A vida como não deveria ser
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Guia do espaço e designer de órgãos: Organização lista dez profissões do futuro Foi-se o tempo em que as respostas para a pergunta “o que você quer ser quando crescer?” eram apenas “médico”, “advogado” e “professor”. Futuras gerações devem ter opções muito mais criativas, como “guia turístico do espaço” ou “designer de órgãos do corpo”. É o que diz o relatório Tomorrow Jobs, feito em parceira pelo Future Lab, consultoria que tenta prever tendências em 14 áreas, e a Microsoft Surface, área da empresa voltada para estudantes.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] O relatório descreve dez empregos que não existem hoje mas que, segundo a consultoria, existirão em dez anos. “Tenho que ser honesto: alguns empregos desta lista surpreenderam até a gente, e não é muito fácil nos surpreender”, disse à BBC Steve Tooze, futurologista do Future Lab. De acordo com o Departamento de Empregos americano, 65% dos estudantes de hoje irão trabalhar em carreiras que ainda não existem. Veja abaixo os empregos do futuro: Direito de imagemTHINKSTOCK 1. Arqueólogo de lixo espacial Sua tarefa será localizar e explorar destroços de materiais na órbita da Terra. Também farão tours guiados em naves abandonadas e satélites fora de uso, enquanto coletam, arquivam e decifram cada item recuperado. Direito de imagemTHINKSTOCK 2. Especialista em armazenamento de memória O relatório prevê que, no final dos anos 2020, interfaces cérebro-software que antes eram usadas apenas por neurocientistas irão se popularizar. Com isso, as pessoas poderão ler e capturar pensamentos, memórias e sonhos. Esses especialistas teriam a função de ajudar os usuários a aumentar a capacidade de armazenamento de suas mentes. Com isso, elas poderão acessar mais lembranças e experimentá-las quando quiserem. Direito de imagemTHINKSTOCK 3. Estrategistas de recuperação da natureza Com a previsão de que a população da Terra ultrapasse os 9 bilhões, os ecossistemas naturais estarão no limite em 2025. Esse profissional irá reconstruir ecossistemas usando fauna e flora de todo o mundo. A ideia é que ele possa reintroduzir plantas e animais extintos em diversas regiões, além de ajudar os animais a migrarem quando necessário. Direito de imagemTHINKSTOCK 4. Profissional de inovação de bateria O estudo prevê que, em alguns anos, haverá um aumento do uso de energias renováveis, como solar e eólica. Porém, será preciso ter energia armazenada para dias em que não haja sol ou vento Quem fará isso são esses profissionais, que combinarão diferentes elementos para inventar novos tipos de armazenagem de energia. Eles também irão supervisionar a instalação de supercarregadores para lidar com a demanda crescente por energia gerada pelo aumento do uso da “internet das coisas”. Direito de imagemTHINKSTOCK 5. Designer de partes do corpo Futurologistas preveem que, com os avanços da tecnologia, a média de idade dos humanos supere os cem anos. Isso vai acontecer com a popularização das técnicas de substituição de órgãos e tecidos humanos. O designer de órgãos vai projetar membros que combinem com o tom de pele e musculatura, além de criar novas aparências ou aumentar a funcionalidade de membros para determinadas funções ou esportes. Direito de imagemTHINKSTOCK 6. Designer de ambientes virtuais Por volta de 2025, milhões de pessoas passarão uma boa parte do dia trabalhando, jogando ou viajando em ambientes de realidade virtual. Mas essa experiência precisará ser imersiva a ponto que quase não seja possível diferenciá-la do mundo real. Por isso, será preciso ter profissionais como arquitetos e design de interiores que trabalhem apenas no ciberespaço. Direito de imagemTHINKSTOCK 7. Ativista de ética tecnológica Na próxima década, o relatório prevê que a tão esperada era dos robôs finalmente chegará. Eles poderão ser assistentes pessoais, técnicos de trabalhos manuais ou atendentes de serviços aos consumidor, por exemplo. Mas eles roubarão os empregos das pessoas? Quem irá regular isso? É aí que entra a figura do ativista, que atuará junto a governos para decidir o que os robôs podem ou não podem fazer. Direito de imagemTHINKSTOCK 8. Comentarista de cultura digital Acredita-se que o sucesso de redes sociais de apelo visual, como Instagram e Pinterest, mostre que as novas gerações se engajem cada vez mais com a cultura por meio de imagens. Por isso, será necessário ter alguém que transforme cultura e artes em imagens, além de adaptar a cultura de marcas a essa nova realidade. Direito de imagemTHINKSTOCK 9. Biohacker freelance Um ambiente antes restrito a acadêmicos irá se abrir para profissionais que não precisam publicar artigos ou dar aula e, com isso, podem explorar mais sua criatividade. O relatório prevê que, em dez anos, a medicina também passará a se aproveitar de crowdsource e soluções inovadoras na busca de vacinas, antibióticos e curas de doenças. A ideia é que esses profissionais freelance se unam em ambientes online e usem ferramentas de edição de genes, por exemplo, para buscar curas de doenças. Direito de imagemTHINKSTOCK 10. Criação na área de dados da internet das coisas Muita gente não sabe, mas já está usando a internet das coisas, com carros e eletrônicos que têm softwares que coletam dados. A tendência é que isso aumente – seu tênis pode reunir dados sobre sua corrida para você, por exemplo. O profissional dessa área irá unir e interpretar esses dados, de forma a oferecer mais serviços úteis para o consumidor.
