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É Froidi – Drops & Picles

Michelle Bolsonaro diz que …”a elite artística brasileira não presta, só querem mamar na teta do governo”. “Micheque Bozó” foi quem recebeu um cheque de R$ 24 mil do laranjeiro Queiroz, o “inachável”. Ps. Vá estudar – sei que estou pedindo muito além da capacidade dos seus Tico e Teco – concordância verbal. Quando o substantivo é coletivo, o verbo não flexiona. Paródia. Com todas as vênias ao grande Luiz Melodia. …lava roupa todo dia/ demagogia/ sem ajuda do Queiroz/ que lavanderia… Bananil; uma nação de otários? Quer comprar? Quer vender? “QUEIROZ MULTIMARCAS”, onde você faz o melhor negócio. Tá explicado. Na entrevista Queiroz foi sarcástico, inteligente e perfeito. Só acrescento que esse cara pensa que somos imbecis. Ou será que somos imbecis e palhaços?   Ele contou a versão dele, ruim, mas é uma versão. Falta agora provar. Quem vende carro trabalha com CSV assinado e procuração, basta apresentar esses documentos. E quem é tão experiente em revenda de carros, não joga fora esses documentos, porque sabe que o comprador em geral enrola para transferir o carro. Infelizmente, o Brasil continua o mesmo e os aproveitadores trocam de nome, mas continuam se aproveitando do Estado.   Queiroz, Queiroz, esse seu angu tá cheio de caroço! Aguardem, que estamos voltando aos velhos tempos das várias versões para um mesmo fato, que vão mudando ao sabor do momento. “Não vi,” “não sei,” “não é meu,” breve, breve, vão, também entrar no repertório. Coisas que o sumiço de Queiroz esclareceu: 1. Queiroz e a filha têm mais medo dos amigos do que da justiça; 2. A lei varia conforme o humor dos procuradores do MPF; 3. Estamos carentes de jornalistas investigativos; 4. A lei do silêncio nos hospitais: nenhuma foto de Queiroz? O laranjal do “Bozó Kid”, continua fértil. Surge nova denúncia. Dessa vez envolve Lídia Cristina dos Santos Cunha – vixe! Cunha? – e Valdenice de Oliveira Meliga – vixe! Meliga? – que foram nomeadas para serem suas (dele) assessoras parlamentares na Alerj. Salário líquido de cada donzela “queiroziana”; R$ 5.124,00. Detalhe: Elas nunca apareceram no trabalho. Fonte: Jornal do SBT. Leio no TWITTER a lista dos “comunistas” brasileiros boicotados pelo MBL. Nela estão Delfim Neto e Cristiana Lobo, entre outros. Realmente esses garotos não fazem ideia do que seja o socialismo, e tampouco comunismo ou democracia. Ignorância explicita exposta sem constrangimento pelos devoradores de alfafa. Muar, hífen é completamente diferente de travessão. Vá estudar acentuação gráfica e depois volte. Ah!, aproveite e aprenda o uso de aspas duplas e aspas simples.

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De faxineira à advogada: um exemplo

