Facebook e sua moeda, a Libra, põem em xeque a soberania monetária
A empresa de Mark Zuckerberg tenta conectar dois vértices
A empresa de Mark Zuckerberg tenta conectar dois vértices
Uma banco com excesso de fundos [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]
Elaboração da Teoria para o Poder Mundial da Banca A queda do Muro de Berlim e o desmonte da União Soviética atingiram todas esquerdas. Seus pensamentos passaram a girar como um pião, sobre eixo fixo, e apenas reproduziam variantes de interpretação marxista. Isto impediu aprofundar questões transversais, como ocorre na experiência boliviana, e até levou a apoiar a banca, onde mais ela precisou: a implementação de ações neoliberais. Governos ditos socialistas e trabalhistas, por toda Europa, nos fornecem os exemplos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Mas a direita notou que a fragilidade teórica neoliberal não permitiria estabelecer os princípios que atenderiam às questões jurídicas, aos projetos plurinacionais, aos engodos políticos e a tantas outras necessidades para um poder que se quer dominando todo mundo, prevalecendo sobre culturas e idiomas. Como seria de esperar, vários professores se candidataram à missão de desenvolver uma teoria para a banca. Neste artigo pretendo dialogar com meus caros leitores sobre as ideias de dois deles, que tem em comum a ligação com a Universidade de Munique: o sociólogo Ulrich Beck, falecido em 2015, e o jurista Karl Larenz, falecido em 1993. Vamos iniciar com a questão da globalização. Há, para alguma esquerda, o apelo que Proudhon sintetizou na frase: “pereça a Pátria e salve-se a humanidade”. É a questão da soberania nacional que, como um frio na espinha, arrepia todos os pelos destes teóricos da banca. Coloquemos uma frase de Beck que espelha, com toda a clareza, onde se pretende chegar: “o setor financeiro global já não pode ser regulado a nível nacional” (U. Beck, A Europa alemã, Edições 70, Lisboa, 2013). Neste trabalho o sociólogo de Munique contrapõe a necessidade de empreender ações multinacionais para “prevenção do risco”, evitando “experiências traumáticas” e as irresponsabilidades dos Estados Nacionais. Ainda nesta mesma obra: “é o paradigma da ameaça de risco que provoca mudanças nas condições de vida e relações de poder na Modernidade globalizada”(!). Como se vê, a dominação financeira no mundo é um dado da realidade, não passível de contestação. Conforme também se lê, o que se deve debater são as “inconvenientes” consequências das leis – “aliviar ou desfazer os laços que ligam a política ao direito” –, as decisões emocionais, fruto das manifestações do povo – “deixou de ser possível distinguir claramente entre estado normal e estado de exceção” (um verdadeiro presente para os julgamentos de Curitiba) – e, o mal dos males, as ações soberanas dos Estados. Antes de prosseguir com as reflexões de Beck, vamos entremear com Karl Larenz. Ulrich Beck se tornou conhecido com o livro “Sociedade de Risco” (no Brasil, Editora 34, São Paulo, 1ª edição, 2010, 2ª reimpressão, 2016; original alemão de 1986). As ideias de Karl Larenz, que discutiremos, surgiram com “Metodologia da Ciência do Direito”, em 1991, com tradução para o português na edição da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, da 6ª edição alemã, em 1997. Sinteticamente, este jurista propugna a substituição da manifestação popular, sempre falha, pela “jurisprudência dos valores”, pois o “conceito de um direito não (é) apenas legal, mas justo” (K. Larenz, Derecho Justo, Civitas, Madrid, 2001). Recordemos que o direito vem da formulação legislativa, fruto da vontade popular, correspondendo a um estágio civilizatório da sociedade. Mas, como explicita na Apresentação da obra, o direito justo “só se reconhece por seus princípios”, ou seja, pelos iluminados que