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Gisele Bünchen e Albertina Berkenbrock: Ministra fala de uma, mas esquece a outra

Por Deonisio da Silva ¹ Observatório da Imprensa  Infelizmente, nem a ministra que se ocupou da calcinha e do sutiã de Gisele Bündchen, de repente assuntos de Estado e não apenas de moda ou mais especificamente de lingerie, nem suas colegas de outros ministérios lançam mão da presença feminina no governo da presidente Dilma Rousseff para cuidar de outros temas, igualmente inerentes à condição feminina. Estão preocupadas com as celebridades, como identificou Ligia Martins de Almeida em artigo publicado neste Observatório (ver “O governo, a mídia e a calcinha”). Ou, mais ainda, com determinadas “celebridades”. Assim, a titular da Secretaria de Políticas para as Mulheres pisou na bola, para usar uma boa metáfora do futebol, e seu gesto pode ser pedra de tropeço no caminho para ganhar as classes médias, além, naturalmente, do gesto desnecessário. Há outras prioridades de proteção aos clientes dos produtos anunciados por Gisele Bündchen, que, aliás, é atriz e modelo que não precisa de tutela nem de proteção de governo algum. Quem precisa, são seus eventuais fregueses. Estado leigo Por exemplo: se alguém comprar aquelas peças com cartão de crédito e precisar depois financiar o saldo restante, vai pagar juros abusivos. E contra os juros, ministros ou ministras, nenhum deles acha imorais ou atentatórias a nada as taxas cobradas. Se comprar aquelas peças num shopping center, antes terá de pagar o estacionamento enquanto o carro lá estiver. E que diz o governo sobre o que é cobrado nesses estacionamentos? Nada, O povo paga para comprar. Para quem quer incentivar o consumo para sair da crise, um dado preocupante. Antes de comprar, paga-se para estacionar, gasta-se no pedágio para lá chegar, paga-se uma das gasolinas mais caras do mundo para movimentar o carro que leva o freguês à loja etc.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Se está em questão a condição feminina, eis outra pauta para as ministras. A menina Albertina Berkenbrock, aliás tão bonita como Gisele Bündchen, já beatificada pelo papa Bento 16, e prestes a ser canonizada, não tem recebido, nem do anterior, nem do atual governo, atenção alguma. Já Cesare Battisti, condenado com abundância de provas no Judiciário italiano, é tratado como inocente no Brasil. Combatendo a Máfia, os juízes italianos pagaram com a vida a aplicação das leis. Mas, ao enfrentarem o governo e o Estado brasileiros, encontraram dois inimigos aparentemente invencíveis, que movem céus e terras para proteger um criminoso, fazendo o Brasil como nação passar uma vergonha danada no exterior. Por que a ministra, tão preocupada com a calcinha e com o sutiã de Gisele Bündchen, já protegida pelo prestígio nacional e internacional que alcançou com muito talento e tantos trabalhos interessantes, não dá uma olhadinha na história de Albertina Berkenbrock? Afinal, conquanto o Estado seja e deva ser leigo, as autoridades não perdem tempo de tirar proveito de missas e de outras cerimônias tão comuns no maior país católico do mundo, do qual são atualmente ministras. Duas vezes Albertina Berkenbrock foi assassinada em 15 de junho de 1931, aos doze anos, defendendo a dignidade da mulher, embora fosse ainda adolescente, resistindo a estupro. Sua canonização terá importância ainda maior do que a beatificação, e repercussão imorredoura. No Brasil profundo, ainda hoje falto de escolas, Albertina teve formação cristã, recebida da família, aprendeu sobretudo a ser solidária com os filhos dos vizinhos, até mesmo os filhos daquele que a matou, foi pessoa de agradável convívio, aplicada aos estudos, e seu professor e catequista deu depoimentos comoventes sobre a doçura da menina, em casa, como na escola, na igreja, na rua. Mas Albertina Berkenbrock não está na mídia. E o fato de não estar, às vésperas da canonização, já é sintoma de que privilegiamos na mídia e também no Estado outras “celebridades”. Já que a ministra pôs os olhos numa gaúcha bonita para proibi-la, que tal a redenção? Que dê uma olhada na catarinense que já morreu duas vezes. Uma, pelas mãos do cruel assassino; outra, pela omissão de autoridades como as que temos. ¹ Deonísio da Silva é escritor, doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, professor e um dos vice-reitores da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro; autor de A Placenta e o Caixão, Avante, Soldados: Para Trás e Contos Reunidos (Editora LeYa)

