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Imprensa OnLine nos Estados Unidos

Sete grandes tendências da imprensa online nos EUA por: Flamínio Fantini blog do Noblat Vai muito bem a imprensa online nos Estados Unidos. É o que mostra um dos mais abrangentes estudos anuais sobre a mídia americana, divulgado quarta-feira. Focado na indústria de notícias, leva o nome de The State of the News Media. Faz parte do Projeto para Excelência no Jornalismo, do Pew Research Center, de grande reputação em sua área. O levantamento chega à oitava edição. Nele, os pesquisadores do Pew abordam aspectos marcantes na produção do noticiário, em 2010, na TV aberta e a cabo, nos jornais impressos e revistas, nas rádios e na internet. A seguir, compilamos sete das grandes tendências num segmento específico, o da internet. Mais dia, menos dia, elas chegarão também ao Brasil, com intensidade ainda a ser verificada. Se é que já não desembarcaram por aí, sem avisar. 1. Acesso ao noticiário: internet ultrapassa jornal impresso Em dezembro de 2010, pela primeira vez, 46% dos americanos afirmaram que acessam o noticiário online de diversas áreas pelo menos três vezes por semana, ultrapassando os jornais impressos (40%). Apenas o noticiário local de TVs é mais popular que a internet, com 50% da preferência. Além disso, entre todos os tipos de veículo, somente a internet ganha público para o noticiário, rapidamente, enquanto os demais meios perdem.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] 2. Blogs e Twitter: duas agendas completamente diferentes Blogueiros e tuiteiros demonstram interesses radicalmente diferentes. Em 2010, os blogueiros abordaram praticamente os mesmos assuntos dominantes na mídia convencional. De um ranking dos cinco temas preferidos, nada menos que quatro também lideravam a mídia convencional. São eles: recessão, eleições americanas de 2010, sistema de saúde pública e guerra no Afeganistão. No Twitter, a liderança ficou com quatro das mais importantes marcas da era digital: Apple, Google, o próprio Twitter e o Facebook. Isso sugere que os internautas usam o Twitter, em parte, como um fórum de assuntos de consumo, para divulgar, compartilhar e criticar novos gadgets e avanços tecnológicos. 3. A nova fronteira: celulares, smartphones e tablets Quase a metade dos americanos (47%) já recebe algum tipo de noticiário local por meio de celulares, smartphones e aparelhos wi-fi (como o Ipad e outros tablets). Em geral, buscam atendimento a necessidades imediatas, como previsão do tempo, condições de trânsito e dicas de comércio local A publicidade paga nesse segmento teve um impressionante salto de 79%, em 2010, e já responde por quase 3% dos gastos em publicidade online. 4. Publicidade: internet também ultrapassa jornal impresso Pela primeira vez, mais dinheiro foi gasto em veículos online do que em jornais impressos. A publicidade online cresceu 13,9% e chegou a US$ 25,8 bilhões, em 2010. Estima-se em US$ 22,8 bilhões a publicidade nos jornais impressos. A maior parte dos gastos na internet (48%) se deu no marketing de busca, como acontece na área paga do Google. Apenas 23% foram para a publicidade em banners. O marketing de busca gera pouca receita para as empresas que mantêm os sites de notícia. Encontrar formas remuneração pela oferta de conteúdo continua a ser um grande desafio para esses sites. 5. Dependência de novos intermediários no mercado A indústria da notícia não está mais no comando do seu próprio destino. Tradicional ou voltado para a web, o jornalismo ainda produz a maior parte do conteúdo disponível, mas agora há novos intermediários para se chegar até ao público. Crescentemente, as empresas de jornalismo dependem, por exemplo, de “agregadores de notícia” (a exemplo do Google) e das redes sociais (tipo Facebook), para atrair parcela substantiva de sua audiência. Algo semelhante acontece com a indústria da notícia diante dos fabricantes de celulares, smartphones e tablets, segmentos com os quais passou a dividir receitas comerciais. 6. Resistência ao noticiário online pago A aceitação de cobrança pelo noticiário é um problema. Até agora, menos de 40 jornais adotaram o pagamento – um número reduzido, já que os EUA têm mais de 1.300 diários. Nos sites que passaram a cobrar pelo serviço, apenas 1% dos usuários optaram por pagar. Até o momento, vêm tendo sucesso apenas os veículos de informação financeira, destinada a um público de elite, como Financial Times e The Wall Street Journal. 7. Um novo ambiente nas redações Com um número menor de profissionais, as redações contam hoje com jornalistas mais jovens e versáteis, engajados na produção multimídia e no uso de ferramentas de interação com o público, como os blogs. Há uma nova “ecologia da notícia”, com muita experimentação e entusiasmo. Mas também com salários menores, exigência de mais velocidade na produção, menos treinamento e mais trabalho voluntário, resultando em queda na qualidade profissional do jornalismo. Diversas empresas anunciaram, recentemente, contratações numericamente expressivas para trabalho online, como AOL, Bloomberg e Yahoo!. Leia mais sobre a pesquisa The State of the News Media (em inglês)