conduziriam, em última instância, a própria aplicação das leis (tribunal curitibano?), o que tornaria irrelevante sua formulação democrática. Onde se fundem Beck e Larenz? Tomo Ingomar Hauchler, professor de economia na Universidade de Bremen, membro do Partido Social Democrata (SPD), em artigo de 1989, portanto antes da unificação alemã e quando a banca ainda não assumira o controle dos governos europeus, mas ele já reconhecia a “perda do controle político dos processos econômicos”. “O poder do mercado financeiro e a mobilidade das empresas e bancos internacionais, que crescem mais através de fusões e participações do que através de novos investimentos reais, transformam de modo crescente a forma e os resultados da divisão do trabalho a nível internacional. A competição internacional ocorre, se ocorre, só entre poucos super monopólios. Cada vez mais as pequenas e médias empresas se tornam, enquanto ainda sobrevivem, dependentes das gigantes. Os monopólios internacionais ganham uma posição dominante nas negociações com Governos.” (agradeço ao Dr. Reginaldo Chaves pela tradução do artigo Internationalisierung und nationaler Handlungsspierlraum der Okonomie, em cópia xerográfica). Consideremos estas manifestações. Há um sistema que pretende atuar em todo o mundo, com máximo ganho. As diversidades locais, advindas de modelos culturais e necessidades específicas, que constituem a base dos Estados Nacionais, mesmo quando não democráticos, regulam a sociedade (criam as leis, o direito) de forma a atender suas demandas. Logo as Nações impedem a maximização dos ganhos. O que é, então, a primeira pedra na construção do universo da banca? A eliminação dos poderes regulatórios nacionais. Veja o Brasil: o executivo cumpre os projetos da banca, comprando o apoio do legislativo e do judiciário. Este último, por sua vez, atua conforme a “doutrina Larenz” e imobiliza a oposição. As forças policiais e militares contém, em nome da segurança, o povo nas ruas. Em tudo prevalece o cinismo e a desfaçatez. Mas a culpa é do Lula (sic). Assim, a ditadura da banca se consolida em meio a uma aparente democracia. Estas considerações não esgotam, nem os autores citados, as reflexões em questões fundamentais para um País soberano e verdadeiramente democrático. Mas espero que comece a frutificar na formulação de uma oposição que não se engane com apelos ecológicos (os verdes de aqui e da Europa apoiam esta globalização e se identificam na sociedade de risco), com as deturpações em questões de gênero e do isolamento social, pois só pode haver verdadeira cooperação entre Estados e pessoas livres e conscientes, e muitas outras armadilhas que a banca, em seu quase monopólio midiático, propagandeia. Também não nos esqueçamos que não há, se alguma vez houve, um proletariado internacional. Busquemos o exemplo salarial, referenciado em dólares estadunidenses, para alguns salários mínimos anuais, onde as condições
Estimativa é que organização tenha causado prejuízo superior a R$ 2,5 milhões, com fraudes contra o sistema bancário. A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (21) a segunda fase da Operação Darkode, no intuito de desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes contra o sistema bancário, por meio eletrônico, e de investigar a negociação de informações úteis à prática de crimes cibernéticos.