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Demóstenes Torres, Stuart Mill a Bolha cheia e bola murcha

  Até o mais crédulo e/ou ingênuo Tupiniquim sabe que tem boi na linha da economia. Em nenhum lugar do mundo um imóvel que há três anos custava R$200Mil passa a valer R$500Mil, da noite pro dia. O mais neófito economista sabe que o Banco Central tem que restringir o crédito, pois caso contrário a inadimplência será cavalar. Poupa-se a 0,5% e se toma empréstimo a 12,5%. A conta não fechará! Simples assim! A mídia divulga dados de institutos e consultorias econômicas que detectam a maior inadimplência dos últimos nove anos. Conheço galpões lotados de veículos retomados pelas financeiras por atraso de pagamento das prestações. No entanto, montadoras e revendas comemoram euforicamente o diário batimento de recordes de produção e venda. É oportuno lembrar aos “çábios” do governo que já nos idos de 1848 por John Stuart Mill ¹ no seu livro “Princípios de Economia Política” descreve – premonição? – as fases de uma bolha especulativa. Mill chama a atenção para o fato de que esses “fenômenos” estarão notadamente mais associados ao comportamento humano do que aos fundamentos macro econômicos o que inevitavelmente geraria ciclos especulativos. Bingo!  O Editor ¹ John Stuart Mill (Londres, Inglaterra – 20 de Maio de 1806 d.C — Avinhão, Inglaterra – 8 de Maio de 1873 d.C) foi um filósofo e economista inglês, e um dos pensadores liberais mais influentes do século XIX. Foi um defensor do utilitarismo, a teoria ética proposta inicialmente por seu padrinho Jeremy Bentham.   Especialistas internacionais alertam que o Brasil pode estar prestes a sofrer com uma bolha econômica, mas o governo prefere ignorar ou atribuir a agouro da oposição. Os pensadores das ações federais preferem o oba ao epa. O grande reclama da precariedade da infraestrutura, o pequeno chia com a burocracia e todos veem seus tributos se esvaindo no populismo cuja porta de saída é em frente ao portão de entrada do comitê dos companheiros. Para dar ideia de que as pessoas estão ficando ricas, a interjeição foi em seu bolso. Em vez de incentivá-las a investir os trocados na produção de alguma coisa, as impeliu a pegar dinheiro em banco, que colhe para a poupança a 0,5% e empresta a 11% – ao mês. A concessão abundante de crédito é a fagulha necessária para acender o cenário explosivo. Um dos principais dados da equação é o superaquecimento da economia. O respeitado jornal britânico Financial Times dedicou três reportagens ao tema nos últimos meses. A alta das commodities exportadas mantém a balança comercial em ordem e o consumismo vem estimulando as vendas internas, com acesso (financiado) a produtos de primeira linha. A onda de euforia atingiu os investidores, que vieram em peso atraídos pelos altos juros. O quadro otimista se esmaece com a informação de que o crédito representa mais de 45% da nossa economia. A enxurrada de dólares de fora elevou a taxa de câmbio, transformando o Real na moeda mais sobrevalorizada do mundo, segundo analistas ouvidos pela imprensa. Aliado a isso, a grande quantidade de dinheiro nas ruas impulsiona os preços – no mercado imobiliário, eles praticamente dobraram desde 2008. O propagado “Minha Casa, Minha Vida” dá o teto, mas tira parte do chão: a especulação leva os R$ 21 mil que o governo entrega aos adquirentes, que ainda terão de pagar o dobro pela residência. Apesar dos programas que tentam transformar cada carente em cabo eleitoral do governo, o número de necessitados não para de crescer – se os projetos fossem eficientes, estaria diminuindo. A presidente Dilma Rousseff mudou na ponta do lápis os critérios para os considerados miseráveis, aumentando para as estatísticas o valor da renda familiar e virtualmente retirando milhares de brasileiros da categoria. Remendou a bolha, mas o ar insiste em inflá-la. A legislação antiquada, a quantidade de impostos e a falta de preparo da mão-de-obra prejudicam todo tamanho de iniciativa. Vários outros países emergentes passam por processo parecido, só que neles as autoridades estão preocupadas em expandir o potencial econômico. A China cresceu 10,3% em 2010, destinando 12% dos recursos a infraestrutura, enquanto no mesmo período crescemos 7,5% e aplicamos apenas 1,5% na área. Desperdiçamos oportunidades de incrementar a rede de transporte por meio de eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos para financiar a companheirada em obras nada prioritárias e por meio de manobras como o RDC, Regime Diferenciado de Corrupção. Ainda há tempo de implodir a bolha. A melhor alternativa é adotar medidas necessárias – moralizar o crédito, desinchar a máquina, reduzir tributos, impedir a roubalheira. Para isso, é preciso realizar as reformas profundas sempre adiadas para o próximo mandato. É dever da presidente Dilma deixar de administrar para as pesquisas de popularidade e passar a trabalhar para o futuro do País. A história mostra que quando governos irresponsáveis não fazem o dever de casa a reforma é feita naturalmente pelo mercado – e sempre da maneira mais dura para a população. Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM/GO)/blog do Noblat

