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Rebelião cibernética

Os recentes ataques contra páginas web do governo e de empresas brasileiras podem ser vistos como o fruto da insegurança na rede, mas também levam a uma reflexão sobre o que está por trás de tudo isto. O que podemos detectar por meio da leitura dos comentários postados no Twitter, blogs, redes sociais e fóruns é ainda mais preocupante. O que se percebe é uma generalização do sentimento de frustração, desencanto e exclusão em relação ao governo, à política, políticos, empresários, enfim, tudo aquilo diz respeito à chamada ordem vigente. O que se nota mergulhando no mundo dos comentários online é que os seus freqüentadores (que não são poucos) não dão a mínima para a forma como informações foram obtidas, mas o que elas revelam sobre possíveis privilégios e corrupção. O universo dos jovens que se comunicam pela internet descobriu agora a estratégia do ataque cibernético como forma de ganhar visibilidade e reconhecimento. Trata-se de um recurso muito eficiente e que surpreende o establishment numa área onde ele ainda se move com alguma dificuldade, fruto da pesada herança da cultura industrial/analógica. Área de confrontação Os ciberativistas dos grupos Anonymouse  LulzSec já conquistaram seguidores no Brasil e a sucessão de ataques registrados no feriadão de Corpus Christi mostra que eles são extremamente ágeis. Seu objetivo não foi tanto roubar informações, mas, principalmente, mostrar presença e revelar debilidades nas redes digitais do governo e de empresas.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A leitura dos comentários como os postados numa notícia sobre os ataques mostra que o apoio aos rebeldes digitais é muito maior do que as críticas ao que a mídia está chamando de terrorismo virtual. É este apoio que deve nos levar a pensar sobre suas causas e não a um debate inócuo sobre segurança na internet – uma rede que é estruturalmente vulnerável por conta de sua arquitetura eletrônica aberta. Em vez de procurar encontrar ferrolhos e cadeados para os bancos de dados que guardam negociatas e falcatruas, por que não discutir o teor das informações? Verificar quais as que merecem mais crédito e as que devem ser descartadas, em lugar de culpar o mensageiro. Outra coisa importante: esta rebelião cibernética veio para ficar porqueela se alimenta de uma inconformidade represada, igual à que levou os jovens árabes aos protestos iniciados em abril. O governo chileno sentiu o peso da internet como ferramenta de articulação política durante os recentes protestos estudantis em Santiago e resolveu adotar uma medida de eficácia altamente polêmica: criar um sistema estatal de vigilância as redes sociais. Tudo isto mostra que a internet e a web deixaram de ser um nirvana tecnológico eque agora entram, para valer, na nossa ecologia política como mais uma área de confrontação entre o status quo e o desejo de mudança. As grandes potências já oficializaram uma guerra cibernética por meio da mobilização de recursos militares para combater um inimigo cujo perfil ainda é pouco claro. Repressão inútil Pelas últimas notícias filtradas de dentro do Pentágono por jornais como o The New York Times, a estratégia norte-americana está mais orientada para combater empresas e grupos terroristas conhecidos. Já a rebelião virtual na base social é bem diferente. Os responsáveis pelos ataques, erroneamente chamados de hackers [na verdade são crackers, os invasores de computadores; hacker é a denominação original recebida pelos pioneiros da internet nos anos 1960 e 70 quando eles criaram as bases dos softwares existentes hoje em dia], são quase todos desorganizados, autônomos, sem base territorial fixa, que se mobilizam mais por idéias do que por metas. Geralmente se identificam pelo grupo a que pertencem até mesmo pelo nome, como é o caso do controvertido Julian Assange, do site Wikileaks. Grupos como o Anonymous e o LulzSec acabam virando mais marcas de um sentimento vago do que siglas identificadas com propostas políticas concretas. Por isso não adianta reprimi-los porque será inútil, já que usam a tecnologia com muito mais habilidade do que imaginamos. Só nos resta identificar suas idéias e refletir sobre elas. Carlos Castilho/Observatório da Imprensa

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Blogs; a falsa blogueira Síria e o armário virtual