Tecnologia pode criar elite de super-humanos e massa de ‘inúteis’, diz autor de best-seller O israelense Yuval Harari investiga a relação entre história e biologia, as diferenças essenciais entre o ser humano e outros animais e o rumo da história humana Os avanços em tecnologia, genética e inteligência artificial podem transformar a desigualdade econômica em desigualdade biológica? O autor e historiador Yuval Noah Harari se fez essa pergunta.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Professor de História na Universidade Hebraica de Jerusalém, ele estuda o passado para olhar para o futuro. Autor de dois best-sellers, Sapiens: Uma breve história da humanidade (editora L&PM)e Homo Deus: Uma breve história do amanhã (editora Companhia das Letras), Harari foi entrevistado pelo programa The Inquiry, da BBC, sobre a possibilidade de a tecnologia alterar o mundo e a espécie humana. Leia o depoimento do professor à BBC: “A desigualdade existe há no mínimo 30 mil anos. Os caçadores-coletores eram mais igualitários do que as sociedades subsequentes. Eles tinham poucas propriedades, e propriedade é um pré-requisito para desigualdade de longo prazo. Mas até eles tinham hierarquias. Nos séculos 19 e 20, porém, algo mudou. Igualdade tornou-se um valor dominante na cultura humana em quase todo o mundo. Por quê? Foi em parte devido à ascensão de novas ideologias como o humanismo, o liberalismo e o socialismo. Mas também se tratava de mudanças tecnológicas e econômicas – que estavam ligadas a essas novas ideologias, claro. De repente, a elite começou a precisar de um grande número de pessoas saudáveis e educadas para servir como soldados nos exércitos e como trabalhadores nas fábricas. Os governos não forneciam educação e vacinação porque eram bondosos. Eles precisavam que as massas fossem úteis. Mas agora isso está mudando novamente. Engenharia genética é hoje disseminada. Até onde ela poderá evoluir? Direito de imagem GETTY IMAGES Os melhores exércitos da atualidade demandam poucos soldados, mas altamente treinados e com equipamentos de alta tecnologia. As fábricas também estão cada vez mais automatizadas. Esse é um dos motivos pelos quais poderemos – num futuro não tão distante – ver a criação das sociedades mais desiguais que já existiram na história humana. E há outros motivos para temer esse futuro. Com rápidos avanços em biotecnologia e bioengenharia, nós podemos chegar a um ponto em que, pela primeira vez na história, desigualdade econômica se torne desigualdade biológica. Até agora, humanos tinham controle sobre o mundo ao seu redor. Eles podiam controlar rios, florestas, animais e plantas. Mas eles tinham muito pouco controle do mundo dentro deles. Eles tinham capacidade limitada de manipular seus próprios corpos, cérebros e mentes. Eles não podiam evitar a morte. Talvez esse não seja sempre o caso. Inteligência artificial está sendo vista como uma ameaça a levas de empregos humanos – Direito de imagem GETTY IMAGES Há duas maneiras principais de aprimorar humanos: ou você altera algo em sua estrutura biológica por meio de alteração de seu DNA, ou – o jeito mais radical – você combina partes orgânicas e inorgânicas, talvez conectando diretamente cérebros e computadores. Os ricos – ao adquirir tais melhorias biológicas – poderiam se tornar literalmente melhores que os demais: mais inteligentes, saudáveis e com vidas mais longas. Nesse ponto, será facil que essa classe “aprimorada” tenha poder. Pense desta forma: no passado, a nobreza tentou convencer as massas que eles eram superiores a todos os outros e que deveriam deter o poder. No futuro que estou descrevendo, eles realmente serão superiores às massas. E como eles serão melhores que nós, fará mais sentido ceder a eles o poder e a prerrogativa de tomada de decisões. Poderiam aqueles que controlam dados e algoritmos tornar-se a superclasse do futuro? – Direito de imagem GETTY IMAGES Podemos também constatar que a ascensão da inteligência artificial – e não apenas automação – pode significar que grandes contingentes de pessoas, em todos os tipos de emprego, simplesmente perderão sua utilidade econômica. Os dois processos casados – aprimoramento humano e ascensão de inteligência artificial – podem resultar na separação da humanidade em uma pequena classe de super-humanos e uma gigantesca subclasse de pessoas “inúteis”. Eis um exemplo concreto: pense no mercado de transporte. Há centenas de motoristas de caminhões, táxis e ônibus no Reino Unido. Cada um deles comanda uma pequena parte do mercado de transporte, e todos ganham poder político em função disso. Eles podem se sindicalizar e, se o governo faz algo que não gostam, eles podem fazer uma greve e travar todo o sistema. Agora, avance 30 anos no tempo. Todos os veículos conduzem a si próprios e uma corporação controla o algoritmo que comanda todo o mercado de transporte. Todo o poder econômico e político previamente compartilhado por milhares agora está nas mãos de uma única corporação. Ricos, diz autor, poderiam adquirir melhorias biológicas e se tornar literalmente melhores que os demais: mais inteligentes, saudáveis e longevos – Direito de imagem GETTY IMAGES Depois que você perde sua importância econômica, o Estado perde ao menos um pouco do incentivo de investir em saúde, educação e bem-estar. Seu futuro dependeria da boa vontade de uma pequena elite. Talvez haja boa vontade mas, em tempo de de crise – como uma catástrofe climática -, seria muito fácil te descartar. Tecnologia não é determinista. Ainda podemos fazer algo para lidar com tudo isso. Mas acho que deveríamos estar cientes de que descrevo um futuro possível. Se não gostamos dessa possibilidade, precisamos agir antes que seja tarde. Existe mais um passo possível no caminho rumo à desigualdade previamente inimaginável. A curto prazo, a autoridade pode se centrar em uma pequena elite que detenha e controle os algoritmos e os dados que os alimentam. A longo prazo, porém, a autoridade poderá se transferir completamente dos humanos aos algoritmos. Quando uma inteligência artificial for mais inteligente que nós, toda a humanidade poderá se tornar inútil. O que aconteceria depois disso? Não temos nenhuma ideia – literalmente não podemos imaginar. Como poderíamos? Estamos falando de uma inteligência muito maior do que a que a humanidade possui.”