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] A estimativa da corporação é que as ações do grupo tenham causado prejuízo superior a R$ 2,5 milhões, sobretudo mediante fraudes contra o sistema bancário. Cerca de 100 policiais federais cumprem 37 mandados judiciais, sendo quatro de prisão preventiva, 15 de prisão temporária e 18 de busca e apreensão, em residências e em empresas vinculadas à organização. O objetivo é colher provas contra outros integrantes e beneficiários, além de identificar e apreender bens adquiridos ilicitamente. As diligências, segundo a PF, estão sendo executadas nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia (GO), Anápolis (GO) e Senador Canedo (GO), bem como nos estados do Pará, de Tocantins, de Santa Catarina e no Distrito Federal. O líder do grupo criminoso cumpre pena no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, imposta por sentença condenatória da 11ª Vara Federal de Goiânia em decorrência da prática de crime cibernético, de acordo com informações da corporação. Na primeira fase da operação, deflagrada em julho de 2015, foram cumpridos sete mandados judiciais em Goiânia, sendo dois de prisão e um de condução coercitiva, além de quatro de busca e apreensão. A ação foi coordenada com forças policiais de diversos países contra hackers que se comunicavam por intermédio de um sítio eletrônico denominado Darkode
O homem que protege as contas bancárias de milhões de pessoas no mundo Francisco Fernandez e seu negócio são pouco conhecidos, apesar de influentes Direito de imagemANOUK BAUMANN A maioria das pessoas nunca ouviu falar de um suíço chamado Francisco Fernandez, mas dezenas de milhões delas dependem dele para proteger seu dinheiro. Esse homem de 53 anos, que gosta de tocar piano no tempo livre, é responsável pela segurança de US$ 4 trilhões (R$ 12,5 trilhões) de depósitos bancários ao redor do mundo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Fernandez é o fundador e CEO de uma companhia que é tão pouco conhecida quanto ele – a Avaloq -, mas que vem a ser um dos maiores provedores mundiais de software bancário. Com 2,5 mil funcionários, a empresa tem seus sistemas usados por mais de 450 bancos, incluindo HSBC, Barclays, Royal Bank of Scotland, Deutsche Bank, Société Générale, UBS e Nomura. Como era de se esperar, Avaloq leva a segurança muito a sério, especialmente a proteção de bancos contra ataques cibernéticos. E para garantir que o software seja o mais seguro possível, a companhia tem lançado mão de uma nova abordagem: ela paga empresas israelenses de tecnologia, especializadas na prevenção contra ação de hackers, para atacá-la. Avaloq diz que evita milhares de ataques cibernéticos a cada anoDireito de imagemGETTY IMAGES Defesa ‘à prova de balas’ Fernandez diz: “Os israelenses são muito, muito bons. Eles (jovens profissionais de tecnologia) estão saindo do serviço militar, e são brilhantes”. “Nós frequentemente os designamos para atacar nossos sistemas de forma controlada e, com a ajuda deles, tentamos fazer nossos sistemas à prova de bala.” “Fazemos nosso dever de casa. Segurança é uma coisa constante… Temos milhares de ataques por ano, mas até agora, ainda bem, nunca tivemos uma invasão a nossos sistemas.” Para virar uma companhia que hoje desfruta de receitas anuais de mais de US$ 500 milhões (R$ 1,5 bilhão), a Avaloq percorreu um longo caminho desde 1991, quando Fernandez adquiriu por US$ 200 mil (R$ 624 mil) o departamento de informática do banco suíço BZ Bank. A área tinha apenas cinco funcionários na época, mas Fernandez tinha grandes ambições. A Avaloq usa tecnologia de computação em nuvem para prestar seus serviços Direito de imagemAVALOQ Ele diz que notou há muito tempo que o software usado pela maioria dos bancos do mundo era excessivamente complicado e instável, e ainda assim muito caro. Sua ideia foi produzir um software simples e ao mesmo tempo mais forte e universal, que poderia ser usado por vários bancos. ‘Missão impossível’ Com uma pequena quantia em dinheiro de um único cliente no banco e algum trabalho de consultoria, Fernandez e sua equipe começaram a trabalhar no sistema de software, um trabalho que levou cinco anos. “Desenvolver um sistema bancário global leva tempo”, explica. Quando o software finalmente ficou pronto para ser vendido aos