Lésbicos do armário virtual A garantia do anonimato é uma proteção contra ditaduras e um recurso fundamental para a imprensa denunciar corrupção e crimes em democracias. O caso bizarro da falsa blogueira lésbica síria, que por sua vez contou com ajuda de uma falsa lésbica americana do site GLS LezGet Real, não vai ser lembrado apenas por ter colocado em risco vidas não virtuais. Deve provocar reflexão sobre a credulidade no mundo online e sobre a política de identidade. Há cinco meses, o americano Tom MacMaster, casado, 40 anos, estudante de pós-graduação da Universidade de Edimburgo, na Escócia, se identificou como Amina Abdullah Arraf e decidiu criar o blog Gay Girl in Damascus (Menina Gay em Damasco). Paula Brooks, responsável pela edição do LezGetReal, ajudou a colocar o blog no ar. A personagem inventada por MacMaster era irresistível para a imaginação ocidental. Uma sírio-americana vivendo sob a opressão de um regime assassino e se arriscando para encorajar gays do mundo árabe a sair do armário. No dia 6 de junho, um post supostamente assinado por um primo de Amina afirmava que ela tinha sido capturada por membros do Partido Baath, do presidente sírio, Bashar Assad. A mídia tradicional denunciou o sequestro de Amina e o site Libertem Amina Abdallah atraiu 14 mil seguidores no Facebook. Mas Paula Brooks ficou desconfiada e, ao investigar a origem do servidor do blog chegou a Tom MacMaster, na Escócia. Ele confessou ser um romancista fracassado e justificou a fraude como exercício de imaginação literária inspirado pela rejeição de sua ficção. No dia seguinte, foi a vez de Paula Brooks sair do armário virtual como Bill Graber, um veterano militar do Estado de Ohio, casado e com 58 anos. Paula Brooks é o nome da mulher de Graber, que não tinha a menor ideia das atividades paralelas do marido. Comparado ao pilantra MacMaster, Graber não passa de um ladrão de galinha. MacMaster não só instigou sírios a se arriscar procurando Amina. Ele roubou a foto de uma mulher real que identificou como Amina e forjou uma relação romântica online com uma franco-canadense, numa troca de mais de mil emails. Bill Graber diz que editava o LezGetReal sob pseudônimo porque havia testemunhado as agruras vividas por um casal de amigas lésbicas. E estava convencido de que jamais teria credibilidade como um ex-militar heterossexual, de um Estado conservador, escrevendo sobre a vida gay. Ele está certo, embora não se absolva da desonestidade. Na Europa e nos Estados Unidos, a correção política multicultural tende a conferir legitimidade gratuita a narrativas pessoais de opressão. Num momento em que 20 milhões de pessoas estão registradas para criar avatares no mundo virtual do Second Life, a identidade, para muitos, deixou de ser um substantivo singular. Chego a pensar se o deputado Anthony Weiner, que caiu em desgraça e renunciou por tuitar fotos de seu pênis para um punhado de mulheres, não começa a parecer um exemplo de coragem para a era digital. Afinal ele não fotografou o órgão alheio. Há um aspecto curioso da indignação da comunidade gay com Bill Graber. Alguns comentários levam a crer que a mentira foi mais nociva porque ele falsificou a identidade de uma lésbica. Se ele fosse uma lésbica se apresentando como outra, quem sabe, estaria perdoado porque sua condição de minoria ainda seria legítima. Há pouco mais de 400 anos, William Shakespeare criou charadas sexuais deliciosas. Viola, de Noite de Reis, se apresenta como homem (seu irmão Cesário) para o amado duque Orsino e desperta a paixão da Lady Olívia. Tudo acaba bem na quadrilha da troca de papeis. O poder da narrativa de ficção nos joga nos braços dos personagens. A outra possível lição do Aminagate é a importância de não se encarar a blogosfera e a mídia social com lentes de Polyanna. Evgeny Morozov, um acadêmico visitante da Universidade Stanford, alerta para a falácia da utopia cibernética, em The Net Delusion: The Dark Side of Internet Freedom (A Ilusão da Net: O Lado Negro da Liberdade na Internet). Ele aponta uma falta de senso crítico na mídia tradicional, que vê nos blogueiros e internautas de sociedades autoritárias militantes do bem. Morozov mostra que a Internet é usada com enorme eficácia como arma de repressão por governos como o iraniano e o chinês. Não há escassez de extremistas online que dispensam apoio oficial. Hoje, as palavras “realidade” e “virtual” andam de braços dados. Até o momento em que o soldado sírio de carne e osso derruba sua porta de madeira, na madrugada. Lúcia Guimarães/O Estado de S.Paulo

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Ferramentas para o ensino digital