‘As pessoas estão muito fechadas ao diferente’: a difícil inclusão do autista na escola A empresária Carolina Felício com a filha Júlia, de 17 anos: três negativas de matrícula e luta por educação em instituição regular Júlia tem 17 anos e fala pouco, como muitos adolescentes. Segundo a família, é assim desde criança. Também ainda não pensa em Enem, vestibular e cursinho – cursará a 7ª série do ensino fundamental neste ano.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Letícia, de oito anos, também se comunica pouco – apenas quando quer. De acordo com a mãe, ela se irrita com alguns barulhos e às vezes não tem paciência para esperar. Quando está feliz, faz movimentos intensos com braços e pernas. Em comum, ambas têm o diagnóstico de autismo. E suas famílias enfrentam a mesma dificuldade: encontrar uma escola que as aceite. O autismo integra um grupo maior de doenças conhecido como transtorno do espectro autista (TEA). Acomete cerca de 1 a cada 100 crianças – no Brasil, estima-se que 2 milhões de crianças já tenham sido diagnosticadas. Os sintomas variam muito, porém os mais comuns afetam habilidades sociais e de comunicação. Uma lei federal de 2012 garantiu a autistas o acesso à educação e ensino profissionalizante em escolas regulares. Fixou punição de até 20 salários mínimos (R$ 18,7 mil) ao gestor escolar que recusar a matrícula de aluno com autismo – e prevê perda do cargo em caso de reincidência. Na prática, contudo, as recusas continuam – e muitas vezes por desinformação das famílias sobre seus direitos. Três escolas privadas já negaram matrícula à Júlia, que vive em Ribeirão Preto (SP). Letícia soma nove negativas em seus oito anos de vida, todas de instituições privadas da capital paulista. Em geral, as negativas são “veladas”: as instituições dizem não ter estrutura, material adaptado. Às vezes impõem condições – como um psicólogo bancado pela família – ou citam o atraso no desenvolvimento da criança como obstáculo à admissão. Indivíduos com autismo possuem menos atividade na amígdala (em vermelho), que tem um papel fundamental no processamento de emoções Direito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARY Reação de outros pais Para a empresária Carolina Felício, de 43 anos, mãe de Júlia, a batalha pela educação regular começou cedo: mães da escola em que a filha cursava o jardim de infância fizeram um abaixo-assinado pedindo a saída da garota. “Ela tinha um problema motor grande à época e precisava de ajuda para andar, mas a coordenação aceitou recebê-la. Uma semana após o início das aulas, as mães, com medo de os filhos serem prejudicados, pediram que ela saísse. A coordenação me informou, e a Jú acabou saindo”, conta. Carolina recorreu à fantasia para consolar a filha. “Falei que havia monstros na escola, porque ela chorava querendo ir.” Aos seis meses, Júlia foi diagnosticada com uma das formas de epilepsia mais graves da infância. Remédios para controlar as convulsões dificultaram a identificação dos sintomas, e o diagnóstico de autismo veio somente aos três anos. Autismo em números • Estimativas sugerem que cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil tenham autismo • Garotos são diagnosticados com autismo até quatro vezes mais do que meninas • O número de casos identificados aumentou nos últimos 20 anos, provavelmente por melhorias nos diagnósticos • Não existe cura para o transtorno, mas há várias intervenções disponíveis “A Jú não falava. Chegamos até a cogitar algum meio de comunicação alternativa, mas trabalhamos a fala e a comunicação com figuras. Ela também tem intolerância a som, luz, ruídos e certos tecidos e dificuldade com relacionamento, comunicação e intolerância a esperas”, diz a empresária. Após o episódio no jardim de infância, a mãe se mudou com a filha para São Paulo e depois para os Estados Unidos, onde Júlia começou um tratamento com medicações e terapia comportamental que realiza até hoje. Quando voltaram a Ribeirão Preto, quatro anos depois, Júlia conseguiu ingressar em uma escola particular da cidade, mas a mãe resolveu tirá-la da escola quando ela completou 12 anos. “Foi por falta de material adaptado, de conhecimento dos professores para lidar com o assunto e de inclusão, principalmente com outras crianças. Daí continuei a educação dela em casa, com terapeutas e professores”, conta a mãe. Agora, aos 17 anos, Júlia está retornando à sala de aula – mas aos poucos. “Fizemos um esforço intenso para prepará-la. A escola está ajudando, houve um trabalho com professores e alunos sobre inclusão. Mas a volta será gradativa: ela ficará por períodos menores na escola, para ter vontade de voltar no dia seguinte sem se cansar.” Papel da escola Para a psicóloga Denise Callao, do Instituto Neurocomportamental da Flórida (EUA), o preconceito ainda é a maior dificuldade para portadores de trantorno do espectro autista. “É o que barra qualquer tipo de relacionamento. As pessoas estão muito fechadas para o diferente. Desde que a gente aceite simplesmente (o autismo) como uma característica diferente do ser humano, tudo pode ser mais fácil.” Diferentemente da mãe de Júlia, que optou pela educação convencional, a enfermeira Elaine Sabbag, de 40 anos, decidiu matricular