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Anna Netrebko – Biografia

Anna Netrebko Anna Yuryevna Netrebko (em russo: Анна Юрьевна Нетребко; Krasnodar, 18 de setembro de 1971) é uma soprano russa bastante conhecida e admirada por sua voz suntuosa e por sua beleza. Começou a trabalhar lavando chãos no Teatro Mariinsky de São Petersburgo (“casa” da Ópera de Kirov). Lá, ela chamou a atenção do maestro Valery Gergiev, que se tornou seu orientador vocal. Guiada por Gergiev, ela fez a sua estréia no Mariinsky como Susanna em Le Nozze di Figaro (“As Bodas de Fígaro”).[ad#Retangulo – Anuncios – Duplo] Depois disso, ela desempenhou diversos papéis junto com a companhia como Pamina em Die Zauberflöte (“A Flauta Mágica”) e Rosina em Il Barbiere di Siviglia (“O Barbeiro de Sevilha”). Netrebko nasceu em Krasnodar (Rússia), em uma família de origem cossaca de Kuban. Quando estudante no Conservatório de São Petersburgo, Netrebko trabalhava como porteira no Teatro Mariinsky de São Petersburgo. Mais tarde, ela fez o teste para o Mariinsky Theatre, onde o maestro Valery Gergiev reconheceu-a de seu trabalho anterior no teatro. Em seguida, ele se tornou seu mentor vocal. Sob a orientação de Gergiev, Netrebko fez sua estréia nos palcos de ópera no Mariinsky, aos 22 anos, como Susanna em As Bodas de Fígaro. Ela passou a cantar muitos papéis de destaque com a Opera Kirov, incluindo Amina em La sonnambula, Pamina em Die Zauberflöte, Rosina em Il Barbiere di Siviglia, e Lucia em Lucia di Lammermoor. Em 1994, ela cantou a Rainha da Noite em Die Zauberflöte com a Riga Independent Opera Avangarda Akademija sob o maestro David Milnes. Em 1995, aos 24 anos de idade, ela fez a sua estréia nos Estados Unidos como Lyudmila em “Ruslan e Lyudmila”, de Mikhail Glinka, na Ópera de São Francisco. Em 2002, Netrebko estreou na Metropolitan Opera como Natasha na primeira produção da companhia de “Guerra e Paz”, de Prokofiev. No mesmo ano, ela participou no Festival de Salzburgo, regido por Nikolaus Harnoncourt. Vale a pena reservar algumas horas (ou muitas) para ouvir o CD de estréia da soprano russa Anna Netrebko. Aos 32 anos, bela como uma Juliette Binoche do canto lírico, ela vem se consolidando como um dos maiores nomes femininos da ópera mundial, espécie de diva do século XXI. A escalada rumo ao estrelato torna-se ainda mais surpreendente quando se leva em conta o universo musical em que ela transita: rígido ao extremo, repleto de regras, hierarquias e vaidades aniquiladoras. Gravado com a Filarmônica de Viena, sob regência de Gianandrea Noseda, o CD Opera Arias tem a chancela do Deutsche Grammophon, o selo de música clássica e lírica mais prestigiado da indústria fonográfica. A estréia, precoce para o gênero, é fruto direto do fascínio que a voz da soprano provocou nos ouvidos de nomes como o maestro Nikolaus Harnoncourt e a cantora Renata Scotto, com quem ela estuda técnica vocal. A unanimidade em torno de Anna Netrebko é tamanha que ela já vem sendo comparada a divas lendárias, como a australiana Joan Sutherland, de quem seria uma espécie de sucessora. Opera Arias transita por obras de Wolfgang Amadeus Mozart (Idomeneo, Don Giovanni), Hector Berlioz (Benvenuto Cellini), Gaetano Donizetti (Lucia di Lammermoor), Charles Gounod (Faust), Antonín Dvorák (Rusalka), Jules Massenet (Manon), Vincenzo Bellini (La Sonnambula) e Giacomo Puccini (La Bohème). O resultado vem em forma de epifanias auditivas. De timbre aveludado e suave ao ouvido, a voz de Anna Netrebko oscila entre o intimismo e a grandiloqüência com a mesma desenvoltura, sem medo de trechos mais complexos e traiçoeiros. Há uma razão para tanta qualidade, além, obviamente, do talento nato. A soprano (escala mais aguda do canto lírico) lapidou seu talento optando invariavelmente por personagens difíceis e desprezando os menos ambiciosos das grandes óperas. Em Don Giovanni, por exemplo, ela escolheu Dona Anna em vez de Zerlina, que teoricamente seria mais adequada à sua voz. Essas escolhas forjaram a trajetória da estrela desde o seu descobrimento, há 12 anos, no Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, numa história que faz lembrar os contos da Gata Borralheira. Anna era faxineira do teatro, onde acompanhava no local os ensaios da Ópera do Kirov. Foi lá que Valery Gerkiev, diretor da companhia, resolveu fazer uma audição com ela, que escolheu as árias de Rainha da Noite, do repertório de A Flauta Mágica (Mozart), tidas como penosas até para sopranos experientes. Foi, logicamente, aprovada, e em seguida se dedicou a interpretar clássicos da ópera russa, em especial autores como Prokofiev (Guerra e Paz) e Glinka (Lyudmila, Ruslan). De lá para cá, Anna se apresentou em palcos célebres, como a Ópera de São Francisco (onde foi treinada por Lotfi Mansouri), o Metropolitan (Nova York), o Bolshoi (Moscou) e o Covent Garden (Londres). A repercussão foi estrondosa. Para o Washington Post, ela representa “não menos que uma nova era de ouro da voz desde Plácido Domingo”. O San Francisco Chronicle também foi enfático: “Anna Netrebko tem tudo que precisa para se tornar uma grande estrela da ópera”. Em um universo fechado, que representa uma parcela ínfima do faturamento da indústria fonográfica, o surgimento de divas como Anna costuma passar despercebido pela maioria, permanecendo restrito aos especialistas e admiradores. Essa reclusão que cerca os astros eruditos não significa, porém, que sejam pessoas estranhas, obcecadas pela perfeição, como poderiam julgar alguns. A soprano leva uma vida comum: freqüenta boates e já se declarou admiradora de ícones pop como Justin Timberlake e Christina Aguilera. O que, definitivamente, nada tem de comum é sua voz, e como essa voz encontrou abrigo no canto lírico. Em 2003, ela lançou o seu primeiro disco gravado em estúdio, Opera Arias, que se tornou um dos discos de música erudita mais vendidos do ano. No ano seguinte, lançou outro disco, Sempre Libera. Em 2005, participou novamente no Festival de Salzburgo, interpretando Violetta Valéry na ópera “La Traviata”, de Verdi, ao lado do tenor mexicano Rolando Villazón e sob a batuta de Carlo Rizzi. Em março de 2006, Netrebko se esforçou em se tornar cidadã austríaca, recebendo a sua cidadania no fim de julho. De acordo