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Economia brasileira – Brasil empresta US$ 10 bi ao FMI

Quem viveu viu, Brasil credor do FMI, eu estou vendo!!!! Anúncio foi feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Brasil vai adquirir bônus do Fundo Monetário, informou ele. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou nesta quarta-feira (10) que o Brasil emprestará US$ 10 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e, com isso, voltará a ser credor da instituição de crédito internacional, algo que não acontecia desde 1982. Os financiamentos ao FMI serão feitos por meio da compra de bônus (uma forma de título) do Fundo, informou Mantega. Ajuda à comunidade internacional De acordo com Mantega, os recursos serão emprestados pelo FMI a outros países em desenvolvimento com “escassez de capital“. “É a primeira vez que isso acontece no caso brasileiro. O Brasil está encontrando as condições de solidez para emprestar recursos ao FMI. No passado, era o contrário: o FMI que socorria o Brasil quando era um país menos sólido. Agora, o Brasil acumulou as reservas para ajudar a comunidade internacional”, disse o ministro. Aplicação das reservas Segundo o ministro da Fazenda, a operação será realizada assim que o FMI concluir o formato de emissão dos novos bônus que serão emitidos. “Assim que o FMI terminar essses bônus, faremos esse aporte de US$ 10 bilhões. Na realidade, é uma aplicação que o Brasil está fazendo com parte das reservas”, disse Mantega. De acordo com ele, as aplicações no FMI não terão impacto nas reservas internacionais, que continuarão sendo contabilizados como uma “disponbilidade de recursos”. Rendimento Mantega não informou qual o rendimento que o Fundo Monetário Internacional oferecerá pelos bônus. “Não vamos esperar um grande rendimento, se não o FMI teria de repassar a um custo mais elevado aos países que precisam”, disse o ministro. Segundo ele, o Banco Central efetuará o resgate de parte das aplicações das reservas internacionais (que estão acima de US$ 200 bilhões aplicadas em títulos de outros países) para fazer o aporte ao FMI. Mobilização de recursos O Ministério da Fazenda informou que a contribuição do governo brasileiro para o FMI faz parte de um “esforço” para a mobilização de recursos para o FMI atender a outros países em dificuldades. Além do Brasil, a China comprará US$ 50 bilhões neste tipo de novo bônus, e a Rússia outros US$ 10 bilhões. A necessidade de captação de recursos por parte do FMI, de acordo com o Ministério da Fazenda, é de US$ 500 bilhões. em relação aos níveis anteiores à crise financeira. O governo lembra que essa foi uma das concordâncias da cúpula do G-20 de Londres, realizada no início de abril. do G1

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Compra de carro a prazo, quais as vantagens e desvantagens