bancos, Avaloq percebeu que o setor bancário suíço, notoriamente avesso a riscos, estava relutante a dar uma chance a uma startup que até então tinha só 20 funcionários. A companhia está baseada em Zurique, na Suíça – Direito de imagemAVALOQ Fernandez diz que muitas pessoas pensaram que seria uma “missão impossível” encontrar um comprador para seu novo software. Mas graças a um contato ele conseguiu mostrar seu programa ao Banco Nacional Suíço (BNS). O banco central do país ficou impressionado o suficiente para comprar o software. Cinco bancos suíços seguiram pelo mesmo caminho nos seis meses seguintes. Depois, os estrangeiros também entraram a bordo. Empresa pertence aos funcionários Hoje a Avaloq oferece dois serviços bancários – a licença para o uso de seu software e um serviço em que ela administra o sistema de informática de um banco. Em torno de 17% dos bancos (que acumulam US$ 700 milhões, ou R$ 2,1 bilhões, em fundos) optam pelo segundo, por meio da tecnologia de computação em nuvem, que permite o acesso remoto a softwares e serviços pela internet. Direito de imagemPAUL ZANREImage captionO negócio suíço é propriedade de seus funcionários A Avaloq faz dinheiro por meio de contínuas taxas de licença. E, excluindo os 10% de ações que pertencem a um banco suíço, a companhia é de propriedade de seus funcionários. De seus 2,5 mil, 500 são programadores. Além da sede em Zurique, a empresa tem escritórios em Edimburgo, na Escócia, e na distante Manila, capital das Filipinas. Em vez de a equipe ganhar bônus individuais por metas pessoais, todos recebem o benefício se a companhia atingir seus objetivos anuais, seja o crescimento da receita ou sua expansão geográfica. Direito de imagemAVALOQImage captionFernandez diz que a história de sua família o ajudou a atingir seus objetivos “O sucesso da Avaloq pode ser atribuído à liderança perspicaz do CEO Francisco Fernandez, e ao Avaloq Banking Suite, o principal software oferecido aos bancos privados”, diz à BBC Antony Peyton, um editor da revista digital Banking Tech. ‘Pais fugitivos’ Fernandez é filho de refugiados espanhóis que fugiram da ditadura do general Franco e se basearam na cidade suíça de Lucerna antes de ele nascer. Ele diz que seu passado teve uma grande influência na sua decisão de assumir o risco de lançar a Avaloq. “Meus pais foram refugiados após a Guerra Civil Espanhola. Aquela cultura, de deixar seu país e ter a coragem de sair de sua zona de conforto, faz parte do meu DNA.” “Quando eu era criança, não podíamos comprar carro, TV ou aquecimento central. Crescer na Suíça foi um grande privilégio, e pude estudar na ETH Zürich, uma das melhores (universidades) no mundo para ciências da computação.” “Eu me sinto privilegiado de ter o posto mais alto na Avaloq, mas não tomo nada como garantido.” Will SmaleRepórter de economia, BBC News
No Banco Central: 1.Presidente: Ilan Goldfajn Sócio e Diretor do Banco Itau. 2.Diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil: Reinaldo Le Grazie – Diretor Superintendente do Bradesco Asset Management.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Serra veio para entregar o pré sal, desmontar os BRICS e retirar a influência do Brasil nos negócios com países africanos. No dia seguinte à posse, embarcou para Washington; A seguir participação de 100%de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras; Venda de terras na Amazônia para estrangeiros – essa é como vender a própria mãe; Fim do motor do submarino nuclear brasileiro – quase concluído no Centro Experimental ARAMAR, localiza-se em Iperó, Região de Sorocaba, SP. E mais: Privatização da água – não se admirem se as torneiras passarem a ter hidrômetros individuais (abriu, pingou, pagou); Desmonte do Mercosul com o auxílio luxuoso do Macri, o Dulce dos Pampas. Não busco concordâncias. Só anotem!