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Internet ‘derrubará’ regimes fracos mais rapidamente

A Internet demonstra agora, mais que nunca, o potencial como arma para mobilizar a opinião pública, atropelando com tecnologia avassaladora a vontade imperial e a violência praticada pelos Estados totalitários. Apesar das ameaças a internet revela os pés de barro das ditaduras. Quanto maior for a universalização do acesso, mais a verdade deverá se sobrepor à fúria censória e contumaz dos Estado totalitários e seus criminosos ditadores. O Editor Evgeny Morozov: “Graças à internet regimes fracos vão morrer mais rápido” O jornalista bielorusso, autor do livro “The Net Delusion: the dark side of internet freedom” (“A desilusão da rede: o lado obscuro da liberdade na internet”), analisa o potencial e os limites do ativismo digital à luz dos protestos no mundo árabe por: Letícia Sorg QUEM É Evgeny Morozov nasceu em Soligorsk, Belarus, em 1984. Mora desde 2008 nos EUA, atualmente em Palo Alto, Califórnia, onde é pesquisador visitante na Universidade Stanford. O QUE ESCREVEU O blog Net Effect, da revista Foreign Policy, e o livro The net delusion (2011) ÉPOCA – O senhor afirma que a internet tem um poder político limitado, que pode ser usado a favor de governos ditatoriais. Os últimos eventos no mundo árabe fizeram-no mudar de opinião? Evgeny Morozov – Não muito. Os regimes fracos vão cair com ou sem a internet. Que ela tenha ajudado no caso do Egito e da Tunísia é ótimo – mas não devemos nos esquecer de que os governos que caíram não eram exatamente peritos em controlar a internet – Hosni Mubarak nem baniu sites no Egito. O triunfalismo prematuro sobre o poder da internet pode nos distrair de fazer as perguntas mais difíceis sobre o papel que as empresas e o governo americanos têm de maximizar o potencial democrático da rede. Olhando por essa perspectiva, a cyber-utopia não será muito útil.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] ÉPOCA – A idade dos líderes mais ameaçados pelos protestos – Mubarak (82 anos), Ben Ali (74) e Muamar Gadhafi (68) – pode explicar a dificuldade de seus governos de lidar com a internet? Morozov – Certamente ajuda ter líderes mais jovens, como na Rússia e na China. Eles têm uma relação muito mais próxima com a tecnologia – o presidente russo Dmitri Medvedev, por exemplo, tem Twitter, blog, grava vídeo e podcast. A inabilidade de Tunísia, Egito e Líbia em dominar a internet não tem a ver com a idade de seus líderes, mas com natureza de seus regimes: eles não se adaptaram à globalização – e isso incluiu ignorar o poder da internet. Isso explica por que os egípcios foram tão inábeis em controlar os grupos anti-Mubarak no Facebook. Eles não poderiam imaginar a rede como uma dissidência. Estamos lidando com situações completamente diferentes na Rússia ou na China, onde os regimes são muito mais modernos, globalizados e adeptos ao controle da rede. Se houvesse um grupo semelhante na China, as autoridades estariam monitorando desde o primeiro dia. E são grandes as chances de um grupo assim não durar muito na China. No Egito, sobreviveu por sete meses ou mais, ajudando a levar as pessoas para as ruas. ÉPOCA – Qual será o papel da juventude no poder depois da queda dos ditadores? Morozov – É muito cedo para dizer. Certamente os novos governos democráticos do Egito e da Tunísia vão querer demonstrar sua disposição para ouvir aos jovens, ao menos porque eles derrubaram o governo anterior. Podemos, então, esperar nomeações simbólicas de blogueiros como ministros, como aconteceu na Tunísia, por exemplo. Será que isso vai mudar a forma como os governos tratam os jovens? Espero que sim. Mas, novamente, é uma mudança motivada pela demografia, não pela internet. ÉPOCA – Até onde sabemos, os protestos na Tunísia e no Egito parecem ter sido fomentados via internet. O senhor concorda? Morozov – Dizer que os protestos nos dois países foram “fomentados” pela internet é como dizer que a revolução bolchevique de 1917 foi formentada pelo telégrafo. Revoluções são eventos complexos que dificilmente podem ser reduzidos a uma só causa, ainda mais a uma tecnologia. Da história nós sabemos que os revolucionários se aproveitarão de quaisquer meios de comunicação à disposição – do correio ao telégrafo em 1917 na Rússia às gravações de áudio no Irã em 1979. Então, de certa forma, é normal ver um certo nível de atividade nas mídias sociais numa revolução que aconteça nos dias de hoje: o que mais nós esperaríamos quando há tantas pessoas online? Porém, argumentar que a internet seja de alguma forma o condutor ou a causa dos protestos me parece absurdo. Graças à internet regimes fracos que estão fadados à morte vão morrer mais rápido, mas é possível que regimes fortes vão usar a internet para se tornar ainda mais fortes. ÉPOCA – O senhor se surpreendeu com a decisão do presidente egípcio Hosni Mubarak de interromper o acesso à internet e o serviço de telefonia celular durante alguns dias? Morozov – Não. Isso é o que acontece durante a revolução: as partes contenciosas tentam ganhar o controle total dos meios de comunicação. Por que elas fazem isso varia. Algumas vezes, é para dificultar o vazamento de imagens e vídeos dos protestos para os outros países. Algumas vezes, é para dificultar a organização das manifestações. Em outros casos, ainda, é provavelmente para intimidar os manifestantes em potencial ao dizer a eles que o regime está ansioso em tomar medidas drásticas como cortar meios de comunicação. Eu não tiraria muitas conclusões sobre o papel da internet olhando para como ela é usada durante situações de emergência como revoluções; em eventos como esse, todas as mídias desempenham um papel que é bem diferente do que têm em circunstâncias normais. Isso se aplica a toda a mídia, não somente à internet. ÉPOCA – Mubarak demorou demais para perceber o que estava acontecendo online? Morozov – O erro de Mubarak foi negligenciar por muito tempo os grupos no Facebook. Se o seu serviço de segurança tivesse começado a prestar atenção a isso mais cedo, ele teria conseguido gerenciar

