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É tão fantasiosa a versão da Casa Branca sobre a execução de Bin Laden, que fica difícil aceitá-la. É a história mais mal-contada dos últimos tempos. Essa morte do Bin Laden se transformou numa novela tipo “O Quarteto de Alexandria”, do indiano Lawrence Durrell, que tem quatro narradores e quatro “verdades”, digamos assim. Em Washington, a Casa Branca e a CIA se comportam em tempo de ficção, até agora sem passar à opinião pública uma versão que tenha, ao menos, um pouco mais consistência. Desde o primeiro dia temos cobrado aqui no blog respostas precisas a determinadas questões. Então, vamos voltar, mais uma vez, às mesmas indagações feitas aqui, às 8h45m da manhã de segunda-feira: “Mas por que não foram exibidas imagens do corpo do terrorista? Em que circunstâncias foi morto? Resistiu ou foi executado?” Até agora, ninguém sabe. “Por que esse sepultamento marítimo, tão rapidamente? Já se passaram quatro dias, e nada. Não responderam às indagações mais básicas, nem às outras dúvidas que foram se acumulando e amontoando. Quantos helicópteros eram? Um deles teve pane? Mesmo assim conseguiu voar? Pelas imagens exibidas, o que ficou na fortaleza foram apenas alguns pedaços de fuselagem (ou carenagem, como se diz também). O helicóptero não ficou lá. Aí surge outra dúvida. O aparelho precisaria ter pousado, para que fossem retiradas as partes da carenagem que lá ficaram. Mas disseram que nenhum helicóptero pousou…[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] A história está tão mal-contada que agora são os próprios norte-americanos que exigem explicações da Casa Branca e da Agência Central de Inteligência, a CIA. Na verdade as autoridades não esclarecem nada, nem mesmo as condições em que teriam sido feitas as filmagens. Quantos cinegrafistas estavam lá? Como enviavam as imagens? Se eram cinegrafistas, seria necessário instalar uma unidade portátil, porque câmaras de TV não enviam imagens sozinhas . Ou as imagens foram enviadas por celulares especiais? E por acaso havia iluminação para as filmagens? Essas indagações são pertinentes, porque a Casa Branca e a CIA se comportam como se no domingo as autoridades dos EUA estivessem assistindo a uma programação de imagens perfeitas, em alta definição. Será mesmo? As dúvidas se multiplicam cada vez mais. Pelo que foi dito até agora, não houve reação. Mas como acreditar nisso. O barulho desses helicópteros é insuportável, verdadeiramente ensurdecedor. Por isso, são ouvidos a quilômetros de distância. Helio Fernandes já chamou atenção para isso, é preciso insistir: Como acreditar que os helicópteros tenham se aproximado da fortaleza, sem que nenhum segurança ouvisse o barulho dos reatores e disparasse contra os aparelhos? E como acreditar que o homem mais perseguido do mundo, que sempre posou para fotos portando um moderno fuzil ou uma metralhadora portátil, estivesse sem armas em casa? Caramba, não havia uma bazuca, um lança-mísseis portátil, nada? É como se Bin Laden fosse um amador, um alienado, que não tinha armas nem seguranças em que pudesse confiar. E que submetia membros da própria família a esses riscos. É difícil acreditar nisso. Seria Bin Laden tão despreparado assim? Os dias passam, as dúvidas se avolumam. Surgem na internet versões de que Bin Laden era um homem muito doente e que inclusive já teria morrido há vários anos. Um capitão médico da Marinha dos EUA, Steve R. Pieczenik, deu entrevista ao programa radiofônico The Alex Jones Show, esta terça-feira, afirmando que Bin Laden sofria de grave doença renal e teria morrido no Afeganistão. Segundo ele, constava das informações oficiais da CIA que Bin Laden tinha também Síndrome de Marfan, que afeta vários órgãos e debilita o paciente. Pieczenik é ex-assistente