Arquivo

Brecht – Versos na tarde – 08/06/2017

Elogio do Revolucionário Brecht¹ Quando aumenta a repressão, muitos desanimam. Mas a coragem dele aumenta. Organiza sua luta pelo salário, pelo pão e pela conquista do poder. Interroga a propriedade: De onde vens? Pergunta a cada idéia: Serves a quem? Ali onde todos calam, ele fala E onde reina a opressão e se acusa o destino, ele cita os nomes. À mesa onde ele se senta se senta a insatisfação. À comida sabe mal e a sala se torna estreita. Aonde o vai a revolta e de onde o expulsam persiste a agitação. ¹Eugen Berthold Friedrich Brecht * Augsburg, Alemanha – 10 de Fevereiro de 1898 + Berlim, Alemanha – 14 de Agosto de 1956 Conheça a Biografia de Brecht [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]      

Leia mais »

Brecht – Versos na tarde – 06/06/2017

De que serve a bondade Brecht¹ 1 De que serve a bondade Se os bons são imediatamente liquidados, ou são liquidados Aqueles para os quais eles são bons? De que serve a liberdade Se os livres têm que viver entre os não-livres? De que serve a razão Se somente a desrazão consegue o alimento de que todos necessitam? 2 Em vez de serem apenas bons, esforcem-se Para criar um estado de coisas que torne possível a bondade Ou melhor: que a torne supérflua! Em vez de serem apenas livres, esforcem-se Para criar um estado de coisas que liberte a todos E também o amor à liberdade Torne supérfluo! Em vez de serem apenas razoáveis, esforcem-se Para criar um estado de coisas que torne a desrazão de um indivíduo Um mau negócio. ¹Eugen Berthold Friedrich Brecht * Augsburg, Alemanha – 10 de Fevereiro de 1898 + Berlim, Alemanha – 14 de Agosto de 1956 Conheça a Biografia de Brecht [ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”]

Leia mais »

Brecht – Versos na tarde – 04/06/2017

Aos que virão depois de nós Brecht¹ I Eu vivo em tempos sombrios. Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez, uma testa sem rugas é sinal de indiferença. Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia. Que tempos são esses, quando falar sobre flores é quase um crime. Pois significa silenciar sobre tanta injustiça? Aquele que cruza tranqüilamente a rua já está então inacessível aos amigos que se encontram necessitados? É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver. Mas acreditem: é por acaso. Nado do que eu faço Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome. Por acaso estou sendo poupado. (Se a minha sorte me deixa estou perdido!) Dizem-me: come e bebe! Fica feliz por teres o que tens! Mas como é que posso comer e beber, se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome? se o copo de água que eu bebo, faz falta a quem tem sede? Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo. Eu queria ser um sábio Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria: Manter-se afastado dos problemas do mundo e sem medo passar o tempo que se tem para viver na terra; Seguir seu caminho sem violência, pagar o mal com o bem, não satisfazer os desejos, mas esquecê-los. Sabedoria é isso! Mas eu não consigo agir assim. É verdade, eu vivo em tempos sombrios! II Eu vim para a cidade no tempo da desordem, quando a fome reinava. Eu vim para o convívio dos homens no tempo da revolta e me revoltei ao lado deles. Assim se passou o tempo que me foi dado viver sobre a terra. Eu comi o meu pão no meio das batalhas, deitei-me entre os assassinos para dormir, Fiz amor sem muita atenção e não tive paciência com a natureza. Assim se passou o tempo que me foi dado viver sobre a terra. III Vocês, que vão emergir das ondas em que nós perecemos, pensem, quando falarem das nossas fraquezas, nos tempos sombrios de que vocês tiveram a sorte de escapar. Nós existíamos através da luta de classes, mudando mais seguidamente de países que de sapatos, desesperados! quando só havia injustiça e não havia revolta. Nós sabemos: o ódio contra a baixeza também endurece os rostos! A cólera contra a injustiça faz a voz ficar rouca! Infelizmente, nós, que queríamos preparar o caminho para a amizade, não pudemos ser nós mesmos, bons amigos. Mas vocês, quando chegar o tempo em que o homem seja amigo do homem, pensem em nós com um pouco de compreensão. ¹Eugen Berthold Friedrich Brecht * Augsburg, Alemanha – 10 de Fevereiro de 1898 + Berlim, Alemanha – 14 de Agosto de 1956 Conheça a Biografia de Brecht