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Censura! Cuidado, jornalista: criticar pode dar cadeia

Blogueiro no Rio Grande do Norte sofre três condenações a prisão, por críticas a prefeita, numa história que é uma aula de Brasil. E continua na moda, pelo país afora, o uso do Judiciário como instrumento para constranger a liberdade de expressão Pra entrar no clima, só abrindo com pontos de exclamação. Treze, pra afastar assombração. O velho Aurélio aqui ao lado, deliciosamente jurássico em suas amareladas páginas de papel, esclarece: “exclamação. Ato de exclamar; voz, grito ou brado de prazer, alegria, raiva, tristeza, dor” Tirando o prazer e a alegria, tudo a ver. Vontade de gritar. De tristeza, dor, raiva e, principalmente, de espanto. A história é uma aula de Brasil. Você acha que é ofensa alguém dizer de uma autoridade pública, eleita pelo voto, que ela “paga o preço por seu despreparo”? Ou que anda “empazinada de ansiolíticos e com vida em boa parte reclusa”? E se, sem citar nomes, o sujeito fala que o “sumo pontífice e sacerdotisa da Seita Songamonguista do Reino Azul-turquesa” devem “ajustar seus rituais”? Ofensa?[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A juíza Welma Maria Ferreira de Menezes, do Juizado Especial Criminal de Mossoró (Rio Grande do Norte), entendeu que as três afirmações eram ofensivas, sim. E, por causa delas, condenou a cadeia, em três processos diferentes, o blogueiro Carlos Santos, 47 anos de idade e 26 de atuação profissional como jornalista. As punições foram iguais: um mês e dez dias de detenção, em cada uma das ações penais, com permissão para cumprir a pena fazendo doações (no valor de R$ 2.040,00 por processo) a entidades filantrópicas. Com cerca de 250 mil habitantes e uma das mais prósperas cidades do Nordeste, Mossoró é o segundo município do estado – só perde para Natal – em população e força econômica. Esta, derivada em especial do petróleo, da extração de sal, da produção de frutas, do comércio e do turismo. Uma cidade situada a meia distância (entre 260 e 270 km) da capital potiguar e Fortaleza e que se orgulha de ter importantes edificações históricas e uma indústria de comunicação expressiva: quatro jornais locais, dez emissoras de rádio e duas de TV aberta. Uma cidade que… vai que é tua, Brasil… é administrada há 63 anos pela mesma família. Desde 1948, portanto. A família Rosado, a mesma da prefeita Fátima Rosado (DEM) e do seu irmão e chefe de gabinete, Gustavo Rosado (PV). E também da deputada federal Sandra Rosado (PSB), que lidera a oposição a Fátima. E, ainda, da governadora e ex-senadora Rosalba Ciarlini (DEM), que se elegeu prefeita em 2000 disputando contra a Fátima, mas a ela se aliou nas duas eleições seguintes (2004 e 2008), e a quem Carlos Santos exime de responsabilidade em relação ao calvário que enfrenta. O chefe de gabinete, Fátima e seu marido, o médico e deputado estadual Leonardo Nogueira (DEM), elegeram Carlos Santos como alvo de nove interpelações e 27 ações judiciais (cíveis e criminais). Uma foi arquivada, as outras 26 estão em andamento. Somente no dia 23 de abril do ano passado o trio deu entrada em 11 processos contra o jornalista blogueiro. Que é um fenômeno da internet local. Embora precária, quase heroicamente, Carlos consegue sobreviver com a publicidade que seu blog amealha. E o faz por causa da boa audiência, superior à de qualquer portal mantido na internet pelos tradicionais grupos de comunicação de Mossoró. Sylvio Costa/Congresso em Foco/blog do Noblat