do Secretário Adjunto de Estado de três administrações diferentes, Nixon, Ford e Carter, além de ter trabalhado como consultor nas gestões dos presidentes Reagan e Bush pai. Conheceu Bin Laden e atuou com ele na década de 80 no Afeganistão, contra os soviéticos. Piecznik dá declarações peremptórias sobre isso e desafia as autoridades para que o convoquem a prestar depoimento oficialmente. E agora, em quem acreditar? Só recorrendo ao “Quarteto de Alexandria”, para escolher qual a versão que se encaixa melhor para a Casa Branca. Uma das afirmações do governo americano que decididamente não se sustenta, por exemplo, é a de que o corpo de Bin Laden teria sido “sepultado” no mar poucas horas de ter sido executado. Ora, para que tanta pressa? Esse tese é inverossímil, não ter a menor sustentação. Basta lembrar que, como a notícia do “sepultamento’ em alto mar foi dada pelo The New York Times no início da madrugada, isso significa que Bin Laden teria sido “sepultado” pouco depois de morrer. Para que essa pressa, repita-se? É como se o presidente Barack Obama tivesse dado declarações julgando que a plateia inteira fosse subordinada a ele e nenhuma afirmativa jamais pudesse ser contestada. Está na hora de Obama começar a dizer a verdade. Carlos Newton/Tribuna da Imprensa
Operação do Exército americano apresenta informações contraditórias. A operação do Exército norte-americano na madrugada desta segunda-feira no Paquistão que levou à morte de Osama bin Laden, líder da rede terrorista da al-Qaeda, responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA, ainda tem algumas perguntas sem respostas. Onde está o corpo de Osama bin Laden? As autoridades americanas anunciaram ter jogado o corpo do terrorista no mar para seguir a tradição muçulmana. No entanto, segundo o porta-voz do centro Al-Azhar, alta autoridade intelectual do islã sunita, o islã é contra sepultamentos no mar. A TV americana NBC afirmou que jogar o corpo ao mar seria uma maneira de evitar peregrinação ao corpo. O Paquistão tinha conhecimento sobre operação contra a ‘fortaleza’ de Bin Laden? O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que a morte foi consequência de uma ação de inteligência do Exército norte-americano em parceria com o governo do Paquistão.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Mas a chancelaria paquistanesa disse que operação propriamente dita foi feita exclusivamente pelas forças americanas. Uma fonte americana disse que, por questões de sigilo, as autoridades paquistanesas não foram avisadas sobre a operação. Os seguranças de Bin Laden teriam derrubado um helicóptero durante o combate com as forças americanas? O governo dos EUA comunicou que nenhum americano ou civis morreram na operação. No entanto há informações de que um helicóptero teria caído próximo ao local em que ocorreram os combates em Abbotabad. Imagens desta segunda-feira mostram soldados paquistaneses transportando destroços do que seria um helicóptero. Segundo as autoridades militares americanas, o helicóptero teve “problemas mecânicos”, e a tripulação conseguiu se ejetar a tempo. As forças de segurança de Bin Laden teriam reagido ao ataque norte-americano? Informações das agências de notícias dão conta de que houve um tiroteio entre os militares americanos e as forças de segurança do terrorista. Na ação, além de Bin Laden, teriam morrido um mensageiro, um irmão e um filho adulto do líder da Al-Qaeda. Uma mulher, que teria sido usada como escudo, também foi morta. O comando americano disse que não sofreu baixas. G1