‘Fico pensando em leis enquanto limpo privadas’: a advogada que virou faxineira em São Paulo Rosana da Silva exibe um pedido de emprego todos os dias na Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo | Foto: Leandro Machado/BBC Brasil Todos os dias, a advogada Rosana da Silva, de 54 anos, senta-se em um banquinho de plástico em um cruzamento da zona sul de São Paulo e levanta uma placa de papelão com um anúncio: “Faxina. Sete horas. R$ 60.” Há quem pare e olhe, curioso. Há quem tire fotos e publique nas redes sociais ou anote o número dela para um serviço futuro. Mas a trajetória de Rosana é mais complexa do que o pedido público de emprego: ela era secretária, trabalhou para pagar a faculdade de Direito e formou-se advogada, mas entrou em uma derrocada que a levou às ruas e à faxina. “Quando conto minha história às pessoas que me contratam, a frase que mais ouço é ‘não acredito’”, diz ela, sentada na esquina. “Ou acham que sou doida, e não existe nada pior do que ser considerada doida”, acrescenta. Fracasso profissional Ela se formou em Direito em 1995 na Unifieo, uma universidade particular em Osasco, na Grande São Paulo. Pagou o curso com seu salário de secretária, com a “dureza de gente pobre”, nas palavras dela. Em seguida, conseguiu seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com a inscrição 139416, número que ela cita de cor dez anos depois de ter abandonado a carreira. Os primeiros passos como advogada foram em um pequeno escritório que montou com amigos da faculdade. Depois, conseguiu entrar em uma banca de colegas renomados da área de Direito bancário, no centro da cidade. Rosana conta que foi esse trabalho que fez girar a espiral que a levou ao fracasso profissional. “Nesse escritório, eu sofri assédio moral por parte dos dois donos. Me humilhavam: imagina você ser chamada de burra o tempo todo, de incompetente, de drogada. Foram três anos”, afirma. Ela diz que nunca usou entorpecentes. Rosana da Silva está há dez anos sem pagar a anuidade da OAB, o que a impede de retomar a carreira | Foto: Reprodução/OAB-SP Rosana prefere que os nomes dos dois advogados não sejam citados nesta reportagem. Diz que processou os antigos patrões e que fez representações contra eles na comissão de ética da OAB-SP, mas nunca conseguiu vencer os processos. Ela costuma carregar a papelada de algumas ações em sua mochila – tem medo de que eles desapareçam. Procurada pela reportagem, a OAB-SP afirmou que não comenta casos que correm em sigilo. Depois da publicação da reportagem, a instituição procurou a BBC Brasil informando que irá incluir Rosana em um programa de assistência financeira e médica a advogados que passam por dificuldades. ‘Todas as portas fechadas’ Rosana nasceu em Itanhaém, no litoral paulista, mas foi criada por parentes, longe dos pais. Sempre viveu praticamente sozinha e só retomou contato com um dos irmãos depois que ele viu uma foto sua na internet, há pouco mais de um ano. Ela nunca mais conseguiu um trabalho como advogada depois que saiu de seu último escritório. Hoje, acredita que foi perseguida pela OAB, onde seus patrões tinham influência, diz. Nada que Rosana fazia dava certo – tentou dar aulas, mas também foi demitida. “Em São Paulo, o mundo do Direito é muito pequeno. Você fica conhecida como a pessoa que processou os patrões, suas chances diminuem”, conta. Ela resolveu se mudar para Florianópolis, pois não encontrou emprego nem apoio em sua família adotiva. “Pensei: será que não estou tornando um problema pequeno em algo muito grande?”, conta a advogada, que chegou a passar em psicólogos para entender porque sua carreira não deslanchava. “Achei que, se eu saísse de São Paulo, talvez conseguisse me reerguer.” Mas ela não conseguiu. O dinheiro acabou, o aluguel acumulou e Rosana foi viver nas ruas, onde ficou por sete anos. Começou as faxinas para conseguir comer. “Não sobrou mais nada para mim porque a sociedade fechou todas as portas”, diz. ‘Morro de fome, mas pago o aluguel’ Rosana precisa fazer dez faxinas de R$ 60 para conseguir pagar o aluguel do quarto onde mora, na zona sul de São Paulo | Foto: Leandro Machado/BBC Brasil Viver nas ruas não é algo de que Rosana se orgulha – ela costuma dizer perdeu sua cidadania quando deixou de ter um endereço fixo. “Como conseguir um emprego se você diz que tem 54 anos e não mora em lugar nenhum? As empresas têm uma cartilha de desculpas para não te contratar.” Foi por isso que ela criou a placa com o anúncio. Com ela, elimina-se qualquer questionamento sobre seu histórico – Rosana torna-se apenas mais uma pessoa em busca de trabalho. Ela cobra R$ 60 por sete horas de limpeza – um preço baixo no centro expandido de São Paulo. O piso mensal dos trabalhadores domésticos na cidade é de R$ 1.140 por três dias de trabalho semanais, segundo o sindicato da categoria. Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao trimestre que compreende os meses de setembro, outubro e novembro de 2017, o índice de desemprego no Brasil está em 12% – o que equivale a 12,6 milhões de pessoas. Rosana precisa fazer ao menos dez faxinas por mês para conseguir pagar o aluguel de um quartinho com cama, fogão e geladeira. Tem meses que não consegue – seu irmão costuma ajudá-la. “Eu morro de fome, mas pago o aluguel. Não volto para a rua de jeito nenhum”, diz. Esse medo se justifica: ela conta já ter enfrentado episódios de assédio e tentativas de estupro – uma vez, por exemplo, um homem invadiu a barraca onde dormia com uma arma, conta. “Na rua, o homem te enxerga como propriedade”, afirma. “Ele diz: ‘como assim você está nessa situação e não quer nada comigo?’ Cara, porque ninguém entende quando uma mulher decide viver sozinha?” Outra dificuldade é escapar de uma rotina de violências e

