Maciel poderá dar para a melhoria do trânsito na maior cidade do país. Ele não é especialista em trânsito. Os anais do Congresso não registram discursos nem projetos de Maciel com idéias originais sobre o trânsito em São Paulo ou fora dali. A essa altura da vida, e sem nenhuma necessidade, o ex-senador corre o risco de ser apontado como alguém premiado com uma sinecura. E premiado por quem? Pelo principal líder de um partido em formação, interessado no passe futuro de Maciel. Alguns políticos ligados a Maciel em Pernambuco trocaram o DEM pelo PSD de Kassab. Por ora, Maciel ainda se mantém como presidente do Conselho Político do DEM. E se um dia ele também migrar para o PSD? O que não dirão seus adversários? blog do Noblat

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Políticos brasileiros e a antropologia

Pelo poder, fazem qualquer negócio, vendendo ilusões e comprando consciências, na mais absoluta falta de conduta ética. O jeitinho brasileiro, a malandragem pseudo-afável e a desfaçatez moral já estão arraigados no universo político brasileiro. O Editor Lições de antropologia Assim como toda a humanidade é afrodescendente, toda linguagem emana da África, revelam agora os cientistas. Os homens e suas línguas são todos primos, em diferentes graus de parentesco, evoluindo rumo à incompreensão mútua. Mas há exceções. Veja o caso do politicus brasiliensis. Concentrado em um nicho do Planalto Central, esse grupamento se comunica em português, embora nem todos os seus integrantes se façam entender. Alguns produzem dialetos: o “povão” de Lula não é o mesmo “povão” de Fernando Henrique. Há muitas outras expressões que têm significados distintos para cada subgrupo. O que eles chamam de “reforma política” tem implicações completamente diferentes para a taba dos tucanos em comparação às dos petistas, dos peemedebistas e dos partidos pigmeus. Ao antropólogo amador convém lembrar sempre que, embora possa parecer que estejam todos debatendo o bem da aldeia, cada lado defende estritamente os interesses de sua oca. A preferência por um ou outro sistema eleitoral, por exemplo, varia em função das chances de eleger maior número de representantes para o conselho tribal.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Se o jeito “cada um por si e ninguém por todos” melhora as probabilidades do PMDB, é com esse que ele vai. Se o voto em lista aumenta o poder da caciquia partidária sobre a indiada, é esse o modelo a ser defendido pelo PT. O que pode parecer cinismo em outras plagas é puro pragmatismo para o politicus brasiliensis: não há sistema intrinsecamente melhor ou pior; há os mais e os menos convenientes. Um observador distraído poderia perguntar: uma reforma não serve para consertar os erros, a começar dos mais graves? Esse tipo de ingenuidade não existe na linguagem brasiliense. O voto de um índio de despovoada área ao norte conta 11 vezes mais do que o de um sujeito da mesma etnia que mora mais ao sul, mas isso não é importante para os caciques. Corrigir distorções de representação dá trabalho e seu lucro é duvidoso. Preferem apagar do dicionário. Quase tão complicado é diminuir o número de partidos custeados por “o seu, o nosso” (maneira como entendem o conceito de “dinheiro”). Nessa discussão, os pigmeus se agigantam. Barram qualquer tipo de barreira à sua existência. Mas nada fazem além de repetir os primos maiores ao defenderem sua oca em detrimento da aldeia. Tal qual um bonobo africano, o politicus brasiliensis tende a ter muitos e diversos parceiros. Daí ser quase impossível cobrar-lhe fidelidade partidária. Importam, pois, prática de outras culturas. A promiscuidade é proibida ao longo do ano, com exceção de um breve período quando ninguém é de ninguém. É o carnaval partidário, chamado lá de “janela”. Ideologia é conceito ultrapassado entre eles. Preferem testar as fronteiras da física e da filosofia, fundando partidos que não estão “nem no centro, nem na direita nem na esquerda”. Abandonar sua oca e erguer a própria taba é um costume frequente do politicus brasiliensis. Mais do que um simples ritual de passagem, é uma tentativa de formar sua própria dinastia. Se há, digamos, Maias e Magalhães lotando o cacicado de um partido, cria-se outro para abrigar Kassabs e Afifs. Para alguns pesquisadores, a prática de mudar o nome da taba de tempo em tempo e produzir defecções contínuas pode levar à extinção. Ainda não há evidências empíricas suficientes para provar a tese, mas a tenda que já foi Arena, PDS, PFL e agora DEM está cada vez menor. Mesmo reduzido, o grupamento politicus brasiliensis é diversificado. Há representantes de ambos os gêneros, de múltiplos credos, de heterossexuais, de homossexuais, e, dizem algumas correntes antropológicas, até dos Neandertais. Seu objetivo é eternizar-se no poder. Alguns exemplares acreditam que cultivar o bigode e tingir o cabelo ajuda. Outros preferem implantes capilares. Mas nada bate seu sistema de troca de favores, chamado toma lá dá cá. “Nunca se sabe quando será preciso contar com o voto de um colega para arquivar uma falta de decoro”, dizem. Apesar das diferenças, o grupo sempre acaba se entendendo. Você pode até não compreender, mas eles falam a mesma língua. José Roberto de Tolledo/O Estado de S.Paulo