Leia mais »

Alemanha – Como é viver sem catracas

Alemanices: Viver sem catracas Plataforma na estação de trem de Essen, no oeste da Alemanha Não há barreiras para acessar o transporte público na Alemanha, o que não significa que se possa andar sem bilhete. Fiscais aparecem de surpresa e multam quem não tiver passagem válida.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Viver sem catracas é uma realidade na Alemanha. As plataformas são simplesmente uma extensão da calçada. Não há barreiras pra entrar no ônibus, bonde, trem ou metrô. A única regra é ter um bilhete válido para a viagem. Tem quem se arrisque a usar o transporte público sem pagar. Schwarzfahren – termo para viajar sem passagem – pode custar muito caro. Assim como na Suíça e na Áustria, fiscais aparecem sem aviso para checar os passageiros. Os bilhetes são comprados em máquinas automáticas ou em balcões de atendimento. Nos ônibus, também é possível comprar o bilhete diretamente com o motorista. Não há cobradores. A jornalista Karina Gomes¹ vive na Alemanha desde 2013 O mesmo vale para os trens regionais (Regio), trens rápidos (S-Bahn) e os de longa distância operados pela Deutsche Bahn (DB), empresa responsável pelo sistema de trens na Alemanha. Em viagens longas, funcionários passam regularmente pelos corredores perguntando aos passageiros quem acabou de embarcar para que o bilhete seja checado. As cidades são geralmente divididas por zonas, e o preço dos bilhetes varia. Alguns tipos de passagens precisam ser carimbados em máquinas espalhadas nas estações e dentro dos meios de transporte. Se o passageiro não o fizer, pode ter problemas. A maioria dos passageiros possui cartões mensais ou anuais, que também são checados. Os fiscais podem vir em caravana e entrar simultaneamente em todas as partes dos vagões para evitar que alguém escape do controle. Ou ainda checar o bilhete de quem está deixando o metrô, bonde ou ônibus naquela estação. Os fiscais são uniformizados, mas também podem ficar à paisana, como um passageiro comum. De repente, apresentam a identificação e pedem o bilhete. Na ausência dele, as multas variam e podem chegar a 60 euros. Os controladores pedem documentos, recolhem os dados e dão um boleto para quitar a multa. Se o passageiro tiver o dinheiro na hora, o pagamento é feito ali mesmo. O transporte público alemão tem outras peculiaridades, dependendo da cidade. Em geral, não é permitido comer dentro do ônibus. Se você o fizer, o motorista pode dar uma advertência e exigir que você deixe o veículo. É possível transportar bicicletas, mas se alguém quiser entrar com um carrinho de bebê, tem prioridade, e o ciclista precisa desembarcar imediatamente. Durante a noite, em geral depois das 21h, a entrada no ônibus é permitida apenas pela porta dianteira, e é preciso mostrar o bilhete ao motorista do ônibus. Viver sem catracas na Alemanha não significa transporte gratuito. O controle é aleatório e esporádico, porque existe um entendimento de que é preciso contribuir para o sistema funcionar. A pontualidade é obviamente uma marca do transporte da Alemanha, mas atrasos também acontecem com frequência. Os usuários são informados por painéis eletrônicos. Mas se o transporte público segue o itinerário é como diz a placa: não às 11h10, mas às 11h08. Um minuto de atraso pode atrapalhar toda a viagem. [ad name=”Retangulo – Anuncios – Esquerda”]¹Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há três anos na Alemanha.

Leia mais »

