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Direitos digitais e Lei de copyright

Lawrence Lessig – “A lei de copyright deve ser reformada”. Para o maior defensor dos direitos digitais, a tecnologia tornou a atual legislação ultrapassada. Lawrence Lessig, 47 anos, é professor de Direito na Universidade Stanford. Larry Lessig devotou a sua carreira à defesa dos direitos civis no mundo digital. Para este americano, respeitar a lei de direitos autorais é essencial na era digital. Mas ela deve ser mudada para abarcar as novas formas de expressão criadas pela tecnologia. O QUE FAZ Dirige o Centro de Internet e Sociedade de Stanford. Co-fundou o projeto Creative Commons. O QUE PUBLICOU O Futuro das Idéias (2001), Cultura Livre (2004), Code: Version 2.0 (2006) e Remix (2008) ÉPOCA – O que significa remixar cultura? Lawrence Lessig – É a idéia essencial do meu novo livro, Remix – Making art and commerce thrive in the hybrid economy (Remixagem – Fazendo a arte e o comércio prosperar em uma economia híbrida, que sai nos Estados Unidos em outubro). Na era digital, a tecnologia proporciona às pessoas o poder de capturar e de remixar ou modificar a produção cultural para compartilhá-la. A apropriação e modificação cultural tem sido uma característica da nossa sociedade desde o início dos tempos. Mas ela nunca foi tão fácil e rápida como hoje, porque a tecnologia o permite. ÉPOCA – É a base da futura economia híbrida que o senhor defende. Lessig – Sim. De forma crescente, florescem negócios em que um novo tipo de profissional usa a tecnologia digital para agregar valor e conteúdo à produção cultural existente, compartilhando o resultado, o produto, via web. Chamo esta nova economia de híbrida. É importante entender como se dá esta agregação de valor e como ela não fere necessariamente o direito intelectual de propriedade. ÉPOCA – A nova geração não liga para o copyright. Quando baixa canções ou vídeo, o jovem não considera isto pirataria. Lessig – Você tem razão. Há um senso comum entre os jovens de que a lei de copyright deve ser ignorada. Acho isso ruim. O copyright é parte essencial da criação cultural e ferramenta necessária na era digital. A razão pela qual os usuários se tornaram tão desafeiçoados das restrições de copyright é que as consideram extremas e sem sentido. Mas, em vez de ganhar o respeito da nova geração, a indústria de entretenimento o está perdendo. É importante reformar a lei de copyright para inspirar as pessoas a usá-la e respeitá-la, e não o contrário. ÉPOCA – Há um movimento no Congresso americano nesse sentido? Lessig – Nenhum congressista pensa nisso como acho que deveria. Ao contrário, há um movimento para tornar a lei de copyright ainda mais restritiva. ÉPOCA – Milhões de pessoas que não podem comprar CDs e DVDs têm acesso ao entretenimento copiando músicas e filmes. Lessig – A indústria não está agindo rápido o suficiente para criar um novo sistema que faça sentido para a enorme audiência da cultura digital. Continuam obcecados com um modelo de negócio que controla a distribuição de cópias. A indústria deve decidir se este ainda é o melhor meio de assegurar que recebam pelo conteúdo, através da criação de novas restrições de acesso à cultura digital. ÉPOCA – Seu mais novo projeto se chama “Mudar o Congresso” (Change Congress). Lessig – É um movimento para defender mudanças no funcionamento do Congresso americano. As reformas visam fazer com que os congressistas e a instituição ganhem de novo o respeito do povo. O Congresso atingiu seu nível mais baixo de aprovação em todos os tempos. As pessoas acreditam que os congressistas se movem unicamente pelo desejo de ganhar dinheiro. Esta é a razão principal para o ceticismo vigente. ÉPOCA – Como funciona o movimento? Lessig – Usamos o potencial da comunicação digital com vistas a chamar a atenção dos eleitores que querem reformas e levá-los a apoiar os candidatos interessados em mudar o Congresso.

