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Alexandre O’Neill – Versos na tarde – 24/07/2017

O tempo Alexandre O’Neill¹ Há dias que eu odeio Como insultos a que não posso responder Sem o perigo duma cruel intimidade Com a mão que lança o pus Que trabalha ao serviço da infecção São dias que nunca deviam ter saído Do mau tempo fixo Que nos desafia da parede Dias que nos insultam que nos lançam As pedras do medo os vidros da mentira As pequenas moedas da humilhação Dias ou janelas sobre o charco Que se espelha no céu Dias do dia-a-dia Comboios que trazem o sono a resmungara para o trabalho O sono centenário Mal vestido mal alimentado Para o trabalho A martelada na cabeça A pequena morte maliciosa Que na espiral das sirenes Se esconde e assobia Dias que passei no esgoto dos sonhos Onde o sórdido dá as mãos ao sublime Onde vi o necessário onde aprendi Que só entre os homens e por eles Vale a pena sonhar. ¹Alexandre Manuel Vahia de Castro O’Neill de Bulhões *Lisboa, Portugal – 19 de dezembro de 1924 +Lisboa, Portugal – 21 de agosto de 1986 [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

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