Letícia em uma instituição específica após as nove negativas de escolas regulares. A escola têm as chamadas salas regulares e inclusivas. Estas últimas atendem, por exemplo, alunos cadeirantes e com autismo. Há todas as disciplinas normais (exceto inglês), atendimento especializado, teatro e música. “Essa escola tem mais preparo, conhecimento e dedicação a uma criança especial. Ela estuda em uma sala com mais seis crianças, com acompanhamento terapêutico”, afirma a mãe, que também vê pontos negativos nessa opção. “Ela vem imitando muito outras crianças, e falando menos, por exemplo”, afirma. Aos oito anos e com autismo, Letícia teve a matrícula recusada em nove escolas A questão, de fato, divide pais de filhos autistas. Há quem defenda o direito de educar as crianças em escolas específicas ou em casa, enquanto outros dizem que a educação regular melhora a socialização. “A melhor escola é a que quer receber a criança. Claro que queremos que elas estejam incluídas no mundo desde pequenas e colocá-las
Alec Jones aspira trabalhar um dia para grandes firmas tecnológicas Alec Jones é um adolescente canadense de 14 anos que há seis meses se empenha no desenvolvimento de um aplicativo para ajudar estudantes a organizar seus deveres de casa.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Sua ideia está à frente da revolução tecnológica que o Facebook pretende liderar e parece ser melhor que outras com tecnologia semelhante desenvolvidas por empresas como Google e CNN. A tecnologia é a do chatbot, tida como uma promessa de mudar completamente a forma como interagimos com serviços e empresas online. Na tradução literal, seria algo como “robô de bate-papo”. Image captionO bot interage com as crianças: “Você tem dever de casa de matemática?”; “Sim”; “Seu professor precisa relaxar um pouco com o dever de casa. Que dever você tem?”; “Mais álgebra 🙁 “; “Ok, entendido”. No ano passado, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, abriu o acesso a documentos para tornar possível qualquer um desenvolver seus bots para o Messenger (aplicativo de mensagens da rede social), como uma forma de estimular e testar a nova tecnologia. E, há quase um ano, o presidente-executivo da Microsoft, Satya Nadella, proclamou: “os ‘bots’ são os novos aplicativos”. Mas, até agora, seu progresso tem sido decepcionante. A maioria dos apps é pouco útil ou não funciona bem. Na semana passada, no entanto, meu otimismo renasceu nas mãos de Alec Jones, que vem desenvolvendo o “Christopher Bot”. Conversa informal Para configurá-lo, é preciso apenas compartilhar o horário escolar com o bot, e ele envia mensagens ao final de cada aula pelo Facebook Messenger para perguntar se há dever de casa. “Você tem dever de casa de matemática?”, me perguntou por mensagem o bot. “Sim”, respondi. “Seu professor precisa relaxar um pouco com o dever de casa”, respondeu, acrescentando: “qual dever de casa você tem?”. “Mais álgebra 🙁 “, escrevi. “Ok, entendido”. O aplicativo de Alec funciona no Facebook Messenger Por meio desse sistema, pude incluir facilmente “álgebra” num calendário semanal. Assim, posso acessá-lo a qualquer momento para checar o que falta fazer. Logo que completei a tarefa, avisei ao Christopher Bot, e ele me felicitou, eliminando automaticamente a tarefa da lista de coisas pendentes. E o melhor é que na época das férias, o bot não incomoda. A promessa dos chatbots O que impressiona é que, de todos os experimentos que se têm observado, esta é a primeira vez que um chatbot foi, realmente, a melhor maneira de solucionar um problema. Outros chatbots produzem uma experiência pior de algo que já existe. Por exemplo, é melhor ter acesso a notícias da CNN por meio de qualquer outro de seus produtos que o chatbot. E o popular bot de informação climática Poncho, embora atraente e bem divulgado, tem o hábito de me dizer que está para chover cinco minutos depois que os pingos já começaram a cair. Allo, o serviço de mensagem do Google, funciona em dispositivos iOS e Android Mas Christopher Bot mostra o potencial de produzir um serviço que tira a necessidade do estudante de acessar outra ferramenta para lembrar o que é preciso fazer. E interage de uma forma que diminui (ligeiramente) a tarefa inevitável. “Queria que ele não parecesse com um robô, que parecesse com meus amigos”, contou Alec. “Se a gente tem dever de casa, a gente se cumprimenta e diz ‘que droga’”. E ele faz isso dentro de um aplicativo (Facebook Messenger) que os amigos dele provavelmente já estão usando (embora talvez o Snapchat seja mais útil no futuro). Em resumo, é um produto que aquelas companhias que apostam nos chatbots deveriam tentar imitar. Críticas positivas No início desta semana, o bot de Alec foi compartilhado no Product Hunt, um site sobre produtos tecnológicos que ganham ou perdem popularidade segundo as reações geradas entre os assinantes. “Você está resolvendo o problema de muitos estudantes”, disse um usuário. “Também tenho 14 anos”, falou outro. “Ótimo trabalho! É incrível como você tem a minha idade e fez um produto tão legal e útil. Demais!”, acrescentou. Mark Zuckerberg disse ano passado querer que mais pessoas criassem aplicativos para o Messenger Allo allo Enquanto isto, o