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Promotor usa Twitter para investigar irregularidades no transporte público

Foto: Daniel Haidar/G1 Moisés Jardim (de costas e camisa cinza)entra em ônibus lotado na Praça Jacomo Zanella, na Zona Oeste de São Paulo. Ele fez queixa ao MP. O Promotor de Justiça Saad Mazloum criou um blog e um perfil no twitter para intensificar uma investigação sobre supostas irregularidades no sistema municipal de ônibus de São Paulo. Ele quer coletar denúncias de superlotação, intervalos excessivos, falta de higiene e outros problemas enfrentados por passageiros para analisar se a Prefeitura de São Paulo tem fiscalizado a eficiência do serviço oferecido e se as viações cumprem suas obrigações contratuais. As denúncias virtuais podem ser feitas em comentários no blog, moderados pelo promotor, ou via mensagem no twitter. “Vai ser um inquérito bem colaborativo. As pessoas reclamam do transporte, mas não vejo cara, não vejo nome. Essas pessoas às vezes não têm a quem recorrer e preferem ficar queimando ônibus”, dsse Mazloum ao G1.

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Petrobras e blog: a imprensa não mais será a mesma

Polêmica sobre o blog da Petrobras mostra o surgimento de um novo espaço público para debates no país A conjuntura eleitoral em Brasília está ofuscando a análise de questões de longo prazo relacionadas ao polêmico blog da Petrobras. O contexto político vai mudar porque depende das expectativas sucessórias para 2010, mas a reviravolta provocada pelo ingresso da maior empresa brasileira na blogosfera terá efeitos prolongados e que mudarão a cara da mídia nacional. Mais importante do que o bate boca sobre o direito ou não da Petrobras publicar as perguntas de jornais em entrevistas solicitadas à empresa é a questão da quebra de rotinas vigentes há décadas no relacionamento da imprensa com fontes oficiais e corporativas. Isto altera radicalmente uma questão chave que é a do acesso privilegiado à informação. A criação de weblogs como forma de falar diretamente com o público não foi inventada pela Petrobras. A ferramenta está vigente há quase três anos em governos como os dos Estados Unidos e por cerca de 15 milhões de blogs corporativos em todo mundo (12% do total de weblogs segundo dados do relatório State of the Blogosphere 2008). Os weblogs existem desde 1999, quando foram adotados por milhares de jovens em todo mundo que os transformaram em diários pessoais virtuais. O primeiro governo a entrar para valer na blogosfera foi Israel, que em 2006 lançou uma série de blogs patrocinados pelos ministérios da Defesa e Relações Exteriores. Um deles é produzido em Nova York pelo consulado local. Os blogs criaram um novo espaço público para interatividade entre cidadãos, empresas, governos e associações civis, tirando da imprensa escrita a exclusividade na mediação entre os diferentes protagonistas. Trata-se de uma ruptura com o modelo tradicional, cujos efeitos provocam perplexidade, especialmente entre os jornalistas. O sistema de construção da agenda pública também passa por mudanças consideráveis na medida em que o modelo centralizado baseado na mídia convencional começa a dividir espaços com um sistema descentralizado e caótico como é o da blogosfera, por onde circulam aproximadamente 10 milhões de brasileiros, cerca de 50% do total dos que têm acesso à internet no Brasil, segundo estimativas