Não gosto muito de escrever artigos-listas, como este que você está para ler. Porém, movido pela enorme discussão que minha última coluna causou, achei que seria melhor, só dessa vez, deixar de lado as especulações e questionamentos e partir direto para os exemplos. Naquele texto defendi que a maioria das escolas não prepara seus alunos para exercer as profissões do século XXI. Minha intenção não foi crucificar as instituições de ensino, mas mostrar que elas não são perfeitas nem estão imune à inovação. Entre aquela coluna e esta tive a oportunidade de assistir ao excepcional documentário Waiting for Superman, que, ao mostrar as deficiências do sistema educacional público no país líder em inovação e tecnologias digitais, me fez ver como o problema das escolas está distante de ser exclusividade de países desprovidos de recursos. Ao redor do mundo, o aluno que não gosta da escola muitas vezes é porque não vê nela conexão com a realidade. Até um congestionamento de trânsito tem mais opções e estímulos do que um ambientes de ensino monótono, entediante, silencioso e autoritário. O professor que evita a tecnologia entra em uma relação perde-perde: se convencer a classe que o computador e a internet não prestam, terá criado analfabetos digitais, despreparados para viver em um mundo de conexões. Se fracassar nessa tentativa, poderá gerar um sentimento que a escola não presta para nada, e que tudo pode ser aprendido em tutoriais na rede. Não sei qual cenário é pior. Mas sou otimista. Muito otimista. Acredito sinceramente que a maioria das tecnologias que nos tornam nerds podem ser usadas, sem muito esforço, para construir a escola do futuro. Apresento a seguir 40 ferramentas, a maioria gratuitas, que podem ser usadas para incrementar a qualidade das aulas, sem demérito do professor. Não é preciso conhecimento técnico para operá-las. Blogs – Transformam o professor em material didático de referência. Podem conter o programa das aulas, bibliografia, exemplos e tarefas, abrir espaço nos comentários para que os alunos publiquem suas dúvidas e criar um ambiente de contato extraclasse. As principais ferramentas para se construir um Blog são WordPress, Blogger, MovableType e TypePad. Microblogs – Se a informação for curta e menos estruturada, com pequenos conteúdos dispostos em periodicidade aleatória (como exemplos de aplicações práticas do que foi ensinado em classe), talvez seja melhor usar formas simplificadas de Blogs, também chamados de microblogs. O Tumblr é a ferramenta mais conhecida para essa tarefa, mas, Posterous, Presently e Xanga também dão conta da função. CMS – Para sistemas maiores e informações mais complexas, com várias funções integradas, talvez seja melhor usar administradores de conteúdo, sistemas dinâmicos de publicação como Joomla, Plone, TextPattern ou Drupal –este último é usado, por exemplo, pelo governo dos EUA em uma tentativa de aumentar a transparência de seus dados. Sites – Se o que se precisa é um site simples, estático, com algumas informações estáticas ou que mudam pouco (como endereços ou telefones, por exemplo), o mais fácil é usar um construtor de sites, ferramenta que automatiza sua criação sem precisar de uma linha de código. Os principais portais do país têm essas ferramentas, como o UOL, Terra e iG. Meu predileto é o WebFácil. Redes sociais – Se não dá para ignorar o Facebook, possível replicá-lo e criar, em aula, um pequeno sistema de relacionamento. Escolas, afinal, sempre foram redes sociais. Digitalizar as discussões em sala de aula pode aumentar o contato do aluno com a disciplina. As melhores ferramentas para essa tarefa são SocialGo, Elgg, Lovdbyless e CommunityEngine. Ambientes – Até mesmo sistemas completos de ensino à distância podem ser criados por um professor qualquer, em uma sala de aula de qualquer lugar do mundo, desde que ele tenha um computador mediano e um acesso à rede. Serviços como o Moodle, Engrade, Atutor e Manhattan têm comunidades fortíssimas que servem como boas redes de apoio para qualquer dúvida técnica ou de aplicação. Referências – Há muito material científico compilado das bibliotecas digitalizadas pelo Google Acadêmico. O Projeto Gutenberg compila vários livros de acesso público e gratuito. Sites como o Scribd são boas alternativas para a busca de conteúdo. E se você tem medo que seus alunos copiem o material da rede, pode desmascará-los com o CopyScape. Fóruns e debates –As precursoras da Internet eram quase só compostas por sistemas de mensagens e grupos de discussão. Mesmo hoje, ferramentas que estimulam a troca de idéias são bastante populares e fáceis de usar. Nelas o professor pode criar um tópico e deixar que os alunos discutam suas aplicações. Não se preocupe se os alunos terão alguma dificuldade em operá-los: boa parte dos repositórios de pirataria tem esse formato, eles devem estar habituados. Boas ferramentas para a criação de fóruns são PHPbb, IP Board, SimpleMachines e Bbpress –este feito pelos mesmos criadores da ferramenta de blogs WordPress, e tão fácil de usar quanto ele. Wikis – Os trabalhos de alunos não precisam mais ser impressos. Eles podem ser transformados em verbetes de uma Wiki, um sistema de produção de conteúdo colaborativo como se fosse sua versão própria da Wikipédia. O sistema usado pela enciclopédia mundial é o MediaWiki, mas o Twiki e o WikiSpaces também são muito bons. . Existem muitos serviços parecidos, que podem ser comparados no site WikiMatrix. Podcasts – Para encerrar a lista, podcasts, ou arquivos em áudio transmitidos pela rede. Já que boa parte dos alunos têm celulares e que passam o tempo todo com eles, nada melhor do que gravar as aulas ou conteúdos associados e torná-las portáteis. Audacity é uma ótima ferramenta para gravar e editar som, SoundCloud é muito boa para levar o som para as redes, LiveMocha para aprender e ensinar línguas e TreinaTOM para criar web-aulas. Essas são só algumas ferramentas. Não seria difícil listar serviços gratuitos para gerar formulários de pesquisa, compartilhar documentos, mostrar vídeos educativos, criar e-Books, organizar projetos coletivos, fazer listas de tarefas, estruturar mapas conceituais, mostrar frisas do tempo, promover eventos, compartilhar websites, textos e planilhas com contribuição remota… a lista não tem fim.