Alemanha aposta em autobahns para bicicletas

Governo investirá 25 milhões de euros em vias expressas para ciclistas, a serem usadas sobretudo para se deslocar de casa para o trabalho. Menos tráfego nas estradas deve ser apenas um dos benefícios. Para distâncias maiores, combinação de via expressa e bicicleta elétrica pode ser interessante O governo federal alemão planeja investir neste ano 25 milhões de euros na expansão de vias expressas para bicicletas. As chamadas autobahns para bicicletas devem ser usadas principalmente pelo número crescente de pessoas que percorrem longas distâncias até o local de trabalho ou estudo. Sem semáforos nem cruzamentos, seria possível chegar muito mais rapidamente à universidade ou ao trabalho e, ao mesmo tempo, aliviar o tráfego nas estradas. Ir de uma cidade a outra, ou do subúrbio ao centro de bicicleta é uma boa ideia tendo em vista as rodovias congestionadas, a poluição do ar e o sedentarismo.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Duplo”] Quase 17 quilômetros de bicicleta? Um estudo do Instituto Federal de Pesquisas em Construção, Urbanismo e Desenvolvimento Espacial (BBSR) apontou recentemente que os alemães percorrem, em média, 16,8 quilômetros entre suas casas e o trabalho. É realista o uso de bicicleta para percorrer tais distâncias? Marcus Peter, da Universidade Técnica de Hamburgo (TUHH), analisou onde faz sentido a construção de vias expressas para bicicletas na região metropolitana da cidade no norte da Alemanha. “Tal infraestrutura é destinada, principalmente, para pessoas que usam a bicicleta para percorrer uma faixa de entre cinco a dez quilômetros”, explica. “Se o caminho é mais longo, as pessoas tendem a não percorrê-lo de bicicleta.” Bicicletas elétricas para transportar mercadorias Mas, mesmo que o trabalhador tenha que percorre, em média, mais de dez quilômetros para chegar a seu local de trabalho, Peter diz que o investimento em autobahns para bicicletas traria vantagens significativas. “Vejo um grande potencial para quem tem que percorrer uma faixa de até dez quilômetros, o que pode gerar um alívio do tráfego nas rodovias”, opina. O especialista dá razão ao estudo de viabilidade do projeto Radschnelweg Ruhr (via expressa para bicicletas do Ruhr), região no oeste do país. A ideia é que, com seus mais de 100 quilômetros, a autobahn para bicicletas acabe com cerca de 52 mil viagens de carros diárias, percorridas por mais de 400 mil quilômetros. Além disso, as bicicletas elétricas, que vêm ganhando espaço no país, poderiam contribuir para que mais cidadãos utilizassem as vias expressas. Graças ao seu motor elétrico, pessoas com menos preparo físico também poderiam percorrer distâncias maiores em um período razoável de tempo, e, assim, se beneficiar das autobahns para bicicletas. Peter vê as vias expressas não somente como uma opção para os trabalhadores, mas aponta que elas poderiam ser usadas também para outros percursos, como para ir ao supermercado ou ao cinema. Assim, uma via expressa para bicicletas daria mais flexibilidade às pessoas que querem sair à noite e que têm, geralmente, problemas para voltar para casa devido a ônibus e trens que não operam depois de certa hora. Um pequeno passo na direção certa Até agora, municípios e estados assumiam os custos sozinhos das vias expressas para bicicletas. Segundo Peter, de uma forma geral, os 25 milhões de euros com os quais o governo federal quer subsidiar a expansão representa “um passo na direção certa”. A Associação dos Ciclistas da Alemanha (ADFC) também avalia o investimento como um “importante sinal político”. No entanto, o orçamento seria muito pequeno para ser dividido por toda a Alemanha, já que a construção de um quilômetro de via expressa para bicicletas custa entre 500 mil e 2 milhões de euros. Assim, com o valor de 25 milhões de euros poderiam ser construídos somente de 12 a 50 quilômetros. Por isso, a ADFC pede que o investimento seja multiplicado por dez, o que resultaria em cerca de 300 quilômetros de vias expressas para bicicletas no país. DW

Leia mais »

Turquia e Alemanha:Por que Erdogan tem tanto apoio na comunidade turca na Alemanha?