O tempo passa, mas os Gulags permanecem. O Editor Novos documentos esquentam debate sobre Guantánamo Tanto defensores quanto opositores do fechamento da prisão militar americana na Baía de Guantánamo, em Cuba, dizem ter encontrado novos argumentos para justificar suas opiniões a partir da divulgação, nesta semana, de um pacote de mais de 700 documentos secretos sobre o centro de detenção. Apesar de a discussão sobre Guantánamo ser antiga e de os abusos cometidos na prisão já terem sido amplamente divulgados, os documentos obtidos pelo site Wikileaks e publicados pela imprensa trazem novos detalhes sobre os detentos e os métodos usados pelo governo americano para decidir sobre sua culpa ou inocência. A Casa Branca se apressou em condenar a divulgação e em esclarecer que as conclusões sobre os detentos contidas nesses papéis – que cobrem o período de fevereiro de 2002 a janeiro de 2009, durante o mandato de George W. Bush – não necessariamente refletem a avaliação do atual governo. Mas assim que os documentos começaram a ser publicados, o debate sobre o fechamento da prisão – prometido por Barack Obama ainda durante a campanha mas até agora sem perspectivas de ser concretizado – voltou com força na imprensa americana. Aqueles que pedem o fechamento de Guantánamo ressaltam o fato de os documentos revelarem que dezenas de inocentes ficaram anos presos, muitas vezes submetidos a tortura e abusos, sem que nada fosse provado contra eles. Quem é contra, porém, chama a atenção para o fato de os documentos mostrarem que muitos prisioneiros libertados por parecerem “inofensivos” acabaram envolvidos mais tarde em atividades consideradas terroristas e atos contra os Estados Unidos. Enquanto o debate ganha fôlego, o governo americano ainda mantém 172 homens presos em Guantánamo e em breve vai retomar os julgamentos militares na prisão. Alessandra Correa/BBC [ad#Retangulo – Anuncios – Duplo]
Ainda se conhece muito pouco a amplitude do alcace para a cidadania, da informatização digital no processo de conscientização da importância da democracia. Contudo são palpáveis os ganhos na ampliação da cidadania, no Brasil, com a inserção digital cada vez mais plural, na participação política e a inserção organizada de setores sociais diversos na formulação de políticas públicas. O Editor Acesso à informação Merval Pereira, O Globo A moderna democracia digital, que permite que a sociedade acompanhe passo a passo a atuação dos funcionários públicos e, por conseguinte, dos governos como um todo, precisa de uma legislação de acesso à informação, ferramenta indispensável para o exercício de uma democracia moderna.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] Assunto que mobiliza todos os governos através do mundo, especialmente depois do surgimento do Wikileaks, especializado em vazar documentos secretos, a legislação de acesso à informação pública está recebendo por parte do novo governo brasileiro um tratamento digno de sua importância. A presidente Dilma Rousseff deve aproveitar o dia internacional de liberdade de imprensa, 3 de maio, para sancionar a nova lei de acesso a documentos públicos, que deve ser um marco no desenvolvimento da democracia brasileira. Quando o presidente Barack Obama esteve no Brasil, autoridades brasileiras já haviam feito vários contatos com a Casa Branca a respeito do assunto, e o governo americano já havia identificado o Brasil como um potencial sócio numa iniciativa global intitulada “Parceria por um governo aberto”. Um dos primeiros atos de Obama quando assumiu a Casa Branca foi publicar um memorando chamado “Transparência e governo aberto”, que afirmava o comprometimento da sua administração em criar um nível sem precedentes de transparência no governo, garantir a confiança pública e estabelecer um sistema de participação e colaboração. O site www.data.gov lançado pela administração federal dos EUA é consequência dessa política. No ar desde 2009, é um repositório de dados oficiais e permite o desenvolvimento de aplicativos por