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Internet e anonimato

Temor com anonimato na Internet supera preocupação com a censura Ao longo de toda a história universal não se registra um só caso, através dos milênios, em que uma obra de arte, um tratado científico ou documento político que numa época tenha sofrido censura ou interdição, e que, depois não tenha sido veiculado livremente sem censura de espécie alguma. A censura, portanto, está sempre na contramão da existência, freiando a evolução da cultura e assim a da própria espécie humana. Ela, no fundo, apenas retarda o processo de percepção e se transforma sempre num obstáculo ultrapassado degrau por degrau. No Brasil, a ditadura militar que se instalou em 64 e acabou, parcialmente em 79, e depois totalmente em 85 com a eleição de Tancredo Neves e a posse de José Sarney, fornece uma série interminável de exemplos ridículos. “O Último Tango Em Paris”, um deles, hoje exibido nas sessões da tarde das tevês. Outro, o livro “O Casamento”, de Nelson Rodrigues. Mais um, a novela “Roque Santeiro”. Mas há centenas de outros, a exibição do Ballet Bolshoi, pela Rede Globo, composições de Chico Buarque, Vinícius de Moraes e Tom Jobim.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Assistindo a palestra dos jornalistas e escritores Carlos Heitor Cony, meu velho amigo do Correio da Manhã, e de Artur Xexéo, sábado passado, no espaço cultural de Furnas, aberto ao tema da arte, eu pretendia colocar esta questão-símbolo, incluindo os episódios judiciais que envolveram os escritores Émile Zola (caso Dreyfuss), Gustave Flaubert (‘Madame Bovary”) e D. H. Lawrence, “O Amante de Lady Chatterley”, mas perdi a oportunidade de ouvi-los sobre a censura que, no passado, desabou sobre tais obras altamente importantes. Perdi a oportunidade de focalizar o assunto, que daria margem às colocações e palavras inteligentes de Cony e Xexéo, porque o espaço terminou sendo absorvido pelo temor ao anonimato que está transbordando na Internet, nos sites, nos blogs, twitters, enfim nas telas mágicas dos computadores. A platéia que ocupava o auditório de Furnas, aberta a participação, revelou-se intensamente preocupada com o fenômeno para o qual, na verdade, não há nem censura, tampouco limites. Porém tal temor não era manifestado somente pelo público, mas igualmente pelos dois artistas. Referiram-se ao que classificaram como lixo cibernético, perigoso e contaminador. Não são manifestações de arte, ou opiniões independentes sobre as questões de hoje. Em número acentuadamente alto representam absurdos, agressões seguidas, sintomas de desequilíbrio emocional, além de aberrações, ofensas e até perversões. São comuns no espaço livre porque seus autores usam facilmente o anonimato e, sentindo-se isolados como se viajassem além da realidade numa espécie de nave espacial fora de lei da gravidade responsável, consideram-se imunes à lógica. Combater qualquer tipo de censura à arte, à ciência, à política, é simples. Basta citar os artigos 5, 220 e 222 da Constituição Federal. Impedem taxativamente qualquer tipo de censura ou restrição à livre manifestação do pensamento. É o que afirma, por exemplo, item 4 do artigo 5º. Mas o mesmo dispositivo veda o anonimato e assegura o direito de resposta. O parágrafo 3º do artigo 222 estende exatamente o mesmo princípio à comunicação eletrônica. Mas como exercer concretamente tal direito? Como fixar a responsabilidade se as sombras protegem os autores das agressões à inteligência, à moral e à ética? O terrível episódio dos assassinatos múltiplos e covardes da escola de Realengo serve de emblema. Basta conferir o que está nos sites e blogs. Preocupou intensamente Cony e Xexéo. Expressaram isso em Furnas. Preocupa a todos nós. Não se trata de censurar. Mas o de colocar pelo menos o fim ao anonimato, aliás como a própria Constituição determina. Cada um diz o que quer. Mas fica responsável pelo que afirmar. Estritamente dentro da lei e da liberdade. E também da responsabilidade. Pedro de Couto/Tribuna da Imprensa