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Eleições 2014: Dilma Rousseff, acertos e oposição desacertada

A presidente Dilma Rousseff, caso deseje a reeleição, terá o pré-sal, o minha casa minha vida, crescimento do PIP de 5%/ano e a copa do mundo, entre outros trunfos, para turbinar a campanha. Ah, sem esquecer a turma que não deseja a volta do “cara”. A oposição, se é que se pode assim chamar a “meia dúzia de 3 ou 4”, tem somente a lembrar os feitos de FHC – plano real – e martelar nos mal feitos do mensalão, maracutaia que contamina todos os partidos, e que a população nem mais lembra. Não esquecer o “espírito agregador” de José Serra, o mais emplumado tucano: “Eu posso não ser presidente em 2.014, mas o Aécio também não será”. Para alguns observadores mais argutos da cena política brasileira, o PSDB teve a chance de jogar o PT pras calendas com o Mensalão e não deixar que se iniciasse uma “era Lula”. Contudo, preferiu fazer um “acordão” Serra/Lula em 2006. O Editor PS 1. Vocês não acham que 100 dias é pouco tempo para se determinar acertos e desacertos? PS 2. E ainda tem que acredite que DEM, PSDB e PT são diferentes. Juro! Oposição enxerga acertos em Dilma e se desnorteia Três meses de Dilma Rousseff foi tempo bastante para que Fernando Henrique Cardoso alterasse o conceito que fazia dela. Presidente de honra do PSDB e principal ideólogo da oposição, FHC pespegara em Dilma, durante a campanha de 2010, a pecha de “boneca de ventríloquo”. Insinuara que, eleita, quem daria as cartas seria Lula, não ela. Hoje, em diálogos privados, FHC reconhece que Dilma o “surpreendeu”. Positivamente.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A avaliação de FHC se espraia por toda a oposição. Alastra-se pelo PSDB e também pelo DEM, seu parceiro de oposição. Tornou-se consensual entre os adversários do governo a percepção de que, a menos que ocorram tropeços, não será fácil se opor a Dilma. Avalia-se que a presidente revelou-se dona de personalidade própria. Distancia-se de Lula nos pontos que alimentavam as fornalhas da oposição. Substituiu a histrionia pela parcimônia verbal. Trocou a ideologia pelo pragmatismo. Distanciou-se do Irã. Reachegou-se aos EUA. Anunciou cortes orçamentários. Como se fosse pouco, revelou-se capaz de gestos como o convite a FHC para o almoço oferecido ao visitante Barack Obama. Um gesto que, tonificado pela ausência de Lula, forçou FHC a derramar-se elogios sobre os microfones. Afora a ausência de discurso, a oposição debate-se consigo mesma. PSDB e DEM são, hoje, os principais adversários do PSDB e do DEM. O tucanato, agremiação de amigos 100% feita de inimigos, revolve suas divisões. Divisões internas e eternas. No centro de todas as trincas está José Serra, o candidato que a ex-boneca abateu com a ajuda do ex-ventríloquo. Serra mede forças com Aécio Neves por 2014. Digladia-se com Sérgio Guerra pela presidência do partido. Disputa com Geraldo Alckmin a hegemonia em São Paulo. O DEM, depois de engolfado pela “onda Lula”, luta para que a lipoaspiração congressual não