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Blogs: Criador do Word Press Mat Mulleweg aponta o futuro da internet

Mat Mulleweg, o criador do Word Press Brasil responde por 20 milhões dos 200 milhões de visitantes mundiais do WordPress, diz Matt Mullenweg. Rede de amigos vai definir rumos da internet, diz criador dos blogs WordPress. Contatos ‘reais’ são filtros para excesso de informação, diz Matt Mullenweg. Pergunte a Matt Mullenweg sobre o futuro da internet, e ele vai apontar para seus amigos da “vida real”. Segundo o norte-americano de 25 anos, criador da rede de blogs WordPress, a confiança que temos nos contatos que conhecemos pessoalmente vai servir para filtrar a overdose de informação distribuída pela rede. Para o texano de Houston, o Brasil é um país “com energia”. Os brasileiros, segundo ele, são responsáveis por 20 milhões de visitas do total de 200 milhões que os blogs WordPress contabilizam mundialmente. Segundo dados da Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet), o Brasil tem cerca de 1 milhão de blogs hospedados no WordPress. [ad#Retangulo – Anuncios – Direita]”Há 15 anos, o objetivo da internet era trazer informações, revelar o que não estava acessível”, lembra Matt. Hoje, porém, o desafio é organizar tudo isso, explicou o jovem empreendedor que criou o WordPress aos 19 anos, em parceria com Mike Little. Overdose e criatividade “Temos muita informação, as pessoas estão sobrecarregadas”, disse Matt, citando os milhões de posts novos e vídeos no YouTube que são publicados diariamente. Com cada vez mais informação e dias cheios de compromissos, a tendência vai ser valorizar a rede de contatos – desde as pessoas que você segue no Twitter até os diversos recursos de integração e comunicação do Facebook. “Os filtros são as pessoas que você conhece na vida real, e são filtros fantásticos”, disse Matt. Ele valorizou dois elementos principais para o sucesso de serviços na internet: simplicidade e liberdade de criação. “O que eu adoro no Twitter é isso: ele é uma caixa e um botão. Assim como era o blogger em sua primeira versão”, comparou, lembrando que tanto o microblog quanto o serviço de blogs concorrente do WordPress foram criados pela mesma pessoa: Evan Williams. Em seu notebook, que rodava a versão beta do Windows 7, Matt mostrou exemplos de sites que usam as ferramentas do WordPress para criar diferentes experiências na web. Ele citou sites de jornais norte-americanos, blogs pessoais e até a página do Ministério da Cultura do Brasil como bons exemplos de design e organização da informação. Quando o WordPress foi lançado, em 2003, ele ainda não tinha muitos dos recursos que o tornaram popular hoje – como a personalização de temas e a incorporação prática de plugins. A plataforma ganhou diversas atualizações, representadas por codinomes “emprestados” de músicos de jazz, sendo a 2.8 (“Baker”) a mais recente – lançada em 10 de junho deste ano. Navegadores e comunidade Matt mostrou bom humor ao interagir com o público e falou sobre navegadores de internet para exemplificar as mudanças na rede. Ele perguntou quantas pessoas ali usavam o navegador Firefox. Praticamente todos na plateia levantaram a mão. Em seguida perguntou quantos utilizavam o Firefox sem complementos (add-ons): silêncio no auditório. Ele então comparou brevemente o navegador da Mozilla com o Internet Explorer, da Microsoft. “O que o Internet Explorer está fazendo é incorporar as novidades do Firefox. Eles podem copiar os recursos, mas não podem copiar a comunidade”, disse, em referência aos complementos e plugins criados pelos desenvolvedores para o Firefox. Matt respondeu a perguntas dos participantes sobre os próximos passos do WordPress e não escapou de críticas sobre a ferramenta. Ele reconheceu, por exemplo, que o sistema de buscas ainda é “terrível” – termo usado por um dos participantes. Real e virtual Matt conta que abandonou os estudos quando percebeu que seu interesse maior estava nos blogs e na tecnologia. Mudou-se de Houston (Texas) para San Francisco (Califórnia) e entrou em contato com o “novo mundo”. “Eu não ia visitar os locais turísticos, eu ia visitar o Yahoo”, comparou. “Ia para um café e havia 20 pessoas discutindo blogs e programação. Talvez em toda a Houston você não encontrasse 20 pessoas falando sobre isso”, brincou. No início do WordPress não havia usuários, e Matt transformou seus amigos em “beta testers” para entender como a ferramenta poderia evoluir. Isso foi uma boa maneira de desenvolver a plataforma e torná-la maleável o suficiente para que as pessoas pudessem criar e adaptar o sistema a suas necessidades. Foi adaptando e perseguindo seus interesses, afinal, que o jovem criou o WordPress e a empresa Automattic. Matt, que foi considerado uma das 50 pessoas mais importantes da internet em 2007 pela revista “PC World”, nunca foi um programador. Ele estudava Ciências Políticas na Universidade de Houston e começou a desvendar os códigos da plataforma “b2” (que deu origem ao WordPress) para resolver questões de uma de suas paixões: a tipografia. G1