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Word Press é invadido por hackers

Serviço de blog gratuito WordPress sofre invasão de hackers. Criminosos conseguiram acesso total ao site. Troca de senha é recomendada para os usuários. Criminosos ganharam ‘acesso root’, afirmou responsável pelo serviço (Foto: Reprodução) Invasores conseguiram acesso total a “vários servidores” do serviço de blogs WordPress, de acordo com um comunicado escrito por Matt Mullenweg, responsável pelo serviço. “Potencialmente qualquer coisa nesses servidores pode ter sido revelada”, escreveu. A Automattic, que opera o serviço, ainda está investigando como a invasão ocorreu e quais dados podem ter sido revelados, mas afirma já ter tomado medidas para prevenir novos incidentes. Nas palavras Mullenweg, os atacantes conseguiram “acesso root”. “Root” é o nome do usuário administrador de sistemas Unix, normalmente usado em servidores, e é capaz de realizar qualquer tarefa no sistema. De acordo com as estatísticas do próprio WordPress.com, o serviço hospeda 19 milhões de blogs.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Códigos do software usado no site teriam sido expostos. Boa parte do WordPress é código aberto e está disponível para download na internet, mas códigos próprios do WordPress, que Mullenweg disse serem “sensíveis”, também foram revelados. Códigos de parceiros do WordPress.com também estariam comprometidos. O site não ofereceu sugestões a seus usuários, além de “sempre usar uma senha forte”, “usar senhas diferentes para sites diferentes” e “se você usou a mesma senha para sites diferentes, troque para algo mais seguro”. As recomendações não são claras, mas o tom deixa a entender que senhas de usuários poderiam ter sido reveladas, pelo menos parcialmente. Seria recomendável trocar as senhas do próprio WordPress e de serviços em que o usuário usou a mesma senha do serviço de blogs ou que foram ligados com o serviço. No início do ano, o serviço de hospedagem de programas de código aberto Sourceforge também sofreu uma invasão semelhante. Altieres Rohr/G1

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Bethânia e as virgens ofendidas