Diretora-gerente do FMI deverá responder sobre sua participação no pagamento de uma indenização milionária a um empresário apoiador de Sarkozy na época em que ela era ministra da Finanças no governo do então presidente. A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, será julgada pela Justiça francesa no âmbito do caso Bernard Tapie, determinou o tribunal de cassação da França ao rejeitar um recurso contrário nesta sexta-feira (22/07). A data para início do processo ainda não está marcada.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Lagarde, que era ministra das Finanças na época do escândalo, em 2008, é acusada de negligência com dinheiro público. No centro da acusação está o pagamento de uma indenização de 403 milhões de euros ao empresário Bernard Tapie para encerrar o litígio dele com o banco Crédit Lyonnais, referente à venda da empresa de material esportivo Adidas. A decisão que resultou no pagamento da indenização foi anulada pela Justiça francesa em dezembro de 2015, e a corte de cassação confirmou o veredicto no fim de junho passado. Agora, negou um recurso de Lagarde, que deverá se apresentar à Corte de Justiça da República (CJR), instância competente para julgar ministros. Logo após o anúncio de que Lagarde sentará no banco dos réus, o conselho de administração do FMI divulgou nota na qual expressa sua confiança na capacidade de Lagarde de conduzir de forma eficiente suas tarefas na instituição. A Justiça francesa quer saber se Tapie recebeu tratamento privilegiado. Ele havia se sentido prejudicado na venda da Adidas, da qual era acionista majoritário, pelo banco Crédit Lyonnais, em 1993. Tapie havia confiado a venda da empresa ao banco. Quando este a revendeu pelo dobro do preço, o empresário se sentiu lesado e exigiu uma indenização do Estado, principal acionista do Crédit Lyonnais. Após vários anos de litígio em tribunal, Lagarde, então ministra das Finanças do governo do presidente Nicolas Sarkozy – cargo que exerceu entre 2007 e 2011, antes de ter sido nomeada diretora-gerente do FMI – decidiu que o valor da indenização a Tapie fosse determinado por um tribunal arbitral. O fato levou à abertura de investigação judicial. Suspeita-se que Tapie, que apoiou Sarkozy em 2007, tenha recebido um tratamento privilegiado por o caso ter sido decidido por um tribunal arbitral e por o governo não ter recorrido da decisão. AS/afp/rtr/lusa
Nada do que se roubou, do que se rouba ou do que se roubará no sistema econômico produtivo brasileiro, sob forma de superfaturamento de contratos de obras ou outros expedientes, se compara ao roubo sistemático praticado contra o povo e contra o setor público pelo sistema bancário do país. Por:José Carlos de Assis* Infelizmente, trata-se de um sistema fechado à investigação policial ou da promotoria pública, simplesmente porque é impenetrável aos não especialistas, e extremamente generoso para os especialistas que o servem como comparsas. A chave para compreender a apropriação pelo sistema bancário brasileiro de parte desproporcional da renda nacional está no que tecnicamente se chama receita de senhoriagem. Em termos práticos, é a receita obtida com a emissão da moeda.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A economia em funcionamento, na medida em que ocorre crescimento e inflação, precisa de mais moeda primária para que funcione com um nível adequado de liquidez. Essa moeda é fornecida pelo sistema bancário, sem custo, dividida entre bancos estatais e privados comerciais. Qual é a mecânica da emissão? Vou primeiro dar o exemplo dos Estados Unidos, para estabelecer um parâmetro de referência. Lá, o processo começa por um déficit público: o Governo gasta mais do que arrecada e, através de lançamento de títulos públicos no mercado, toma dinheiro emprestado para cobrir esses gastos. Essa emissão de títulos pressiona o mercado financeiro, que pode reagir pedindo elevação de taxa de juros. Diante disso, é preciso que fundos, bancos e pessoas comprem os títulos a uma taxa que o Tesouro acha razoável. Se o