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Economia: a globalização ameaça a democracia

Dani Rodrik: “A globalização foi longe demais” Para o professor de Harvard, a ditadura dos mercados ameaça a democracia e a soberania das nações. JOSÉ FUCS/Época O economista Dani Rodrik, professor da Universidade Harvard, é um crítico implacável do processo de globalização econômica, centrado na abertura comercial e financeira. Em seu novo livro, The globalization paradox: democracy and the future of the world economy (O paradoxo da globalização: democracia e o futuro da economia mundial), recém-lançado nos Estados Unidos, ele diz que a ditadura dos mercados foi longe demais e representa uma ameaça à democracia e à soberania das nações. Segundo Rodrik, os países que se deram melhor na globalização não foram aqueles que abriram de forma indiscriminada suas fronteiras, mas os que se integraram de forma gradual na economia mundial e adotaram políticas comerciais e industriais para desenvolver e diversificar suas economias. Economista de 53 anos, nascido na Turquia e radicado nos EUA desde os anos 70. Professor de economia e política internacional na Universidade Harvard Formou-se em economia na Universidade Harvard. Fez mestrado e doutorado na Universidade Princeton Escreveu The globalization paradox: democracy and the future of the world economy, recém-lançado nos EUA, e Has Globalization gone too far?, ambos sem tradução no Brasil, entre outros,[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] ÉPOCA – Em seu novo livro, o senhor fala sobre o “paradoxo da globalização”. Que paradoxo é esse? Dani Rodrik – São dois paradoxos. O primeiro é que a globalização demanda instrumentos muito fortes de governança que dependem de governos nacionais. Ao mesmo tempo, os governos nacionais representam o principal obstáculo para o aprofundamento da globalização. O segundo é que uma globalização saudável é aquela que não ultrapassa os limites dos interesses nacionais. Uma globalização mais equilibrada com os interesses das nações é muito mais saudável para a economia mundial do que o que eu chamo de hiperglobalização, que é o estímulo à abertura indiscriminada do comércio e das finanças. ÉPOCA – Por que o senhor acredita que a globalização deve ter um limite? Rodrik – Isso tem ligação com o primeiro paradoxo. A globalização precisa de mecanismos de regulação, estabilização, legitimação, que só os governos nacionais podem fornecer. E esses governos têm um caráter eminentemente nacional. A única forma de implementar a hiperglobalização é pelo enfraquecimento dos mecanismos nacionais de governança. Isso não é bom, porque pode levar a questionamentos sobre a legitimidade do sistema internacional de comércio ou a instabilidades financeiras como a atual crise global. ÉPOCA – A globalização e o livre-comércio não beneficiam os países e as populações? Rodrik – É uma questão de equilíbrio. Os países que se deram melhor com a globalização não foram aqueles que abriram suas economias de forma indiscriminada. Os países mais bem-sucedidos foram os asiáticos, como Japão, China, Coreia do Sul e Índia, que se integraram na economia mundial, mas de acordo com suas próprias regras. Eles abriram suas economias de forma gradual e adotaram políticas comerciais e industriais para promover e diversificar suas economias. Conseguiram se beneficiar da globalização, mas adotaram medidas para restringir o comércio e o fluxo de capitais que são conflitantes com a ideia de uma economia aberta. “No Brasil, muitos setores da economia não teriam crescido sem a proteção que receberam no passado” ÉPOCA – Se os países não abrirem suas economias, a ineficiência vai aumentar. No final, as empresas e os consumidores pagarão a conta. Isso não é um contrassenso? Rodrik – Há uma compensação. A imposição de restrições ao comércio e ao capital gera custos adicionais, mas traz benefícios. Um país vulnerável ao hot money e ao fluxo de capitais não será bem-sucedido. Em relação ao comércio, sabemos que os países emergentes não se desenvolvem e se industrializam automaticamente. Isso não é algo que o mercado faz por si mesmo. Então, acaba havendo uma compensação entre a elevação do custo para o consumidor e para as empresas, provocada pela adoção de restrições ao comércio e ao fluxo de capitais, e os benefícios trazidos por uma economia mais forte, na qual se estimulam alguns setores que de outra forma não poderiam se desenvolver. ÉPOCA – No Brasil, havia uma política de reserva de mercado na área de informática para estimular a indústria local. Só que, além de o setor não ter se desenvolvido, os computadores eram caros, o contrabando se multiplicou e o Brasil perdeu terreno para outros países, que abriram seus mercados na área. Isso não é algo a evitar? Rodrik – A política brasileira de informática foi claramente um fracasso, pelas razões que você mencionou. Mas em muitos outros setores a política industrial do país foi um sucesso. A indústria aeronáutica, a siderúrgica e outros setores importantes da economia brasileira não teriam se desenvolvido sem o estímulo e a proteção que receberam no passado. Em geral, o resultado das primeiras políticas industriais do país foi muito positivo. O índice brasileiro de produtividade melhorou muito durante a era de “substituição das importações”. Isso revela que é preciso manter um equilíbrio entre a integração na economia global e o estímulo ao desenvolvimento da indústria nacional. Não significa que a implementação dessas políticas será sempre bem-sucedida. Mas acredito que, se os governos não implementarem políticas industriais para estimular o crescimento das empresas locais, estarão cometendo um erro. ÉPOCA – Por que a globalização é uma ameaça à democracia e à soberania das nações? Rodrik – Porque, se você quiser ter mercados globais totalmente integrados, um processo que eu chamo de “hiperglobalização”, significa que você precisa ter um conjunto de regras comuns. Isso quer dizer que você precisa ter regras comuns para adequação de capital para os bancos poderem operar internacionalmente, sem custos adicionais. Significa que precisa haver regras comuns para saúde e segurança, para as grandes multinacionais poderem operar sem ter custos diferentes em cada local. Significa, enfim, que é preciso ter regras comuns em quesitos como tributos para as empresas. Se um país quiser ter impostos mais altos, as empresas irão para outro lugar, onde eles são menores. Para ter um