Presidente vem de família simples e religiosa, como a geração dos primeiros imigrantes turcos que foram trabalhar na Alemanha. É, além disso, o homem que levou certa segurança ao instável país que eles deixaram. Manifestação a favor de Erdogan em Colônia “Frequentemente critico Erdogan de forma muito clara, mas não esqueço das melhorias que ele trouxe para a Turquia desde 2002, após a sua eleição como presidente”, diz a cientista política turca Talat Kamran.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Muitos membros da comunidade de origem turca se sentem como Kamran, que nasceu na Turquia em 1959 e cresceu na Alemanha. Para eles, Erdogan é o homem que limitou o poder dos militares na Turquia, que trouxe o crescimento econômico, impulsionou fortemente urbanização e modernização.Por isso, querem que ele continue no poder. Desde 1996, Kamran dirige o Instituto de Mannheim para Integração e Diálogo Interreligioso, trabalhando para alcançar um melhor entendimento entre muçulmanos e cristãos, entre alemães e turcos. Ele critica a forte personalização atual e pede mais serenidade. “A visão crítica alemã sobre Erdogan não é errada, mas ela não leva as perspectivas turcas em consideração”, critica, acrescentando que muitos, especialmente os jovens turcos, não só querem fortalecer o presidente enquanto personalidade, mas também dar um exemplo para a democratização. “É claro que o processo de democratização na Turquia ainda não está concluído, mas as pessoas querem ir mais longe e veem em Erdogan uma figura forte. Porque o povo teme uma guerra civil como no Iraque ou na Síria”, completa. Pessoas simples do campo Kamran também lembra da história turca desde o golpe de Estado de 1980. Cada vez mais pessoas das regiões mais pobres da Anatólia se mudam para as cidades grandes e se tornam um contrapeso claro para a elite urbana. “Muitos turcos alemães têm suas raízes na Anatólia. Eles consideram Erdogan como um deles”, diz Kamran. Erdogan realmente vem de uma família simples, religiosa, como a geração dos primeiros imigrantes turcos que vieram trabalhar na Alemanha. Para Bülent Bilgi, secretário-geral da União Democrata Turco-Europeia (UETD), a irritação de muitos turcos com a cobertura da mídia alemã explica porque a agora as segunda e terceira gerações de turcos na Alemanha fazem campanha de apoio a Erdogan. Eles se concentraram mais no golpe e na perspectiva de um Erdogan enfraquecido do que em comemorar a suposta vitória da democracia sobre o golpe. Ato de apoio ao presidente turco: muitos consideram Erdogan como um deles Orgulho nacional Generation Erdogan (geração Erdogan, em tradução livre) é o título do livro escrito pela jornalista Cigdem Akyol, segundo o qual Erdogan tem, sobretudo, o apoio dos muçulmanos sunitas, que constituem a maioria conservadora da sociedade. Quando na mídia alemã as pessoas se perguntam como é possível que alguém possa achar bom quem ameaça adversários e restringe liberdade de imprensa, Cigdem Akyol pede que os alemães deixem de ver o problema só a partir de seu próprio prisma. Depois de quatro golpes militares, a Turquia experimenta uma longa ´. “As pessoas são gratas a Erdogan por causa disso”, observa a autora. Antes secularistas também olhavam com desdém para mulheres portadoras de véu islâmico que limpavam os banheiros das elites.Sob Erdogan, isso mudou significativamente. Até mesmo a mulher de Erdogan veste véu islâmico. “Erdogan deu aos turcos novamente orgulho nacional, isso também agrada muitos dos 1,5 milhões de turcos alemães”, explica Akyol. Perspectiva turca Ludwig Schulz, especialista em Turquia do Instituto Alemão do Oriente, em Berlim, confirma que muitos turcos alemães veem o fracasso do golpe sobretudo como um sucesso da sociedade turca e da democracia. Schulz atribui o orgulho nacional e o apoio a Erdogan também ao fato de que muitos cidadãos de origem turca se informam majoritariamente através da mídia turca pró-governo. Em todas as conversas com especialistas em Turquia, sempre é lembrado que nem todos os turcos alemães são adeptos de Erdogan. Roy Karadag, cientista político da Universidade de Bremen, por exemplo, disse em entrevista ao jornal Die Welt que “entre turcos alemães, existem cada vez mais conflitos sobre quem realmente pode falar, agir e mobilizar em nome deles”. O UETD quis mostrar, através da grande manifestação realizada em Colônia no fim de semana, que a maioria dos turcos alemães está do lado de Erdogan. As discussões continuam e são agravadas pelo aumento das tensões no relacionamento turco-alemão. O presidente nacional da Comunidade Turca na Alemanha, Gökay Soufuoglu, disse à revista Focus: “Há um racha na comunidade. Amizades são desfeitas, e há problemas mesmo dentro das famílias.” DW

Leia mais »