No crédito ao consumidor incide a cobrança de taxa do IOF. No leasing, carro fica no nome do banco até ser quitado. [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Mais da metade das compras de carros nos primeiros três meses do ano foi feita a prazo. Mas, na hora de fechar o negócio, é importante pesquisar a melhor forma de financiamento. Do início do ano até hoje as taxas de juros cobradas nos financiamentos de veículos caíram em média 7%. As condições de financiamento também estão melhorando. Mas para fazer uma boa compra, é preciso analisar bem qual opção de empréstimo é a mais adequada para o bolso. Dependendo da modalidade há vantagens e desvantagens. Uma opção é o leasing. O carro fica no nome do banco até ser quitado. Não é cobrado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que diminui o custo. Mas o leasing só vale para prazos acima de dois anos. Quem quiser antecipar as parcelas para o IOF com multa e juros. Ou seja, só vale a pena para quem não tem perspectiva de receber um dinheirinho extra e usar para abater a dívida. “Se aquele consumidor específico desejar uma operação inferior a 24 meses ele deveria fazer o CDC (Crédito direto ao consumidor) e não leasing”, explica Luiz Montenegro, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). No CDC não há restrição de prazo e as parcelas podem ser antecipadas sem multa. O carro sai da concessionária no nome do dono. Mas na operação incide o IOF, o que aumenta o valor da prestação. Por exemplo: no caso de um carro de R$ 20 mil, a ser financiado em 60 vezes, com a mesma taxa no CDC a parcela sairia por R$ 534. Já no leasing, este valor cairia para R$ 524. Isso dá uma diferença de R$ 10 por mês ou R$ 600 no fim do pagamento. Mas as taxas varias muito de banco para banco. Mesmo com o desconto do IOF, às vezes o leasing pode sair mais caro. “Da mesma forma que o consumidor pesquisa aquele bem que ele quer comprar, ele precisa pesquisar também as diversas formas de financiamento e optar sempre por aquela que for mais barata”, acrescenta Montenegro. do G1

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Fórum de Davos – Brasil passa de vidraça a estilingue

O Brasil, zil,zil, que nas outras edições do Fórum Econômico Mundial foi saco de pancada dos países desenvolvidos. agora, em Davos, passa a ser cortejado como se fosse a “última Coca Cola do deserto”. Na matéria abaixo, fica claro que, tirando os catastrofistas contumazes e os oposicionistas empedernidos, que torcem pelo pior, a política econômica herdado de FHC e incrementada pelo governo Lula começa a dar frutos. da Folha de São Paulo Maria Cristina Frias – Enviada especial a Davos José Sergio Gabrielli, o presidente da Petrobras, foi escolhido por seus pares das empresas do ramo para presidir a “Cúpula da Energia”, que faz anualmente seu encontro em Davos. Passará, pois, a coordenar as reuniões do grupo, que conta com as grandes petrolíferas do planeta, estatais ou privadas. A escolha de Gabrielli é uma óbvia homenagem à empresa que preside, especialmente em foco depois das descobertas no pré-sal. Mas é também um homenagem ao Brasil, que, neste ano, no encontro do Fórum Econômico Mundial, passou nitidamente da velha condição de vidraça para a de estilingue. Tanto é assim que Ricardo Villela Marino, executivo-chefe para a América Latina do banco Itaú e eleito um dos jovens líderes globais deste ano pelo Fórum, estufou o peito para dizer que “o Brasil e os bancos brasileiros não são parte do problema, são parte da solução”, sendo o mal, como é óbvio, a crise. Marino lembrou os “bilhões” despejados pelo mundo rico para evitar a quebra de seus bancos e emendou: “Nada disso aconteceu no Brasil”. Logo depois, Gabrielli tomou a palavra para fazer outra comparação representativa da troca de vidraça por estilingue. Afirmou que não era só no setor bancário que o Brasil tinha algo a ensinar ao mundo rico. “Também em matéria de política fiscal sadia estamos melhor que os Estados Unidos” [cujo déficit cresce a cada hora]. O bordão “política fiscal sadia” foi usado pelo mundo rico anos a fio para passar sermões em empresários e autoridades brasileiros. Que Gabrielli o use agora tem sabor de vingança. Na sua vez, o chanceler Celso Amorim lembrou, por exemplo, dos US$ 20 bilhões que as empresas brasileiras investiram no exterior, quando, em anos anteriores, empresários e autoridades brasileiras usavam Davos para uma espécie de passada de chapéu, implorando por investimentos externos.

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