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Delfim Netto: em 2010 Brasil crescerá 4%

Ex-ministro da Fazenda, o economista Delfim Netto afirma que é “irrelevante” o marco da recessão técnica, configurada pelos dois trimestres seguidos de contração. Para ele, o país sairá com facilidade do atual quadro, que poderia ter sido melhor se o BC tivesse instrumentos para garantir o financiamento às exportações e a rolagem da dívida privada. FOLHA – Essa discussão sobre a recessão técnica é relevante? DELFIM NETTO – Essa discussão é completamente irrelevante. Como toda convenção, não significa mais do que isso: duas quedas continuadas e sucessivas do PIB. O importante é que tivemos uma queda generalizada. É uma situação que já passou, mas que foi bastante ruim. FOLHA – Qual a sua avaliação? DELFIM – É uma situação um pouco menos ruim do que se supunha. Os pessimistas esperavam 3%, e os otimistas, 1,5%. Acredito que no segundo trimestre tenha recuperado um pouquinho, mas você terá ainda notícias ruins. FOLHA – Por que todos erraram? DELFIM – Tudo isso é palpite. Ontem o mercado apostava em [PIB de] menos 3,5%. Leva à conclusão de que o mercado não sabe nada. FOLHA – Como sairemos da atual recessão? DELFIM – Vamos supor que não tenhamos crescido no segundo trimestre em relação ao primeiro -que o PIB fique constante; no terceiro trimestre, que cresça 1%, e, no quarto trimestre, mais 1%. Quando chegar ao final do ano, já está com crescimento próximo do positivo. De alguma forma, a política monetária terá algum efeito. Os investimentos do governo também estarão maturando. Quando estivermos nos aproximando do segundo semestre de 2010, vamos estar rodando entre 3,5% a 4%. Não é preciso um esforço gigantesco. Se isso acontecer, a eleição será com o Brasil a 3,8%, 4%, o que não é mau. Estamos fazendo o que pode ser feito no Brasil. Se comparar o esforço brasileiro com o chinês é uma piada. Folha de São Paulo – Toni Sciarreta

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Senador cobra transparência nas multas do Senado