terceiros. Atualmente, existem mais de 600 aplicativos de utilidade pública desenvolvidos por programadores externos. O projeto é que os presidentes Dilma e Obama lancem essa iniciativa global, que reunirá mais de 70 países, em setembro, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York. Uma das novidades da legislação é acabar com a proteção de sigilo eterno para alguns documentos, como existe hoje através de uma legislação assinada nos últimos dias do governo Fernando Henrique — da qual ele se arrependeu publicamente — que foi muito criticada pelos petistas, mas acabou mantida pelo próprio Lula. A nova legislação prevê um máximo de 25 anos para documentos classificados como ultrassecretos, com a possibilidade de apenas uma renovação pelo mesmo prazo. Apesar de ter iniciativas importantes nessa área, o Brasil ainda está muito atrasado. Um estudo da consultoria Macroplan, já referido aqui na coluna, identificou, na categoria interatividade e participação, um site da Câmara dos Deputados do Brasil, o e-democracia, como um dos destaques de informação digital, ao lado do inglês N 10 e-petitions e TID +, da Estônia. O site brasileiro é um espaço virtual criado para estimular cidadãos a contribuir para o processo legislativo federal por meio do conhecimento de ideias e experiências. Entre outras coisas, o e-democracia permite aos usuários apresentar normas legislativas, construídas de forma colaborativa para subsidiar o trabalho dos deputados na elaboração de leis. Esse levantamento feito pela Macroplan, em parceria com pesquisadores do Instituto Universitário Europeu (Florença, Itália), mostra o Brasil na 55 posição no ranking mundial dos governos eletrônicos, junto com Índia e China. Publicado pelo Centro Global de Tecnologia da Informação e Comunicação em Parlamentos, das Nações Unidas, o estudo identifica que o Brasil ainda tem um longo caminho pela frente na construção da democracia eletrônica. O mais difícil não é aprovar a legislação, mas mudar a cultura brasileira em relação a governo aberto, diz Rosental Calmon Alves, professor brasileiro da Universidade do Texas em Austin, especialista em novas tecnologias e um dos incentivadores da nova lei através do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, do qual é diretor. Em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e ONGs foram realizados seminários para discutir o assunto até que o tema fosse assumido pelo governo. Rosental diz que a dificuldade existe não só da parte do governo propriamente, o que sempre acontece, mas também da sociedade brasileira. “Nossa herança ibérica é de secretismo, respeito à autoridade, sem argui-la. Enquanto a sociedade anglo-saxônica é mais baseada no indivíduo, a nossa é baseada na instituição e na autoridade”. O México saiu de uma política de secretismo quase soviética para ter a legislação mais avançada do mundo. O país é tão aberto que qualquer pessoa pode requerer qualquer documento, mesmo assinando um pseudônimo, sem se identificar. A pressuposição é que os documentos governamentais devem ser públicos. O livre acesso à informação pública pressupõe que os sites tenham informações relativas às despesas da instituição, como salários de pessoal, gastos ou processos de licitação que devem ser apresentados de maneira mais detalhada e acessível possível. Rosental Calmon Alves diz que, na realidade, os jornalistas são os que menos usam essas informações nos Estados Unidos, por que o que interessa mesmo é o dia a dia dos cidadãos, que começam a se utilizar da legislação para defender seus direitos, os advogados começam a usar, os lobistas começam a usar. Para ele, tudo se resume a “uma questão de exercício de cidadania”. “A possibilidade de requerer acesso aos documentos públicos muda as regras do jogo”, ressalta Rosental.