mercado sinalizar com pedidos de taxas de juros muito altas, o FED, banco central americano, em articulação com o Tesouro – lá não há idiotas como Marina Silva ou José Serra propondo banco central independente -, reage oferecendo dinheiro a taxas de juros mais baixas que as prevalecentes no mercado. Com a contrapressão financeira, o mercado acaba comprando os novos títulos às taxas oferecidas pelo Tesouro. Os bancos dealers, que são os operadores preferenciais com o FED, acabam buscando aplicações no mercado real que lhes sejam mais favoráveis que os títulos públicos que formam um colchão de aplicações no chamado mercado aberto. Onde está, nesse esquema, a receita de senhoriagem? Ela está, num primeiro momento, com o FED, que emite a moeda. Mas ela é imediatamente repassada aos bancos dealers a taxas de juros baixíssimas. Na medida em que esses bancos emprestam os recursos correspondentes a uma taxa maior do que pagam, estão, na verdade, se apropriando da renda da receita de senhoriagem. Mas isso, no sistema norte-americano, não gera grandes protestos. Afinal, entre a taxa básica de juros e a taxa de aplicação as margens são modestas. Nada que justifique chamar os banqueiros norte-americanos de ladrões do povo. Vejamos o que acontece aqui. O Banco Central, ao constatar aperto de liquidez, faz exatamente o que faz o FED: emite moeda e a põe em circulação através dos dealers bancários. Acontece que o dealer brasileiro pega essa receita de senhoriagem a uma taxa de 14,25% ao ano e a empresta ao sistema econômico a uma taxa de até 300% ou mais. Bingo. Ninguém fala, nesse contexto, em financiamento ao governo ou ao setor produtivo pois só um industrial ou comerciante louco poderia tomar emprestado algum dinheiro a esse custo. O que financia essa orgia de juros é o crédito pessoal, o cheque especial, o cartão de crédito a que recorrem regularmente os desesperados, num ambiente de total liberdade de ação dos bancos, na prática totalmente independentes do setor político. Do outro lado do balcão estão os Pedro Malan, André Lara Resende, Pérsio Arida, Gustavo Loyola, Edmar Bacha, Gustavo Franco e outros próceres da academia que acabaram enriquecidos no sistema privado a partir da experiência que obtiveram em postos elevados no governo. Eles se enriqueceram no serviço a Mamon, como costuma dizer o senador Roberto Requião. E o espantoso é que agora não se trata mais de ir do governo para a banca; vai-se diretamente do Bradesco ou do Itaú para a Fazenda ou a presidência do BC, com total descaramento político. Falei no início sobre o que se rouba nos superfaturamentos de obras. Sim, é verdade. Mas os empreiteiros que cometem superfaturamentos geraram centenas de milhares de empregos e deixam legados no interesse do povo e da nação, como Tucuruí, Itaipu ou Belo Monte, rodovias, barragens. Qual é o legado dos banqueiros? *Economista, doutor pela Coppe/UFRJ.
O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) estabelecido pelo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está avançando em ritmo acelerado. O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) estabelecido pelo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está avançando em ritmo acelerado. Queria falar um pouco hoje sobre o que conseguimos alcançar nos primeiros meses de existência da instituição. Bem sei que, em meio às convulsões que vive nosso país, será difícil conectar o interesse do leitor com tema tão específico e distante, mas vou tentar mesmo assim.