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Educação – Chile

‘Nunca deveria estar nas mãos do mercado’, Chile aprova ensino superior público universal Foto: Alex Ibañez/ Presidencia do Chile Governo chileno decidiu aprovar reforma do ensino superior que põe fim às universidades privadas e adota um modelo de ensino superior gratuito e universal.   O Congresso chileno aprovou na última quarta-feira (24/01) uma reforma que vinha sendo debatida pelos parlamentares do país desde o início do segundo governo de Michelle Bachelet, em 2014. A promessa de gratuidade universal do ensino superior era a principal promessa da chefe do executivo chileno. Além da gratuidade universal, a reforma chilena cria ferramentas para avaliação do ensino superior que possam garantir a qualidade. O Ministério da Educação do Chile divulgou informações de que nos últimos 4 anos o governo conseguiu aprovar um total de 29 leis sobre educação. A votação se encerrou na quarta-feira, e apontou 102 votos a favor e duas abstenções. A aprovação na Câmara dos Deputados é a etapa final para que a lei seja aprovada. Segundo informa a Carta Educação, Paula Narváez, porta-voz do governo, teria afirmado que a lei “dá tranquilidade aos jovens para que seus talentos, suas capacidades, sua inteligência possam se desenvolver em um Estado que lhes dá oportunidades”. Governo chileno decidiu aprovar reforma do ensino superior que põe fim às universidades privadas e adota um modelo de ensino superior gratuito e universal     A presidente do país, Michelle Bachelet, comemorou a aprovação no Twitter, lembrando que acredita que sua lei de Universidades Estatais “fortalece uma gestão institucional, devolve ao Estado seu papel de protagonismo para assegurar uma educação superior pública de qualidade”.  A reforma é uma resposta a um projeto da ditadura de Augusto Pinochet, considerada a ditadura mais sangrenta da América Latina. Entre 1980 e 1990, uma série de privatizações foram realizadas no país. A ditadura militar chilena retirou do Estado a responsabilidade de oferecer direitos sociais como a educação, e abriu espaço para um ensino privado. Sem regulamentação, as mensalidades de ensino dispararam nos anos 1990. Até então, o governo financiava escolas privadas e as universidades públicas eram pagas. Dessa forma, estudantes utilizavam financiamentos de bancos privados para que pudessem estudar e iniciavam a vida adulta com dívidas. Em 2006, esse formato da educação gerou os maiores protestos da história do país desde a ditadura, o que ficou conhecido como “revolta dos pinguins”. Os “Pinguins”, como ficaram conhecidos os estudantes secundaristas chilenos devido ao uniformes com terno e gravata, foram às ruas e ocuparam escolas em todo o pais reivindicando gratuidade do ensino e também do transporte. Em 2011, outra onda de protestos de estudantes universitários também exigia mudanças no modelo. “Ao avançar com a gratuidade na educação superior, queremos construir um país mais igualitário, com igualdade de oportunidades. Com a aprovação no Congresso, consagramos como lei um direito social que nunca deveria estar nas mãos do mercado!”, afirmou a presidente no Twitter. Bachelet preside o país desde 2014. Ela pertence ao Partido Socialista do Chile, e já foi presidente do país entre 2006 e 2010. Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra da Defesa na América Latina e a primeira mulher a se eleger para a presidência do Chile.

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PSDB – Fernando Capez – Mafia da Merenda

Contra a máfia Tucana da merenda do Governo Alckmin, haverá processo rápido? Haverá julgamento a toque de caixa?; Haverá condenação prévia na imprensa?; Haverá festa do MBL?; Haverá dancinha na Av. Paulista?; Fernando Capez, o chefe do roubo da merenda das crianças, será capa da Veja?

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A quem interessa nossa ignorância?