“Stonehenge alemão” abre para visitação

Sítio pré-histórico circular, feito de madeira e provavelmente usado em sacrifícios humanos, está aberto para turistas após estudos arqueológicos e reconstrução. O sítio pré-histórico Ringheiligtum Pömmelte, uma espécie de círculo sagrado formado por cercas decoradas e sepulturas, foi aberto ao público na cidade de Pömmelte, no leste da Alemanha, nesta semana. Acredita-se que o local, conhecido como “Stonehenge da Alemanha”, tenha cerca de 4.300 anos. A formação foi descoberta em 1999 numa floresta às margens do rio Elba.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Feito de madeira, o sítio arqueológico não superou bem o teste de resistência do tempo e precisou ser totalmente reconstruído. O investimento foi de 2 milhões de euros. Sete anéis de cercas circulares e concêntricas compõem o monumento. Segundo os pesquisadores, a formação pode ter sido muito relevante entre os séculos 21 e 23 a.C., quando o mundo vivia a transição entre o Neolítico e a Idade do Bronze . A entrada do local sagrado A construção pré-histórica teria servido como centro de poder da elite local. Entalhes identificados na madeira simbolizariam o cosmos e sugerem que a área pode ter sido empregada em cerimônias religiosas. Talvez tivesse até mesmo um papel importante em rituais de oferenda. Sob as camadas de madeira desmoronada foram encontrados esqueletos de crianças e mulheres jovens, cujas lesões sugerem sacrifícios, de acordo com o arqueólogo Andre Spatzier, que falou ao escritório de turismo do estado da Saxônia-Anhalt, onde fica o achado. Sepulturas de possíveis vítimas de sacrifício humano também foram achadas “Essa configuração única de círculos está à altura de Stonehenge. A principal diferença é que, em Pömmelte, tudo foi feito com madeira e, portanto, se deteriorou”, comparou Spatzier. O local, agora aberto ao público, é uma das paradas da rota turística Himmelswege (em português, caminhos para o céu). O percurso na Saxônia-Anhalt, incluindo uma parada no Disco de Nebra, é conhecido por ter sido, milhares de anos atrás, uma passagem onde as pessoas paravam para observar o firmamento. DW

Leia mais »

Economista afirma que Alemanha é o país mais desigual do euro

“Em nenhum outro lugar os pobres permanecem com tanta frequência pobres, e os ricos, com tanta frequência ricos”, diz chefe do instituto econômico DIW, criticando distribuição de riqueza, salários e mobilidade social. Morador de rua em Stuttgart A Alemanha é “um dos países mais desiguais do mundo industrializado”, afirma o presidente do instituto econômico alemão DIW, Marcel Fratzscher, em seu livro Verteilungskampf: Warum Deutschland immer ungleicher wird (Luta por distribuição: por que a Alemanha fica cada vez mais desigual), publicado neste mês. Fratzscher afirma que em nenhum outro país da zona do euro a desigualdade é tão grande como na Alemanha, onde os 10% mais ricos detêm dois terços da riqueza do país. A desigualdade, no entanto, não se manifesta só na distribuição de riqueza, mas também nos salários: a lacuna entre as remunerações mais elevadas e as mais baixas vem aumentando, afirma.