A presidente Dilma, como se diz na linguagem popular, parece estar iniciando um “revertério, na política externa brasileira. Apesar da ainda inexplicável presença de Marco Aurélio “Top-Top” Garcia na assessoria de D. Dilma, a ‘real politik’ prevalece sobre os desvairos ideológicos. Mesmo antes de assumir, recentemente eleita, a presidente Dilma marcou posição sobre o controverso tema: “Não concordo com as práticas medievais características que são aplicadas quando se trata de mulheres. Não há nuances e eu não farei nenhuma concessão em relação a isso”. “Não concordo com o modo como o Brasil votou. Não é a minha posição”. Ave! O Editor Brasil muda de rumo, vota contra Irã na ONU e irrita regime dos aiatolás [ad#Retangulo – Anuncios – Esquerda]Após dez anos de atuação diplomática que poupou Teerã de censura em fóruns internacionais sobre direitos humanos, País dá sinal de que o Itamaraty agirá com menos condescendência em relação a Estados que promovam violações de garantias individuais Marcando uma mudança importante na atuação da diplomacia brasileira, a representação do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU votou ontem em favor de uma proposta, patrocinada por EUA e Europa, que determina o envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã. O regime iraniano reagiu irritado. A diplomacia iraniana acusou o País de “dobrar-se” à pressão dos EUA e insinuou uma traição. Argélia, Paquistão e outros países islâmicos também atacaram a posição brasileira. A nova posição do Brasil – antecipada na véspera pelo Estado – , que nos últimos dez anos havia poupado o regime iraniano de censura em fóruns internacionais, foi comemorada por ONGs e países ocidentais. A proposta foi aprovada com 22 votos a favor e 7 contra, com 14 abstenções. Entre os aliados do Irã estavam Cuba, China e Paquistão. A esperança de Teerã era de que o governo brasileiro se abstivesse, repetindo o padrão de votação durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva – que havia buscado intensificar a aproximação com o Irã para se apresentar até mesmo como mediador na questão nuclear entre Teerã e Washington. Ontem, o mal-estar na relação com o Irã ficou explícito. “É mesmo lamentável ver o Brasil adotar essa posição”, afirmou o embaixador do Irã na ONU, Sayad Sajjadi. “Não esperávamos isso do Brasil”, disse. Na segunda-feira, um dia depois da saída de Barack Obama do Brasil, o iraniano pediu uma reunião com a missão brasileira em Genebra, justamente para pressionar por uma mudança de posição. Seu recado foi de que Brasília não poderia fazer parte da campanha americana. Mas não foi ouvido. Em seu discurso ontem à ONU, Sajjadi acusou a resolução de fazer parte de uma “campanha política organizada pelos EUA”. “Mais uma vez, o tema de direitos humanos tem sido manipulado para defender os interesses de alguns”, alertou. Segundo ele, são os EUA os maiores responsáveis por violações no mundo, citando o apoio a Israel, guerras no Iraque e Afeganistão e prisões secretas pelo mundo. “Queremos manter o diálogo e esperávamos que a ONU fosse o lugar para isso. No Irã, estamos trabalhando pelos direitos da população e isso tem florescido”, alegou, contradizendo o relatório do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon que aponta que a repressão tem sofrido uma alta preocupante no Irã. Questionado se a relação comercial com o Brasil e a eventual participação na negociação nuclear seria afetada, o embaixador não foi otimista. “Isso é o que teremos de ver agora”, alertou. A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, minimizava o voto e se esforçava para convencer de que o voto não era contra o Irã nem uma admissão dos erros do governo Lula. “É um voto a favor do sistema, não é um voto que é contra o Irã”, disse. Segundo ela, o voto é ainda “coerente” com as posições que o país tem defendido na ONU. “Estamos dizendo a todos os países da ONU que a abertura para o sistema, receber visitas e dialogar é importante”, apontou. Para ela, o governo Dilma insistirá que todos os países terão de ter um mesmo tratamento. Mahmoud Ahmadinejad mantinha a relação com o Brasil como prova de que nem todo o mundo ocidental e democrático era contra o Irã. Mas nos primeiros dias do governo de Dilma – que em declarações públicas e entrevistas posicionou-se de forma contrária à sentença de apedrejamento da prisioneira iraniana Sakineh Ashtiani e deixou claro que não transigiria em temas de direitos humanos -, os iranianos já haviam se mostrado irritados com a presidente. Há um mês, em entrevista ao Estado, o chanceler iraniano confirmou atritos na relação bilateral. Ontem, Mohammad Reza Ghaebi, negociador iraniano para temas de direitos humanos, foi ainda mais duro: “Neste momento que o Brasil deveria mostrar que é um país independente, e não um país pequeno que se curva aos interesses dos EUA”, acusou. “É lamentável. Era uma questão de princípios”, afirmou. Orientado pessoalmente pela presidente, a ordem do Itamaraty era a de mostrar que o Brasil terá uma nova posição sobre direitos humanos. Outra constatação do País foi de que as oportunidades já foram dadas ao Irã por anos e Teerã não as aproveitou. Do lado iraniano, porém, o sentimento de traição não vem por acaso. Na última década, o governo brasileiro se absteve ou votou contra todas as resoluções que condenavam o Irã. No ano passado, o Brasil foi um dos dois únicos países a não apoiar sanções contra Teerã por seguir com seu programa nuclear. No final de 2010, o Brasil absteve-se numa resolução que condenava o apedrejamento no Irã. Na ocasião, o ex-chanceler Celso Amorim alegou que “não votaria para agradar à imprensa”. Ontem, apenas ditaduras votaram em favor do Irã. Países islâmicos, que durante o governo Lula foram poupados de críticas por parte do Itamaraty, também não economizaram críticas ao Brasil. “O novo governo brasileiro está votando para agradar à opinião pública interna e ao Ocidente, não para mudar a vida dos iranianos”, afirmou o embaixador da Argélia na ONU, Idriss Jazairy.