Corruptos e desonestos lucram com a ignorância Alunos em uma sala de aula. DANIEL CASTELLANO SMCS A manutenção do péssimo modelo de educação pública interessa, e muito, aos desonestos e corruptos, que formam a grande maioria dos nossos dirigentes Por Luiz Ruffato Daqui a cerca de nove meses – o equivalente ao tempo de uma gestação humana – teremos que nos dirigir às urnas para eleger o presidente que irá governar pelos próximos quatro anos. Em quase todas as rodas de conversa, o cenário se repete: um total desencanto com relação aos nomes já propostos e uma preocupante desesperança quanto ao futuro, principalmente entre os jovens. Pesquisa Datafolha, divulgada no dia 2, afere isso: perguntados sobre em que vão votar, 19% dos entrevistados responderam “ninguém” e 46% disseram não saber. Esse cenário de ceticismo se explica em duas frentes. A primeira, a falta de novidades entre os nomes apresentados – a única “renovação” é um candidato que prega… o retorno aos tempos da ditadura militar! Todos os outros, sem exceção, são políticos manjados, que já tiveram a oportunidade de mostrar a que vieram. A segunda questão é que, devido à sensação de que não conseguimos nunca, como coletividade, avançar na resolução dos nossos problemas básicos, caímos naquele estado de autocomiseração: se aqui, em se plantando tudo dá, quem colhe os frutos são sempre os mesmos…   Ora, se a conclusão acima reflete uma verdade, essa verdade é relativa, não absoluta. Embora o Brasil apresente uma das maiores diferenças entre ricos e pobres do planeta – segundo o IBGE, a média de renda mensal real de 1% da população (R$ 27.085) equivale a 33,6 vezes ao recebido pela metade da população que ganha menos (R$ 747) –, a única solução para todos os problemas encontra-se no fortalecimento da nossa débil democracia. Ou seja, somos nós os responsáveis tanto pelos caminhos percorridos até aqui, como pelos que serão trilhados no futuro. Para mim, o cerne do problema encontra-se no péssimo sistema de educação pública que adotamos. É sabido que um em cada quatro brasileiros não sabe ler e escrever ou não compreende textos simples. Além disso, o Brasil ocupa o 65º lugar entre 70 países avaliados pelo PISA, programa internacional que analisa o desempenho de alunos de 15 anos dos sistemas público e privado de ensino. A falta de escolaridade é um impedimento não só para o crescimento individual – mas também para o desenvolvimento coletivo. A pessoa que não tem acesso a um ensino de qualidade não consegue usufruir do mundo em sua plenitude. A noção de subjetividade, ou seja, aquela que permite que compreendamos a realidade a partir da complexidade da nossa própria existência, deriva do contato com formas mais elaboradas de conhecimento, que adquirimos por meio da educação formal. Sem educação, com as exceções de praxe, dificilmente galgamos o estatuto de cidadãos – tornamo-nos meramente estatísticas, seja na hora de apertar botões na urna eletrônica, seja na hora de ocupar o lugar na urna funerária. A ignorância, advinda da falta de escolaridade, explica a mediocridade na qual nossa sociedade encontra-se atolada. O obscurantismo, que aceita respostas simples para perguntas complexas, seja no campo religioso, seja no campo artístico, seja no campo político, mina a tentativa de construirmos um Brasil multicultural e pluriétnico. Ao contrário, empurra-nos para o pensamento hegemônico, fundamentalista e simplório. O resultado, a História nos mostra, é sempre catastrófico. A manutenção do péssimo modelo de educação pública interessa, e muito, aos desonestos e corruptos, que formam a grande maioria dos nossos dirigentes. É a forma mais fácil de a elite – seja ela política, econômica ou intelectual – garantir seus privilégios, que não são poucos. Ainda restam nove meses para exigirmos dos candidatos compromissos com mudanças substantivas pelo menos do nosso sistema escolar. No entanto, para isso, desde já, somos nós que temos de arregaçar as mangas.

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As Feridas Do Círculo Familiar São As Que Mais Demoram Para Sarar