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Pro dia nascer melhor – 26/04/2009

Ante Susan Boyle Fernando Pessoa tinha razão: “tudo vale a pena se a alma não for pequena”! O editor I love Susan Boyle O vídeo tem a qualidade de um exemplo moral: sonhar pede coragem, resistência e seriedade por Contardo Calligaris – Folha de São Paulo Eu estava com minha coluna pronta (escrevo entre domingo e segunda) e, ao abrir o jornal, descobri que João Pereira Coutinho, neste mesmo espaço, também tinha-se apaixonado por Susan Boyle. Tudo bem, não sou ciumento. Mesmo assim, por um momento, pensei escrever, na última hora, outra coluna. Mas, lendo Coutinho, percebi que a gente pode se apaixonar pela mesma pessoa por razões diferentes. Aqui vai. Em poucos dias, dezenas de milhões de pessoas, pelo mundo afora, assistiram ao vídeo de Susan Boyle cantando “I Dreamed a Dream” (eu sonhei um sonho). Assistiram e choraram lágrimas comovidas. Acesse a internet e veja uma das versões (por exemplo, www.youtube.com/watch?v=8OcQ9A-5noM). Se quiser mais, assista à entrevista de Susan Boyle à rede americana CBS, durante a qual Boyle canta um trecho da música a capela (watching-tv.ew.com/2009/04/susan-boyle-cbs.html). Provavelmente, Susan Boyle gravará um CD, e o comprarei. Talvez, um dia, ela venha ao Brasil, e estarei no show, mesmo a preço de cambista. Mas nada disso se comparará com o momento extraordinário registrado no vídeo que está hoje no YouTube. Por quê? Vamos com calma. Susan Boyle se qualificou nas preliminares para participar de “Britain’s Got Talent” (a Grã-Bretanha tem talento), que é mais uma versão (inglesa) de “American Idol”, o programa de televisão que começou nos EUA e foi repetido em vários países -no Brasil, “Ídolos”, na TV Record. Trata-se, a cada ano, de premiar um cantor ou uma cantora, descobrindo novos talentos. Na verdade, a seleção para chegar até à final talvez seja o que mais diverte as plateias, nos teatros de gravação ou em casa: o vexame da maioria dos concorrentes funciona como um bálsamo para todas as covardias que nos impedem de correr atrás de nossos sonhos. Algo assim: “Olhe o que aconteceu com quem ousou. Ainda bem que eu não fui!”. Susan Boyle entrou no palco como uma espécie de anticlímax; ela era tudo o que não se espera de uma aspirante a estrela: quase 48 anos, solteirona, desempregada, vestida (disse um amigo estilista) como a rainha Elizabeth se ela fosse pobre, “gordinha” e “feinha”. Os diminutivos indicam que sua aparência não era extraordinária nem negativamente, mas a tornava transparente: aquela figura papel de parede, de quem ninguém se lembra se ela estava na festa ou não. Para completar, respondendo às perguntas de Simon Cowell (que preside o júri), ela pareceu quase tola e um tanto vulgar, balançando os quadris para dar mostra de sua juventude de espírito. Quando Susan Boyle anunciou que seu sonho era ser cantora como Elaine Page (a inesquecível Grizabella de “Cats”, em Londres, em 1981), o júri e a plateia não esconderam seu desdém. Aí Susan Boyle começou a cantar. A performance foi propriamente incrível; por um instante, pensei que Boyle estivesse apenas mexendo os lábios enquanto tocava uma gravação: uma voz forte, limpa, segura e expressiva, fiel às emoções que se alternam ao longo das letras. Também a música que Susan Boyle escolheu (letras de Alain Boublil) contribuiu para transformar sua performance numa espécie de exemplo moral: fala de um sonho antigo, sonhado quando “a esperança falava alto e a vida valia a pena”, na época em que “os sonhos são criados, usados e desperdiçados”; mas há “tempestades” que “transformam nossos sonhos em vergonha”, e, no fim, em regra, a vida massacra os sonhos que sonhamos. Então, qual é a moral da performance? Para Coutinho, a moral é que, na vida, não basta se esforçar: é preciso ter sorte. Entendo assim: Susan, até aqui, não teve sorte, a gente se comove porque é tarde demais ou porque, enfim, o destino a encontrou em sua aldeia perdida. Para mim, a moral é outra. Não sei se Susan teve sorte ou não. Cuidar longamente da mãe doente e cantar com os amigos no karaokê da vila é uma vida que pode valer a pena, talvez mais do que uma vida nas luzes da ribalta. O que me comoveu tem mais a ver com a coragem e a resistência de seu sonho. Os entrevistadores da CBS perguntaram a Susan Boyle como ela conseguiu se concentrar e cantar, embora percebesse que o júri e a plateia não a levavam a sério e já estavam antecipando a zombaria. Ela respondeu, com simplicidade: “É a gente que tem de se levar à sério”.