No reino da hipocrisia e dos interesses, nunca disfarçados, do complexo industrial militar — expressão usada pela primeira vez por Eisenhower —, cada vez se torna mais incisiva uma outra expressão: “é a economia, estúpido”. Essa citação de James Carville, assessor de Bill Clinton durante a campanha eleitoral que o levou à Casa Branca em 1992, é util para explicar o inexplicável que está acontecendo nesse momento nas arábias. Que outra maneira de entender porque durante décadas chefes de Estado tenham confraternizado com ditadores e cleptocratas aos abraços e beijos? De repente, não mais que de repente, os democratas ocidentais “descobriram” que existem ditadores sentados sobre reservas estratégicas de petróleo, e que agora, tais ditadores, não são mais confiáveis. Simples assim! O Editor De volta à guerra O ataque das potências às tropas de Kadafi modifica a situação da revolta nos países árabes. O objetivo, agora, é assegurar que as reservas de petróleo da Líbia permaneçam em mãos seguras. Antes, era Kadafi quem dava essa segurança aos governos da Italia, da Inglaterra, da França. Com a revolta, e a possibilidade de que a principal riqueza do país caia em outras mãos, as potencias européias querem chegar a um entendimento com as forças capazes de formar um novo governo. Passaram a combater Kadafi depois de protegê-lo ao longo dos anos.[ad#Retangulo – Anuncios – Direita] O argumento de que se pretende salvar vidas humanas e proteger a população civil é bom demais para ser verdade. A população da Líbia tem o direito de livrar-se de um ditador corrupto, sem compromissos com a democracia nem com o bem-estar da maioria. É uma luta heróica e justa. Não custa lembrar, contudo, que considerações humanitárias ou democráticas não fazem parte dos argumentos reais das potencias que iniciaram os ataques. Se fosse assim, estes mesmos governos teriam agido para impedir, por exemplo, os ataques da aviação israelense à população civil de Gaza no final de 2008, não é mesmo? Em tempos recentes, também poderiam ter agido contra o rei amigo do Barheim ou contra o ditador do Iemen. As causas dessa intervenção na Libia devem ser procuradas na situação interna dos países envolvidos. Sob o risco de ser expulso da Casa Branca em 2012, Barack Obama vê na operação uma oportunidade raríssima para se recompor. Já perdeu apoio entre eleitores jovens e democratas que garantiram a vitoria em 2008 e agora tenta seduzir aquela fatia de conservadores que não se deixa convencer pelos argumentos extremistas de republicanos no estilo Tea Party e talvez possa ser arrebatada para apoiar um candidato centrista. Não sei se Obama será capaz de realizar tamanha ginástica — mas esta é sua estratégia. A Inglaterra tem uma longa folha de serviços prestados à Kadafi e enxerga nessa ação uma oportunidade para formar novos aliados junto a um país com matéria prima tão preciosa e necessária. As relações entre Londres e Tripoli foram muito além do interesse comercial. Chegaram ao mundo acadêmico inglês, onde intelectuais prestigiados recebiam recompensas graudas para fazer a defesa da ditadura de Kadafi num serviço que hoje adquire a fisionomia de escândalo ético. Nicolas Sarkozy, o presidente frances, anda tão por baixo que as pesquisas informam que teria menos votos do que uma candidatura fascista nas próximas eleições. A raiz da guerra é esta: petróleo e votos. Conhecido por sua indepedência de pensamento num universo onde não faltam autores à soldo, o professor Edward Luttwak, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington, adverte para as chances de se abrir um novo conflito — sem solução à vista. Num artigo publicado em 10 de