feitas com base em dados dos sites Technorati e Ibope/Nielsen. A polêmica em torno do blog da Petrobras é um divisor de águas na blogosfera tupiniquim porque introduz oficialmente esta temática na agenda nacional, o que vai acabar estimulando a participação de novos protagonistas, entre os quais há rumores de adesões até entre as Forças Armadas. Leitores do Código que postaram comentários sobre o caso Petrobras/Jornais chegaram a alegar que a polêmica poderia estimular até mesmo o casal Nardoni (acusado de matar a própria filha) de criar um blog para tentar melhorar sua imagem pública. A insinuação abre uma nova área de debates ao colocar em questão o direito de qualquer pessoa, inclusive criminosos, criar o seu próprio blog, para participar da cacofonia digital. Gostando ou não é o sinal dos novos tempos da arena da informação pública. Esta ampliação da liberdade de expressão extrapola todos os limites existentes até agora e empurra o consumidor de informações para novos hábitos e valores – num ambiente que vai provocar uma polarização entre os que resistem aos efeitos de mudanças e os que apostam no novo. É uma nova clivagem política tomando corpo na sociedade brasileira ao lado da tradicional divisão entre esquerda e direita. Este é o grande tema latente em toda a ruidosa polêmica em torno do blog de Petrobras. por Carlos Castilho

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Eleições 2010. Campanha já está na internet

Sucessão de 2010 já está na Internet Seguidores lançam na rede virtual seus candidatos favoritos; partidos comemoram, mas negam ingerência Proibida pela Justiça Eleitoral no mundo real, a campanha para a Presidência da República de 2010 transcorre livremente na internet. Graças à ajuda de simpatizantes, os principais pré-candidatos ao Palácio do Planalto já são tema de blogs, comunidades e mensagens trocadas na rede mundial de computadores. Isso tudo a mais de um ano do início do prazo legal para que as campanhas sejam efetivamente colocadas na rua. Partidos negam qualquer responsabilidade por slogans que se multiplicam na rede. Na prática, a ordem é não criar obstáculos, já que a manifestação de simpatizantes é liberada. O que a Justiça veda é o uso disso por partidos e candidatos. Dessa forma, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), já tem pelo menos seis blogs em apoio a sua candidatura. Ela supera os dois pré-candidatos do PSDB, os governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais. Cada um deles é tema de quatro blogs. Serra é campeão de registros no site de relacionamento Orkut, servindo de tema para 139 comunidades. Destas, 35 têm por objetivo atacá-lo. Já Dilma conta com 63 comunidades, sendo 11 contrárias a sua candidatura. E Aécio aparece em 111, 18 contra ele. Serra também lidera a audiência na rede social Twitter, que virou febre ao permitir a troca de mensagens rápidas numa espécie de miniblog criado para cada usuário. Apesar de haver apenas 9 registros com seu nome, contra 15 de Dilma, o tucano atrai quase 12 mil seguidores – pessoas que acompanham em tempo real todas as mensagens postadas por um usuário. Nos registros em apoio à petista, há menos de 1.000 seguidores. Já Aécio tem 500 seguidores para dois registros. Por Clarissa Oliveira, Roberto Almeida e Silvia Amorim

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Blog da Petrobras e o fim do poder dos grupos de comunicação

