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José Serra enche o bolso de Geraldo Alckmin

Brasil: da série “só dói quando eu rio”! Eis mais uma competente exemplo da fidelidade e da coerência dos políticos brasileiros. Esses elementos são capazes, em busca do poder, de venderem a mãe no dia de natal, cobrar o frete e não fazer a entrega. Na realidade em matéria de “cumpadrismo”, falta de vergonha na cara e nepotismo, não há a mínima diferença entre petralhas e tucanalhas. Que não me apareça o iracundo senador Virgílio, com o rito dedo acusador apontado somente para os adversários, exibindo na tribuna do senado aquela falsa alvez facial das vestais, tal e qual a casta diva Norma, a sacerdotisa concubina do general romano. Argh! Um, constrangido. O outro, ri de quê? Dócil aos interesses do Palácio da Liberdade, parte da imprensa mineira chamou de “golpe” contra Aécio Neves a nomeação de Geraldo Alckmin para secretário de Desenvolvimento Econômico do governo José Serra. Aécio contava com Alckmin para desbancar Serra e sair como candidato do PSDB à vaga de Lula. Na verdade, Alckmin começou a entrar no governo de Serra por um motivo bem mais prosaico. Ainda em dezembro último, depois de ter perdido a eleição para prefeito de São Paulo, ele fez chegar aos ouvidos da direção do partido que precisava de emprego. O que ganhava como médico e professor simplesmente não daria para bancar o padrão de vida de sua família. A direção do PSDB se comoveu com o pedido de Alckmin. Serra foi avisado. E aí teve início o diálogo entre os dois que resultou na nomeação de Alckmin para secretário. Primeiro foi o bolso. A política veio depois. do blog do Noblat

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Paula Lacerda e o exílio de Eliot Ness

Como dizia Tom Jobim “o Brasil não é para amadores”. O delegado Paulo Lacerda é o mais próximo que o Brasil conseguiu produzir em matéria de Eliot Ness, que acabou mais famoso pela série/filme “Os Intocáveis” do que por ter derrotado o crime organizado em Chicago. Aliás, é justo que a fama venha pelo cinema, já que o crime organizado em Chicago goza de muito boa saúde, como acaba de demonstrar o episódio envolvendo o governador de Illinois, Rod Blagojevich. Lacerda, em vez de se tornar personagem de cinema, está indo para o exílio, ainda que dourado, na doce e bela Lisboa. É a grande diferença entre Brasil e Estados Unidos: lá, o xerife vai para o céu ou para o inferno, mata ou morre, mas não vai para o exílio nem para o limbo. Aqui, não. Quantos dos Al Capones que a Polícia Federal de Paulo Lacerda expôs ao público estão na cadeia? Se eu disser nenhum estarei exagerando? Aqui, tudo é turvo, raros casos chegam de fato ao epílogo quando envolvem criminosos ou suspeitos de colarinho branco. Tanto que o único punido, até agora, na tal Operação Satiagraha é quem? Sim, sim, é o nosso Eliot Ness, o xerife, enquanto os vários acusados de Al Capone gozam do ar fresco da liberdade – e no Rio de Janeiro, que não perde para Lisboa, a não ser no quesito bala perdida. Se, como diz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Lacerda é uma das pessoas que ele mais respeita, por que a punição, ainda que seja doce como o é um exílio dourado? (o exílio só é duro quando você não pode voltar para casa sob pena de ser preso). Nos Estados Unidos, Eliot Ness não conseguiu enquadrar Al Capone em nenhum crime a não ser em sonegação fiscal. No Brasil, a Operação Satiagraha só conseguiu enquadrar o nosso Eliot Ness. É todo um compêndio sobre os usos e costumes da pátria amada. Ainda assim, Feliz Ano Novo. Folha de São Paulo – Clóvis Rossi

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