Senado: Cristovam cobra transparência Ao comentar as denúncias sobre as irregularidades no Senado, como o pagamento ilegal de horas extras e a sonegação de impostos envolvendo diretores da Casa, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o Congresso tornou-se “uma caixa preta de poder irrelevante”. Para ele, os fatos devem ser investigados e analisados “o mais rápido possível” para que se consiga evitar uma “completa desmoralização da Casa”. Senador, a volta dos trabalhos na Casa foi marcada por novos escândalos envolvendo servidores públicos. Os fatos merecem investigação? Tudo deve ser investigado. O caso do pagamento ilegal das horas extras, as denúncias contra o ex-diretor-geral Agaciel Maia e também o novo caso que tomamos conhecimento hoje pelos jornais, sobre o diretor que utilizava indevidamente o apartamento funcional. Temos feito coisa errada mesmo. E essas coisas complicam a imagem do Senado Federal. Hoje somos espelho de um poder irrelevante. O Brasil é administrado por um lado pelas Medidas Provisórias e por outro lado pelas decisões judiciais. E o Senado? Acontece que ficamos desmoralizados pelos erros e pela omissão que a gente aparenta sobre vários casos. Precisamos repensar o nosso papel. Agimos como uma “grande caixa preta”. Falta transparência ao Senado Federal? Falta sim. Mas o problema que não é só no Senado, mas em todos os poderes do Brasil. Eu não acho que a Justiça tenha muita transparência. Ela está ausente em todo o poder brasileiro. Antigamente o político conseguia se esconder. Agora, com a evolução dos meios de comunicação, não dá mais. Se você não é transparente, em um mundo que está em total transparência, dá nisso; na completa desmoralização. Não podemos nos fechar e virar as costas para a opinião pública. Porque hoje ela está presente, ela se manifesta pela mídia. O Congresso Nacional precisa repensar como Congresso. Precisa agir como Congresso e precisa deixar de fazer as besteiras que tem feito. coluna Claudio Humberto

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Aborto e excomunhão. Entrevista com Dom José Cardoso Sobrinho

Trechos da entrevista que Dom José Cardoso Sobrinho, bispo de Olinda e Recife, concedeu à revista Veja nas Páginas Amarelas. Abaixo trechos da entrevistas. entrevista a Juliana Linhares Por que o senhor acha que tantas pessoas, católicas em sua maioria, ficaram revoltadas com a sua posição no caso da excomunhão dos adultos envolvidos no aborto da menina violentada? Em primeiro lugar, nós temos de colocar essa questão no âmbito religioso. Acreditamos em Deus? É sim ou é não. E eu suponho que a grande maioria das pessoas acredita. E acreditar em Deus significa aceitar que Deus é a origem de tudo e é também o nosso fim. Essa é uma verdade fundamental. É premissa importantíssima para dizer que a lei de Deus está acima de qualquer lei humana. E a lei de Deus não permite o aborto. Então, se uma lei humana está contradizendo uma lei de Deus, no caso, a que permitiu a operação, essa lei não tem nenhum valor. Quanto ao que você afirma, sobre as pessoas estarem revoltadas, tenho de dizer que também houve um clamor grande, eu diria enorme, de autoridades de Roma a meu favor. Tenho sido insultado, claro, mas hoje mesmo recebi uma carta de Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos em Roma, em que me elogia. O que o senhor diria aos católicos que condenaram sua atitude? Antes de tudo, quero deixar bem claro que não fui eu que excomunguei os médicos que praticaram o aborto e a mãe da menina. Isso é falso. Eu não posso excomungar ninguém. Eu simplesmente mencionei o que está escrito na lei da Igreja, o cânone 1 398, do Código de Direito Canônico, que está aí nas livrarias para qualquer um ler. Por essa lei, qualquer pessoa que comete aborto está excomungada, por uma penalidade que se chama latae sententiae, um termo técnico que significa automática. Então, não foi dom José Cardoso Sobrinho quem os excomungou. Eu simplesmente disse a todos: “Tomem consciência disto”. Qualquer pessoa no mundo inteiro que pratique o aborto está incorrendo nessa penalidade – mesmo que ninguém fale nada. Quem é católico sabe que na primeira carta de São Paulo a Timóteo, no capítulo II, está escrito: Deus quer que todos sejam salvos. Por que estupradores não são também automaticamente excomungados? A nossa santa Igreja condena todos os pecados graves. O estupro é um pecado gravíssimo para a Igreja, assim como o homicídio. Agora, a Igreja diz que o aborto, isto é, o ato de tirar a vida de um inocente indefeso, é muito mais grave que o estupro, que o homicídio de um adulto. Qualquer pessoa inteligente é capaz de compreender isso. Eu não estou dizendo que o estupro e a pedofilia são coisas boas. Mas o aborto é muito mais grave e, por isso, a Igreja estipulou essa penalidade automática de excomunhão. Em que outros casos se aplica a excomunhão automática? No Código de Direito Canônico anterior, promulgado por Bento XV, havia cerca de quarenta motivos para a excomunhão automática. Em 1983, sob a autoridade de João Paulo II, foi publicado um novo Código. O atual os reduziu a apenas nove. São eles: o aborto; a apostasia, que é quando a pessoa abandona a religião; a heresia, que acontece quando uma pessoa nega um dogma da Igreja; a violência física contra a pessoa do papa; a consagração de um bispo sem a licença do papa; o cisma; a absolvição por um sacerdote do cúmplice de um pecado da carne; a violação direta do segredo da confissão; e a profanação das hóstias consagradas.