Eles ainda não entenderam… Pouca gente entendeu por Luiz Carlos Azenha [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Em alguns minutos o blog da Petrobras terá mil seguidores no Twitter. Se metade deles “repercutir” as manchetes enviadas pela empresa para sua própria rede de seguidores, esse número se multiplica em segundos. Ou seja, a mensagem que a Petrobras manda para mil pessoas tem o potencial de chegar a 10 mil. Ou mais. Se dessas 10 mil pessoas, 5 mil passarem a frequentar o blog da Petrobras diariamente, a empresa poderá vender anúncios no blog. Ou seja: terá construído uma ferramenta de qualidade para se comunicar com o público, pode reduzir os custos com propaganda e ainda faz um dinheiro. Uma excelente notícia para os acionistas da Petrobras. Uma péssima notícia para os donos de jornais, de redes de TV e de emissoras de rádio. Eles perdem dinheiro e autoridade. [ad#Retangulo – Anuncios – Direita]Qual é a vantagem de você ter uma rede de TV se não pode extrair DINHEIRO E PODER dela? Em tese, os empresários do ramo poderiam argumentar que “prestam um serviço público”. Mas é preciso combinar com o público. Isso me faz lembrar dos donos de jornais de antigamente, especialmente no interior. Que costumavam ameaçar com manchetes destruidoras quem não aceitasse pagar pedágio. Quem diria que os Marinho, os Mesquita e os Frias chegariam a esse ponto? Tenho 37 anos de Jornalismo, 29 de televisão. De todas as reclamações que li sobre o blog da Petrobras, só uma faz algum sentido: se a empresa tem ou não o direito de divulgar as perguntas e respostas feitas por jornalistas ANTES da publicação das reportagens pelos jornais que fizeram as perguntas. A relação entre entrevistado-entrevistador é de confiança. Se o entrevistado não tem plena confiança de que será tratado de maneira correta pelo entrevistador, acho justíssimo que divulgue as respostas. Antes ou depois, já que considero que as respostas pertencem ao entrevistado. Mas, sinceramente, acredito que isso é acessório. O essencial é a mudança de qualidade no relacionamento entre a mídia e as fontes, que vai pelo mesmo caminho da relação entre a mídia e os leitores/ouvintes/telespectadores. Estou na internet desde o distante 2003. Aprendi muito com vocês, caros leitores. Aprendi que essa relação que travamos é, essencialmente, uma relação de respeito, mesmo quando há profunda diferença de opiniões. Aprendi que o texto que publico às 6 da manhã será completamente distinto às 10 da noite, quando acrescido dos comentários dos leitores. Serei corrigido. Contestado. Um leitor sugerirá novos links. Outro agregará argumentos. Um terceiro apontará para outro texto, dizendo algo muito distinto do que acabei de escrever. É da natureza da rede. Que é exatamente o meu ponto: os Marinho, os Frias e os Mesquita ainda não entenderam a natureza da internet, nem do jornalismo colaborativo. Eles acreditam que é possível preservar, no mundo digital, o mesmo tipo de relação de autoridade que existe na “mídia tradicional”. De um lado, as “otoridades”: os donos da mídia e os jornalistas devidamente diplomados e com registro no Ministério do Trabalho. Do outro lado, os pobres coitados: leitores, telespectadores e ouvintes cuja única tarefa no mundo é ouvir, acreditar e obedecer. Sinceramente, não estranho que isso escape aos barões da mídia. Sou jornalista e convivo com jornalistas. E diria, sem medo de errar, que 90% dos jornalistas acreditam que farão Jornalismo amanhã da mesma forma que fizeram ontem. Eles não tem a mínima noção do que está mudando e do que virá. Da importância do jornalismo colaborativo, do jornalismo feito para as redes de relacionamento, do poder propagador do twitter e das novas ferramentas que surgem todo dia. Costumo contar duas histórias quando dou palestras sobre esse tema. Numa, comparo preços. Quando fui para Nova York como correspondente da TV Manchete, em 1985, o preço de dez minutos de transmissão de satélite era de mil e quinhentos dólares. Hoje, essa mesma transmissão de imagens pode ser feita pela internet, de graça. Na outra, pergunto a profissão de alguns dos presentes. Em geral há professores, médicos, engenheiros, pedreiros, marceneiros, bibliotecários e muitos outros profissionais na platéia. Depois de listar as profissões, interesses e aptidões de todos, faço uma pergunta simples: imaginem o blog do Azenha feito apenas pelo Azenha. Agora imaginem o blog do Azenha feito pelo Azenha e mais todos os presentes na platéia. Qual será mais rico? Mais variado? Melhor informado? Qual vai errar menos? Mas é mais do que isso. Se eu conseguir juntar todas essas pessoas em um blog E desenvolver uma relação de respeito mútuo e de parceria, temos um salto de qualidade, que vocês podem chamar de jornalismo colaborativo. Que a Petrobras tenha aprendido a fazer isso ANTES que os jornalões é sintoma de que há algo de muito errado com nossos jornais. Ou de muito certo com a Petrobras. Ou ambos. Ouça a palestra mais recente do professor Sergio Amadeu, quando falamos sobre internet para trabalhadores do setor de educação. PS: O Jornalismo não acabou. Simplesmente ficou mais difícil enganar os incautos. PS2: O blog da Petrobras só deu certo por penetrar no fosso que existe entre os jornais e os leitores. Quem cavou o fosso? PS3: O blog obriga a Petrobras a assumir um compromisso de transparência não só com os jornais, mas diretamente com todos os leitores do blog. É um passo que poucas empresas são capazes de assumir. Vocês já imaginaram um blog da Folha em que a Folha responda sobre seu envolvimento com a ditadura militar? Ou o blog do Globo em que o jornal discuta seu apoio ao golpe de 64?