Escritora portuguesa defende a importância do incentivo do MinC ao projeto de poesia da cantora na internet Inês Pedrosa ¹ – O Estado de S.Paulo Durante os breves dias que passei agora no Brasil, pasmei com a ferocidade da campanha contra um projeto de poesia de Maria Bethânia. O meu pasmo foi subindo de degrau em degrau a cada hora de cada um dos cinco dias e terminou num miradouro de indignação. Parece-me útil dar a ver aos brasileiros o panorama feio que os meus portugueses olhos divisaram – amo demais o Brasil para poder ficar fora dele mesmo quando ele me deixa fora de mim, mas temo que assim não aconteça com corações mais turísticos do que o meu.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O coro de virgens ofendidas com a verba que o Ministério da Cultura autoriza a captar para o projeto de Bethânia (R$ 1,3 milhão) é patético por diversas razões, a primeira das quais é a suposição cândida de que, a não ser investido na divulgação de poesia de língua portuguesa a que Bethânia se propõe, esse dinheiro seria canalizado para escolas, hospitais e o escambau. Verdade seja que a lista dos projetos aprovados pelo MinC inclui muita coisa que, vista de fora, me parece o escambau. Em Portugal, a Lei do Mecenato não funciona, porque o conceito de desenvolvimento através das artes ainda não conseguiu furar a massa cinzenta dos empresários lusitanos. Por isso, os apoios à cultura saem diretamente do bolso dos contribuintes, o que os torna sempre polêmicos e sujeitos à conspiração das invejas organizadas – a mais eficiente organização do país. Eu tinha a ilusão de que o Brasil não era assim – via o Brasil virado para o futuro, incompatível com o ressentimento. Ainda quero ver, porque o Brasil onde eu moro e quero cada vez mais morar é povoado por artistas que se inspiram mutuamente, estudiosos ousados, enfim, gente que não perde tempo a envenenar-se e a envenenar os outros. Pobres puritanos da moral alheia: a grana que patrocinará Bethânia nunca serviria para pagar outras coisas. Por quê? Porque Bethânia não é uma coisa qualquer. O que ela faz tem repercussão. Possui um talento e uma voz únicos. Aguentem-se. Por que será que só o projeto de Bethânia é sujeito ao escrutínio da maledicência? Porque Bethânia é uma estrela – de fato. Enche quantas vezes quiser as maiores salas de espetáculos de Portugal, da Europa e de várias partes do mundo. Por que o Ministério da Cultura do Brasil a subsidia? Não: porque tem um percurso internacionalmente reconhecido. Como cidadã da gloriosa pátria da língua portuguesa – a única pátria em que, tal como Fernando Pessoa, me reconheço -, agradeço-lhe diariamente o seu trabalho de muitas décadas em prol da poesia e dos poetas desta língua, de Pessoa a Guimarães Rosa, de Vinicius de Moraes a José Régio, de Sophia de Mello Breyner Andresen a João Cabral de Melo Neto. Se me tornei, ainda adolescente, leitora de José Régio, a ela o devo. O meu fascínio por Pessoa começou com a voz dela. E foi dela que recebi o primeiro estímulo para a descoberta da sublime literatura brasileira. Não há muitos cantores populares por esse mundo que se dediquem, de um modo contínuo, a este trabalho pioneiro e pedagógico. Penso que a visível subida do nível cultural do Brasil nas últimas décadas deve muito a Maria Bethânia. E tenho a certeza que a literatura portuguesa tem uma dívida imensa para com ela – toda a minha geração foi tocada pelos seus poetas, mesmo ou sobretudo quando, aos 20 anos, ia ouvi-la apenas para encontrar consolo para a vertigem das paixões mal sucedidas. A 8 de março de 2010 fui ao Rio para, em nome da Casa Fernando Pessoa e em parceria com o Instituto Moreira Salles, galardoar Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli com a Ordem do Desassossego, então instituída. Quisemos que a primeira atribuição dessa Ordem fosse uma homenagem ao Brasil e a essas duas heroínas da divulgação da obra de Fernando Pessoa. Pouco depois, Bethânia foi a Portugal fazer um show e contatou-me, dizendo que queria oferecer um recital de poesia de língua portuguesa na Casa Fernando Pessoa. E ofereceu – sim, gratuitamente, escandalizem-se, oh virgens! – um espetáculo belíssimo, concebido, encenado e realizado por ela, aliando interpretação e canto, com uma inteligentíssima seleção dos maiores poetas de Portugal e do Brasil. As paredes da Casa iam estourando, tal a multidão e o deslumbramento. Nessa ocasião, Bethânia falou-me da sua vontade de levar pelo interior do Brasil e de Portugal um conjunto de espetáculos desses, exclusivamente dedicados à poesia. Que Bethânia ou alguém próximo dela (porque Bethânia nem sequer é praticante da religião das redes virtuais) tenha acrescentado a esse projeto a circulação dos poemas ditos na internet, parece-me uma excelente e eficaz ideia. Sim, opulentos invejosos, já há muita poesia na net – mas não dita e encenada por Bethânia. A voz e o critério dela chegam mais longe, movem mais almas – é isso que não se lhe perdoa. Caetano já o disse, numa crônica coruscante, no Globo. Mas eu quero repeti-lo, porque não sou irmã dela – amo-a, sim, como comecei a amá-lo, desde a mais tenra juventude e sem os conhecer de parte alguma nem saber onde ficava Santo Amaro da Purificação, de onde ambos vieram, sem patrocínios nem padrinhos, para acrescentar luz e força às nossas vidas. Amo-os porque as suas vozes e os seus dons criativos me fizeram e fazem acreditar que o mundo pode ser um lugar mais belo e mais sábio. O Brasil está a dar certo porque eles – e muitos outros como eles, e uma multidão com eles – assim o quiseram. E isso só não vê quem não quer – ou não é capaz – de ver. ¹ Inês Pedrosa é escritora e diretora da Casa Fernando Pessoa