março, com o sugestivo titulo “Intervencionite” ele se deu ao trabalho de reunir várias razões capazes de explicar por que uma ação militar na Líbia só poderia dar errado. Uma das principais é a falta de apoio internacional. “Boa parte da opinião mundial não pode conceber que um governo seja suficientemente humanitário e generoso para derramar sangue e gastar dinheiro para ajudar cidadãos estrangeiros de forma desinteressada que, além disso, professam outra fé,” escreve Luttwak, sem esconder a ironia. Lembrando a experiência do Iraque, ele recorda que a invasão daquele país teve a capacidade de unir aliados e adversários de Saddam Husein, pois colocava em questão um tema sempre delicado em qualquer ponto do planeta, que é a soberania nacional. O mais duro adversário dos soldados americanos, hoje, é um lider muçulmano cujo pai foi assassinado pelos homens de Saddam. Paulo Moreira Leita/Época
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“Obrigado, senhora Presidente, pelas gentis palavras. Muito obrigado a vocês e ao povo brasileiro pela calorosa recepção e pela famosa hospitalidade brasileira com que vocês receberam Michelle, a mim e nossas filhas. ‘Muito obrigado’. Em nossa reunião hoje, mencionei que esta é minha primeira visita à América do Sul e o Brasil é minha primeira parada, e não por acaso. A amizade entre os povos americano e brasileiro já soma mais de dois séculos. Nossos empreendedores e empresários inovam juntos, nossos cientistas e pesquisadores estão criando novas vacinas, juntos nossos alunos e professores exploram novos horizontes. Todos os dias trabalhamos para tornar nossas sociedades mais inclusivas e mais justas. O crescimento extraordinário do Brasil, senhora Presidente, atrai a atenção do mundo todo. Graças ao sacrifício de pessoas como a presidente Dilma Roussef, o Brasil saiu da ditadura para a democracia, é uma das economias que mais crescem no mundo, tirando milhões da pobreza e levando-os à classe média. Hoje os EUA e o Brasil são as duas maiores democracias do hemisfério e as duas maiores economias. O Brasil, líder regional que promove uma cooperação maior entre todas as Américas e o Brasil é, cada vez mais, um líder mundial, passando de receptor de ajuda externa para doador, reivindicando um mundo sem armas nucleares e estando sempre adiante dos esforços globais para lutar contra a mudança climática. Como presidente, eu sempre promovo o compromisso baseado em respeito mútuo e interesses mútuos e uma parte fundamental desse compromisso é promover uma cooperação maior com centros de influência do século XXI, incluindo o Brasil. Em suma, os EUA não apenas reconhecem o crescimento do Brasil, mas apóiam esse crescimento com entusiasmo. Por isso criamos o G20, o principal fórum de cooperação econômica mundial, para ter certeza de que países como o Brasil terão mais voz ativa. Por isso aumentamos a cota de votação do Brasil e o seu papel nas instituições financeiras internacionais. Por isso que eu vim ao Brasil hoje. A presidente Roussef e eu acreditamos que esta visita seja uma oportunidade histórica para colocar os EUA e o Brasil na rota de uma cooperação ainda maior nas décadas vindouras. Hoje estamos começando a aproveitar esta oportunidade. Senhora Presidente, gostaria de agradecê-la pelo seu compromisso pessoal em fortalecer as alianças entre as nossas duas nações. Estamos ampliando o comércio e os investimentos, criando empregos nos nossos dois países. O Brasil é um dos nossos principais parceiros comercias, mas ainda há muito que podemos fazer. Mais tarde hoje, a presidente e eu vamos nos reunir com líderes de negócios dos nossos dois países, vamos ouvir