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Quando cheguei a Xangai, em julho de 2015, estávamos começando praticamente do zero. Tínhamos o Convênio Constitutivo, assinado em Fortaleza um ano antes, e um andar praticamente vazio de um prédio no distrito financeiro de Pudong. Agora, em abril de 2016, apenas dez meses depois, a diretoria do NBD aprovou a primeira leva de projetos do banco. Confesso que tive dificuldade de acreditar quando o presidente do NBD, K.V. Kamath, definiu o objetivo de aprovar os primeiros projetos já no segundo trimestre de 2016. Mas conseguimos — à custa de muito trabalho e sacrifício de uma equipe ainda pequena e do apoio que tivemos dos governos dos países fundadores. No caso do projeto brasileiro, foi fundamental a parceria com o BNDES, um dos mais experientes bancos nacionais de desenvolvimento do mundo. Foram aprovados quatro projetos, num total de US$ 811 milhões, a maior parte no campo da energia renovável, seguindo orientação recebida dos líderes do Brics por ocasião da sua última cúpula, em julho de 2015, na Rússia. O projeto brasileiro é um empréstimo ao BNDES, de US$ 300 milhões, que será repassado a empreendimentos privados em áreas como energia eólica e solar. O projeto chinês, denominado em yuan e equivalente a US$ 81 milhões, é na área de energia solar. O sul-africano, de US$ 180 milhões, está direcionado ao financiamento de linhas de transmissão de energia elétrica. O projeto indiano é uma linha de crédito de US$ 250 milhões ao Banco Canara, destinada a projetos nas áreas solar, eólica, geotérmica e ao financiamento de pequenas hidrelétricas. Um quinto projeto, com a Rússia, está em fase avançada de negociação. Do lado do funding, o NBD também está fazendo progresso. Em janeiro deste ano, os sócios fundadores fizeram o primeiro aporte de capital, conforme previsto no Convênio Constitutivo. A Rússia pagou adiantado a segunda parcela do seu aporte e, assim, o NBD conta com mais capital do que o previsto, num total de US$ 1 bilhão. Estamos preparando também a primeira emissão de bônus, que deve ocorrer em meados deste ano. Será um bônus verde, emitido em yuan no mercado chinês. Assim, o NBD, em linha com o seu mandato, está se configurando como um banco “verde” tanto do lado do ativo quanto do lado do passivo. A questão da sustentabilidade dos projetos apoiados está sendo e continuará a ser um dos focos fundamentais do NBD. Estamos apenas começando. Há uma tarefa imensa pela frente. Temos muito que aprender. Não subestimamos jamais o tamanho do desafio que este banco foi chamado a enfrentar. Afinal, é a primeira vez que um banco que tem a aspiração de ser uma instituição de escopo global está sendo construído exclusivamente por países emergentes, sem a participação de países avançados. Paulo Nogueira Batista Jr. é vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, sediado em Xangai, mas expressa seus pontos de vista em caráter pessoal Fonte: O Globo
Ao contrário de quase todos os setores do país, bancos vivem uma ótima fase, garantida pelo aumento da taxa de juros. Porém, a boa fase não vai durar para sempre (Foto: contrafcut.org) A escolha de Usain Bolt para ilustrar anúncios do banco Original não poderia ser mais acertada. Assim como o velocista jamaicano, os lucros do banco, que tem apenas cinco anos, apresentaram um desempenho meteórico. Somente no ano passado, o Original teve um aumento de lucro de 50%, ficando em R$ 111 milhões. Além disso, os empréstimos concedidos pelo banco cresceram dois terços, chegando a R$ 4,25 bilhões. Tudo isso em pleno momento que o país passa por uma forte recessão. O desempenho do Original exemplifica como os bancos brasileiros vêm desfrutando da crise de forma notável. No ano passado, os quatro maiores bancos do país registraram um lucro somado de 61,948 bilhões, um aumento de 27% em relação ao ano anterior. Em parte, essa boa fase pode ser explicada pela alta taxa de juros, atualmente em 14,25%. Com a taxa mais alta, os empréstimos ficam mais caros, aumentando o lucro dos bancos. Mas os bancos têm reagido com sensatez à boa fase. Isso prova que aprenderam a lição da crise bancária ocorrida entre 1995 e 1998, quando a perda das receitas inflacionárias gerada pelo Plano Real obrigou o setor a passar por uma intensa reestruturação. Os bancos têm consciência de que a boa fase não vai durar para sempre. Isso porque junto com a recessão ocorre o aumento da inadimplência, prevista para crescer este ano. Para completar, é improvável que haja um novo aumento da taxa de juros. Fontes: Opinião e notícia The Economist-Defying gravity