programa Allo, do Google, lançado com pompa ano passado por integrar inteligência artificial em seu sistema, não conseguiu sequer brigar por uma parte do mercado de aplicativos de mensagem, dominado pelo WhatsApp e o Facebook Messenger. Isso porque não há nenhuma boa razão para usar o Allo. Nenhuma de suas características – como pedir por direções – dá algo a mais ou mais interessante do que aquilo que já se consegue “à moda antiga”. E usuários têm uma paciência incrivelmente curta para chatbots que não funcionam como esperado. Para Alec, a maioria das grandes companhias está perdendo o foco. “Existem vários chatbos feitos por essas grandes companhias que deveriam ajudá-lo a interagir mais com os serviços deles e possibilitar mais funcionalidades” , opinou. “Mas parece que eles viram os bots, e pensaram: ‘isso é legal, as pessoas estão olhando para isso agora, então vamos também construir um bot’”, disse. “Parece que eles fizeram versões não tão boas do que realmente estão tentando fazer”, acrescentou. Como qualquer bom desenvolvedor, Alec tem aspirações de dar um passo à frente – ele quer que o aplicativo também possa ser usado por adultos no trabalho
São confiantes, não se sentem presos aos seus empregos. É duro aprender a lidar com essa turma. É cada vez mais difícil contratar e reter talentos. Os profissionais mais jovens estão chegando ao mercado com expectativas exageradas sobre sua carreira, que geralmente não coincidem com as de seus empregadores.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] São representantes da chamada geração do milênio, também conhecida como geração Y. Uma radiografia extensa desses jovens, nascidos entre 1980 e 2001, acaba de sair nos Estados Unidos sob o título The Troph Kids Grow Up: How the Millennial Generation Is Shaking Up the Workplace (“Os garotos premiados cresceram: como a geração do milênio transforma o ambiente de trabalho”), escrita pelo jornalista americano Ron Alsop, do Wall Street Journal. Quem são esses jovens? Segundo Alsop, eles cresceram num ambiente superprotetor. Mimados por pais e professores, foram habituados a receber troféus – eis a origem do título do livro – por suas conquistas infantis. Têm uma confiança elevada nas próprias competências e costumam se irritar quando o empregador não partilha dessa avaliação. “Acham que têm condições de se tornar CEO de um dia para o outro”, diz Alsop. Esses jovens começam agora a ocupar as vagas deixadas pelos baby boomers – como são conhecidos os nascidos entre a Segunda Guerra e 1960 –, que estão se aposentando. Suas expectativas são muito maiores do que as das gerações que os precederam. De acordo com uma pesquisa da CareerBuilder, o maior site de emprego dos Estados Unidos, eles querem de imediato salários altos (74%), horários flexíveis (61%), promoção antes de completar um ano na empresa (56%) e um pouco mais de tempo livre e férias (50%). Exigentes, precisam da atenção constante de seus chefes. Avaliações anuais não são suficientes. Querem saber com freqüência como estão se saindo no trabalho. Ao mesmo tempo, ficam aborrecidos quando recebem críticas. Alsop sugere que sejam repreendidos de forma cuidadosa, sob o risco de que abandonem a empresa. “Gostam de ser estimulados a toda hora, mas nem sempre recebem de forma positiva as sugestões para melhorar seu desempenho”, disse Steve Canale, gerente de recrutamento da General Electric, em entrevista a Alsop. A hierarquia das empresas também não assusta esses jovens profissionais. “Querem ser tratados como colegas, não como subordinados, e esperam acesso livre a seus chefes, mesmo ao CEO, para defender suas idéias brilhantes”, afirma Alsop. Apesar das exigências que fazem a suas empresas, os integrantes da geração do milênio não se sentem amarrados a elas. Se o trabalho deixa de ser gratificante, o abandonam sem pensar duas vezes, até porque não os incomoda a idéia de voltar para a casa dos pais, se necessário. Num levantamento realizado pela Michigan State University e pelo site MonsterTrak, dois terços desses jovens afirmaram que, provavelmente, “surfarão” de um emprego para outro durante suas carreiras. O autor de The Troph Kids Grow Up acredita que as empresas terão de se adaptar, em alguma medida, à geração do milênio para conseguir reter seus talentos. Precisam de suas habilidades tecnológicas, de sua capacidade de trabalhar em equipe e de sua competência para executar vários trabalhos ao mesmo tempo. É fundamental, segundo Alsop, que mostrem claramente as oportunidades à disposição desses jovens, caso permaneçam na empresa. da Época
Inflamados de Galvões, Jabores, Faustões e BigBrothers, os brasileiros patinam no analfabetismo mental. Também, pudera! Olhem só os dados obtidos pelo IBGE no último censo. 1. Relação do número de livros lidos por habitante: Brasil – 1,8 livros per capita/ano Só prá comparar: França – 7 livros per capita/ano Colômbia – 2,4 livros per capita/ano 2. No Brasil 73% dos livros estão concentrados nas mãos de somente 16% da população; 3. Mais de 90% dos mais de 5 mil município brasileiros não têm museu, teatro nem cinema; 4. Somente 13% dos brasileiros vai ao cinema uma vez ao ano; 5. 92% dos brasileiros nunca foram a um museu; [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]