As feridas geradas no círculo familiar causam traumas, carências profundas e vazios que nem sempre conseguimos reparar. Essa foto é sua? por favor entre em contato O impacto decorrente de um pai ausente, uma mãe tóxica, uma linguagem agressiva, gritos ou uma criação sem segurança e afeto trazem mais do que a clássica falta de autoestima ou os medos que é tão difícil superar. Muitas vezes a dificuldade para resolver muitos destes impactos íntimos e privados está em um cérebro que foi ferido muito cedo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Não podemos nos esquecer de que o estresse experimentado ao longo do tempo em idades jovens faz com que a arquitetura de nosso cérebro mude, e com que estruturas associadas às emoções sejam alteradas. Tudo isso traz como consequência uma maior vulnerabilidade, um desamparo mais profundo que leva a um risco maior na hora de sofrermos de determinados transtornos emocionais. A família é nosso primeiro contato com o mundo social, e se este contexto não nutre nossas necessidades essenciais, o impacto pode ser constante ao longo de nosso ciclo vital. Vejamos a seguir, detalhadamente, por que é tão difícil superar estas feridas sofridas na época mais inicial de nossas vidas. A cultura nos diz que a família é um pilar incondicional (embora, às vezes, erre) O último cenário em que alguém pensa que vai ser ferido, traído, decepcionado ou até abandonado é, sem dúvida, no seio de sua família. No entanto, isso ocorre com mais frequência do que imaginamos. Estas figuras de referência que têm como obrigação dar-nos o melhor, oferecer confiança, ânimo, positividade, amor e segurança às vezes falham voluntária ou involuntariamente. Para uma criança, um adolescente e até para um adulto, experimentar esta traição ou esta decepção no seio familiar supõe desenvolver um trauma para o qual nunca estamos preparados. A traição ou a carência gerada na família é mais dolorosa do que a simples traição de um amigo ou companheiro de trabalho. É um atentado contra a nossa identidade e nossas raízes. A ferida de uma família é herdada por gerações Uma família é mais do que uma árvore genealógica, um mesmo código genético, que ter os mesmos sobrenomes. As famílias compartilham histórias e legados emocionais. Muitas vezes estes passados traumáticos são herdados de geração em geração de muitas formas. A epigenética nos lembra, por exemplo, que tudo que acontece em nosso ambiente mais próximo deixa um impacto em nossos genes. Assim, fatores como o medo, o estresse intenso ou os traumas podem ser herdados entre pais e filhos. Isso faz com que, em alguns casos, sejamos mais ou menos suscetíveis a sofrer de depressão ou reagir com melhores ou piores ferramentas diante de situações adversas. Ainda que estabeleçamos distância de nosso círculo familiar, as feridas seguem presentes Em um dado momento, finalmente tomamos coragem: dizemos “chega” e cortamos este vínculo prejudicial para estabelecer uma distância da família disfuncional e traumática. No entanto, o simples fato de decidirmos dizer adeus a quem nos fez mal não traz, por si só, a cura da ferida. É um princípio, mas não a solução definitiva. Não é nada fácil deixar para trás uma história, dinâmicas, lembranças e vazios. Muitas destas dimensões ficam presas à nossa personalidade, e inclusive em nosso modo de nos relacionarmos com os demais. As pessoas com um passado traumático costumam ser mais desconfiadas, têm mais dificuldade em manter relações sólidas. Quem foi ferido precisa, além disso, se sentir reafirmado; anseia que os demais preencham estas carências, por isso muitas vezes se sentem frustrados porque poucas pessoas lhes oferecem tudo de que precisam. Podemos chegar a questionar a nós mesmos Este talvez seja o mais complexo e triste. A pessoa que passou grande parte do seu ciclo vital em um lugar disfuncional ou no seio de uma família com estilo de criação negativo pode chegar a ver a si mesmo como alguém que não merece ser amado. A educação recebida e o estilo de paternidade ou de maternidade em que fomos criados define as raízes da nossa personalidade e nossa autoestima. O impacto negativo destas marcas é muito intenso; assim, muitas vezes a pessoa pode ter dúvida sobre a sua própria eficácia, sua valia como pessoa ou até se é digno ou não de cumprir seus sonhos. Nosso círculo familiar pode nos dar asas ou pode arrancá-las. Isso é algo triste e devastador, mas verdadeiro. No entanto, há algo de que nunca podemos nos esquecer: ninguém pode escolher quem serão seus pais, seus familiares, mas sempre chegará um momento em queteremos a capacidade e a obrigação de escolher como vai ser nossa vida. Escolher ser forte, ser feliz, livre e maduro emocionalmente é algo essencial, daí a necessidade de superar e curar nosso passado. Publicado originalmente em Melhor com saúde.

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Por que a China aposta na língua portuguesa