evolua para um raquitismo patológico. Os ‘demos’ que não aderiram ao projeto de novo partido do prefeito Gilberto Kassab dividem-se em dois grupos. Uma ala olha para o futuro com grandes dúvidas. A outra já não tem a menor dúvida: o futuro é uma fusão com o PSDB, uma espécie de inexorável à espera do melhor momento para acontecer. Assim, dividida, dilacerada e sem norte, a oposição enxerga nos acertos da Dilma um entrave adicional para pôr em pé um discurso alternativo. Vai-se buscar munição nos detalhes. O DEM faz um inventário das promessas de campanha de Dilma. Acha que não há como cumpri-las. E esboça a cobrança. O PSDB fará do recrudescimento da inflação o seu principal cavalo de batalha. Enxerga na eletrificação do índice a oportunidade para reacencer a pauta antigastança. Parte-se do pressuposto de que Dilma não conseguirá entregar o corte orçamentário de mais de R$ 50 bilhões que prometeu. Vai-se atacar a inificiência do Estado “aparelhado” e realçar a herança tóxica deixada por um Lula que tinha em Dilma sua principal gerente. À sua maneira, Aécio Neves, o grão-duque do tucanato de Minas, esgrimiu esses tópicos no discurso inaugural que pronunciou no Senado. “Vemos, infelizmente, renascer, da farra da gastança descontrolada dos últimos anos, em especial do ano eleitoral, a crônica e grave doença da inflação”, disse Aécio. “Era o discurso que faltava”, festejou Sérgio Guerra, o ainda presidente do PSDB. A despeito dos anseios de Serra, Aécio tornou-se o nome preferencial de tucanos e agregados para o próximo embate sucessório. Com isso, guinda-se ao posto de principal líder da oposição um personagem que se definiu no celebrado discurso como “um construtor de pontes”. Para Aécio, o êxito de seu projeto passa por duas variáveis: os eventuais erros de Dilma e a capacidade da oposição de beliscar pedaços do atual condomínio governista. Assim, além de aprumar um discurso e torcer pelos tropeços da sucessora de Lula, a oposição teria de seduzir legendas como PSB, PDT, PP… Tudo isso contra um pano de fundo marcado pela crise do “de repente”. Numa Era pós-revolucionária, o brasileiro afeiçoou-se à evolução econômica e sociail lenta. Ao reconhecer os méritos de Lula, Aécio realçou dois: a manutenção dos pilares econômicos erigidos nas gestões Itamar e FHC e o viés social. O problema é que o cidadão tende a associar os benefícios resultantes da combinação ao mandatário de plantão, não aos gestores do passado. Significa dizer que, se conseguir debelar o surto inflacionário e manter a cozinha relativamente em ordem, Dilma vai a ante-sala de 2014 bem posta. Foi-se o tempo em que o eleitor acreditava em salvadores e em milagres. Já não há o “antes” e o “depois”. Só há o “processo”, vocábulo caro ao PSDB. Escolado, o dono do voto agarra-se à força das continuidades. Olha para a mudança com ceticismo. De novo: vive-se uma crise do “de repente”. Sem vocação para fazer uma oposição ao estilo do ex-PT, PSDB e DEM foram como que condenados à tocaia. Rezam baixinho por um tsunami que destrua a perspectiva de poder