São José dos Campos entra na corrida global para atrair alunos para o novo campo Alunos em escola de São José dos Campos. PMSJC Considerado um dos maiores inimigos do aprendizado na escola, o celular é geralmente banido da sala de aula por causar dispersão e falta de atenção. Mas é cada vez mais difícil separar os jovens de seus aparelhos móveis, dispositivos que manejam com destreza desde os primeiros anos escolares. Para aproveitar a proximidade dos estudantes com as novas tecnologias, algumas escolas estão incentivando o aprendizado de programação em sala. A escola municipal Elizabete de Paula Honorato, na periferia de São José dos Campos, vem implementando um laboratório de robótica, games e realidade aumentada a pedido dos próprios alunos, com recursos levantados por meio do Projeto Escola Interativa, programa da prefeitura que tem como objetivo equipar as 119 escolas da rede com infraestrutura tecnológica.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A iniciativa busca aproveitar o potencial econômico da cidade, que abriga um dos maiores parques tecnológicos do país, onde se localizam mais de 300 empresas e instituições do setor. Por meio do projeto, a escola já recebeu o kit de notebooks, tablets, projetores interativos e acesso a rede wi-fi, para que alunos e professores acessem o conteúdo de bibliotecas virtuais públicas no mundo todo. Um dos alunos que motivaram a criação do laboratório na escola é Leonardo Henrique Garcia, de 12 anos, que na sétima série começou a programar jogosporque, um dia, descobriu um link diferente dentro do site gratuito que os professores lhe indicaram como referência de estudos, a plataforma Khan Academy (que reúne uma vasta biblioteca virtual de conteúdo referente ao ensino fundamental e médio). Navegando pela plataforma, entrou em um link sobre computação e, em seguida, sobre linguagem de programação, como Scratch (do MIT) e Java Script. Quando se deu conta, estava criando jogos de raciocínio lógico, pois matemática é a aula que ele mais gosta. “Passo bastante tempo jogando no computador. Desenvolver jogos virou um hobby para mim. Ainda não sei se quero trabalhar com isso, mas gosto muito”, conta o tímido aluno. Os professores perceberam que Leonardo tinha talento para tecnologia quando conseguiu resolver, com linguagem de programação, um problema técnico que impedia que o blog da escola, criado por um grupo de alunos há alguns anos, fosse atualizado Os professores perceberam que Leonardo tinha talento para tecnologia quando conseguiu resolver, com linguagem de programação, um problema técnico que impedia que o blog da escola, criado por um grupo de alunos há alguns anos, fosse atualizado. Hoje, o aluno coordena o conteúdo da página, atividade que realiza em paralelo a outro blog que mantém, de dobraduras. Ele também foi escolhido para ser um dos monitores do Laboratório de Educação Digital e Interativa (Ledi), um projeto desenvolvido pela prefeitura da cidade que reúne, em um prédio exclusivo no centro, atividades de computação, programação, audiovisuais e robótica. Aos 12 anos, Leonardo começou a desenvolver jogos de computador PMSJC O Ledi também faz parte do projeto Escola Interativa e foi inaugurado este ano. O centro é aberto para a comunidade e para os 60 mil alunos da rede de ensino, e oferece aulas gratuitas de programação e oficinas de computação. Lá, Leonardo colaborou, junto com um grupo de alunos da rede e de estagiários, todos vindos de graduações tecnológicas de universidades do local, para o desenvolvimento de um jogo educativo que será utilizado em sala nas escolas da cidade, o Sanja Runner – Sanja é como os habitantes se referem a São José dos Campos. O jogo ensina história, geografia e até matemática por meio de um roteiro elaborado pelos desenvolvedores do Ledi. “Um menino faz a lição de casa, que é sobre os pontos históricos de Sanja, e, cansado, acaba dormindo sobre as anotações. Quando acorda, nota que o trabalho sumiu. Seu cachorro pegou e saiu correndo pela cidade. O personagem precisa recuperar a lição. A cada folha recuperada, uma informação sobre a história do município aparece na tela para o jogador. Para passar para uma nova fase, o aluno precisa responder a um quiz sobre aquilo que aprendeu”, explica Yoji Kojio, de 24 anos, aluno de ciências da computação da Unifesp e estagiário do Ledi. O game, lançado no final de junho, é uma espécie de Sonic e Mário World educativo e já virou sucesso entre os alunos. Cenário do Sanja Runner. PMSJC “A tecnologia está presente na vida dos jovens e já mudou a forma como os alunos interagem e aprendem em sala. Nada mais razoável do que incentivar essas habilidades e aproveitá-las em um modelo de ensino que se torna cada vez mais multidisciplinar”, afirma o vice-diretor da escola Elizabete Honorato, Pablo Jacinto de Oliveira. No colégio, estão matriculados hoje 1.200 alunos do ensino fundamental e da EJA, ensino de jovens e adultos. Segundo o gestor, a maioria tem até mais de um celular. “As escolas precisam se adaptar às novas demandas de ensino, treinando professores e abrindo oportunidades de aprendizado com ferramentas interativas. Não apenas por causa do mercado de trabalho, mas também porque os alunos se sentem mais motivados quando utilizamos ferramentas que já fazem parte do dia a dia deles”, complementa. ElPaís