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Sobre o blog da Petrobras

Sobre o blog da Petrobras por José Paulo Cavalcanti Filho. 61, advogado no Recife, jp@jpc.com.br É boa ou ruim?, essa decisão de Petrobrás em criar seu próprio blog. A resposta, sem dúvida possível, sugere ser muito boa. Para a cidadania – permitindo que mais pessoas acessem mais informação. Para a democracia – que se reconhece quando uma empresa, do tamanho da Petrobrás, assume o compromisso de prestar contas de seus atos ao indeterminado cidadão comum do povo. Assentado isso, o principal, vale a pena examinar algumas questões no entorno dessa decisão. 1. Ilegal não é, como sugerem alguns jornalistas. Nenhum tema da Cyberlaw mereceu mais páginas do que o Fair Use. Reduzido a seu núcleo conceitual, a proteção ao direito da propriedade intelectual – no caso, as perguntas dos jornais – se opera somente quando houver apropriação econômica por terceiros – no caso, a Petrobrás. Como o acesso ao blog é público e gratuito, nenhuma irregularidade pois. 2. Deselegância é. A publicação das perguntas, sem ciência prévia dos perguntadores, é certamente prova de desapreço a jornais e jornalistas. Não propriamente pela utilização dessas perguntas, no blog, algo mesmo natural. Mas por não haver ciência prévia, nessa primeira utilização. Bastaria que a Petrobrás avisasse, antes – “olha, daqui a 2 dias o blog estará no ar”, coisa assim, e nenhum problema haveria. 3. Os jornais dizem que “o blog quebrou a confidencialidade de perguntas enviadas” à empresa. Quando nenhuma confidencialidade há, ou deveria haver, nesse tema. Essa confidencialidade, em países culturalmente maduros, protegem apenas a privacidade ou interesses coletivos – saúde, segurança pública, relação com países estrangeiros, fronteiras. Sem que se perceba como perguntar quantos funcionários trabalham, em um setor da empresa, possa ser confidencial. Ao contrário, essas perguntas deveriam ser berradas, aos ventos, para que todos as pudessem ouvir – se isso fosse possível, claro. 4. A ANJ diz ser “prática contrária os princípios universais da liberdade de imprensa”. Sem que se possa ver como, publicizar uma pergunta, possa ser algo contrário a qualquer liberdade. O que ofende o direito de informar é a censura, senhores. A romântica (se é que uma censura pode ser mesmo romântica) , no tempo de sargentos nas redações, com suas tesouras; a econômica, de governos e anunciantes, com seus interesses (nem sempre meritórios); a política, protegendo parte de nossas elites; a “musa da autocensura”, como a ela se referia George Steiner. Assentado isso, de que é boa prática para a democracia, cabe agora perguntar se é também boa para a Petrobrás. E a resposta, aqui também, é sim. Dá respeitabilidade à empresa. Mostra que, do alto de seu poder econômico, se preocupa em prestar contas ao público. Porem … Há sempre um porém, à margem das melhores intenções. “Mas há sempre uma candeia / Dentro da própria desgraça”, dizia Manoel Alegre contra Salazar. E esse porém, no caso, é: a Petrobras faz isso para ser respeitada?; ou tudo é só estratégia de marketing, às vésperas de uma CPI? Não há respostas prontas, para isso. E vale, nesse caso, testar; sendo, aos jornalistas que hoje reclamam, os melhores testadores. Podem perguntar, por exemplo, quais são os diretores da Petrobrás e de suas subsidiárias? Quantos são os quadros técnicos da empresa, que hoje ocupem esses cargos de direção? Quais os funcionários que, sem ser diretores, dirigem licitações? Quais partidos indicaram esses senhores e senhoras? Qual o montante, em reais, de licitações a cargo de cada um deles? Quantos desses contratos foram firmados com dispensa de licitações? Isso, ou o que mais quiserem perguntar. E assim se resolve a questão; que, das duas, uma. Ou a Petrobrás responde, e merece (continua a merecer) nosso respeito; ou a Petrobras não responde, ou responde só o que lhe interessar, e então esse blog é só perfumaria. Tornados então, sem efeito, todos os elogios antes à empresa aqui destinados. O futuro dirá.