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Barrichello fechou a boca e abriu as portas da Fórmula 1

Olha o que o piloto disse em entrevista coletiva: “O importante é que durante esse tempo de vacas magras eu mantive minha fé, trabalhei duro meu físico e fiquei quieto falando somente com o pessoal da equipe. Falar que eu tinha certeza quando declarei no GP do Brasil que não seria minha ultima corrida seria demais , mas alguma coisa me dizia que não era. Confesso que tive que ouvir muita coisa mas isso só me deixou mais forte e aproveito para agradecer aqui meus amigos e familiares que me deram sempre muita força e também a você leitor[a] com suas mensagens de força. Começo o ano com a faca nos dentes, isso porque teremos poucos testes antes da primeira corrida, mas com um carro que será rápido e com um baita motorzão Mercedes por trás, não vejo a hora”.

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Delfim Neto: ‘Lula é o único economista que presta no Brasil’

Delfim Netto diz que virtude de Lula é falar a verdade sobre a economia Em meio ao desespero nos mercados, Lula surge como encarnação do otimismo Em meio ao desespero nos mercados, Lula surge como encarnação do otimismo SÃO PAULO – Para o economista Antônio Delfim Netto, ministro da Fazenda em tempos de chumbo e de milagre econômico, o que fará a diferença na economia do tão temido ano de 2009 é a sensibilidade do brasileiro. E, segundo o professor emérito da FEA-USP, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a encarnação do otimismo. “Lula é o maior economista do Brasil”, diz Delfim. Em entrevista à Agência Estado, concedida na manhã do dia 10 de dezembro, em seu escritório localizado ao lado do Estádio do Pacaembu, no bairro paulistano de Higienópolis, o economista falou de Platão, Aristóteles, Henry Paulson, Alan Greenspan e, claro, Lula. A seguir, os principais trechos da entrevista. Qual a avaliação que o sr. faz sobre os impactos da crise financeira no Brasil em 2009? Você está em um ambiente complicado e é claro que o Brasil vai pagar o preço de fazer parte do mundo, como tem os benefícios. O Brasil usou a expansão que houve no mundo. E eu estou convencido de que esta crise é, simplesmente, a própria crise de 2001 consertada pelos economistas. Teve a crise em 2001, que foi a crise do pontocom, que explodiu, e apareceu aquela patifaria da Enron. E como é que os economistas resolveram essa crise? Fornecendo liquidez e permitindo que toda a imaginação do sistema financeiro se exercitasse plenamente, com a idéia de que o sistema tinha em si uma moralidade ínsita. Portanto, ninguém precisa se preocupar porque é tudo gente correta, que não vai fazer nada de patifaria… O sr. avalia que hoje, então, houve o estouro da bolha da moralidade? Não, a moralidade já explodiu na Enron. E o que o governo foi fazendo? O Fed e o Tesouro americano passando a grosa, permitindo que você fizesse um curto-circuito aqui, outro lá. Quando o (Henry) Paulson (secretário do Tesouro) tomou posse, em 2006, ele declarou: “Eu vim para acabar com o resto de regulação que está perturbando o crescimento.” Em 2006! A crise já estava explodindo! Então, você está diante de um fato: os economistas são capazes de produzir uma crise, mas não podem resolvê-la. A crise está fora da economia.

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