e decidir quais serão as etapas concretas que vão expandir nossas relações econômicas. Vamos anunciar uma série de novos acordos, inclusive um diálogo financeiro e econômico que venha promover relações comerciais, expandir a colaboração na área de ciência e tecnologia e à medida que o Brasil se prepara para receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas e, ainda me magoa tocar neste assunto, estamos assegurando que as empresas americanas terão um papel entre os projetos de infraestrutura necessários para essas competições. Estamos criando um novo diálogo estratégico sobre energia para garantir que as cúpulas dos nossos governos estão trabalhando conjuntamente para aproveitar novas oportunidades, em particular, como as novas descobertas de petróleo no Brasil, como disse a presidente Roussef, o Brasil quer ser um grande fornecedor de novas fontes estáveis de energia e eu falei para ela que os EUA também querem ser um grande cliente dessas fontes, o que traria benefícios para ambos os países. Ao mesmo tempo, estamos expandindo nossa parceria em energia limpa, fundamental para nossa segurança em energia em longo prazo. Como líder na área de energia renovável, como biodiesel, e como parte da parceria de energia e clima entre as Américas que proponho, o Brasil está compartilhando seu conhecimento na região e no mundo. Esse novo diálogo de economia verde que estamos criando hoje aumenta ainda mais nossa cooperação construindo prédios “verdes” e desenvolvimento sustentável. Na área de segurança, nossos exércitos trabalham com proximidade ainda maior para lidar com crises humanitárias, como fizemos no Haiti. Nossas polícias trabalham em conjunto contra os narcotraficantes que ameaçam a todos nós, o Brasil se aliou ao esforço internacional para evitar o contrabando de armas nucleares por seus portos. Agradeço à presidente Roussef pela liderança do Brasil em criar um centro regional de promoção de excelência na área de segurança nuclear. Como membro do conselho de direitos humanos, o Brasil se juntou a nós na condenação aos abusos aos direitos humanos realizados pela Líbia. Gostaria de rapidamente mencionar a situação na Líbia porque conversei sobre isso com a presidente. Ontem a comunidade internacional exigiu um cessar fogo imediato na Líbia, inclusive um fim a todos os ataques contra civis, e hoje a secretária Clinton se reuniu com uma coalizão internacional com nossos parceiros árabes e europeus em Paris para discutir como aplicar a resolução do conselho de segurança criada pela ONU em 1973. Houve um consenso coeso e a conclusão foi clara: o povo da Líbia deve ser protegido e se não for colocado um fim imediato à violência contra civis, nossa coalizão está preparada para entrar em ação, e agirá com urgência. Conversei com a presidente Roussef sobre os passos que estão sendo tomados nesse sentido. Finalmente, estou especialmente satisfeito pelo Brasil e os EUA estarem juntos em criar uma governança democrática para além de nossos hemisférios. O Brasil está ajudando a liderar a iniciativa global que anunciei nas Nações Unidas de promover governos abertos e novas tecnologias que capacitem os cidadãos no mundo todo. Hoje estamos lançando novos esforços para ajudar outros países a combater a corrupção e o trabalho infantil. Estamos expandindo nossos esforços para aumentar a segurança alimentar nesse movimento de desenvolvimento da agricultura na África. Acredito que este seja apenas o começo do que os dois países podem fazer juntos em todo o mundo. Por isso, os EUA continuarão se esforçando para ter certeza de que as novas realidades do
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