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Shrek de saias

Se a esta altura do campeonato você ainda não sabe quem é Miss Susan Boyle, melhor dar um reset na cuca. No sábado, dia 11 de abril, ela conquistou corações e mentes na Grã-Bretanha com sua apresentação da música “I Dreamed a Dream” (do musical “Les Misérables“) no programa de calouros “Britain”s Got Talent”, do canal ITV. De lá para cá, sua participação no programa já foi vista no YouTube mais de 12 milhões de vezes por gente do mundo inteiro. É impossível não ficar com um baita nó na garganta ao ver Susan entrar no palco, ser zombada pela plateia e, logo em seguida, arrebatar jurados e público ao emitir as primeiras notas da canção. Acontece que nossa heroína é feia do Vale do Eco (feia, feia, feia…), desengonçada, mal-ajambrada, seu cabelo parece um poodle fugido da chuva, suas sobrancelhas são um emaranhado de saca-rolhas, seu queixo é multiplex, enfim, ela é do tipo que se candidata a vencer o concurso de mais horrenda da sala a cada vez que adentra um recinto. Para piorar as coisas, o vídeo mostra que a mocreia se embanana logo na saída. Antes de começar a cantar, ela explica que tem 47 anos e é desempregada. Depois tropeça na hora de dizer que sua cidade natal, West Lothian, na Escócia, é um vilarejo. A plateia começa a ficar impaciente. Simon Cowell, jurado implacável deste e de outros shows de calouros de sucesso, então pergunta a ela qual o seu sonho. E Susan responde que é “ser como Elaine Paige”. Para quem não sabe, Elaine Paige é a primeira-dama do teatro musical britânico, respeitada, linda e elegante. Ou seja, a antítese de Miss Boyle. As câmeras de TV focalizam algumas expressões de indignação em meio ao público. E daí, Susan começa a cantar… E o teatro quase vem abaixo: a surpresa é ampla, geral, irrestrita e divina. Assim que o vídeo de Susan foi parar no YouTube, a atriz Demi Moore postou uma mensagem no Twitter dizendo que estava com os olhos “marejados”. O produtor de “Les Misérables”, Cameron Mackintosh, se disse “engasgado” com a performance: “Foi uma das melhores versões da canção que eu já ouvi, tocante e enaltecedora, espero que ela cante diante da rainha”. Note que a adaptação musical da obra de Victor Hugo existe desde 1980. O vencedor do concurso de calouros ganhará 150 mil libras esterlinas e irá se apresentar diante de Elizabeth 2ª. E Susan, que causou toda essa comoção na primeira eliminatória de que participou, ainda não ganhou coisa alguma. Na página oficial do show na internet, Boyle revela que canta onde consegue, para quem estiver disposto a ouvir, mas que nunca tinha tido chance de mostrar seu talento. O jornal escocês “The Herald” disse que a história é “uma parábola do nosso tempo, coisa de Hans Christian Andersen, uma mulher arrancada da obscuridade, um talento enterrado que apareceu”. A revista “Entertainment Weekly”, por sua vez, afirmou que a performance foi “a vitória do talento absoluto em uma cultura obcecada com a aparência superficial”. Em entrevista depois do programa, Boyle comentou a reação do público assim que ela pisou no palco: “A sociedade moderna julga as pessoas apressadamente pela aparência, talvez meu caso sirva de lição”. blog da Baárbara Gancia

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