Os responsáveis pela crise no Rio de Janeiro, que fez com que o governador em exercício decretasse estado de calamidade pública – o que já repercute na imprensa internacional -, são aqueles porcalhões que se sujaram dos pés à cabeça em uma festa milhardária no exterior, e tiveram que lavar a cabeça com guardanapo, enquanto riam e gargalhavam do sofrimento do povo fluminense. Em entrevista, o governador destacou que se o Estado do Rio de Janeiro fosse uma empresa, iria ser fechada. Mas, e o povo, como fica com isso? O jornal inglês The Guardian deu destaque na noite desta sexta-feira (17) ao decreto de calamidade pública, destacando que a medida ajuda a engrossar a lista de outros problemas que o país já precisava enfrentar, como impeachment da presidente Dilma, Zika, investigações sobre corrupção e dificuldades econômicas.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “A maior preocupação para os 500 mil visitantes esperados para os Jogos é o corte no orçamento da segurança pública, o que contribui para os problemas enfrentados pela ‘pacificação’ de favelas e para um ressurgimento de crimes violentos. Isto em meio a advertências de que terroristas teriam o evento como alvo”, diz o jornal inglês. >> ‘The Guardian’: Calamidade pública no Rio é embaraço para anfitrião da Olimpíada Entre os personagens daquela festa milhardária estava o antigo secretário da Fazenda do Estado, que foi ministro da Fazenda no governo Dilma e hoje engana o mundo ao dirigir organismo internacional na área financeira. Outros que estavam ali enganam empresários, se empregando em suas empresas, talvez para fazer lobby de cobrança. E outro, da área de saúde, deve estar enganando ou tentando também com lobby para receber o que, quando secretário, ficou devendo a essas empresas. Em agosto de 2010, Sérgio Cabral já dizia: “Ganhamos as Olimpíadas, que parecia um sonho impossível. Estamos mudando o Rio”. Ele tinha razão, ele já sabia que o Rio ia quebrar, mas na mão de outros. Mais tarde, em novembro do mesmo ano, Cabral declarou: “Ganhamos as Olimpíadas de 2016 não foi para termos 21 dias de alta cobertura de segurança dos convidados. Ganhamos para dar à população do Rio.” E o povo, como fica? É obrigado a assistir a tudo isso calado. O próprio decreto fala em necessidade de atender às áreas de segurança, saúde e educação, basicamente. Na segurança pública, o cidadão é assaltado e morto. Na saúde, o enfermo tem como expectativa a morte. O acidentado no trânsito e o pobre doente em casa, se necessitarem do Samu, vão morrer, na ausência de ambulâncias, médicos e remédios. Na educação, o aluno do colégio público, como não pode estudar, corre o risco da delinquência ou da sobrevivência sofrida. Os servidores não recebem seus salários. E La Nave Va… E a Justiça não dará a esses senhores nem uma ‘tornozeleirinha’. Eles, os responsáveis por questões desde a queda de helicópteros com crianças mortas até o superfaturamento de empresas terceirizadas de todas as áreas, que não recebem do governo estadual mas também não reclamam, o que indica que os contratos firmados devem ter sido bem vantajosos para os envolvidos. E o povo, como fica? Depois que eles financiaram a Olimpíada, o povo se limita a trafegar por vias engarrafas, correndo o risco de perderem o emprego, os que ainda têm um, por não conseguirem chegar aos locais de trabalho na hora certa. E o povo, como fica? Os cientistas políticos e os sociólogos fazem suas previsões sobre o que pode vir a acontecer com esse povo. Eles concluem, por exemplo, que os policiais que vão para as ruas para tentar defender o estado e as famílias saem de casa conscientes de que suas próprias famílias podem perder o provedor. Os criminosos estão mais armados. Já a família precisaria esperar dois ou seis meses para receber os proventos do policial que morreu. E o povo, como fica? Enquanto o Brasil sofre, eles já providenciaram suas passagens e passaportes para viverem nas residências que devem ter no exterior. JB
Plano Nacional está comprometido com eventual desvinculação de receitas, alertam educadores em Seminário EL PAÍS. Cesar Callegari, conselheiro do CNE, durante evento de educação na última quinta. Bruno Sousa El País Em dois dias de Governo interino do presidente Michel Temer já se sabe que haverá um ajuste fiscal e que pode haver a Desvinculação de Receitas da União (DRU), um mecanismo que permite gastar livremente parte do orçamento disponível, sem seguir as obrigações constitucionais de destinação de gastos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Educação é uma das áreas obrigatórias. Os dois anúncios acenderam o alerta entre especialistas em educação, reunidos durante o “Seminário Internacional Educação para a cidadania global”, realizado pelo EL PAÍS, a Fundação Santillana e a Unesco, na última quinta-feira (12), em São Paulo. Eles temem o distanciamento do país de concretizar as metas do Plano Nacional de Educação (PNE). Aprovado em 2014, o PNE foi criado justamente para corrigir falhas na área, melhorando a universalização da