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Senadora Kátia Abreu afirma que o PSD de Kassab “não tem dono”

Oposicionista de carteirinha, até ontem critica feroz do governo, PT e de tudo que não estivesse na cartilha da iracunda do DEM e da direita mais conservadora brasileira, eis que , numa demonstração de que fidelidade partidária, ideologia e coerência são coisa pra inglês ver, a senadora Kátia Abreu agora começa um voo em direção às plagas “acolhedoras” do governo, nas asas do oportunista PSD de Gilberto Kassab. O Editor A senadora Kátia Abreu (TO) entrega hoje sua carta de desfiliação do DEM, onde era uma das principais lideranças nacionais, para aderir ao projeto do PSD, lançado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A migração para a nova legenda será oficializada amanhã, em discurso no plenário do Senado. A filiação ocorre em meio ao descrédito provocado pelo anúncio de fusão com o PSB, ideia que não vingou, e a leitura de que a nova sigla será linha auxiliar do governo. Ela garante que a fusão com o PSB jamais existiu como proposta séria e que o PSD será de oposição, mas afirma: “Oposição não é empresa de demolição: não precisa de adjetivos, mas de caráter”.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Por que deixar o DEM? Em busca de uma tribuna mais eficaz para defender meu ideário. O DEM cumpriu missão histórica admirável, viabilizando a transição democrática com Tancredo Neves e José Sarney, e garantindo a estabilidade dos três governos seguintes. Mas vive turbulência interna. Deixo o partido, mas não mudo: as ideias e objetivos são os mesmos. Se é assim por que não foi possível uma solução interna? O convívio partidário é como um casamento. Quando o desgaste ultrapassa determinado ponto, em que a confiança é atingida, não adianta insistir. O DEM não pratica internamente a democracia que prega externamente. Se mostra constrangido em assumir o ideário liberal. O PSD surge num contexto que já abriga 27 legendas. Não há partidos demais? Não é questão de quantidade, mas de qualidade. O quadro partidário brasileiro passará inevitavelmente por um rearranjo. O PSD apenas deu a partida. Outras siglas surgirão, outras desaparecerão. É questão de tempo. Mas o PSD já nasceu provisório, anunciando fusão com o PSB. O PSD nasce com ânimo definitivo, para ocupar um espaço que precisa ser preenchido no cenário partidário: os ideais da economia de mercado e do Estado de Direito. Será o partido da classe média, que se expandiu desde o Plano Real e hoje reúne mais de 100 milhões de brasileiros. Por que o PSD desistiu da fusão com o PSB? A ideia de fusão foi apenas uma hipótese inicialmente colocada, em ambiente de tempestade de ideias, em decorrência das dificuldades operacionais de se criar uma nova legenda. Mas, na medida em que se aprofundou a discussão, foi posta de lado. Eu mesma jamais pensei em ingressar num partido cujo ideário é bem distinto do meu. Então será um partido de centro-direita? Essa nomenclatura está inteiramente ultrapassada. O PSD não vem estabelecer um duelo ideológico, esquerda versus direita. Não vem lutar contra, mas a favor – não do governo, mas do País. Essa classificação é falsa, anacrônica. Basta lembrar que o PT, que se define como de esquerda, aliou-se ao Partido Liberal, que estaria à direita, para eleger Lula e José Alencar em 2002. O prefeito Kassab se definiu como um político “de centro, com uma leve tendência para a esquerda”. E a sra.? Kassab, ao mencionar essa tendência à esquerda, quis enfatizar sua preocupação com o social, não estabelecer um vínculo ideológico. Ele é um homem da economia de mercado, que sabe dos benefícios sociais que ela gera onde é de fato praticada. Esse é um mito que precisa ser desfeito: o de que a preocupação com o social é monopólio dos socialistas, da esquerda. Não é. Mas seu vínculo com o agronegócio é frequentemente interpretado como uma contradição com o discurso social. Essa é mais uma falácia dos que querem atribuir aos socialistas o monopólio do bem e vilanizar seus adversários. Os produtores rurais, que tenho a honra de representar, são muito mais eficazes na erradicação da pobreza que os seus críticos. São responsáveis pela produção da melhor e mais barata comida do mundo, gerando emprego e renda. Outra leitura é a de que o partido será linha auxiliar do governo. Faremos oposição, mas não como um fim em si mesmo. Oposição não é empresa de demolição. Quem assim pensava e agia era o PT. Oposição é parte da ação governativa. Numa linha “oposição generosa”, como alguns propuseram? Oposição não precisa de adjetivos, mas de caráter. É preciso compromisso com princípios e metas. Quando o governo estiver em consonância com nosso programa, terá nosso apoio. Quando não estiver, não terá. Ter caráter é ser fiel a si mesmo e aos próprios princípios. Como fica a relação com o PSDB, parceiro histórico do DEM? Com Serra ou com Aécio? Manteremos a interlocução, com certeza. Construímos etapa fundamental da história contemporânea do País, que foram os dois governos de FHC. Mas não seremos satélite de ninguém. Diz-se que uma das condições de seu ingresso no PSD foi a garantia de presidi-lo. O PSD não terá dono. Queremos um partido que tenha nas prévias um instrumento para decisões. QUEM É Formada em psicologia, foi presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Tocantins, de 1995 a 2005. Em 2008 foi eleita presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ingressou na política em 1998, como primeira suplente na Câmara. Assumiu a vaga duas vezes entre abril de 2000 e abril de 2002. Foi escolhida para presidir a bancada ruralista no Congresso. Em 2006 venceu a eleição para o Senado. João Bosco Rabello/O Estado de S.Paulo

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