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Blogs, Petrobras e jornalões

Ora vejam só. Pois não é que os jornalões incomodados com a audiência, agilidade e independência dos blogs resolveram atacar a Petrobras? Sabem qual o inominável pecado da empresa petrolífera? Manter um blog, no qual entre outras notícias divulga as feitas por jornalista à empresa. Leiam só esse trecho do editorial do O Globo: …”a Petrobras decidiu, de maneira agressiva, antiética e ilegal, tentar acuar O GLOBO, a “Folha de S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo”. …”O caminho encontrado pela estatal foi publicar em um blog da empresa as perguntas encaminhadas por repórteres dos jornais e respectivas respostas”. Um blog acuar os jornalões centenários? Reserva de mercado pra pergunta de jornalista? Desde quando pergunta é confidencial? Feita a pergunta, o perguntado revela a pergunta e a resposta quando, se, e a quem quiser. Será que estamos em Cuba, na China, na Coréia do Norte ou mesmo na prosaica ditadura bolivariana? Em que lugar da Constituição está definido que tenho que manter sigilo de qualquer pergunta que me seja feita por qualquer pessoa, jornalista ou não? O arbítrio é inteiramente meu! Os jornalões, ancestrais na última fila do grid da comunicação ágil, temem os blogs. O fim do mastodôntico modelo de difundir notícias, usado desde Gutenberg, é inevitável. O poder de intimidação dos grandes grupos de comunicação falece ante a agilidade, independência e audiência plural dos blogs. Na realidade o grande medo é a real impossibilidade dos jornalões em não poder manipular, editar e/ou distorcer a versão do entrevistado. Contra a censura! Sempre! Antes que Cháves!

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Globo inova: quer sigilo de perguntas

A criação de um blog por parte da Petrobras continua gerando polêmica. Essa é demais! O Globo inovou hoje em matéria de jornalismo. Acusa a Petrobras de vazar perguntas feitas a ela por jornalistas. Em blog recentemente criado pela estatal para responder de forma transparente as questões levantadas sobre a sua atuação, a empresa reproduziu as perguntas de jornalistas a ela dirigidas e as respostas da direção da empresa. Este fato deixou alguns jornais extremamente irritados pois dificulta a edição manipuladora das respostas fornecidas à mídia. A irritação levou o jornal O Globo a publicar um artigo hoje, criando a figura do “sigilo da pergunta”, como se o entrevistado tivesse qualquer obrigação de sigilo perante o entrevistador. Não existe nenhuma confidencialidade que possa ser invocada neste caso. Os jornalistas devem guardar a confidencialidade de suas fontes “em off”, mas os entrevistados são livres de fazer o que quiserem e fazer público as suas próprias respostas. Isto é evidente, mas aparentemnte não para O Globo. Não existe perguntas que possam ser invocadas como “propriedade” do jornalista, nem ninguém esta sujeito a considerar essas perguntas como “confidenciais”. Poderia se aceitar argumento semelhante se uma entrevista acertada com exclusividade para um determinado jornal, fosse publicada antecipadamente pelo entrevistado. Não seria ilegal, mas seguramente discutível no campo ético, que só poderia se justificar por motivações sérias. Mas no caso, reproduzir a totalidade das perguntas com suas devidas respostas é uma maneira de mostrar transparência e recusar a manipulação eventual das respostas fornecidas. A irritação pode ser comprensivel, mas o ridículo da pretensão da Globo de considerar ilegal a publicação pela Petrobras das perguntas e suas devidas respostas, mostra a arrogancia desmedida do jornal. blog do Luis Favre

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