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Eleições, blogs e redes sociais

Ministro do TSE defende Twitter liberado nas eleições O ministro José Antonio Dias Toffoli defendeu durante sessão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a liberação das comunicações pelo Twitter e outros meios novos, como blogs, nos meses anteriores às eleições. Durante julgamentos de recursos de políticos multados por propaganda na internet, Toffoli foi enfático, usou palavras como “arcaico” e “equivocado” e disse que a Justiça tem de se acostumar com as novas tecnologias. “Nós estamos aqui a proferir um voto que ele é arcaico, data vênia a douta maioria formada, é arcaico pelos meios de comunicação que hoje se colocam à disposição das pessoas, que não é mais telefone, não é mais carta, não é mais telegrama. Os meios de comunicação são esses: as redes sociais”, disse.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Para Toffoli, as mensagens postadas no Twitter podem ser comparadas a conversas por telefone. “O Twitter não é propaganda. O Twitter é aquilo que podemos chamar de cochicho. É uma pessoa cochichando com a outra”, comparou o ministro, durante o julgamento de um recurso no qual Índio da Costa (ex-DEM) – que foi candidato a vice na chapa presidencial do tucano José Serra – questionava multa de R$ 5 mil por mensagem divulgada no Twitter antes do início da propaganda eleitoral. O julgamento do recurso começou na quinta-feira, mas foi suspenso por um pedido de vista do ministro Marcelo Ribeiro. Relações. Para Toffoli, proibir as comunicações no Twitter é o mesmo que impedir que as pessoas conversem, o que desrespeita o princípio constitucional da liberdade de manifestação. “É interferir numa seara absolutamente individual. Não se trata de propaganda. É liberdade de pensamento e expressão na sua essência”, disse. “Como vamos vedar que alguém converse com outro por telefone no período de pré-campanha pedindo voto para alguém ou falando mal de um outro candidato de quem essa pessoa não goste? Temos condições de interferir em todas as relações humanas?”, questionou. Ministro substituto do TSE, Toffoli participou da sessão no lugar de Marco Aurélio Mello. Ele disse acreditar que o tribunal vai mudar a atual jurisprudência que estabelece punições para blogueiros e tuiteiros. Também foi enfático ao criticar outra decisão do tribunal, que puniu com multa de R$ 5 mil o ex-prefeito de Cruzeiro do Oeste (PR), Zeca Dirceu (PT). O político publicou em junho um texto em seu blog que foi considerado propaganda eleitoral antecipada em favor da então candidata Dilma Rousseff. Vencido no julgamento de quinta-feira que confirmou a multa, Toffoli disse que o ambiente virtual do blog “é como se fosse a casa de uma pessoa”. “É necessário que haja vontade de ir àquele local. Essa intervenção da Justiça Eleitoral é exagerada. Propaganda é levar alguém a alguma coisa. No blog, só vai lá quem quer”, concluiu. “Essa intervenção da Justiça Eleitoral é exagerada e acaba causando desequilíbrio na eleição. Propaganda é levar alguém a alguma coisa. No blog, só vai lá quem quer” Mariângela Gallucci /O Estado de S.Paulo

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Maria Betânia e blogs

A vida é bela! Não é mesmo? O petista por trás — tem sempre um nas áreas de sombra — da arrecadação de grana para o “triliardário” blog da Betânia, diz que “dinheiro da Lei de Incentivo a Cultura não é dinheiro publico”! Ah é, é? O beócio nunca ouviu falar em renúncia fiscal? PS. Que aja a captação, mas não se argumente que não é dinheiro público. [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]

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