O ensino da língua portuguesa encontra-se em vertiginosa expansão em universidades chinesas, e o governo de Pequim não tem medido esforços nem investimentos para liderar os estudos sobre a língua de Camões e Machado de Assis na Ásia. Direito de imagemVOISHMEL/AFP/GETTY IMAGESEx-colônia portuguesa, Macau, China, mantém placas bilíngues O vetor dessa expansão está em Macau – cidade chinesa que foi domínio português entre 1557 e 1999. Segundo o coordenador do Centro da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, professor Carlos Ascenso André, a crescente presença da língua em universidades chinesas é fruto de uma estratégia clara de difusão e expansão do português na China.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Nos últimos dez anos, o número de universidades chinesas que ensinam português praticamente quadruplicou, passando de seis para 23 instituições. Segundo ele, há atualmente centenas de bolsas para estudantes do interior da China virem a Macau aprender a língua, além de ações promovidas pela equipe do Instituto Politécnico para desenvolver centros de estudos em outras universidades do país. Direito de imagemDANIEL MANDUR THOMAZEm Macau, os nomes de ruas e praças são apresentados em português e cantonês Segundo Caio César Christiano, professor brasileiro contratado há um ano pelo Instituto Politécnico, “Macau assumiu a incumbência de ser o centro difusor da língua portuguesa na China. É um desejo claro de a China formar muitos professores e tradutores de língua portuguesa”. Colônia até 1999 Macau sempre teve importância estratégica singular. Tornada domínio do Império Português em 1557, a reboque da expansão colonial lusitana na Ásia, a cidade converteu-se rapidamente em entreposto comercial e porto seguro para incursões portuguesas na região do Pacífico. Após um motim liderado por grupos pró-Pequim nos anos 1960, foram postas em andamento negociações com as autoridades portuguesas sobre o futuro do território. Formalmente devolvida à República Popular da China em 1999, Macau é gerida atualmente por uma junta administrativa autônoma, que governará até 2049, quando a região será definitivamente integrada ao sistema administrativo chinês. A grander maioria da população (94%) é composta por cantoneses, grupo da etnia han do sul da China, mas a presença portuguesa se faz sentir no nome de inúmeras ruas e na boca de setores da sociedade macauense que ainda falam o português, o que, segundo o censo de 2006, equivale a 2,4% da população. A administração da cidade é oficialmente bilíngue e todos os sinais e placas públicas são grafados em cantonês e português. É justamente esse caráter híbrido e cosmopolita que faz de Macau uma área estratégica para o projeto de expansão dos estudos da língua portuguesa em território chinês. Tal expansão tem uma clara dimensão econômica e geopolítica, ligada a interesses estratégicos chineses na América Latina e, sobretudo, na África lusófona. CHRIS MCGRATH/GETTY IMAGESCassinos e turismo são responsáveis pela maior parte da arrecadação de Macau A presença chinesa em países como Angola e Moçambique é ostensiva. Nas duas últimas décadas, o volume de investimentos chineses na África cresceu mais de 20 vezes, passando de US$ 10 bilhões em 2000 para US$ 220 bilhões em 2014. Em setembro de 2016, Angola se tornou o maior fornecedor de petróleo para a China, enquanto Moçambique está entre os cinco países com maior concentração de investimentos chineses. Interesse chinês Nesse cenário, a China é evidentemente o país com as melhores condições para absorver o possível vácuo a ser deixado por empresas brasileiras na região, após o impacto dos escândalos de corrupção envolvendo empreiteiras como Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez, todas elas com grande volume de investimentos em Angola e Moçambique. Ano passado, como consequência dos ilícitos expostos pela Operação Lava Jato, o BNDES chegou a congelar financiamentos de pelo menos três projetos em Angola e um projeto em Moçambique, afetando contratos da Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez. O Brasil é, ele mesmo, um foco de interesse chinês. Os investimentos chineses na América Latina cresceram nas últimas décadas de maneira rápida e consistente. Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, substituindo o primado histórico das relações com os Estados Unidos. É preciso lembrar também que o português é uma língua global. De fato, é a terceira língua que mais cresce no mundo – atrás apenas do espanhol e do inglês. Além disso, embora seja a quarta língua mais falada do mundo em termos absolutos, é a terceira em ambientes de negócios relacionados ao mercado de óleo e gás. Crescimento populacional Alguns estudos conduzidos pelas Nações Unidas e publicados em 2016 no Atlas da Língua Portuguesa são reveladores. Embora o Brasil seja o país com mais falantes de português no mundo, as transformações demográficas que têm ocorrido nas últimas décadas tendem a alterar esse cenário. Estimativas preveem que até o fim do século existam mais falantes de português na África do que no Brasil, sobretudo devido à retração no crescimento populacional brasileiro e à explosão populacional liderada por países como Angola e Moçambique. No conjunto, eles somarão cerca de 266 milhões de habitantes em 2100, ultrapassando o Brasil, com população prevista de 200 milhões. Logo após a devolução de Macau às autoridades chinesas em 1999, havia temores de que a língua portuguesa desapareceria rapidamente da região e do próprio território chinês, como mostrou a BBC Brasil em 2002. No entanto, a política de investimentos chineses não apenas dissipou essa preocupação como garantiu que o estudo da língua ganhasse fôlego no país inteiro. Direito de imagemDANIEL MANDUR THOMAZPesquisadores e estudiosos da língua portuguesa de universidades de todo o mundo se reuniram em Macau, China, entre 23 e 29 de julho “A grande surpresa foi a dimensão e a qualidade do ensino da língua portuguesa na China”, afirmou Roberto Vecchi, presidente da Associação Interacional de Lusitanistas (AIL), rede de estudiosos da língua e da cultura dos países que falam português. A associação se reuniu em Macau entre os dias 23 e 29 de julho para promover um encontro entre pesquisadores de diversas universidades da Europa, Ásia, África e Américas. A China tem atuado estrategicamente na articulação entre políticas culturais e interesses geopolíticos para afirmar-se cada vez