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] A mobilidade social também deixa a desejar, segundo o economista. “Em nenhum outro lugar os pobres permanecem com tanta frequência pobres, e os ricos, com tanta frequência ricos”, critica. De acordo com Fratzscher, 70% dos filhos de pais com formação superior vão para a universidade, enquanto que, entre os filhos de pais com um nível menor de escolarização, a taxa é de 20%. Alimentando o planeta Questionado pelo jornal Die Zeit sobre sua interpretação incomum dos dados econômicos do país, Fratzscher afirmou que o problema está nos outros economistas. “Minha suposição: eles acreditam que a desigualdade pertence a uma economia de mercado em bom funcionamento, porque ninguém mais iria se esforçar se todos ganhassem o mesmo”, disse. Para o presidente do DIW, a desigualdade na Alemanha é alta não porque a economia de mercado funciona bem, mas porque ela não funciona. “Eu não quero fazer os ricos ficarem mais pobres, mas os pobres ficarem mais ricos.” Fratzscher afirma que, nos últimos anos, o governo alemão aumentou a ajuda social para compensar a crescente desigualdade salarial, com trabalhadores que ganham pouco tendo a renda complementada pelo Estado. “Ludwig Erhard, o pai da economia social de mercado, disse certa vez que o Estado deve garantir que todos possam cuidar de si mesmos com as próprias forças e possibilidades. Se as pessoas só conseguem sobreviver com a ajuda de auxílio social, isso contradiz tal ideal”, disse o economista ao Die Zeit. “Precisamos garantir que as pessoas possam viver de seus salários, em vez de serem dependentes do Estado.” Para Fratzscher, uma das soluções-chave seria o governo investir em educação. Apoio desde a creche, boas condições de aprendizado e uma melhor qualificação permitiriam que também os mais vulneráveis economicamente pudessem avançar por conta própria, diz o economista, citado pelo jornal Tagesspiegel. Discrepância entre regiões O aumento da distância entre ricos e pobres e entre diferentes regiões da Alemanha também é destacado num estudo atual da Fundação Friedrich Ebert. “As disparidades regionais estão se solidificando na Alemanha e, em parte, até aumentando”, afirma o documento. Os pesquisadores analisaram 20 indicadores relacionados à remuneração, educação e estrutura etária, por exemplo, em mais de 400 localidades do país. Ainda há uma lacuna entre o leste e o oeste, herança da divisão entre Alemanha Oriental e Ocidental. “Passado um quarto de século da Reunificação Alemã, o país ainda não é unitário em termos econômicos e demográficos”, afirma o estudo. O leste da Alemanha apresenta um desenvolvimento abaixo da média, e a diferença entre leste e oeste, existente desde a Reunificação, voltou a aumentar nos últimos anos, aponta o documento. Em muitas áreas da antiga Alemanha Oriental, a renda familiar média é de 1.315 euros, enquanto que em regiões no sul e no oeste, ela chega a até 3.294 euros. Além da diferença entre leste e oeste, há também uma discrepância entre o norte e o sul. Não apenas áreas da antiga Alemanha Oriental dependem de regiões fortes do sul do país, mas também do oeste e do norte. Já os estados da Baviera e de Baden-Württemberg, no sul, são particularmente bem-sucedidos. Outro aspecto apontado pela Fundação Friedrich Ebert é que o leste da Alemanha está envelhecendo rapidamente, enquanto sobretudo regiões prósperas do sul do país e nos arredores de Hamburgo, no norte, têm mais crianças. DW