educação, e criando um plano de carreira para professores da rede pública, uma das categorias mais mal pagas do país. “Educação não é gasto. É investimento”, defendeu Cesar Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). De acordo com o especialista, o já aguardado ajuste fiscal, anunciado pela equipe do presidente interino Michel Temer, e a volta da Desvinculação de Receitas da União (DRU), podem distanciar o país ainda mais de concretizar as metas do Plano Nacional de Educação (PNE). “Sobretudo em momentos de dificuldade, como agora, a educação não pode ficar a mercê, ela é um instrumento anticíclico”, complementou. O novo ministro da Educação, José Mendonça Bezerra Filho (deputado federal pelo DEM-PE), assumiu a pasta oficialmente nesta sexta-feira, em um clima bastante tenso. Foi recebido com vaias pelos funcionários de Cultura, pasta que foi fundida a contragosto com o MEC. Bezerra Filho foi vice-governador de Pernambuco de Jarbas Vasconcelos por sete anos, e governador por um ano, quando Vasconcelos saiu para concorrer ao Senado. É conhecido no meio político por ter arquitetado a PEC da reeleição. Na área da educação, contudo, é desconhecido da grande maioria. Durante o evento, os educadores evitaram opinar sobre expectativas quanto a sua gestão. Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, entretanto, destacou que, em sua breve passagem como governador, Bezerra Filho defendeu a educação integral em seu estado. “Não sabemos muita coisa sobre o novo ministro, mas há esperanças. Em Pernambuco, foi um grande entusiasta da educação em tempo integral nas escolas. Mas não conheço o posicionamento dele quanto a outros temas importantes, como a base curricular nacional e a formação de professores”, afirma. Os desafios a enfrentar são muitos. Há uma orientação clara do novo governo interino em promover um severo corte de gastos para elevar receitas e cobrir o rombo das contas públicas. O novo ministro da educação ainda não se pronunciou a respeito de como o ajuste vai afetar a educação, mas interlocutores da equipe econômica de Michel Temer já sinalizaram que aprovação do projeto de lei que ressuscitará a DRU, extinta em dezembro de 2015, será fundamental. Callegari acredita que a DRU é “um atentado contra as bases de financiamento da educação brasileira. Um retrocesso gravíssimo”. Priscilla Cruz concorda. “O ajuste é necessário, mas se o Brasil entende que historicamente o nosso maior erro foi o descaso com a educação, então não pode invadir o nosso orçamento”, afirma. “Se a gente quer reduzir o tempo desta crise e evitar recessões futuras, precisamos de verdade colocar a educação como prioridade”, complementa. Para o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Alessio Costa Lima, caso a DRU volte, ainda que temporariamente para aliviar as contas da União, estados e municípios, as metas já estabelecidas para o Plano Nacional de Educação serão comprometidas. “O PNE determina que a União destine gradativamente um percentual maior do PIB para a educação. Hoje, o país aplica em torno de 5% a 6% do PIB. A meta é que em 2017 chegue a 7% e, no final, em 2024, a 10%. Entendo que na crise a destinação de novos recursos é difícil, mas retirar recursos já existentes, que não são suficientes? A DRU nos preocupa porque seria um preço muito alto que o país pagaria”, conta. Lima destaca, ainda, que 39% dos investimentos em educação partem dos municípios, 41% dos estados e apenas 20% da União. Ainda que os recursos investidos não sejam suficientes para atender todas as demandas do setor, foi possível avançar muito nos últimos anos, segundo opinião de Callegari. Dentro do CNE discute-se, em audiência pública, a criação de uma base curricular nacional comum e o redesenho das diretrizes das licenciaturas, que são a base para a formação de professores no Brasil. “O próximo passo será discutir a ultra concentração da educação superior na mão de poucos e grandes conglomerados empresariais. Impor limites à concentração de grupos econômicos na educação, o que tem só precarizado o sistema”, conta Callegari. “Investir não é colocar mais dinheiro a esmo. É preciso investir naquilo que é estruturante em matéria de qualidade da educação, como a carreira do professor e a infraestrutura das escolas. O PNE defende um novo modelo de educação, que se pretende mais criativo, mais participativo, mais experimental. Esses investimentos precisam acontecer e me preocupa essa redução de verba, mesmo que temporariamente”, explica. Uma nova educação para atender novas demandas Não é preciso falar em cifras da educação, contudo, para chegar à conclusão de que o Brasil ainda tem muito a percorrer no âmbito da qualidade de ensino. Basta voltar à sala de aula: estudantes de diversos estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Rio Grande do Sul estão ocupando suas escolas como forma de reivindicar diversas pautas, que vão desde a melhoria do ensino até o atendimento das necessidades mais básicas, como merenda. De acordo com Maria Redher, coordenadora de projetos da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o movimento estudantil das ruas deixa um recado bastante claro para os gestores de políticas educativas. “A escola, da