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As línguas silenciadas do Brasil

Estima-se que, no país, sejam faladas mais de cem línguas indígenas, todas ameaçadas de extinção. Impulsionadas pelas próprias etnias, elas vivem um momento tímido de revitalização. A professora indígena Sameary Pataxó: “o governo não faz questão da nossa presença na sociedade” Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por diversas vezes, quase provocaram sua extinção. Mergulhou na história do Brasil e descobriu fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a abandonar a própria língua para escapar da perseguição.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] “Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje”, conta Txaywa, estudante da Universidade Federal de Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de Porto Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois, membros da etnia retornaram ao antigo local e iniciaram um movimento de recuperação da língua patxôhã. Os filhos de Sameary Pataxó já são fluentes  – e ela, que se mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um pouco com eles. “É a nossa identidade, a nossa cultura. Você diz quem você é através da sua língua”, afirma a professora de ensino fundamental sobre a importância de restaurar a língua dos pataxós. O patxôhã está entre as línguas indígenas faladas no Brasil: o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estimou 274 no último censo. A publicação Povos Indígenas no Brasil 2011/2016, do Instituto Socioambiental, calcula 160. Antes da chegada dos portugueses, elas totalizavam mais de mil. Já o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), divulgada em março de 2016, diz que restam hoje 181 línguas, 115 faladas por menos de mil pessoas. Todas, em diferentes graus, enfrentam risco de extinção. Sala de aula Na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), um curso de extensão tenta dar visibilidade a uma língua amplamente falada no passado pelos povos da Amazônia, o nheengatu. “A língua corria risco de entrar em extinção”, comenta Elenise Pinto de Arruda, diretora de Ações Afirmativas da Ufopa. Ao lado de indígenas, a pesquisadora Patrícia Regina Vanetti Veiga, da Unicamp (Universidade de Campinas), dá aulas de nheengatu para os participantes do curso – a maioria é professor em aldeia. “Por meio da língua, as comunidades começam a entender melhor a sua própria história, a sua cultura”, diz Veiga. Odxuara Pataxo, de 30 anos, vende artesanatos e está aprendendo a língua com o irmão, que é professor. O processo, segundo a pesquisadora, é colaborativo: os indígenas têm espaço para decidir como o aprendizado deve ocorrer nas escolas, decidem como a língua deve ser escrita. “Não é para nenhum pesquisador vir de fora e dizer como deve ser feito. O curso é para que eles também experimentem”, adiciona. No Rio de Janeiro, desde 2009, um projeto no Museu do Índio trabalha na documentação das línguas existentes. A tarefa é “urgente”, classifica José Carlos Levinho, diretor do museu e antropólogo. Em parceria com a Unesco e Instituto Max Planck, que fornece os programas de computador que registra e documenta as línguas, 13 etnias foram analisadas. Como resultado, quatro livros de gramáticas, alguns com mais de 800 páginas, estão em fase final de editoração. “Serão um instrumento pedagógico que deve servir como processo de aprendizado desses povos”, avalia Levinho. “Somos uma instituição pequena, com um corpo técnico reduzido. Mas nos mobilizamos nos últimos anos para tratar desse assunto, que é uma situação crítica: as línguas estão desaparecendo e vão desaparecer”, lamenta o antropólogo. “Queremos mostrar que é possível fazer algo com custo baixo e tecnicamente correto para preservá-las, um patrimônio cultural do país”, afirma o diretor do Museu do Índio. A fase atual projeto, no entanto, que inicialmente abrangia 20 povos, foi cortada pela metade. Serão três anos de trabalho com recurso previsto de 5 milhões de reais. “Nossa principal identidade” Proibidas desde meados do século 18 no Brasil por Marquês de Pombal para a imposição do português, as línguas indígenas vivem um momento tímido de revitalização impulsionado pelas próprias etnias. “Isso acontece num contexto de cada vez menos acesso aos direitos, em que territórios estão sendo ameaçados e tudo isso tem a ver com essa questão de afirmação identitária pela língua”, analisa a pesquisadora Patrícia Regina Vanetti Veiga. A ampliação do ensino das línguas nas escolas, por outro lado, ainda é falha. “O ensino também tinha que ocorrer nas universidades, onde a gente quase não estuda essa temática”, critica Veiga. Para a professora indígena Sameary Pataxó, a falta de apoio traz também outra mensagem. “O governo não faz questão da nossa presença na sociedade. Para ele, não somamos. Nós somos preservadores, e o governo não quer isso. Quer pessoas que dão apenas renda, que destroem a natureza, que matam, que tiram tudo o que é área de preservação. E a nossa intenção é preservar. É a intenção deles é de destruir”, pontua. Desde que o processo de revitalização do patxôhã começou, 2.500 palavras passaram a formar o dicionário. “Já dá pra se comunicar bem, mas os estudos continuam”, explica Txaywa Pataxó. O aprendizado acontece nas rodas de conversa, de cantos, na interação com os mais velhos da aldeia. “A língua para gente hoje é a nossa principal identidade. Um povo sem língua é um povo sem identidade. É a nossa forma de se diferenciar dos outros povos indígenas, de mostrar a nossa diversidade linguística, toda a diversidade que o Brasil tem”, complementa Txaywa.