Leia mais »

Alemanha – O enigma do sucesso escolar dos vietnamitas

Alunos provenientes do Vietnã apresentam rendimento acima da média no sistema educacional alemão. Cientistas querem saber entender por que. Chave pode estar na confiança que os pais depositam nos filhos. Quem visita a casa dos Le Pham encontra um pedaço do Vietnã na Alemanha. A família vive num edifício habitacional numa cidadezinha da região do Rio Reno. Seu apartamento cheira a arroz, ervas frescas e molho de peixe. A biografia dos pais também se assemelha à de muitos dos cerca de 100 mil cidadãos do Vietnã ou alemães de origem vietnamita que hoje vivem na Alemanha. O corpulento pai, Than Yen Le, fez o curso médio no país natal, indo posteriormente para a República Tcheca, onde se formou em engenharia mecânica.[ad name=”Retangulo – Anuncios – Direita”] Após o colapso do bloco soviético, ele decidiu ir para o Ocidente e vive na Alemanha desde 1991. Hoje, possui um restaurante asiático em Colônia. Antes de ir para a Alemanha, em 2004, sua esposa Thi Lam Pham fez curso de design de moda no Vietnã. Atualmente ela trabalha num estúdio de manicure. Irmãos aplicados O casal tem dois filhos: o reservado Minh Anh e o mais jovem e esperto Minh. Indagados de que disciplina escolar mais gostam, Minh responde sem hesitação: “Música e arte!” O primogênito Minh Anh diz, baixinho: “Esporte e matemática, matérias que são fácies.” Eles cursam o quinto e sexto ano num gymnasium (escola que possibilita o ingresso na universidade). Em 2015, o mais velho foi representante de turma; neste ano, é a vez do mais novo assumir o cargo. Orgulhosa, a mãe conta que os meninos gostam de ir à escola e que ela não tem que ir sempre à reunião de pais, pois a professora está bem contente com o desempenho escolar dos dois. Como ambos os pais trabalham, Minh e Minh Anh permanecem na escola até as 16 horas. A mãe às vezes só chega em casa às 18 horas, o pai, em geral, não antes das 21 horas. Também nesse ponto os Le Pham não são atípicos: para sustentar a família, grande parte dos vietnamitas tem que trabalhar muito. Para as crianças, isso significa se tornar independente muito cedo. Os garotos contam que, após o horário escolar, estudam para o dia seguinte. “Ou eles já vão preparando o jantar”, interfere a mãe. Além disso, o mais novo tem aulas de violão, enquanto o mais velho joga tênis na escola. Apesar das condições não tão fáceis, os garotos são bons na escola. O mais velho poderia ter pulado um ano, mas a mãe não quis: “É melhor ele aprender passo a passo.” Família Le Pham: pais querem voltar para o Vietnã, mas futuro dos filhos está na Alemanha Sucesso escolar enigmático O bom desempenho escolar dos Le Pham também se aplica a muitos outros vietnamitas na Alemanha, que, em média, chegam a ser melhores do que muitos alemães. Para o ano letivo 2013/2014, o Departamento Federal de Estatística da Alemanha constatou que 64,4% dos adolescentes de origem vietnamita frequentam o gymnasium, contra 47,2% dos alemães. A constatação em si não é novidade e também já foi vista nos EUA há muitos anos. Os cientistas estão interessados no que está por trás disso: como se explica a diferença entre os diversos grupos étnicos? A questão foi investigada em 2015 pelo sociólogo Bernhard Nauck, da Universidade de Chemnitz, e pelo pedagogo Birger Schnoor, da Universidade de Hamburgo. Num estudo empírico, eles analisaram 720 famílias alemãs, vietnamitas e turcas. Num primeiro passo, os dois cientistas analisaram a explicação clássica para o sucesso escolar: ou seja, quanto maior a renda familiar de uma família, melhor a rede social e quanto maior o nível de escolaridade dos pais, mais bem-sucedidos os filhos são na escola. Com base nesse modelo, no entanto, as crianças vietnamitas deveriam ter o mesmo desempenho dos filhos dos turcos. “Mas eles não têm. Esse enigma é justamente o objeto de nossa pesquisa”, comentou Nauck em conversa com a Deutsche Welle. Buscando explicações alternativas Depois de o assim chamado “modelo dos recursos” ter sido descartado como possível explicação, os pesquisadores procuraram alternativas. “O primeiro suspeito foi, naturalmente, o estilo de criação.” Em outros estudos, Nauck já pôde comprovar que a educação vietnamita é muito mais rigorosa do que a proporcionada pelos pais alemães. Contudo a tese de um “estilo autoritário de educação igual a sucesso na escola” não se sustentou após um exame empírico. “Não procede que quanto mais autoritários são os pais, maior o sucesso escolar.” Os cientistas também avaliaram outra possível explicação para o bom desempenho de escolares vietnamitas: trata-se do legado confunciano, segundo o qual a educação é um valor em si e um bom diploma escolar dos filhos contribui para a boa reputação dos pais. Mas aqui também vale: “Tantos os grupos de migrantes turcos quanto os vietnamitas se destacam por apostar fortemente na escola quando se trata de ascensão e reconhecimento sociais.” Portanto essa abordagem tampouco levou adiante a investigação. Crianças vietnamitas se destacam em escolas alemãs Mudança de perspectiva Bernhard Nauck admite que a questão do sucesso escolar de filhos de migrantes vietnamitas continua sem resposta, mesmo depois da pesquisa. Mas ele tem algumas ideias sobre como continuar a investigação: talvez até agora se tenha focado os pais demasiadamente, negligenciando-se os filhos. Uma mudança de perspectiva poderia fazer o estudo avançar. “Possivelmente tem bem mais a ver com as reações dos pais ao comportamento dos filhos; com que rapidez eles desistem, se o sucesso escolar das crianças não se manifesta”, explicou o sociólogo. “Nesse ponto, há indícios de que os pais do Sudeste Asiático se diferenciam substancialmente de outros migrantes e também dos alemães.” Como exemplo, Nauck menciona o reforço com aulas particulares. Na Alemanha, as notas escolares vão de 1 a 6, sendo 1 a mais alta. Enquanto, via de regra, os genitores alemães ainda não cogitam em contratar um professor particular se o filho recebe um 4, para muitas famílias vietnamitas um 2 já seria motivo para aulas extras. Integração

Leia mais »