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AltSchool, a escola futurista onde computadores são professores

Um empreendedor do Vale do Silício, nos Estados Unidos, quer revolucionar o conceito de escola. Max Ventilla criou a AltSchool, uma escola alternativa com aulas personalizadas geridas por computadores. “As atividades são personalizadas, assim como o conteúdo, segundo o conhecimento e as necessidades de cada aluno”, explica. Na prática, isso significa que o ensino leva em conta o ritmo do aprendizado de cada aluno, independente “da série” em que ele esteja. Assim, estudantes de diferentes idades podem estudar o mesmo conteúdo, de acordo com a facilidade – ou dificuldade – com que lidam com assuntos específicos, como matemática, por exemplo. A AltSchool espera que o método ajude milhares de alunos. “Há casos de crianças com diferença de cinco anos nas matérias em que são piores ou melhores”, diz Ventilla. “E essa é a regra. Não se trata de apenas alguns alunos”, acrescenta. Na prática Mas e o qual é o impacto dessa nova tecnologia para os professores? “Gosto de pensar neles (computadores) como professores com superpoderes”, diz Patrice Greenglase, professora na AltSchool. Os professores usam dados para personalizar a lista de lições de casa para cada aluno. “Analisar os dados ajuda os estudantes, os pais e os professores a saber o que fazer depois”, opina Greenglase. Para ela, o método “é muito prático. Em vez de dar nota B (“Bom”), o professor deveria dizer ‘precisa se esforçar mais”. “Mas não sabe como”, ressalva. Sediada em San Francisco, na Califórnia, a AltSchool tem oito-escolas laboratório e anuidade de cerca de R$ 100 mil. Algoritmos Com os dados armazenados, a equipe da escola constrói algoritmos que vão orientar os professores sobre o que será ensinado a cada estudante. Cada criança contribui para melhorar o algoritmo. “Mais alunos podem ser beneficiados por essa tecnologia na medida em que ela é usada por mais gente”, defende Ventilla. Mas críticos temem que o papel do professor seja reduzido e que eles fiquem cada vez menos preparados. “O mais extraordinário sobre a AltSchool é que temos 60 professores e 60 engenheiros trabalhando lado a lado”, responde. Ele sonha alto – a expectativa é vender a tecnologia a escolas públicas. “Não existe dúvida de que, no futuro, as crianças vão receber a melhor educação porque nossa tecnologia gera um efeito em cadeia e tem um papel central nisso”, diz. “Dentro de dez anos, diferentes escolas poderão usar a plataforma e o resultado disso é que todo mundo vai sair beneficiado.” Segundo o empreendedor, “vai ficar cada vez mais fácil para que novos estudantes possam aderir à tecnologia”. “É isso que esperamos”, conclui.

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